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domingo, 21 de março de 2010

Considerações sobre a Vida e o Tao IX

REDENÇÃO
Andas com tua mente turva
E nas curvas das ruas
Mentes com descaramento
Trazes em ti o germe da maldade
Embora em teu peito
Arda o fogo divino do céu
Vira teu rosto para o alto
Sente o vento que sopra contra ele
Ouve os sons
Abafados pelos ruídos da cidade
E a súplica calada da natureza
Descalça tuas botas
Despe tuas roupas e sê humano
Acalma o animal dentro de ti
Olha nos olhos de teu semelhante
Abandona a batalha diária
A luta encarniçada contra teus irmãos
Toma nas tuas mãos a bandeira da paz
E faça da bandeira branca a tua bandeira
Não haverá mérito no teu ato
Nem uma palavra gentil ou de encorajamento
Apenas a perene sensação do dever cumprido
A altruística certeza de estar colaborando
Para um mundo melhor
Propagando sua serenidade interior
Até que se expanda por todo planeta
(Dimas de Fonte)


TORMENTA
A vida vira num mar de ondas
Fortes, fracas, em vagalhão
Toma e controla tudo
Levando o homem em seu roldão

Alerta mesmo assim
Deixa-se levar num momento vão
Sem saber se voltará após o motim
Se conseguirá a sua salvação
(Dimas de Fonte)


O HOMEM E O TAO
Mantiveste tua alma intacta
E das ondas poderosas tiraste tuas forças
Sonhaste com as nuvens
Sem desprender teus pés da Terra
Ainda olhas o horizonte
E dos teus olhos
Lágrimas quentes
Rolam uma após outra
Sentes uma solidão dolorosa
Mas, mesmo só
Encontra alento no fogo que arde em teu peito
Ele purifica teus sonhos
E da a ti a esperança eterna
Então voa!
E livre ergue sua cabeça
Percebe a Harmonia
Vê como fazes parte desse todo
Não está sozinho
Toda a natureza está contigo
(Dimas de Fonte)


CÓDIGOS
Trato coisas como coisas
Pessoas como pessoas
Mas, às vezes não há diferença

Coisas como coisas
Pessoas como pessoas
Pessoas como coisas
Coisas como pessoas
Pessoas-coisa
Coisas-pessoa

Presas num labirinto
Onde ambos:
Gente e objetos
Portam nomes
Siglas
Marcas
Dirigidos e manobrados
Conscientemente
Marcados como gado
(Dimas de Fonte)


LATERNA DOS AFOGADOS
Da lógica ou da incerteza da vida
Tiramos as respostas
Que são voláteis como uma brisa
Somem no ar após alguns instantes
Há os que buscam no credo
Outros numa garrafa de bebida
Há também aqueles que consolam-se
Com a idéia de não haver nenhum Deus
“Somos todos formigas num cosmo sem sentido”
De cada lado há alguém tentando explicar
Segurando qual náufrago,
A tábua da salvação;
Porque o importante é acreditar,
mesmo que se acredite,
que não se acredita em nada.
O homem é o que ele pensa.
Acha-se ligado a uma explicação
Como a um cordão umbilical.
Traz a profunda mágoa
De não ver nada além
Do seu próprio nariz.
E mesmo assim,
Acha que a sua mediocridade
É a medida de todas as coisas.
(Dimas de Fonte)


ESPERANDO GODOT
Estamos todos esperando Godot...
Sabemos que ele vem de algum lugar.
Chame-o de morte
Ou de felicidade.
Diga o que quiser sobre ele,
Mas continue esperando.
E enquanto espera,
Procura tornar agradável tua estada,
Já que não tens nada melhor para fazer.
Ou não te importes,
Fingindo que não espera ninguém.
Mas continue esperando mesmo assim.
Quem sabe um dia ele chega
E tira a angústia de uns
E o êxtase pela sua vinda de outros...
Seja como for...
Tenho que terminar de escrever
Porque mesmo sabendo o que eu sei
Eu também estou esperando Godot.
(Dimas de Fonte)

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