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quarta-feira, 31 de março de 2010

Considerações sobre a Vida e o Tao XII

HEGEL
Torres
Vagas visões de castelos
Pensamentos
Dialética e Tao
Sociedade
Estrutura de rotinas
Engrenagens que moem os homens
Trabalho escravo
Atrelado a insignificante realidade
Stress
Medo e desesperança
Que futuro tem um homem
Que não teve infância?
Onde vamos parar?
Vamos parar?
Creio que não!
Cabe a cada um
Cultivar dentro de si
Num canteiro da Alma
A Semente Original
O Imutável
A Imperturbável Paz
A Serenidade
Deus!
Manter sua Luz protegida
Do vento e da chuva
Bebendo da Fonte Primordial
(Dimas de Fonte)


SENDEIRO
Toquei a Fonte do Ser Desperto
Bebi da Água dos Imortais
Sangrei nas lutas do Pensamento
Me vi ao lado dos meus iguais

Subi no dorso do dragão alado
Andei mas nuvens através do vento
Interroguei o Mestre Sempre Calado
Cheguei a Fonte do Conhecimento

Fui a Montanha do Ser Supremo
Galguei Degraus de Sabedoria
Reconheci a Realidade
Onde eu jamais encontraria

Sentei no seio de mim mesmo
Ouvi a Voz da Profundeza
O Mestre Interno largado a esmo
Dizendo coisas de rara beleza

Vaguei por toda parte
Empenhado numa busca crescente
E encontrei a resposta destarte
Dentro da minha própria Mente

Na Semente Celeste
No Vazio Inominado
Na Verdade Inconteste
Do Criador Incriado

Na Partícula Divina Guardada
Parte minha que não finda
Verdade una e selada
Terrestre, cósmica e Linda
(Dimas de Fonte)


ANDARILHO DO TEMPO
Eu que ando sozinho
Calado pela dor que me corrói
Trilhos invisíveis, insertos caminhos
Por estradas estranhas
Pancadas inocentes que me destroem

Um gole de vinho
Um salto, um amor perdido
Eu que ando sozinho
Em busca de um destino escondido

E ainda que vague por toda a Terra
Em minha solidão sem sentido
Sem mesmo saber o que me espera
Trago no peito algo esquecido

Em cada estrada que passo
Tentando viver livremente
Procuro encontrar algum traço
Da mesma Visão Consciente

Que me impele por esse deserto
Me empurra contra a vontade
Ao encontro do Homem Desperto
Onde repousa a Verdade
(Dimas de Fonte)


INDAGAÇÕES E CERTEZAS
Quantas perguntas
Já foram respondidas?
E quantas ainda
Falta responder?

Quantas dúvidas
Foram dissipadas?
E quantas ainda
Turvam o Caminho?

Viver é incerteza?
É insegurança constante?
Significa um eterno buscar?
Um eterno aprender?

Se assim for...
Pobres de nós
Eternamente perdidos
Vagando a esmo
Sem encontrar alento

No entanto há uma Luz
Que brilha dentro
E acima de nós
Iluminando nossos dons

Não é só melancolia
Tristeza e dor
Nem a angústia
Da ignorância

É o Conhecimento.
O saber-se filho
De um Grande Pai Azul

Terno e Eterno
Perene e Imanente
Subjacente a tudo
E em tudo representado
(Dimas de Fonte)


SER HUMANO
Trago dúvidas dentro de mim
Angústias e medos
Penso em não ser
Penso nas duras penas de viver

Da minha natureza
De sonhos e desejos afins
Surgem as incertezas
Que saem de mim

E a dor me consome
Me arrasa e avassala
Como imortal dragão insone
Dentro de mim se instala

E o Tao
Deus
Grande Pai azul
Surge como Conforto e Paz

Como Sócrates
Só sei que nada sei
Como Lao Tsé
Não sei se é bom saber

E fico aqui
E aqui permaneço
Até que tenha aprendido o bastante

“Que tudo passe
Antes que tudo morra
Que tudo volte a ser
Antes que tudo seja
Que tudo mude
Antes que as mudanças
Não sejam mais necessárias”
(Dimas de Fonte)


CIVILIZAÇÃO
Trata-se, pois, de devaneio
Meros sonhos
Talvez apenas
Meras aspirações pueris
De um Homem-Criança
Paz?
Harmonia?
Que coisas são essas?
Onde se encaixam?
E para que servem?
Se minha conta no banco
Está bloqueada,
E a gasolina aumentou?
Ora, isso é coisa de alienados!
Coisa de maluco mesmo!
Entende?
Pois bem...
Ser Criança
E voltar a Grande Mãe
Em homenagem ao Pai Azul
E viver
É algo tão inútil
Como uma caneta
Que não escreve.
Pode-se viver muito mal
Sem tudo isso.
(Dimas de Fonte)

terça-feira, 30 de março de 2010

Considerações sobre a Vida e o Tao XI

PENA DE MORTE
Que tem poder para reparar um erro?
Para retirar o remorso de um coração?

Quem tem poder para punir?
Ou vingar um ato insano causado por outrem?
Quem tira a tristeza da vítima?
A dor dos amigos e parentes?
Quem é o nêmesis,
O anjo vingador?
A mão armada que baixa sobre o culpado.

Apenas a dor subsiste
Não a dor do conhecimento
Ou da aproximação com a pessoa agredida.

Mas somente a mágoa
De saber que o Ser Humano
Por ser humano
Acha que deve errar para sempre
(Dimas de Fonte)


LEYS
Meu rosto na multidão
Uma gota no oceano
Vasto, impensável, solitário.
Caminho por entre as ruas
Fluindo como sangue pelas artérias
Perdido
Solto como um náufrago.
Nunca pensei na solidão
Na eterna visão de ser sozinho
Sempre comigo mesmo
Assim...
Amargo e inconstante.
Trago a marca em meu peito
Que apenas o Pai Azul pode tirar
Apenas Ele sabe o Sentido
Apenas Ele tem a Explicação
Apenas Ele tem a Paz
E o consolo de sermos o que somos
(Dimas de Fonte)


DORÉ
Vislumbro por entre as nuvens
Raios de luz iridiscentes
Que para minha mente
Traduzem-se de repente
Em visões inusitadas

Tendo eu visto tais luzes
Estimando o seu significado
Sonhando com sua mensagem
Noto-me apatetado
Calado e sem coragem

Trazido, pelos ventos
Em suaves canções-sonetos
Bailam no ar gravetos
Repletos de emoções

Abro meu peito
E sem sentir me elevo
Mesmo sem jeito me apego
Às sutis emanações

Lá em cima
Em meio às luzes brilhantes
Me perco por um instante
E o calor cegante
Aquece meu coração

De volta ao meu lar
Fica  a gradável lembrança
E como uma criança
Tenho a firm esperança
De definitivamente
Para lá voltar
(Dimas de Fonte)


DOBRA ESPACIAL
Um fugaz momento
Um alento, um lenitivo
Esperança nascitura
Das angústias do dia a dia

CONHECE-TE A TI MESMO!
Tão difícil quanto simples
Quimera adormecida
Nos Jardins do Partenon

Tragédia grega
Irresistível pilhéria
De incontáveis eras
Com que me deparo

E a busca segue incerta
Palmo a palmo
Tateando labirintos
Filhos prematuros da verdade
(Dimas de Fonte)


HOMEM II
Destarte do que chamamos Vida
Então tomada e fria
De quente virada em amor
E emoções candentes
De verdes vales
Sonhos e sonhadores
De Voos
Desejos irrefreados
Em tal sorte abandonada
O explicar-se
Na busca pela verdade
A sanha do humano
Ainda ignaro na carne
Perto do centro
E dentro de si
É imagem por si só
É visão e devaneio
Realidade de quem pensa
Curiosidade de quem vê
Sentimento de quem percebe
E manifestação Daquele que É.
(Dimas de Fonte)


ILUMINADO
Talvez em mim
Um tal tormento
Em sentimentos que tais
Avultados
Na lide dos problemas
Calcado
Nas coisas do coração
Desejos
Secreto almejar
Percebendo em meio a luta
O lento avanço da consciência
Que se assenhora de si
E permite o crescimento
Mostra o Verdadeiro Caminho
Na Virtude sem esforço
Na Calma e na Quietude
Então Ficar e Ser
Sentir e Observar
Para então Entender
(Dimas de Fonte)

domingo, 28 de março de 2010

Considerações sobre a Vida e o Tao X

NO CAMINHO
Dentre pedras
Entre flores
Nas colinas perfumadas
E varridas pela brisa

Altos voos
Sensação de liberdade
Um arrepio de satisfação
Um existir

Pense nas nuvens
Sinta a Terra
E sinta o Sol ardente

Imagine o Mar

E as suas ondas que respingam
Sobre as pedras

Escorra com a espuma
E sibile com o vento
Entre as passagens
Abertas na rocha sólida

Não se lembre de quem és
De onde vens
Sobe os céus no dorso do Dragão
E cavalgue as nuvens

Seja humano
E sendo homem
Perfeito e uno
Em Harmonia com o Tao
(Dimas de Fonte)


SIMPLICIDADE
Aquilo que se diz
E o que se pensa
No final não tem valor
Apenas o que se é
Espontânea e naturalmente
Significa alguma coisa.
Dourar um ídolo
Feito de esterco
Não faz com que seja
Mais do que isso.
No momento
Em que as verdades
Fizerem parte da vida
Sem esforço ou concentração.
No momento
Em que os cuidados
Deixarem de ser precisos.
No momento
Em que se aprender a SER
Não apenas existir,
Todas as realidades
Se fundirão numa única
Que terão em si
Todas as demais irradiando-se
E refletindo-se
Na sua própria luminosidade
A compreensão intuitiva
E a certeza das respostas
Para qualquer pergunta
Farão parte do ser.
Porque todo aquele
Que bebe do Poço Divino
Harmoniza-se com sua Luz
E assim,
Volta a fazer parte Dela.
(Dimas de Fonte)


IMORTAL
Andaste por entre as flores
E no vento te veio o aroma sutil
Pensaste em tua vida
Inútil pensamento nesta hora

Sentes-se como que abandonado
Solitário entre tuas lembranças
De tempos passados
E pessoas passadas também

Ergue tua cabeça
E contempla o Dragão alto no céu
Brinca com o Tigre Branco,
E desfaz-te no vazio

Volta a Fonte Primordial
E desfruta a alegria de viver livre
Livre da vida e da morte
Livre da dor e da paixão

Torna-te uno
E como a água, apenas flui
Indo a todos os lugares
Levando a tua Luz
(Dimas de Fonte)


VISÃO DO TAO
Imagino por entre as pedras
Onde as ondas se quebram
O frêmito ansioso dos seres
E a força viva das águas

Desejo sentir a brisa fresca
E de pé na pedra úmida
Ouvir a sinfonia da criação

De quantas altas teorias
Vive o ser humano?
Em quais livros
Está a perene magia
De um dia de Sol?

Quantos artistas
Poderiam repetir o langor
E a calma abandonada
Do adormecer à sombra
Num dia quente
De brisa fresca?

Imagino por entre os seres
Quais deles procuram entender
Procuram medir e achar leis

Desejo sentir como outros
Que apenas são
E náufragos da razão
Bebem da natureza
E embriagam-se em seus odores

Sem fustigar suas mentes
Sem perguntas abstratas
Preferindo aninhar-se
No colo da Mãe
E ali permanecer
(Dimas de Fonte)


VIAJANTE
Em busca do Caminho
De estrelas ou chão pedregoso
Sigo com o meu cajado
E manto surrado
Arrastando as sandálias
Pela estrada tão rude
Para além do que se vê
Procurando o que existe ali
Sem saber como é ou onde está
Mas com uma certeza que permeia a tudo
(Dimas de Fonte)


TE
Disseste de mim:
- Sois tolo!
Escarneceste
E de mim debochaste

Perdeste o teu precioso tempo
Em julgar o que faço
Em entender como vivo

Esforços vãos
Na tentativa vã
De esquecer a si próprio

Não me preocupa sua opinião
Ou a que deixas de proferir
Somente tu não te apercebes

Sigo o Tao do Céu
Em meio ao Tao dos Homens
Sobre o Tao da Terra
(Dimas de Fonte)

domingo, 21 de março de 2010

Considerações sobre a Vida e o Tao IX

REDENÇÃO
Andas com tua mente turva
E nas curvas das ruas
Mentes com descaramento
Trazes em ti o germe da maldade
Embora em teu peito
Arda o fogo divino do céu
Vira teu rosto para o alto
Sente o vento que sopra contra ele
Ouve os sons
Abafados pelos ruídos da cidade
E a súplica calada da natureza
Descalça tuas botas
Despe tuas roupas e sê humano
Acalma o animal dentro de ti
Olha nos olhos de teu semelhante
Abandona a batalha diária
A luta encarniçada contra teus irmãos
Toma nas tuas mãos a bandeira da paz
E faça da bandeira branca a tua bandeira
Não haverá mérito no teu ato
Nem uma palavra gentil ou de encorajamento
Apenas a perene sensação do dever cumprido
A altruística certeza de estar colaborando
Para um mundo melhor
Propagando sua serenidade interior
Até que se expanda por todo planeta
(Dimas de Fonte)


TORMENTA
A vida vira num mar de ondas
Fortes, fracas, em vagalhão
Toma e controla tudo
Levando o homem em seu roldão

Alerta mesmo assim
Deixa-se levar num momento vão
Sem saber se voltará após o motim
Se conseguirá a sua salvação
(Dimas de Fonte)


O HOMEM E O TAO
Mantiveste tua alma intacta
E das ondas poderosas tiraste tuas forças
Sonhaste com as nuvens
Sem desprender teus pés da Terra
Ainda olhas o horizonte
E dos teus olhos
Lágrimas quentes
Rolam uma após outra
Sentes uma solidão dolorosa
Mas, mesmo só
Encontra alento no fogo que arde em teu peito
Ele purifica teus sonhos
E da a ti a esperança eterna
Então voa!
E livre ergue sua cabeça
Percebe a Harmonia
Vê como fazes parte desse todo
Não está sozinho
Toda a natureza está contigo
(Dimas de Fonte)


CÓDIGOS
Trato coisas como coisas
Pessoas como pessoas
Mas, às vezes não há diferença

Coisas como coisas
Pessoas como pessoas
Pessoas como coisas
Coisas como pessoas
Pessoas-coisa
Coisas-pessoa

Presas num labirinto
Onde ambos:
Gente e objetos
Portam nomes
Siglas
Marcas
Dirigidos e manobrados
Conscientemente
Marcados como gado
(Dimas de Fonte)


LATERNA DOS AFOGADOS
Da lógica ou da incerteza da vida
Tiramos as respostas
Que são voláteis como uma brisa
Somem no ar após alguns instantes
Há os que buscam no credo
Outros numa garrafa de bebida
Há também aqueles que consolam-se
Com a idéia de não haver nenhum Deus
“Somos todos formigas num cosmo sem sentido”
De cada lado há alguém tentando explicar
Segurando qual náufrago,
A tábua da salvação;
Porque o importante é acreditar,
mesmo que se acredite,
que não se acredita em nada.
O homem é o que ele pensa.
Acha-se ligado a uma explicação
Como a um cordão umbilical.
Traz a profunda mágoa
De não ver nada além
Do seu próprio nariz.
E mesmo assim,
Acha que a sua mediocridade
É a medida de todas as coisas.
(Dimas de Fonte)


ESPERANDO GODOT
Estamos todos esperando Godot...
Sabemos que ele vem de algum lugar.
Chame-o de morte
Ou de felicidade.
Diga o que quiser sobre ele,
Mas continue esperando.
E enquanto espera,
Procura tornar agradável tua estada,
Já que não tens nada melhor para fazer.
Ou não te importes,
Fingindo que não espera ninguém.
Mas continue esperando mesmo assim.
Quem sabe um dia ele chega
E tira a angústia de uns
E o êxtase pela sua vinda de outros...
Seja como for...
Tenho que terminar de escrever
Porque mesmo sabendo o que eu sei
Eu também estou esperando Godot.
(Dimas de Fonte)

sábado, 20 de março de 2010

Considerações sobre a Vida e o Tao VIII

VIDA
Antes do agora
Na volta do tempo
Marca a curva além
De tristes pegadas no chão.
Passos cambaleantes
Pela trilha aberta
Nesta montanha fechada,
Abafada.
Agoniante avanço
Enveredando pela ramagem
Lentamente.
Aguçados sentidos,
Mas insuficientes
Para vislumbrar
O Verdadeiro Caminho.
(Dimas de fonte)

LEMBRA-TE
Todo aquele que conhece o caminho e o segue
Tem dentro de si a certeza
De que todas as manifestações,
Sejam boas ou ruins
Tendem a tornarem-se os seus opostos
Quando atingem o clímax.
Tudo está sujeito a uma Lei Maior.
O trabalho diligente e harmonioso
Junto com a persistência, são as armas
Da conquista por direito  do seu bem estar.
Nisso repousa a esperança.
Após a noite vem o dia.
Após a chuva vem o sol.
A consciência consiste
Em manter-se coeso nos momentos ruins
Para desfrutar melhor
Os bons momentos que virão.
Não transforme sua vida em cacos
Para não ter o trabalho de catá-los
Quando precisá-la inteira.
O homem sábio
É aquele que vive a vida
E não é vivido por ela.
(Dimas de fonte)


CINZEL
Se as mãos moldassem o sonho
E com o barro o realizasse
Talvez tudo fosse melhor

Mas os sonhos não se moldam
Como o barro não solidificam
O trabalho é o único meio
E a técnica e seu veículo

O veio da mina
O seio das lutas
A vala das conquistas
O celeiro das vitórias
(Dimas de fonte)


ALIENISMO
Foguetes que levam o homem ao céu
Sonhos de plástico numa cidade de aço
Descem como borbulhas em véu
Indiferentes ao erro crasso

Significam tanta coisa
Pretextos múltiplos para explicar
Razões loucas de uma vida louca
De que tentam em vão escapar

E dentro do templo do corpo
A real alma da mente
Assiste impassível
O homem torna-se demente
E irreconhecível

Em qualquer lugar
O que mata e o excesso
Levado como parte do todo
Começo do fim de um processo
Que termina para começar de novo
(Dimas de fonte)


VERDADES PERDIDAS
Os meios-termos
Das meias verdades que vejo
Trazem confusão para mim
Inconstante legado
Voltas de uma roda sem fim
Antes até que entendesse
Depois de ver meu semblante
Talvez nunca soubera
Do meu verdadeiro eu
Se algo de mim jaz distante
Em constante fluxo
Tantas formas
De pensamentos desencontrados
Tentativas vãs de saber
De conhecer
O que só em livros li
O equilíbrio dos sábios
A certeza dos hierofantes
A trilha do homem ideal
(Dimas de fonte)


LEVE
Dê-me seus olhos
E na volátil figura
Pouse sua visão
Busque ousadamente
Perceber o meu amor
Ainda não o sentes
Embora permaneça ao teu lado
Embora te agrade
E preocupe-me sempre
Creio que não me amas
Não tanto quanto eu

Dê-me seus olhos
E na volátil figura
Pouse a sua visão
Encante os sentidos
Com místicos vapores
Do pensamento
Ande sobre as pedras
E num milésimo de segundo
Compreenda a vida
Sobre as nuvens
Fique de pé e sonhe
Com coisas que nunca
Pensou existir
(Dimas de fonte)


COMO UM EREMITA
Enclausurado em minha solidão
Faz-me sofrer coisas que tais
Aqui dentro traz-me lembranças
Entre lembranças
Mais aqui sozinho vejo tudo
Jogando a luz que posso
De minha caverna
Aqueles que vem a mim
Aquecem-se no meu fogo
Ouvem as minhas palavras
Depois se vão
Não são todos que podem
Sonhar e pensar
Como um eremita
(Dimas de fonte)


PORQUE ESSA DOR NO PEITO
PELO BALBUCIAR IMPRECISO
DE UM MUDO?
O frêmito de não poder falar
O ousado arremessar de sons
Acerca do normal
E na vida normal
Quanto mostra de nós
Na presença desse mudo
Velho e encanecido
Fluente do seu silêncio
Vivo nos olhos e coração
Sabe mais ou tanto
Quanto alguém que possa falar
E fala demais
(Dimas de fonte)


PERGUNTA AO MESTRE
- Dize, ó sábio
  Onde mora a certeza
  Onde vive a razão?
- Respondo-te meu filho:
  A certeza está no coração
  E a razão na luz do Tao
  Que permeia a tudo
  Sem deixar-se macular
(Dimas de fonte)

quarta-feira, 17 de março de 2010

Considerações sobre a Vida e o Tao VII

TORRENTE
Senti em mim o chamamento,
A torrente sutil emanando.
Meu corpo é veículo no intento
De propagar a Luz por todo canto.

Como o Tao vazio e produtivo
Espalha-se e nunca termina,
Transforma, acalma e dá incentivo.
Harmonia e Serenidade ensina.

Orienta pela força original
Que criou e nutre toda vida.
É a Mãe, o pai o Sinal,
Alegria jamais sentida.

Pertencer ao mundo
E dele não fazer parte,
Paradoxo certo e profundo
Daquilo que é, mas não é destarte.
(Dimas de Fonte)


TEMPO
A visão,
Tênue visão do tempo que passa,
Louca escapada para uma época distante

A mudança,
Velha mudança conhecida,
Passagem de menino para homem.

Confuso,
Nem sabe o que se passa,
Tem apenas idéia do que ocorre.

Vê as marcas,
Os passos pesados apesar de todo peso.

Posta-se ao largo,
Sem saber que está ao centro.
Vê tudo passar, sem saber que está indo junto.

Falsa visão distorcida,
Tão verdadeira para quem vê,
Tão rápida para quem assiste,
Às vezes tão dolorosa
Para quem vive.
(Dimas de Fonte)


THEATRO
Passam-se os atos no teatro da existência
Os bastidores são sujos e por vezes
Ratos caminham por entre as sombras.
Apesar disso a grandeza do espetáculo
Não é alterada.
Atores circulam pelo palco
Apresentando a pantomima pouco convincente.
Mostram uma efêmera realidade
Que não traduz a verdade dos fatos.
Há uma grande distância entre assistir
E saber o que está vendo.
O público aplaude os atores
Que também são platéia.
O teatro escuro
É iluminado apenas pelas luzes do palco,
Formando por toda volta
Imagens indistintas.
A saída do teatro está aberta,
Escancarada,
A porta espera que alguém cruze
Para o vazio da rua.
Mas, nem todos podem ou querem sair.
Somente os que conseguem
A Real Percepção do espetáculo
Podem mover-se livremente.
(Dimas de Fonte)


SELVA
Exercitar minha neutralidade,
O não-agir para realizar.
Para de debater-me
Na areia movediça da vida.
Porque só afunda mais
Aquele que se desespera
na tentativa de se salvar 

Os desordenados movimentos
De quem começa a submergir
Só aceleram a sucção para o fundo.
É hora de flutuar.

Precisa-se de alto controle,
Conhecimento e sabedoria.
Seguir o Caminho,
Compreender o Tao
E usar esse entendimento
Para viver melhor.
(Dimas de Fonte)


CINZENTO
Manhã chuvosa,
Tempo frio,
Ar gelado,
Roupas pesadas

Caminho açoitado pela chuva.
Mente imersa,
Roupas molhadas,
Respingadas pela água que cai.

Dia escuro,
Nuvens negras pairam.
Pairam sobre a Terra,
Bem como
Sobre a alma dos homens.

Poças d’água no chão.
Superfície marcada
Pelas gotas minúsculas
Que caem como agulhas.

Marcam a plácida calma
Como as incertezas pontilham a vida,
Como marcam a existência.

Mas, a chuva passa,
O céu clareia,
O sol aparece.

É essa certeza
Que impulsiona,
Que lança o homem
Na aventura de viver.
(Dimas de Fonte)


HOMEM
Das maiores agruras
E das piores dores
Rasgam a carne verdades
Do despreparo e desespero,
Mas também de Esperança e Luz.
Por todos os lados
As coisas boas e más sucedem-se.
Não há mérito nas coisas boas
Nem demérito nas ruins.
São consequências e devem ser evitadas
Agindo de forma que elas não se manifestem.
(Dimas de Fonte)


ÂNGELOS
Nas artes,
Na representação,
E todas as partes
A mente pulsa
Em expansão e retração.

No veículo imperfeito
A arte aflora
E mancha as folhas
Ou enche o espaço
Com suas formas.

Em sonhos,
Inspiração.
Do real,
Abstração.

Sentido para o artista,
Admiração da assistência boquiaberta,
Os rastros do gênio, sua pista.
Exclamação incerta.

Vai homem,
Mova-se,
Cria teu sonho
E dê-lhe vida!
(Dimas de Fonte)

segunda-feira, 15 de março de 2010

Considerações Sobre a Vida e o TAO VI

SHIVA
A vida vira por linhas tortas.
Um mosaico emaranhado,
Interligado.
Todas as pontas soltas
Ilusoriamente
Não chegam a lugar algum.
Tudo o que vemos
E as ideias que temos
São pequenas
Ante a vastidão do Universo.
(Dimas de Fonte)


POSTIGO
No desespero da perdida
Imagem da sorte que me acompanha,
Tão só na despedida
Dessa depressão que me apanha

E no trajeto curvo da vida
Damos mais razão a quem se atira
Nos braços frios da incerteza movida
Pela precipitação do que nunca existira.

Pelas visões erradas que temos
E pensamos sê-las verdadeiras,
Busquemos
As sentinelas derradeiras.

Uma clara visão,
Um pensamento limpo e cristalino
De todas as realidades que são
Prementes até para um menino,

Mas o homem não vê
E se tanto, não crê
Que existe algo
Mesmo sob seus olhos.
(Dimas de Fonte)


ÍCARO
Quando voamos em sonho
Nossa visão se expande
E algo em nós sofre uma mudança.
Talvez o vento e a proximidade do céu
Acenda o mito do Deus Interior.
Se o voo é real ou não,
Se não é o físico que ergue-se
Das amarras da gravidade,
Tanto faz...
Um voo da mente, por vezes,
Traz mais esclarecimento
Que seu similar terrestre
Muito mais comum para nós.
Mas, essa experiência
Está bem perto,
Basta diluir-se na Imagem do Todo,
Fluir por ele alçando distâncias,
Sentindo a Natureza eufórica
No seu movimento incessante.
(Dimas de Fonte)


CONSCIÊNCIA
Olho para as pessoas
E não sei como elas são.
Oh! Deus!
Eu pergunto:
- Seus rostos dizem a verdade?
Ou não?

Olhe para a Terra,
Sinta a agonia,
Continue e não se intrometa
Nessa macabra sinfonia

O que eu quero dizer,
Será que alguém vai me escutar?

Olhe para as pessoas
Que sempre vão para algum lugar,
Vivendo seus próprios dramas
Tratando de suas próprias vidas
Sem parar a noite para ver o luar.

Quem admira a beleza de um jardim?
De uma abelha, uma flor?
Se importa com a simplicidade, enfim,
Quem acredita no Amor?
(Dimas de Fonte)


O VELHO E O CAJADO
Por tal estrada
E caminhos tortuosos
Tão vil nessa estada
Em palácios suntuosos

Minha túnica é rasgada,
Manchada pelo pó da estrada.
Com meu cajado nodoso
Avanço sem muito esforço
Com a barba a coçar-me o pescoço

Minhas sandálias gastas,
Na rugosidade do Caminho
Incertezas vastas

Para chegar
Onde devo ir,
Para pousar
E não mais
Ter que partir

Todo conhecimento
Na sabedoria do tempo
É como sedimento
Acumulando-se a cada momento.
(Dimas de Fonte)

sábado, 13 de março de 2010

Considerações Sobre a Vida e o Tao V

MARINHA III
Olhando o mar incansável.
Sentindo a brisa, o vento.
Serenidade e magia palpável,
Fluxo de luz no próprio tempo.

Suave música da natureza.
Simples homem maravilhado,
Encantado com sua beleza.

Outros não ouvem, talvez...
Ocupados consigo.
Guinchos e gemidos ou mudez.
Não captam o silencioso sentido

Da onda que acaricia o mar,
Da mão fluida que açoita a praia.
Não sentem a pureza do ar,
Embora a poluição caia

Como caem os pássaros do céu.
Nem assim a natureza cansa,
Continua bela e sem véu,
Sua voz calma e mansa

Chama ainda o filho seu,
Que dela, sua mãe, esqueceu.
Renega o seu berço, sua origem
E a ela atribui os males que o afligem.

Insensível e só consigo,
Preso pelo ego inimigo,
Não verá a Luz
Se não compreender a Verdade
Que a Ela conduz.
(Dimas de Fonte)


RAZÃO
Sabe,
Às vezes eu sinto
E me vejo voar
Subindo Para algum lugar.

Observo as pessoas lá em baixo
Olhando para mim.
Elas passam como se não me vissem
E mesmo se conseguissem
Não acreditariam em mim

É difícil não crer no que se vê,
Mesmo assim o que não se vê
Ainda merece que se creia.

Dentro de nós existe
Um fino filtro de alegria.
Uma parte de nós quer ser feliz,
Viver num mundo de eterna magia.

Quantos tem oportunidade
De se dizer feliz nesta cidade
E não invejar seus irmãos?

Quantos possuem verdadeira intenção
De querer mudar o mundo
Nem que seja por um segundo em vão?
(Dimas de Fonte)


NÃO-AGIR
Sentado espreita a Vida,
Calado almeja a senda,
Que viva ou morra
Na morada da qualidade auferida.
Se alguém já nasce douto
Habilita o ser indistinto,
Vangloria do mar eqüidistante,
Sentimento tão perto do longínquo.
Ponto ao sabor das ondas
Agita em mim turbilhão,
De febre convulsa se mexe.
Atua meu viver na calma
De acalmar meu ego indomável,
Serená-lo qual fera
Que adormece saciada e lenta
Com o Tao do Céu e dos Homens
Preenchido e feliz na Harmonia.
(Dimas de Fonte)


ANDARILHO
Onde até mesmo eu
Que ando após o tempo
Não volto ao léu das nuvens,
Caminho por entre sonhos,
Saber por entre rochas

No sol do calor intenso,
No vento do ar tão fresco
Calmante da mesma faixa.

De ver os homens à volta
Que são tão eles e mesmos
Às voltas com o alto e o belo.

No fundo mundo extenso
De almas inteiras se acham,
Talvez supremo dedo apontam
O fim da Última Face

Do sol ao som da verdade,
Clarão de paz incentiva
Ao bom entendedor que se chama
DEUS!
(Dimas de Fonte)


ÁCIDO
Por tal forma me tomo
Esquecido da lida inconstante,
Perdido vil entre paredes
De sólidas amarras fechadas.

Algum dia de sol radiante
Brilhando sobre minha cabeça.
O vento que sopra me fala,
Seu toque me traz alegria,
Deixa meu ser em contato.

A Natureza resvala
De meu toque foge assustada
Tem medo e voa em volta

Envolta no mais puro mistério,
Na luz da ordem,
Estrutura de magia,
Teia prateada de vida
Relegada por ser indistinta,
Violada pela vontade malvada

Que homens constroem  uma flor?
O que se faz senão depredar?

Submeter a Mãe ao machado
Manchado pelo sangue dos bichos
E pelo sangue humano lavado
Pela chuva ácida que cai do céu.
(Dimas de Fonte)