Parecer Erudito XV

UM AO OUTRO

Estendi-lhe a mão

E me virou o rosto

Em vão esperei seu gesto

Num gesto vão

Procurei seus o1hos

E na solidão escura

Só achei o vazio

Da sua indiferença

Busquei os sonhos

Que acalentamos juntos

E em nuvem desfizeram-se

O vento as levou para longe

Ela foi embora e eu fiquei só

Comigo mesmo

E com a minha tristeza

Amargo e perdido

Esperei sua volta

E você não veio

Jazi caído na sua presença

E passou por cima de mim

Então procurei te esquecer

É nesse afã conheci gente

Falei com gente

Mas não te esqueci

Caminhava sozinho

Me sentindo vazio

Sem destino

Sem sentido

Foi quando encontrei

Outros olhos

Tão tristes quantos os meus

Inseguros e apagados

Esqueci o que sentia

E confortei

Dei de mim o que não tinha

Tirei luz

Das trevas do meu ser

E os olhos se acenderam

O rosto angelical

Se iluminou

Eu fui embora

Novamente tomado

Por minha dor

Minha missão terminara

Mas a mão triste

Que segurei

E o rosto onde brilhava

O novo sorriso

Me detiveram

De sua boca

Saiu o conforto

Que havia lhe dado

Meu coração se acendeu

Também meu rosto

Se iluminou

E não quis mais

Ir embora

Ficamos juntos

Eu, ela e nosso Amor

Longe para sempre

Do passado

Do medo, da solidão

Da dor

Porque fina1mente

Tínhamos um ao outro

E isso era o bastante

(Dimas de Fonte)