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sexta-feira, 23 de outubro de 2015

Os Dois Caminhos

Por Gilberto Antônio Silva

Ao entrarmos em uma seção de “filosofia oriental”, ou como geralmente se encontra, “esoterismo” e “auto-ajuda”, seja em uma biblioteca, livraria ou sebo, nos deparamos com uma infinidade de obras que mostram caminhos para o ser humano se conhecer e viver melhor, com mais “espiritualidade”. Isto causa uma certa confusão na pessoa que busca este tipo de conhecimento. Afinal, qual caminho devo escolher dentre esta miríade de escolas, linhas, culturas, filosofias, religiões?

Para ajudar a selecionar o que é melhor para você mesmo, mostrarei que praticamente todo este conhecimento se divide em dois caminhos principais que levam à “Iluminação”: a sabedoria e a devoção.

Estes dois caminhos são tratados por todas as grandes culturas do mundo, seja de modo claro, seja de modo disfarçado. Para os indianos os dois caminhos principais são o Jnana, sabedoria, e o Bhakti, devoção. No Taoismo temos o Daojia (taoismo filosófico) e o Daojiao (taoismo religioso). Qualquer um destes dois caminhos pode ser a escolha principal de cada pessoa, de acordo com sua constituição e necessidade espiritual. Existe um debate dentro do Taoismo, onde muitos afirmam que não existe essa separação, religião e filosofia são uma coisa só. Eu concordo, em parte. Filosofia e religião não são uma mesma coisa, simplesmente, mas ênfases diferentes em um mesmo caminho. Uma pessoa que siga um dos ramos não é melhor nem pior que outra que se sinta amparado pela outra via, pois ambas levam ao mesmo destino. Mas é inegável que existe uma atitude diferente às duas trilhas.

A sabedoria é o caminho dos filósofos, daqueles que não abrem mão do raciocínio lógico. Para estes um bom livro e uma boa reflexão são as melhores ferramentas para a evolução espiritual. Compreender como o Universo funciona é seu principal estímulo. Santos e deuses são secundários em sua busca, pelo menos até um determinado nível de compreensão. Não é necessário participar de alguma linha específica de pensamento.

A devoção é o caminho dos crentes, daqueles que procuram a experiência arrebatadora da fé como princípio de espiritualidade. Para estes, acender uma vela e fazer uma oração são as melhores ferramentas para evoluir. Sentir a presença de um Ser Superior e estar integrado às forças do Universo é seu principal estímulo. A mera abstração lógica carece de interesse em contraste com o colorido dos estados alterados de consciência causados pela experiência religiosa, até um certo nível de compreensão. Aqui também não é necessário participar de alguma religião estabelecida.

Quando corretamente orientados, ambos os caminhos conduzem ao mesmo destino, pois se encontram em um dado momento. Portanto não existe necessariamente um correto e outro errado, mas sim o mais adequado a cada pessoa. Ela possui grande fé ou descrença nas Forças Superiores? Possui um raciocínio afiado e grande intelectualidade ou prefere experimentar sensações? Veja que optar por um dos caminhos é questão de escolha pessoal, com base em suas aptidões naturais. E essa opção pode ser reconsiderada a qualquer momento. Pode, inclusive, optar por estabelecer um equilíbrio entre ambas, ciente de que são partes integrantes da mesma Verdade.

No Taoismo, propriamente dito, existe uma convergência de interesses. Várias práticas são utilizadas por ambas as vias, como meditação e qigong, além de manterem profundo respeito pelo Universo e suas manifestações, sejam do mundo visível ou do invisível. A diferença, noto novamente, fica apenas na ênfase. Isso deixa o praticante bastante à vontade para perambular pelos meandros do Tao, da maneira como for melhor para sua compreensão. Sempre me refiro ao Taoismo como “a filosofia espiritualista da liberdade”.

Note que possuir um raciocínio lógico não significa ser um cético incurável, nem possuir um profundo sentimento religioso significa ser um místico fanático. Ambos são extremos que devem ser evitados, pois não conduzem a nada que seja útil. Apenas distorcem sua percepção, envenenam seu espírito e o direcionam contra outras pessoas.

E você? Procure descobrir suas características pessoais e se aprofunde no seu próprio caminho. Sem medo e sem culpa.

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Gilberto Antônio Silva é Parapsicólogo, Terapeuta e Jornalista. Como Taoista, atua amplamente na pesquisa e divulgação desta fantástica cultura chinesa através de cursos, palestras e artigos. É autor de 14 livros, a maioria sobre cultura oriental e Taoismo. Sites: www.taoismo.org e www.laoshan.com.br




quarta-feira, 7 de outubro de 2015

A Regra de Ouro

Cristianismo:
– “O que quereis que os homens vos façam, fazei-o também a eles.”
Lucas 6:31

Budismo:
– “Não firas os outros de um modo que não gostarias de ser ferido.”
Udanda-Varqa 5:18

– “De cinco maneiras um verdadeiro líder deve tratar seus amigos e dependentes: com generosidade, cortesia, benevolência, dando o que deles espera receber e sendo tão fiel quanto à sua própria palavra.”
Digha Nikaya iii.185-91, Sigalovada Sutta

Zoroastrismo:
– “Aquela natureza só é boa quando não faz ao outro aquilo que não é bom para ela própria.”
Dadistan-i Dinik 94:5

Judaísmo:
– “O que te é odioso, não faças ao teu semelhante. Esta é toda a Lei, o resto é comentário.”
Talmude, Shabbat 31a

Hinduísmo:
– “Esta é a soma de toda a verdadeira virtude: trate os outros tal como gostarias que eles te tratassem. Não faças ao teu próximo o que não gostarias que ele depois fizesse a ti.”
Mahabharata

Islamismo:
– “Nenhum de vós é um crente até que deseje a seu irmão aquilo que deseja para si mesmo.”
Sunnah

Taoísmo:
– O homem superior “deve apiedar-se das tendências malignas dos outros; olhar os ganhos deles como se fossem seus próprios, e suas perdas do mesmo modo.”
Thai-Shang

Confucionismo:
– “Eis por certo a máxima da bondade: Não faças aos outros o que não queres que façam a ti.”
Analectos XV,23

Fé Bahá’í:
– “Não desejar para os outros o que não deseja para si próprio, nem prometer aquilo que não pode cumprir.”
Gleenings

Sikhismo:
– “Julga aos outros como a ti mesmo julgas. Então participarás do Céu.”

Jainismo:
– “Na felicidade e na infelicidade, na alegria e na dor, precisamos olhar todas as criaturas assim como olhamos a nós mesmos.”

Fonte: O Evangelho à Luz do Cosmos; Ramatis;


terça-feira, 28 de julho de 2015

Eu Sei, Mas Não Devia

Por Marina Colasanti
Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia.

A gente se acostuma a morar em apartamentos de fundos e a não ter outra vista que não as janelas ao redor. E, porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora. E, porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas. E, porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E, à medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.

A gente se acostuma a acordar de manhã sobressaltado porque está na hora. A tomar o café correndo porque está atrasado. A ler o jornal no ônibus porque não pode perder o tempo da viagem. A comer sanduíche porque não dá para almoçar. A sair do trabalho porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.

A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre a guerra. E, aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja números para os mortos. E, aceitando os números, aceita não acreditar nas negociações de paz. E, não acreditando nas negociações de paz, aceita ler todo dia da guerra, dos números, da longa duração.

A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisava tanto ser visto.

A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o de que necessita. E a lutar para ganhar o dinheiro com que pagar. E a ganhar menos do que precisa. E a fazer fila para pagar. E a pagar mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez pagar mais. E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas em que se cobra.

A gente se acostuma a andar na rua e ver cartazes. A abrir as revistas e ver anúncios. A ligar a televisão e assistir a comerciais. A ir ao cinema e engolir publicidade. A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos.

A gente se acostuma à poluição. Às salas fechadas de ar condicionado e cheiro de cigarro. À luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam na luz natural. Às bactérias da água potável. À contaminação da água do mar. À lenta morte dos rios. Se acostuma a não ouvir passarinho, a não ter galo de madrugada, a temer a hidrofobia dos cães, a não colher fruta no pé, a não ter sequer uma planta.

A gente se acostuma a coisas demais, para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá. Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada, a gente molha só os pés e sua no resto do corpo. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não há muito o que fazer a gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem sempre sono atrasado.

A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele. Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se de faca e baioneta, para poupar o peito. A gente se acostuma para poupar a vida. Que aos poucos se gasta, e que, gasta de tanto acostumar, se perde de si mesma.
(1972)

Retirado de: http://www.releituras.com/mcolasanti_eusei.asp

quinta-feira, 16 de julho de 2015

Deus no Taoismo

Por Gilberto Antônio Silva
 Uma das perguntas que soam bastante freqüentes quando eu falo sobre Taoismo é o clássico “os taoistas acreditam em Deus?”. Isso é bastante natural vindo de um ocidental, nascido e criado em uma tradição judaico-cristã, mas pode ser bastante difícil de responder do ponto de vista oriental.

Se você pensar em termos de um Deus antropomorfizado, que possui sensações e sentimentos humanos, vigia a humanidade de barba branca e tem “favoritos” entre as pessoas, a resposta é “não”. Se você imaginar Deus como um princípio ordenador, sem forma mas dotado de consciência e que permeia todo o universo, a resposta é “sim”.

Muitos traduzem “Tao” simplesmente por “Deus”, mas é um erro de metafísica já que são coisas diferentes. O Tao é um conceito muito complexo, que extrapola a mera racionalidade humana.

Aí o leitor atento pergunta: “mas Deus não é um só?”. Sim, claro, mas mudam as formas como os povos O compreendem. No Oriente a concepção de Deus como pregada nas religiões reveladas (Cristianismo, Judaísmo e Islamismo) é algo desconhecido. Quando os missionários cristãos pregaram na China tiveram uma dificuldade imensa pois os chineses não conseguiam entender a idéia de um Deus Único, Criador e Onipotente. Então usaram o termo “shen” para traduzir “Deus”, por significar algo parecido. Mesmo assim não tiveram muito sucesso, pois esse conceito continua obscuro para os chineses. Os missionários, então, se concentraram na figura de Jesus, pois um homem sábio que vagava pela terra acompanhado de discípulos e ensinando a todos é coisa bem comum na história chinesa. Confúcio mesmo fez muito disso.

Shen é um termo em chinês muito difícil de ser traduzido, pois pode significar “alma”, “espírito” ou “divindade”. A religião primitiva da China, que não tem fundador nem origem conhecida, passou a ser chamada de Shendao (“Caminho do Shen”) a partir da Dinastia Han (206 a.C.-220 d.C.) para se diferenciar do Taoismo e, principalmente, do Budismo (Fodao). Curioso que em japonês o termo “Shendao” se pronuncia “Shinto”, a religião tradicional japonesa. Shen, de modo isolado, se pronuncia Kami em japonês. Como pode perceber, tudo está conectado.

Enquanto crescia como religião organizada, o Taoismo foi incorporando muitos desses rituais e crenças do Shendao, que eram bastante populares. Isso tornou o Taoismo muito próximo da população, favorecendo que sua profunda filosofia pudesse ser divulgada até as camadas mais simples. O grau de fusão entre a filosofia taoista e as práticas tradicionais se tornou tão grande que hoje é difícil separá-los.

Para o Taoismo, o universo com todo o seu tamanho imenso e infinita complexidade gera uma consciência. Assim como nossos neurônios somados formam uma mente consciente, a miríade de objetos no universo também forma uma consciência. Essa consciência organiza e mantém tudo funcionando. Quando se reza, é para essa consciência que nos voltamos. Quando dizemos que buscamos o Tao, é dessa consciência que nos aproximamos em primeiro lugar. Estamos imersos nele e ao mesmo tempo somos parte dele.

Essa consciência é identificada na religião taoista com o Rei de Jade ou Imperador de Jade. Ele tem esse nome em razão do jade ser considerado um símbolo da pureza absoluta. É o administrador do Universo, o guardião do Tao. É a mais alta divindade do panteão taoista. Então, quando se faz uma oferenda ou se acende um incenso ao Rei de Jade, na verdade invocamos a Consciência Universal. A religião taoista possui quase sempre duas leituras, a mais simples e popular e a mais sofisticada e filosófica.

É interessante que na Medicina Chinesa haja uma grande preocupação em manter o espírito sereno e tranqüilo. É a principal causa da saúde ou da doença. Espírito, nesse caso, é chamado de “shen”. Como o ideograma é o mesmo do Shen universal, trata-se do mesmo princípio. Desse modo temos uma centelha da Consciência Universal dentro de nós, ancorado no Coração (Xin).

Para o Taoismo, Deus não apenas existe como habita em nosso peito.

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Gilberto Antônio Silva é Parapsicólogo, Terapeuta e Jornalista. Como Taoista, atua amplamente na pesquisa e divulgação desta fantástica cultura chinesa através de cursos, palestras e artigos. É autor de 14 livros, a maioria sobre cultura oriental e Taoismo. Sites: www.taoismo.org e www.laoshan.com.br


sábado, 27 de junho de 2015

Elogio ao Livre Pensador

Por Ricardo Gondim
Mesmo redundante, é preciso dizer: o livre pensador pensa com liberdade. O pensador crítico trata a fronteira do certo e do errado a partir da integridade e não da assimilação de silogismos bem assentados. Ele permite, inclusive, que puxem o tapete de premissas antigas. Para ser intelectual é preciso espaço para questionar, tensionar, desafiar o que é assimilado pelos pares. Conhece-se um intelectual como aquele que gera crise, sem necessariamente defender uma escola de pensamento específica. Pensadores orgânicos não arrazoam com autonomia. O bom exercício do pensar acontece despretensiosamente, já que não provoca o debate pelo debate. Quem ousa alçar o voo do conhecimento, não teme contradizer-se e pode, inclusive, rir de posturas que assumiu e depois suplantou.

O livre pensador prefere a selva à trilha batida, o labirinto aos mapas detalhados, a senda escura à avenida iluminada. Ele convive bem com a ideia de que a verdade se alonga no infinito. Na aventura de pesquisar o que parecia inacessível, ele encara o saber como uma galáxia, bilhões de anos luz distante.
O livre pensador garante o ambiente leve. Ele ouve, acolhe, indaga e argumenta com a singeleza da criança. Se discute, retruca, provoca e exige o rigor dos mestres, não deixa o clima tenso. Se denuncia, confronta e briga com a veemência dos profetas, não transparece rancor. Se narra, brinca, ri e cria com a leveza dos poetas, não permite superficialidade. Se se mostra exigente nos colóquios acadêmicos, não cria inimigos. Se relaxa na mesa do bar, mantém-se atencioso.

O mundo deve ao livre pensador os novos paradigmas científicos, as novas escolas literárias, os novos conceitos políticos, as novas militâncias. Infelizmente, muitos só foram reconhecidos depois de séculos. Alguns morreram na fogueira. Com todos os problemas das redes sociais e da enxurrada de informações da internet, podemos conhecer rapazes e moças que começam a pensar fora da caixa. Leio blogs e tenho o ímpeto de cantar com Louis Armstrong: …I watch them grow/ They’ll learn much more, than I’ll never know/ And I think to myself/ What a wonderful world (eu os vejo crescer/Eles aprenderão muito mais que eu jamais saberei/E eu penso comigo... que mundo maravilhoso).


quarta-feira, 13 de maio de 2015

Sobre a Verdade Suprema

A Verdade está além das aparências percebidas pelos sentidos, está além da personalidade. A personalidade é uma ilusão que precisa ser dissipada para que a Verdade brilhe. As pessoas confundem-se com a personalidade, atribuindo grande importância ao prazer e à dor que sentem. Não há outro caminho para a Felicidade Perfeita que não seja o conhecimento da Verdade Suprema. Essa Verdade-Felicidade é sentida quando se aniquilam as sensações e a ilusão do ego. Somente com o pleno discernimento, adquirido pela meditação profunda, é possível distinguir o real do irreal, perceber a dinâmica da vida manifestada e a neutralidade que emana da natureza. Tudo no universo segue seu ritmo natural, sem paixões nem preferências. Apegar-se a algo ou a alguém e preferir isso àquilo é um atributo da personalidade humana. As pessoas tanto se apegam ao prazer como à dor, e cada um se julga pleno de razão para sofrer ou para se deleitar com o mundano.
A ignorância é a fonte de todo mal. Ela surge pela identificação com os sentidos, o relacionamento entre os sentidos e o mundo exterior origina a personalidade e o apego às coisas materiais. Onde está a personalidade não pode haver a Verdade, pois são incompatíveis. Enquanto as pessoas estão inconscientes, enquanto a personalidade encobre o esplendor da essência divina, enquanto se busca a sobrevivência e não a vida, enquanto se procura ter e se esquece de que o sentido da vida é ser, cada um busca afirmar sua verdade pessoal, limitada e mesquinha. O resultado só poderia ser o que se vê: um mundo confuso, cheio de desarmonias, de guerras. E o resultado nem poderia ser outro, pois bilhões de egos querendo afirmar suas pseudoverdades individuais só poderia gerar uma grande conturbação. O mais extraordinário é que as pessoas, diante de tantos erros e quase nenhum acerto, ainda não conseguem admitir a falsidade do ego e da mente. Sabem que "pelo fruto se conhece a árvore". Então, um mundo conturbado só pode ter sido fruto de mentes doentias e desequilibradas. Mas ainda não se rendem, e justificam suas ações criando leis que consideram justas porque agradam seu ego, acreditando que "errar é humano", "ninguém é perfeito", "perdão existe porque existe erro". Eis aí a grande blasfêmia contra a suprema lei do cosmo. O erro não é justificável — é do ego, que é ilusório; e nem a imperfeição nem o perdão existem. Todos os Mestres ensinam que os homens são divinos em essência, como a afirmação do Mestre Jesus: "Sede perfeitos como o Ser é perfeito". O perdão é a negação da lei de causas e efeitos. A naturalidade do erro e a facilidade do perdão foram incentivadas para que a personalidade pudesse justificar-se a si mesma.
A Verdade Suprema não brilhar plenamente onde houver resquícios de Individualidade, onde houver interesse pessoal, onde houver crença na personalidade e nos seus pseudovalores. O ego faz com que as pessoas deixem de perceber a essência divina latente em tudo pari colocarem em primeiro plano seus gostos e desgostos. Brigam por ninharias e gostam muito de que todos prestem atenção em sua felicidade ou em sua dor, ignorando que tudo isso é desprovido de realidade e não passa de uma ilusão, tendo como destino comum a morte.
Há, porém, um caminho que conduz à perfeição, e ele só pode ser trilhado por quem eliminou de si todo egoísmo. Aquele que compreende a Lei Suprema e a cumpre conhece sua verdadeira natureza. Não prejudica aos demais seres, de todos os reinos, e está livre das paixões. Seus gestos e palavras só transmitem consolo e amor supremo, tornando-se, para todos, um exemplo de emancipação espiritual.
SHANTI PREM HARE OM

(Sri Maha Krshina Swami in Sutra Maha Devi Emancipação)

sábado, 25 de abril de 2015

Carta a um Amigo

Amigo,
O objetivo da vida é a felicidade.
A felicidade não está na juventude, nem nas riquezas, nem nas ligações efêmeras, nem no domínio sobre os outros.
A felicidade só existe na consciência de si, na consciência da realidade.
Uma vez de acordo sobre isso que foi dito, não creia em nada sem que você mesmo o tenha verificado. A verdade alheia carece de valor para você, se você mesmo não a encontrou.
Dentro deste espírito, saiba que:
A realidade é imutável. Nada que dependa de mudança pode ser a realidade.
O múltiplo é irreal. Só o único é real.
Você é o único. Liberte-se da ganga do múltiplo.
O múltiplo é algo que nasce dos sentidos. O intelecto é o sentido dos sentidos.
Em última análise, tudo aquilo que tem nome ou forma se converte em onda do mental.
Seja independente da onda.
Fique indiferente aos movimentos do tom mental.
A serenidade é o objetivo mais alto que você pode estabelecer para seus próprios esforços.
Existe uma consciência de ser independente do intelecto. Esta consciência não pode ser adquirida pelo pequeno eu.
Ela germina, cresce e desabrocha por si mesma, dentro do silêncio total, nascido de uma serenidade firme e sustentada.
Deseje, ame, contemple este instante glorioso em que nem mal nem bem, nem sofrimento nem alegria, nem fracasso nem sucesso deixarão de lhe lembrar que a asa do pássaro não deixa rastro no azul do céu.
Se você avança para a vida através do caminho do conhecimento, avance com prudência.
Tudo é miragem. Seja vigilante. Ultrapasse as aparências. Descubra o que está por trás delas.
Quando seu coração palpita, sonde, duvidando, o fantasma que o comove. Negue esse fantasma e não lhe dê crédito algum.
Vigie seu coração. Se ele se agita, você está  perdido.
Se você perde, mantenha o espírito esportivo. Recomece com maior atenção, enriquecido de seus precedentes fracassos.
Se você ganha, continue até o fim do jogo na luz reencontrada.
Se você avança para a vida pela vereda do amor, avance com segurança. Tudo é verdade. Tenha confiança.
Toda porta que se fecha ou se abre é uma indicação preciosa a que você deve prestar fé. Tudo é mensagem dele. Tudo é Ele.
Quando seu espírito se agita, busque com o coração a verdade que se oculta. Afirme-a e lhe dê crédito. Vigie seu espírito. Se ele se agita, você está perdido.
Se você fracassa, seja um amante fiel, peça-lhe perdão e recomece com maior fé e mais amor, enriquecido de suas lágrimas.
Se você triunfa, permaneça no êxtase infinito da Paz reencontrada.
(SURYAKANTA)


In: A Felicidade pela consciência do ser: Yoga do Ocidente

quarta-feira, 15 de abril de 2015

A Sabedoria do Silêncio

Pense no que vai dizer antes de abrir a boca. Seja breve e preciso, já que cada vez que deixa sair uma palavra, deixa sair uma parte do seu Chi (energia). Assim, aprenderá a desenvolver a arte de falar sem perder energia.

Nunca faça promessas que não possa cumprir. Não se queixe, nem utilize palavras que projetem imagens negativas, porque se reproduzirá ao seu redor tudo o que tenha fabricado com as suas palavras carregadas de Chi.

Se não tem nada de bom, verdadeiro e útil a dizer, é melhor não dizer nada. Aprenda a ser como um espelho: observe e reflita a energia. O Universo é o melhor exemplo de um espelho que a natureza nos deu, porque aceita, sem condições, os nossos pensamentos, emoções, palavras e ações, e envia-nos o reflexo da nossa própria energia através das diferentes circunstâncias que se apresentam nas nossas vidas.

Se se identifica com o êxito, terá êxito. Se se identifica com o fracasso, terá fracasso. Assim, podemos observar que as circunstâncias que vivemos são simplesmente manifestações externas do conteúdo da nossa conversa interna. Aprenda a ser como o universo, escutando e refletindo a energia sem emoções densas e sem preconceitos.

Porque, sendo como um espelho, com o poder mental tranquilo e em silêncio, sem lhe dar oportunidade de se impor com as suas opiniões pessoais, e evitando reações emocionais excessivas, tem oportunidade de uma comunicação sincera e fluida.

Não se dê demasiada importância, e seja humilde, pois quanto mais se mostra superior, inteligente e prepotente, mais se torna prisioneiro da sua própria imagem e vive num mundo de tensão e ilusões. Seja discreto, preserve a sua vida íntima. Desta forma libertar-se-á da opinião dos outros e terá uma vida tranquila e benevolente invisível, misteriosa, indefinível, insondável como o TAO.

Não entre em competição com os demais, a terra que nos nutre dá-nos o necessário. Ajude o próximo a perceber as suas próprias virtudes e qualidades, a brilhar. O espírito competitivo faz com que o ego cresça e, inevitavelmente, crie conflitos. Tenha confiança em si mesmo. Preserve a sua paz interior, evitando entrar na provação e nas trapaças dos outros. Não se comprometa facilmente, agindo de maneira precipitada, sem ter consciência profunda da situação.

Tenha um momento de silêncio interno para considerar tudo que se apresenta e só então tome uma decisão. Assim desenvolverá a confiança em si mesmo e a Sabedoria. Se realmente há algo que não sabe, ou para que não tenha resposta, aceite o fato. Não saber é muito incomodo para o ego, porque ele gosta de saber tudo, ter sempre razão e dar a sua opinião muito pessoal. Mas, na realidade, o ego nada sabe, simplesmente faz acreditar que sabe.

Evite julgar ou criticar. O TAO é imparcial nos seus juízos: não critica ninguém, tem uma compaixão infinita e não conhece a dualidade. Cada vez que julga alguém, a única coisa que faz é expressar a sua opinião pessoal, e isso é uma perda de energia, é puro ruído. Julgar é uma maneira de esconder as nossas próprias fraquezas.

O Sábio tolera tudo sem dizer uma palavra. Tudo o que o incomoda nos outros é uma projeção do que não venceu em si mesmo. Deixe que cada um resolva os seus problemas e concentre a sua energia na sua própria vida. Ocupe-se de si mesmo, não se defenda. Quando tenta defender-se, está a dar demasiada importância às palavras dos outros, a dar mais força à agressão deles.

Se aceita não se defender, mostra que as opiniões dos demais não o afetam, que são simplesmente opiniões, e que não necessita de os convencer para ser feliz. O seu silêncio interno torna-o impassível. Faça uso regular do silêncio para educar o seu ego, que tem o mau costume de falar o tempo todo.

Pratique a arte de não falar. Tome algumas horas para se abster de falar. Este é um exercício excelente para conhecer e aprender o universo do TAO ilimitado, em vez de tentar explicar o que é o TAO. Progressivamente desenvolverá a arte de falar sem falar, e a sua verdadeira natureza interna substituirá a sua personalidade artificial, deixando aparecer a luz do seu coração e o poder da sabedoria do silêncio.

Graças a essa força, atrairá para si tudo o que necessita para a sua própria realização e completa libertação. Porém, tem que ter cuidado para que o ego não se infiltre… O Poder permanece quando o ego se mantém tranquilo e em silêncio. Se o ego se impõe e abusa desse Poder, este converter-se-á num veneno, que o envenenará rapidamente.

Fique em silêncio, cultive o seu próprio poder interno. Respeite a vida de tudo o que existe no mundo. Não force, manipule ou controle o próximo. Converta-se no seu próprio Mestre e deixe os demais serem o que têm a capacidade de ser. Por outras palavras, viva seguindo a via sagrada do TAO.

(Texto Taoísta)


segunda-feira, 13 de abril de 2015

Sobre José, o Carpinteiro

"...das cinco vezes que a palavra “sonho” aparece no Novo Testamento, quatro se referem a José, o carpinteiro. Em todos estes casos, ela está sempre sendo convencido por um anjo a fazer exatamente o contrário do que estava planejando.
O anjo pede que ele não abandone sua mulher, embora ela esteja grávida. Ele podia dizer coisas do tipo “o que os vizinhos vão pensar”. Mas volta para casa, e acredita na palavra revelada.
O anjo o envia para o Egito. E sua resposta podia ter sido: “mas eu já estou aqui estabelecido como carpinteiro, tenho minha clientela, não posso deixar tudo de lado agora.” Entretanto, arruma suas coisas, e parte em direção ao desconhecido.
O anjo pede que volte do Egito. E José podia ter de novo pensado: “logo agora que eu consegui estabilizar de novo minha vida, e que tenho uma família para sustentar?”
Ao contrário do que o senso comum manda, José segue seus sonhos. Sabe que tem um destino a cumprir que é o destino de quase todos os homens neste planeta: proteger e sustentar sua família. Como milhões de Josés anônimos, ele procura dar conta da tarefa, mesmo tendo que fazer coisas que estão muito além de sua compreensão.
Mais tarde, tanto a mulher como um dos filhos se transformam nas grandes referências do Cristianismo. O terceiro pilar da família, o operário, é lembrado apenas nos presépios de final de ano, ou por aqueles que tem uma devoção especial por ele, como é o meu caso, e como é o caso de Leonardo Boff, para quem escrevi o prefácio de seu livro sobre o carpinteiro.
Reproduzo parte de um texto do escritor Carlos Heitor Cony (espero que seja mesmo dele, porque descobri na internet!): “ Volta e meia estranham que, declarando-me agnóstico, não aceitando a ideia de um Deus filosófico, moral ou religioso, seja devoto de alguns santos do nosso calendário tradicional. Deus é um conceito ou uma entidade distante demais para os meus recursos e até mesmo para minhas necessidades.Já os santos, porque foram terrenos, com os mesmos alicerces de barro de que fui feito, merecem mais do que a minha admiração. Merecem mesmo a minha devoção.
“São José é um deles. Os Evangelhos não registram uma única palavra sua, somente gestos, e uma referência explícita: "vir justus". Um homem justo. Como se tratava de um carpinteiro, e não de um juiz, deduz-se que José era acima de tudo um bom. Bom como carpinteiro, bom como esposo, bom como pai de um garoto que dividiria a história do mundo.”
Belas palavras de Cony. E eu, muitas vezes, leio aberrações do tipo: “Jesus foi para a Índia aprender com os mestres do Himalaia”. Para mim, todo homem pode transformar em sagrada a tarefa que lhe é dada pela vida, e Jesus aprendeu enquanto José, o homem justo, o ensinava a fazer mesas, cadeiras, camas.
No meu imaginário, gosto de pensar que a mesa onde o Cristo consagrou o pão e o vinho, teria sido feita por José – porque ali estava a mão de um carpinteiro anônimo, que ganhava a vida com o suor do seu rosto e, justamente por causa disso, permitia que os milagres se manifestassem."


(O homem que seguia seus sonhos, In: "Ser como um rio que flui", Paulo Coelho)

domingo, 12 de abril de 2015

Vida Material X Vida Espiritual

“Como conciliar pensamentos tão extraordinários com as necessidades comuns de toda a hora?”, perguntareis. "Não podemos desertar do mundo, abandonar nossas metrópoles para buscar a contemplação em meio da solidão; temos nossas dívidas a pagar a Admeto, e enquanto não a liquidamos, nossos pés permanecem sempre algemados", vos queixareis. "O mundo é duro e impiedoso, e nenhuma utilidade têm, para ele, as vossas vãs e vazias doutrinas. Não podemos viver de nuvens. Vossa filosofia é, quiçá, excelente para os que se sentam comodamente junto a uma lareira; mas como poderá ela auxiliar os que mourejam em meio de uma sociedade realista?", concluireis.
Estas perguntas encerram frequentes concepções errôneas acerca do que constitui a verdadeira espiritualidade, e começarei a respondê-las formulando de minha parte uma outra pergunta.
"Nunca vos vistes envolvidos por um daqueles furacões tropicais que se movem com um ímpeto aterrador?"
Por estranho que pareça, se isso vos acontecer, notareis que bem no centro do furacão existe um lugar perfeitamente calmo e inalterado. Assim, também, o homem que se conhece, atinge um equilíbrio mental tal que permanece imperturbável em meio da excitante atividade do mundo. Seu mais recôndito ser se mantém em imperturbado repouso, qualquer que seja o furacão da vida que o envolva, qualquer que seja o trabalho que faça e quaisquer que sejam os pensamentos que lhe afetem o intelecto.
Via de regra se considera a verdade espiritual uma I rogativa dos homens especulativos, perdidos em sonhos piedosos ou filosóficos. Que ela deve ser trazida para dentro do raio de ação do homem de ocupações é uma consideração que parece duvidosa, mas a história a tem não poucas vezes trai formado em fato.
É possível fundir a sabedoria deste mundo com  a sabedoria das coisas divinas? Por que não? Por que, por exemplo, não há de o pesquisador aliar-se ao administrador prático Conheço o dono de uma fábrica de produtos químicos numa província inglesa, que tentou fazer isto. Toda a sua organização, seu equipamento de laboratório, seus métodos de anúncio e seus produtos manufaturados se colocam facilmente, entre seus congêneres, como os melhores e os mais modernos. Ele trata seus numerosos operários na base da Regra de Ouro. Não há nada, dentro do bom senso, que não faça por eles, com d resultado de que não há nada razoável que os operários não façam para ele. Todas as noites, antes de se recolher para repousar após um dia de poeira e esforços — e esse  era o único tempo de que dispunha — dirige-se a um recanto sossegado de sua casa e dedica uma tranquila meia hora à quietude mental, extraindo daí uma paz sublime e energia alentadora, que o habilitam a manter uma secreta liberdade do espírito em meio de toda a mecanização de hoje. Ele tornou esta prática regular perfeitamente compatível com a vida ativa. Proporciona-lhe um equilíbrio interior em meio das  distrações e turbulências da presente existência. A força e sabedoria superiores que ele encontra no divino centro, são mais tarde aplicadas na ação efetiva em sua administração.
O administrador que objete não ter tempo nem ideia para interesses espirituais, porque seus afazeres materiais o absorvem totalmente, acha-se em triste condição. Qual é, então, o verdadeiro interesse do homem?
É justo considerarmos nossas necessidades materiais do momento, mas não é justo considerá-las sem uma referência a algo mais.
São numerosos os ocidentais que se sepultaram em seus negócios e mui raramente saem dali para observar que existe um sol espiritual lá em cima. Milhares de pensamentos se atropelam em suas cabeças da aurora ao crepúsculo: a noite e eles se entregam à colheita do que semearam. Em meio a todo este fértil campo de pensamentos e vida, que lhes resta? Mesmo quando sua saúde periclita e o médico lhes prescreve umas longas férias, tal é a sua escravidão que, embora não possam levar os negócios consigo, são obrigados a levá-los em suas mentes. Seus negócios constituem agora o seu Condutor, e eles, os jumentos carregados.
E vem um dia triste, mas inevitável na existência do homem, ao descobrir que, apesar de todo seu afã, não lhe sobrou nada nas mãos senão um punhado de folhas secas. Nesse dia talvez comece a perceber que a verdade espiritual não é uma ciência abstrata, nem uma abstrusa especulação; é um modo de vida, uma visão mais profunda do mundo. Talvez lhe seja doloroso chegar-lhe esse dia, porém isto é o prelúdio de uma felicidade meritória.
Os assuntos práticos da vida não mais existem para servi-lo, mas para tiranizá-lo. "As coisas selam e cavalgam a humanidade", disse Emerson algures, e isso calha aos homens desse tipo. A consciência que poderia libertar-se por um curto período do dia para adquirir a joia da interna paz espiritual, é compelida pela máquina que eles construíram ao seu redor a moer-se nas coisas triviais e pueris.
O homem, ansioso por aperfeiçoar suas máquinas, esquece-se de se aperfeiçoar a si próprio.
Divorciar a vida do espiritual é fazê-la perigar. O eu ativo deve ser alimentado pelas fontes espirituais do eu mais profundo. Cabe-nos equilibrar nossas atividades com a nossa contemplação. O intelecto crítico deve encarar a intuição visionária como amiga, não como inimiga; as capacidades comerciais devem colaborar com as imaginações espirituais; ao passo que nosso profundo egoísmo necessita andar de mãos dadas com nosso mais profundo altruísmo. Desta maneira cada qual de nós pode tornar-se o expoente de um profundo conceito em sua vida mais superficial.
Nossas vidas precisam achar o áureo meio termo. Precisamos diariamente manter-nos por alguns momentos em quietude mental, sem perder nossa capacidade para trabalhos práticos. Precisamos estabelecer um equilíbrio conveniente entre os elementos místicos e materiais de nossa natureza, por diferentes e incompatíveis que aparentemente sejam. Quem quiser seguir o Caminho Secreto aqui delineado, encontrará sem esforço esse equilíbrio. Advir-lhe-á natural e espontaneamente.

(Paul Brunton in O Caminho Secreto, Ed. Pensamento)

sábado, 11 de abril de 2015

25 Citações de Buda

Entre o sexto e o quarto século AC, um homem chamado Sidarta Gautama começou a virar a cabeça da população no leste da Índia, com sua profunda sabedoria espiritual. Ele recebeu o nome de “Buda”, que significa literalmente “o iluminado”, e até os dias de hoje, nos chegam muitos insights de seus ensinamentos.

Curiosamente, Buda nunca escreveu qualquer um dos seus ensinamentos citados a baixo. Semelhante a Jesus e Sócrates, o seu método de ensino era verbal e comunicativo. As tradições orais mantiveram a sabedoria de Buda viva até 400 anos após sua morte, quando então a primeira transcrição de seus ensinamentos surgiu.

Seu despertar ocorreu quando percebeu que não precisamos passar fome e sacrificar nosso corpo, como era comumente praticado na Índia na época para aumentar a clareza e sabedoria espiritual. Quando uma jovem ofereceu-lhe um pudim de leite e arroz como um ato de compaixão, ele percebeu que haviam mais lições No Caminho do que ele vinha ensinando.

2) “O caminho não está no céu. O caminho está no coração “.

3) “Um jarro enche gota a gota.”

4) “Todo ser humano é o autor da sua própria saúde ou da doença.”

5) “Para compreender tudo é preciso perdoar tudo”

6) “Melhor do que mil palavras ocas, é uma palavra que traga a paz.”

7) “Quaisquer palavras que pronunciamos, devem ser escolhidas com cuidado porque as pessoas ouvem e são influenciadas por elas, para o bem ou para o mal.”

8) “Ninguém nos salva a não ser nós mesmos. Ninguém pode e ninguém consegue. Nós mesmos devemos percorrer o caminho. “

9) “E no momento de uma polêmica em que sentimos raiva, já deixamos de lutar pela verdade e começamos a brigar com nós mesmos.”

10) “No céu, não há distinção entre oriente e ocidente; as pessoas criam distinções dentro de suas próprias mentes e depois acreditam nelas como verdade “.

11) “Aqueles que estão livres de pensamentos rancorosos certamente encontram a paz.”

12) “O ódio não cessa pelo ódio em nenhum momento. O ódio cessa com o amor. Esta é uma lei inalterável. “

13) “Tem que haver o mal para que então o bem possa provar sua pureza acima dele.”

14) “É fácil ver os defeitos dos outros, mas é difícil ver nossas própria falhas. Aquele que mostra os defeitos dos outros é como alguém que joga palha ao vento, mas encobre as próprias falhas como um jogador astuto quando esconde seus dados “.

15) “Eu nunca vejo o que tem sido feito; Eu só vejo o que resta a ser feito “.

16) “A mente é tudo. O que você pensa, você se torna. “

17) “Assim como tesouros são descobertos a partir da terra, a virtude aparece nas boas ações, e a sabedoria aparece a partir de uma mente pura e pacífica. Para caminhar com segurança através do labirinto da vida humana, é preciso a luz da sabedoria e a orientação da virtude “.

18) “Somos moldados por nossos pensamentos; nós nos tornamos aquilo que pensamos. Quando a mente é pura, a alegria segue como uma sombra que nunca vai embora. “

19) “Trabalhe por sua própria salvação. Não dependa de outros. “

20) “Vamos nos levantar e ser gratos, porque se nós não aprendemos muito hoje, pelo menos aprendemos um pouco, e se nós não aprendemos um pouco, pelo menos não ficamos doentes, e se ficamos doentes, pelo menos nós não morremos; assim, vamos todos ser gratos. “

21) “Não se pode percorrer o caminho até que você se torne o próprio caminho”

22) “Você não vai ser punido por sua raiva, você será punido pela sua raiva.”

23) “Conquistar a si mesmo é uma tarefa maior do que conquistar outros”

24) “Três coisas não podem ser escondidas por muito tempo: o sol, a lua, e a verdade.”

25) “Tenha compaixão por todos os seres, ricos e pobres; cada um tem o seu sofrimento. Alguns sofrem demais, outros muito pouco. “

Fonte: Steven Bancarz Spirit Science


domingo, 5 de abril de 2015

Sobre o Sábio e a Sabedoria

Um homem ignorante considera que um outro seja sábio, iluminado, e o identifica a um corpo físico.
Essa falsa identificação é devida ao fato de que o ignorante desconhece o Ser e o confunde com seu próprio corpo.
Ele comete o mesmo erro em relação ao sábio e confunde a sabedoria deste com a aparência física.
Como o ignorante se imagina o autor de seus atos e considera suas atividades físicas como sendo realmente suas, ele crê igualmente que o sábio age quando o corpo dele age.
Mas o sábio conhece a Verdade e não é vítima dessa confusão.
Antes de conscientizar-se do divino, as -ações de um homem refletem as expressões do ego profano, da mente pensante.
Consciente do divino, suas ações são uma manifestação da Luz Eterna.
A pressão da ignorância não pode tornar-se sabedoria.
O sábio age para eliminar a ignorância espiritual das pessoas, enquanto que o ignorante trabalha para multiplicar a ignorância delas.
O trabalho de conscientização espiritual deve ser feito por cada um, levando em consideração apenas os sagrados ensinamentos, não se preocupando com a opinião das outras pessoas e mantendo o equilíbrio total diante de todas as circunstâncias da vida.
Quem mantém o equilíbrio é dono de si mesmo.
Sri Krishna disse:
"Aquele que não se alegra no momento de alegria, não se preocupa no momento de miséria e não tem cólera, nem medo, nem apegos, é um sábio".
(Ramana Maharshi in “Ramana Meu Mestre”, de Swami, Sri Maha Krishna, Ed. SMKS)

sexta-feira, 3 de abril de 2015

Sobre os Mestres

Um Mestre é alguém que meditou apenas em Deus, atirou toda a sua personalidade no mar de Deus, afogou-a e esqueceu-a ali, até tornar-se apenas o instrumento de Deus e quando sua boca se abre fala palavras de Deus sem esforço nem planejamento prévio; e quando ergue a mão, Deus flui novamente através dela, realizando um milagre.

Não leve em grande consideração os fenômenos físicos e coisas que tais. Eles são inumeráveis; e uma vez estabelecida a fé no coração daquela que busca, esses fenômenos terão cumprido suas finalidades.
Clarividência, clariaudiência e coisas semelhantes não valem a pena, quando uma iluminação tão maior e uma paz tão maior são possíveis sem elas e não com elas. O Mestre assume tais poderes como uma forma de auto-sacrifício!
A ideia de que um Mestre seja alguém que desenvolveu poderes sobre forças e sentidos ocultos através de longa prática, orações ou coisa parecida, é absolutamente falsa. Mestre algum jamais deu a mínima importância aos poderes ocultos, pois não necessita deles na vida cotidiana.
Os fenômenos que vemos são curiosos e surpreendentes — mas o mais maravilhoso de tudo não percebemos: uma, e apenas uma, força ilimitada é responsável por:
a) Todos os fenômenos que vemos; e
b) O ato de vê-los.
Não fixe sua atenção sobre essas coisas mutáveis da vida, morte e fenômenos. Não pense sequer no próprio ato de vê-las ou percebê-las, mas apenas naquilo que vê essas coisas — aquilo que é responsável por tudo.

Trecho de um resumo enviado a um amigo e posteriormente publicado na International Psychic Gazette por F. H. Humphreys, devoto de Sri Ramana Maharshi in "Ramana Maharshi e o Caminho do Autoconhecimento" de Arthur Osborne, Ed. Pensamento.

Sobre a Religião

A Religião, seja ela cristianismo, budismo, hinduísmo, teosofia ou qualquer outra espécie de ismo ou sofia ou sistema, pode apenas levar-nos àquele ponto em que todas as religiões se encontram e não além.

Aquele preciso ponto em que as religiões todas se encontram é a compreensão - não em sentido místico, mas no sentido mais mundano e terra-a-terra, e quanto mais mundano e terra-a-terra melhor - do fato de que Deus é tudo e tudo é Deus.

Desse ponto em diante começa o trabalho da prática dessa compreensão mental e o resultado é o rompimento de um hábito. É preciso deixar de chamar as coisas de "coisas" e chamá-las de Deus; e, ao invés de pensá-las como coisas, é preciso saber que são Deus.

Ao invés de imaginar a "existência" como a única coisa possível, deve-se compreender que esta existência (fenomenal) é apenas uma criação da mente, que a não-existência é uma sequência necessária desde que a postulemos a "existência".

O conhecimento das coisas só mostra a existência de um órgão a ser conhecido. Não há sons para o mudo, visões para o cego e a mente é apenas um órgão de concepção ou apreciação de certos aspectos de Deus. Deus é infinito e, por conseguinte, existência e não-existência são apenas contrapartidas dele.

Não pretendo dizer que Deus seja composto de partes definidas. É difícil ser inteligível ao falar de Deus. O verdadeiro conhecimento vem de dentro e não de fora. E o verdadeiro conhecimento não é "saber" mas "ver"."

Trecho de um resumo enviado a um amigo e posteriormente publicado na International Psychic Gazette por 
F. H. Humphreys, devoto de Sri Ramana Maharshi in "Ramana Maharshi e o Caminho do Autoconhecimento" de Arthur Osborne, Ed. Pensamento.

domingo, 29 de março de 2015

12 Frases de Buda

1. “Não viva no passado, não sonhe com o futuro, concentre sua mente no presente momento.”
Eu vejo a maioria das pessoas nostálgicas demais, mas pergunte e elas dirão que não. Começar um novo ano é uma oportunidade de fazer algo novo, não seja limitado por lembranças de momentos prósperos ou planos frustrados que, por algum motivo, deram errado. Faça acontecer. Não amanhã, hoje!

2. “Existem apenas dois erros a serem cometidos em uma jornada; não ir até o final e não começar.”
Isso é tão verdade que Seth Godin escreveu um livro sobre não ir até o final (“O Melhor do Mundo”) e outro sobre não começar (“Poke the Box”). Desligue o pensamento do “isso não vai dar certo”, pessimismo nunca foi característica de pessoas bem-sucedidas. E se você é daqueles que chama isso de “realidade”, vale dizer que pessoas realistas demais, que nunca sonham, também não conquistam grandes coisas.

3. “Se tudo é conquistado em sonhos, irá desaparecer também como um sonho.”
Mas apenas não sonhe, aja! Aliás, esse talvez seja o único problema de sonhar. Ficar preso nele. Um passinho de cada vez e um pulinho de vez em quando é tudo que você precisa.

4. “Não acredite em nada que você lê, ou em quem diz, não importa se eu disse; a menos que isso faça sentido para você e o bom-senso.”
O legal de ler blogs é que você lê opiniões, não vereditos. E é com a análise crítica de uma opinião que você deve receber tudo. Seja a ordem de um chefe, o conselho dos pais ou os argumentos de um especialista. Se não faz sentido pra você, conteste. Está de acordo com os seus valores? Você acredita realmente ou apenas não quer criar atrito? Ser crítico não é ser chato, é ter opinião própria.

5. “Educação é um guia, conhecimento é a chave.”
Análise crítica — e outras habilidades — dependem da educação que você recebe da escola, pais, pessoas a sua volta e do conhecimento adquirido com elas. Educação é o começo, mas o verdadeiro fim é o conhecimento.

6. “Conforme você semeia, você colhe.”
Trabalhe duro e suba de cargo; trate as pessoas bem e você terá funcionários comprometidos; construa um bom networking e obtenha oportunidades; cuide da sua namorada e ela não o deixará; semeie alegria e colha felicidade. Tudo que vai, volta, de uma forma ou de outra.

7. “Não existe glória em uma pessoa preguiçosa, mas bem apresentável.”
Aparência não compensa bom caráter ou comprometimento. Evite julgar as pessoas pela roupa ou beleza (ou falta dela). Ela pode ser a sua melhor opção.

8. “O Fracasso ensina o homem como obter o sucesso.”
Fracassar é um saco, mas é a única maneira de alcançar a excelência e conquistar grandes coisas. O erro nos força a reconhecer pontos negativos e a trabalhá-los. Quem perde nunca esquece; se você não desistir, estará em vantagem em relação aqueles que se vangloriam de nunca ter errado.

9. “Paz vem de dentro. Não busque fora.”
Alivie a mente da pressão do mundo exterior. Aqui vão algumas dicas: pegue leve com você, não espere tanto dos outros, dê mais valor ao que você tem, aprecie as pequenas coisas da vida, seja menos materialista, aproveite o hoje!

10. “Chorar com os sábios é melhor que rir com os idiotas.”
A sabedoria começa em escolher bem os seus amigos.

11. “Todo trabalho honesto é um trabalho honroso.”
Talvez você esteja descontente com o seu trabalho atual, talvez você fizesse alguma “loucura”, se ela lhe pagasse melhor. Mas você sentiria bem? Lembre-se que a paz vem de dentro. Eu já conheci vendedores de bala mais admiráveis do que executivos de empresas. Entre os dois, com certeza eu não me espelharia no executivo.

12. “Hoje é melhor que dois amanhãs.”
O ano novo está chegando chegou e ele será melhor que 2013 e 2014… pelo simples fatos dele estar bem a sua frente.