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quarta-feira, 17 de março de 2010

Considerações sobre a Vida e o Tao VII

TORRENTE
Senti em mim o chamamento,
A torrente sutil emanando.
Meu corpo é veículo no intento
De propagar a Luz por todo canto.

Como o Tao vazio e produtivo
Espalha-se e nunca termina,
Transforma, acalma e dá incentivo.
Harmonia e Serenidade ensina.

Orienta pela força original
Que criou e nutre toda vida.
É a Mãe, o pai o Sinal,
Alegria jamais sentida.

Pertencer ao mundo
E dele não fazer parte,
Paradoxo certo e profundo
Daquilo que é, mas não é destarte.
(Dimas de Fonte)


TEMPO
A visão,
Tênue visão do tempo que passa,
Louca escapada para uma época distante

A mudança,
Velha mudança conhecida,
Passagem de menino para homem.

Confuso,
Nem sabe o que se passa,
Tem apenas idéia do que ocorre.

Vê as marcas,
Os passos pesados apesar de todo peso.

Posta-se ao largo,
Sem saber que está ao centro.
Vê tudo passar, sem saber que está indo junto.

Falsa visão distorcida,
Tão verdadeira para quem vê,
Tão rápida para quem assiste,
Às vezes tão dolorosa
Para quem vive.
(Dimas de Fonte)


THEATRO
Passam-se os atos no teatro da existência
Os bastidores são sujos e por vezes
Ratos caminham por entre as sombras.
Apesar disso a grandeza do espetáculo
Não é alterada.
Atores circulam pelo palco
Apresentando a pantomima pouco convincente.
Mostram uma efêmera realidade
Que não traduz a verdade dos fatos.
Há uma grande distância entre assistir
E saber o que está vendo.
O público aplaude os atores
Que também são platéia.
O teatro escuro
É iluminado apenas pelas luzes do palco,
Formando por toda volta
Imagens indistintas.
A saída do teatro está aberta,
Escancarada,
A porta espera que alguém cruze
Para o vazio da rua.
Mas, nem todos podem ou querem sair.
Somente os que conseguem
A Real Percepção do espetáculo
Podem mover-se livremente.
(Dimas de Fonte)


SELVA
Exercitar minha neutralidade,
O não-agir para realizar.
Para de debater-me
Na areia movediça da vida.
Porque só afunda mais
Aquele que se desespera
na tentativa de se salvar 

Os desordenados movimentos
De quem começa a submergir
Só aceleram a sucção para o fundo.
É hora de flutuar.

Precisa-se de alto controle,
Conhecimento e sabedoria.
Seguir o Caminho,
Compreender o Tao
E usar esse entendimento
Para viver melhor.
(Dimas de Fonte)


CINZENTO
Manhã chuvosa,
Tempo frio,
Ar gelado,
Roupas pesadas

Caminho açoitado pela chuva.
Mente imersa,
Roupas molhadas,
Respingadas pela água que cai.

Dia escuro,
Nuvens negras pairam.
Pairam sobre a Terra,
Bem como
Sobre a alma dos homens.

Poças d’água no chão.
Superfície marcada
Pelas gotas minúsculas
Que caem como agulhas.

Marcam a plácida calma
Como as incertezas pontilham a vida,
Como marcam a existência.

Mas, a chuva passa,
O céu clareia,
O sol aparece.

É essa certeza
Que impulsiona,
Que lança o homem
Na aventura de viver.
(Dimas de Fonte)


HOMEM
Das maiores agruras
E das piores dores
Rasgam a carne verdades
Do despreparo e desespero,
Mas também de Esperança e Luz.
Por todos os lados
As coisas boas e más sucedem-se.
Não há mérito nas coisas boas
Nem demérito nas ruins.
São consequências e devem ser evitadas
Agindo de forma que elas não se manifestem.
(Dimas de Fonte)


ÂNGELOS
Nas artes,
Na representação,
E todas as partes
A mente pulsa
Em expansão e retração.

No veículo imperfeito
A arte aflora
E mancha as folhas
Ou enche o espaço
Com suas formas.

Em sonhos,
Inspiração.
Do real,
Abstração.

Sentido para o artista,
Admiração da assistência boquiaberta,
Os rastros do gênio, sua pista.
Exclamação incerta.

Vai homem,
Mova-se,
Cria teu sonho
E dê-lhe vida!
(Dimas de Fonte)

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