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quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Meu Filho, Você Não Merece Nada!

Por Eliane Brum
   Ao conviver com os bem mais jovens, com aqueles que se tornaram adultos há pouco e com aqueles que estão tateando para virar gente grande, percebo que estamos diante da geração mais preparada – e, ao mesmo tempo, da mais despreparada. Preparada do ponto de vista das habilidades, despreparada porque não sabe lidar com frustrações.
    Preparada porque é capaz de usar as ferramentas da tecnologia, despreparada porque despreza o esforço. Preparada porque conhece o mundo em viagens protegidas, despreparada porque desconhece a fragilidade da matéria da vida. E por tudo isso sofre, sofre muito, porque foi ensinada a acreditar que nasceu com o patrimônio da felicidade. E não foi ensinada a criar a partir da dor.
   Há uma geração de classe média que estudou em bons colégios, é fluente em outras línguas, viajou para o exterior e teve acesso à cultura e à tecnologia. Uma geração que teve muito mais do que seus pais. Ao mesmo tempo, cresceu com a ilusão de que a vida é fácil. Ou que já nascem prontos – bastaria apenas que o mundo reconhecesse a sua genialidade.
   Tenho me deparado com jovens que esperam ter no mercado de trabalho uma continuação de suas casas – onde o chefe seria um pai ou uma mãe complacente, que tudo concede. Foram ensinados a pensar que merecem, seja lá o que for que queiram. E quando isso não acontece – porque obviamente não acontece – sentem-se traídos, revoltam-se com a “injustiça” e boa parte se emburra e desiste.
   Como esses estreantes na vida adulta foram crianças e adolescentes que ganharam tudo, sem ter de lutar por quase nada de relevante, desconhecem que a vida é construção – e para conquistar um espaço no mundo é preciso ralar muito. Com ética e honestidade – e não a cotoveladas ou aos gritos. Como seus pais não conseguiram dizer, é o mundo que anuncia a eles uma nova não lá muito animadora: viver é para os insistentes.
   Por que boa parte dessa nova geração é assim? Penso que este é um questionamento importante para quem está educando uma criança ou um adolescente hoje. Nossa época tem sido marcada pela ilusão de que a felicidade é uma espécie de direito. E tenho testemunhado a angústia de muitos pais para garantir que os filhos sejam “felizes”. Pais que fazem malabarismos para dar tudo aos filhos e protegê-los de todos os perrengues – sem esperar nenhuma responsabilização nem reciprocidade.
   É como se os filhos nascessem e imediatamente os pais já se tornassem devedores. Para estes, frustrar os filhos é sinônimo de fracasso pessoal. Mas é possível uma vida sem frustrações? Não é importante que os filhos compreendam como parte do processo educativo duas premissas básicas do viver, a frustração e o esforço? Ou a falta e a busca, duas faces de um mesmo movimento? Existe alguém que viva sem se confrontar dia após dia com os limites tanto de sua condição humana como de suas capacidades individuais?
   Nossa classe média parece desprezar o esforço. Prefere a genialidade. O valor está no dom, naquilo que já nasce pronto. Dizer que “fulano é esforçado” é quase uma ofensa. Ter de dar duro para conquistar algo parece já vir assinalado com o carimbo de perdedor. Bacana é o cara que não estudou, passou a noite na balada e foi aprovado no vestibular de Medicina. Este atesta a excelência dos genes de seus pais. Esforçar-se é, no máximo, coisa para os filhos da classe C, que ainda precisam assegurar seu lugar no país.
   Da mesma forma que supostamente seria possível construir um lugar sem esforço, existe a crença não menos fantasiosa de que é possível viver sem sofrer. De que as dores inerentes a toda vida são uma anomalia e, como percebo em muitos jovens, uma espécie de traição ao futuro que deveria estar garantido. Pais e filhos têm pagado caro pela crença de que a felicidade é um direito. E a frustração um fracasso. Talvez aí esteja uma pista para compreender a geração do “eu mereço”.
   Basta andar por esse mundo para testemunhar o rosto de espanto e de mágoa de jovens ao descobrir que a vida não é como os pais tinham lhes prometido. Expressão que logo muda para o emburramento. E o pior é que sofrem terrivelmente. Porque possuem muitas habilidades e ferramentas, mas não têm o menor preparo para lidar com a dor e as decepções. Nem imaginam que viver é também ter de aceitar limitações – e que ninguém, por mais brilhante que seja, consegue tudo o que quer.
   A questão, como poderia formular o filósofo Garrincha, é: “Estes pais e estes filhos combinaram com a vida que seria fácil”? É no passar dos dias que a conta não fecha e o projeto construído sobre fumaça desaparece deixando nenhum chão. Ninguém descobre que viver é complicado quando cresce ou deveria crescer – este momento é apenas quando a condição humana, frágil e falha, começa a se explicitar no confronto com os muros da realidade. Desde sempre sofremos. E mais vamos sofrer se não temos espaço nem mesmo para falar da tristeza e da confusão.
   Me parece que é isso que tem acontecido em muitas famílias por aí: se a felicidade é um imperativo, o item principal do pacote completo que os pais supostamente teriam de garantir aos filhos para serem considerados bem sucedidos, como falar de dor, de medo e da sensação de se sentir desencaixado? Não há espaço para nada que seja da vida, que pertença aos espasmos de crescer duvidando de seu lugar no mundo, porque isso seria um reconhecimento da falência do projeto familiar construído sobre a ilusão da felicidade e da completude.
   Quando o que não pode ser dito vira sintoma – já que ninguém está disposto a escutar, porque escutar significaria rever escolhas e reconhecer equívocos – o mais fácil é calar. E não por acaso se cala com medicamentos e cada vez mais cedo o desconforto de crianças que não se comportam segundo o manual. Assim, a família pode tocar o cotidiano sem que ninguém precise olhar de verdade para ninguém dentro de casa.
   Se os filhos têm o direito de ser felizes simplesmente porque existem – e aos pais caberia garantir esse direito – que tipo de relação pais e filhos podem ter? Como seria possível estabelecer um vínculo genuíno se o sofrimento, o medo e as dúvidas estão previamente fora dele? Se a relação está construída sobre uma ilusão, só é possível fingir.
   Aos filhos cabe fingir felicidade – e, como não conseguem, passam a exigir cada vez mais de tudo, especialmente coisas materiais, já que estas são as mais fáceis de alcançar – e aos pais cabe fingir ter a possibilidade de garantir a felicidade, o que sabem intimamente que é uma mentira porque a sentem na própria pele dia após dia. É pelos objetos de consumo que a novela familiar tem se desenrolado, onde os pais fazem de conta que dão o que ninguém pode dar, e os filhos simulam receber o que só eles podem buscar. E por isso logo é preciso criar uma nova demanda para manter o jogo funcionando.
   O resultado disso é pais e filhos angustiados, que vão conviver uma vida inteira, mas se desconhecem. E, portanto, estão perdendo uma grande chance. Todos sofrem muito nesse teatro de desencontros anunciados. E mais sofrem porque precisam fingir que existe uma vida em que se pode tudo. E acreditar que se pode tudo é o atalho mais rápido para alcançar não a frustração que move, mas aquela que paralisa.
   Quando converso com esses jovens no parapeito da vida adulta, com suas imensas possibilidades e riscos tão grandiosos quanto, percebo que precisam muito de realidade. Com tudo o que a realidade é. Sim, assumir a narrativa da própria vida é para quem tem coragem. Não é complicado porque você vai ter competidores com habilidades iguais ou superiores a sua, mas porque se tornar aquilo que se é, buscar a própria voz, é escolher um percurso pontilhado de desvios e sem nenhuma certeza de chegada. É viver com dúvidas e ter de responder pelas próprias escolhas. Mas é nesse movimento que a gente vira gente grande.
   Seria muito bacana que os pais de hoje entendessem que tão importante quanto uma boa escola ou um curso de línguas ou um Ipad é dizer de vez em quando: “Te vira, meu filho. Você sempre poderá contar comigo, mas essa briga é tua”. Assim como sentar para jantar e falar da vida como ela é: “Olha, meu dia foi difícil” ou “Estou com dúvidas, estou com medo, estou confuso” ou “Não sei o que fazer, mas estou tentando descobrir”. Porque fingir que está tudo bem e que tudo pode significar dizer ao seu filho que você não confia nele nem o respeita, já que o trata como um imbecil, incapaz de compreender a matéria da existência. É tão ruim quanto ligar a TV em volume alto o suficiente para que nada que ameace o frágil equilíbrio doméstico possa ser dito.
   Agora, se os pais mentiram que a felicidade é um direito e seu filho merece tudo simplesmente por existir, paciência. De nada vai adiantar choramingar ou emburrar ao descobrir que vai ter de conquistar seu espaço no mundo sem nenhuma garantia. O melhor a fazer é ter a coragem de escolher. Seja a escolha de lutar pelo seu desejo – ou para descobri-lo –, seja a de abrir mão dele. E não culpar ninguém porque eventualmente não deu certo, porque com certeza vai dar errado muitas vezes. Ou transferir para o outro a responsabilidade pela sua desistência.
   Crescer é compreender que o fato de a vida ser falta não a torna menor. Sim, a vida é insuficiente. Mas é o que temos. E é melhor não perder tempo se sentindo injustiçado porque um dia ela acaba.

    Eliane Brum, Jornalista, escritora e documentarista. Ganhou mais de 40 prêmios nacionais e internacionais de reportagem. É autora de Coluna Prestes – O Avesso da Lenda (Artes e Ofícios), A Vida Que Ninguém Vê (Arquipélago Editorial, Prêmio Jabuti 2007) e O Olho da Rua (Globo). Escreve às 2ª feiras.


terça-feira, 30 de agosto de 2011

Pantera Cor-de-Rosa Psicodélica

Sempre gostei de desenhos animados. Ainda gosto. Um dos que eu mais gostava eram os desenhos antigos da Pantera Cor de Rosa. A personagem apareceu originalmente em 1963, na abertura do filme The Pink Panther. O sucesso foi enorme e fez com que fosse produzida uma série de desenho animado. Os mais de 120 episódios tiveram em média seis minutos de duração. As aventuras da personagem eram acompanhadas pela famosa música de Henry Mancini com arranjos de Waltel Branco, The Pink Panther Theme. O desenho foi produzido pelo estúdio de animação americano DePatie-Freleng Enterprises, de 1964 a 1980. Abaixo retirei do You Tube o que para mim é o melhor: um desenho mudo e altamente psicodélico que até hoje considero genial.


segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Explicando os Sistemas Econômicos

FEUDALISMO:
Você tem duas vacas. O seu senhor pega um pouco do leite, quer você queira ou não.

SOCIALISMO:
Você tem duas vacas. O governo as coloca em um estábulo com as vacas de todos os outros e faz com que você tome conta de todas. O governo lhe dá tanto leite quanto você precise.

SOCIALISMO BUROCRÁTICO:
Você tem duas vacas. O governo as coloca em um estábulo com as vacas de todos os outros. Quem toma conta delas são os ex-donos das galinhas e quem toma conta das galinhas, que ficaram sem dono, é você. O governo lhe dá tanto leite e ovos quanto o regulamento determinar que você precise.

FASCISMO:
Você tem duas vacas. O governo toma ambas e o contrata para tomar conta delas. O governo lhe vende todo o leite necessário.

COMUNISMO PURO:
Você tem duas vacas. Seus vizinhos ajudam a tomar conta delas e todos dividem o leite.

COMUNISMO RUSSO:
Você tem duas vacas e tem que tomar conta delas. O governo fica com todo o leite.

DITADURA:
Você tem duas vacas. O governo toma ambas e atira em você.

DEMOCRACIA DE CINGAPURA:
Você tem duas vacas. O governo multa você por manter dois animais ilegalmente dentro de um apartamento.

DEMOCRACIA PURA:
Você tem duas vacas. Seus vizinhos decidem o que fazer com o leite.

DEMOCRACIA REPRESENTATIVA:
Você tem duas vacas. Seus vizinhos escolhem alguém para dizer o que fazer com o leite.

DEMOCRACIA AMERICANA:
Você tem duas vacas. O governo promete que lhe dará mais duas vacas, se você votar nele. Após as eleições o presidente é impedido por especular no mercado de “vacas futuras” com auxílio de informações privilegiadas. O episódio fica conhecido como “vacagate”.

DEMOCRACIA BRITÂNICA:
Você tem duas vacas e as alimenta com ração de ovelhas. As vacas ficam loucas e o governo não faz nada.

BUROCRACIA:
Você tem duas vacas. No início o governo regulamenta como você deve alimentá-las e quando ordenhá-las. Depois ele passa a pagar para que você não as alimente ou ordenhe. Depois, o governo toma as duas vacas, mata uma delas, ordenha a outra e joga o leite fora. Finalmente, você deverá preencher formulários em cinco vias explicando o desaparecimento das vacas.

CAPITALISMO:
Você tem duas vacas. Você as vende e compra um touro.

CAPITALISMO DE HONG KONG:
Você tem duas vacas e vende três delas para uma empresa listada na Bolsa de Valores, usando as opções do seu cunhado na Bolsa de Mercadorias e Futuros. Depois, faz um swap de modo a ficar com quatro vacas, com dedução do imposto de renda. Os direitos de ordenha de seis vacas são transferidos, por meio de um intermediário panamenho, para a empresa fantasma do acionista majoritário, nas Ilhas Cayman, que revende os direitos de ordenha de sete vacas para a empresa, cujo relatório anual diz que os ativos incluem oito vacas, com opção para mais uma no próximo ano. Enquanto isso, alertado pelo Feng Suei, você mata as duas vacas.

TOTALITARISMO:
Você tem duas vacas. O governo toma ambas e nega que você existe. O leite passa a ser proibido.

DEOMOCRACIA JAPONESA:
Você tem duas vacas e dá o leite para a Yakuza, de modo que eles não façam perguntas estranhas sobre para quem você está fornecendo o leite.

DEOMOCRACIA BRASILEIRA:
Você tem duas vacas, mas deve aguardar uma votação no Congresso que decidirá qual o preço máximo que o leite deve ter no mercado livre. Enquanto isso, a concessionária de energia multa você em cem vacas, por falta de pagamento de energia elétrica e ligação fraudulenta. Você recorre e os peritos confirmam que todas as faturas foram pagas e nunca houve ligação fraudulenta. Você recebe as cem vacas de volta, mas, enquanto isso, as duas vacas morrem de fome, porque você teve que despedir funcionários e vender o feno e o leite para pagar as cem vacas da multa. Você vai a um programa de entrevistas e consegue apoio no Congresso, que decide arquivar o projeto.

domingo, 28 de agosto de 2011

O Verdadeiro Superman: Voando de Wingsuit

Jeb Corliss é um especialista em paraquedismo extremo e basejump com o traje aéreo ou wingsuit que chega a atingir velocidades acima de 200 km/h. O modelo típico de wingsuit utiliza superfícies de asas membranosas entre as pernas e debaixo dos braços. A resistência do ar infla essas membranas empurrando o ar através de entradas no traje, o que ajuda a manter o aerofólio semirrígido no voo. As asas sob braços e pernas inflam cheias de ar e formam um perfil de asa que transforma a queda livre, reduzindo a velocidade de 3 para 1, ou seja: a cada metro que desce, avança três para frente. O esportista não tem que manter a forma das asas só com força física, mas a estrutura rígida da asa também não reduz a mobilidade dos movimentos. O traje se adapta firmemente ao corpo, sem obstruir o paraquedas principal ou a corda de segurança localizada no peito que libera o reserva e que possibilita o pouso. Estudos estão sendo feitos para não precisar mais de paraquedas no futuro para aterrisar.







Vi Primeiro no MDig:
As Informações técnicas vem de: http://esporte.hsw.uol.com.br/wingsuit2.htm

sábado, 27 de agosto de 2011

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Fábula Cherokee dos Dois Lobos

Dois anciões da tribo estavam preocupados com um dos garotos que, por se sentir injustiçado, tornou-se agressivo.

O avô do menino o leva para conversar nos ermos da pradaria.

"Entendo sua raiva. Na planície dentro do meu peito, há uma batalha terrível entre dois lobos que vivem dentro de mim. Esses dois lobos tentam dominar o espírito de todos nós."

O garoto se interessa. Ele continua.

"Um é negro como a calada da noite. Seus dentes afiados e tenazes como a raiva, a inveja e o ciúme. Ele caça a tristeza. Suas garras são afiadas como a cobiça, a arrogância e a pena que alguém sente por si mesmo. Esse lobo fareja culpa, ressentimento, inferioridade a quilômetros. Ele busca o orgulho, a glória e a superioridade."

Diante dos olhos brilhantes do pequeno índio, o velho completa.

"O outro lobo é branco. Seu olhar é tranquilizador como o perdão de um pai. seus músculos fortes como a esperança de um amanhecer. Seus pêlos brilham como a serenidade de um lago. Ele fareja paz, humildade e empatia onde estiver. Ele é veloz como um gesto de bondade, audaz como a generosidade. Ese lobo busca verdade, harmonia e fé."

Ambos ficaram em silêncio então. O neto pensou nessa luta.

Então ele perguntou ao avô:

"Qual lobo vence?"

O velho índio então responde:

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Como Fazer Fogo Com um Preservativo

Não. Não é onde você está pensando... Mas numa situação de emergência. Agora você já sabe para que pode servir aquelas camisinhas que estão envelhecendo e perdendo a validade em sua gaveta ... Chame os amigos e use para acender  um churrasco!


quarta-feira, 24 de agosto de 2011

O Que Você Faz Quando Dorme 02/02

“Embora, durante a vida, o Espírito seja fixado ao corpo pelo perispírito, não é tão escravo, que não possa alongar sua corrente e se transportar ao longe, seja sobre a terra, seja sobre qualquer outro ponto do espaço.”
(Allan Kardec , A Gênese, Cap. XIV, It 23).

Desdobramento é o nome que se dá o fenômeno de exteriorização do corpo espiritual ou perispírito. O perispírito ainda ligado ao corpo, distancia-se do mesmo, fazendo agora parte do mundo espiritual, ainda que esteja ligado ao corpo por fios fluídicos. Fenômenos estes, naturais que repousam sobre as propriedades do perispírito, sua capacidade de exteriorizar-se, irradiar-se, sobre suas propriedades depois da morte que se aplicam ao perispírito dos vivos (encarnados).

Os laços que unem o perispírito ao corpo temporal, afrouxam-se por assim dizer, facultando ao espírito manter-se em relativa distancia, porém, não desligado de seu corpo. E esta ligação, permite ao espírito tomar conhecimento do que se passa com o seu corpo e retornar instantaneamente se algo acontecer. O corpo por sua vez, fica com suas funções reduzidas, pois dele foram distanciados os fluidos perispirituais, permanecendo somente o necessário para sua manutenção. Este estado em que fica o corpo no momento do desdobramento, também depende do grau de desdobramento que aconteça.

Os desdobramentos podem ser:
a) Conscientes:
Este, caracteriza-se pela lembrança exata do ocorrido, quando ao retornar ao corpo o ser recorda-se dos fatos e atividades por ele desempenhadas no ato do desdobramento. O sujeito é capaz de ver o seu “Duplo”, bem próximo, ou seja, de ver a ele mesmo no momento exato em que se inicia o desdobramento. Facilmente nestes casos, sente-se levantando geralmente a cabeça primeiramente e o restante do corpo, depois. Alguns flutuam e vêem o corpo carnal abaixo deitado, outros vêem-se ao lado dos corpos, todavia esta recordação é bastante profunda e a consciência e altamente límpida neste instante. Existe uma ligação ainda profunda dos fluidos perispirituais entre o corpo e o perispírito, facilitando assim, as recordações pós-desdobramento.

b) Inconscientes:
Ao retornar o ser de nada recorda-se. Temos que nos lembrar que na maioria das vezes a atividade que desempenha o ser no momento desdobrado, fica como experiências para o próprio ser como espírito, sendo lembrado em alguns momentos para o despertar de algumas dificuldades e vêem como intuições, idéias.
Os fluidos perispirituais são neste caso bem mais tênues e a dificuldade de recordação imediata fica um pouco mais árdua, todavia as informações e as experiências ficam armazenadas na memória perispiritual, vindo a tona futuramente.
Em realidade a palavra inconsciente, é colocada por deficiência de linguagem, pois, inconsciência não existe, tendo em vista o despertar do espírito, levando consigo todas as experiências efetivadas pelo mesmo, então colocamos a palavra inconsciente aqui, é somente para atestarmos a temporária inconsciência do ser enquanto encarnado.

c) Voluntários:
Se a própria pessoa promove este distanciamento. Analisemos algo bastante singular, nem todos os desdobramentos voluntários há consciência, pois como dissemos acima poderão haver algumas lembranças do ocorrido, existem ainda muitas dificuldades, no momento em que o espírito através de seu perispírito aproxima-se novamente de seu corpo, pela densidade ainda dos órgãos cerebrais é possível haver bloqueio dessas experiências. É necessário salientar que o ser encarnado na terra, ainda se encontra distante de controlar todos os seus potenciais, e por isso também há este esquecimento. Haja vista, algumas pessoas até provocarem o desdobramento e no momento de consciência terem medo e retornarem ao corpo apressadamente, dificultando ainda mais a recordação.
Os desdobramentos podem também ocorrer nos momentos de reflexões, onde nos encontramos analisando profundamente nossos atos e cuja atividade nos propicia encontrar com seres que nos querem orientar para o bem, parte de nosso perispírito expande-se e vai captar as experiências e orientações devidas.

d) Provocados:
Através de processos hipnóticos e magnéticos, agentes desencarnados ou até mesmo encarnados podem propiciar o desdobramento do ser encarnado. Os bons Espíritos podem provocar o desdobramento ou auxiliá-los sempre com finalidades superiores. Mas espíritos obsessores também podem provocá-los para produzir efeitos malefícios. Afinizando-se com as deficiências morais dos desencarnados, propiciamos assim, uma maior facilidade para que os espíritos mal-feitores possam provocar o desligamento do corpo físico atraindo o ser encarnado para suas experiências fora do corpo. A lei que exerce esta dependência é a de afinidade.

e) Emancipação Letárgica:
Decorre da emancipação parcial do espírito, podendo ser causada por fatores físicos ou espirituais. Neste caso o corpo perde temporariamente a sensibilidade e o movimento, a pessoa nada sente, pois os fluidos perispiríticos estão muito tênues em relação a ligação com o corpo. O ser não vê o mundo exterior com os olhos físicos, torna-se por alguns instantes incapaz da vida consciente. Apesar da vitalidade do corpo continuar executando-se. Há flacidez geral dos membros. Se suspendermos um braço, ele ao ser solto cairá.

f) Emancipação Cataléptica:
Como acima, também resulta da emancipação parcial do espírito. Nela, existe a perda momentânea da sensibilidade, como na letargia, todavia existe uma rigidez dos membros. A inteligência pode se manifestar nestes casos. Difere da letárgica, por não envolver o corpo todo, podendo ser localizado numa parte do corpo, onde for menor o envolvimento dos fluidos perispirituais.

Fonte: www.espirito.org.br/portal/artigos/elferr/atividade-noturna.html

O Que Você Faz Quando Dorme 01/02

Durante o sono o Espírito desprende-se do corpo; devido aos laços fluídicos estarem mais tênues. A noite é um longo período em que está livre para agir noutro plano de existência. Porém, variam os graus de desprendimento e lucidez. Nem todos se afastam do seu corpo, mas permanecem no ambiente doméstico; temem fazê-lo, sentir-se-iam constrangidos num meio estranho (aparentemente).

Outros movimentam-se no plano espiritual, mas suas atividades e compressões dependem do nível de elevação. O princípio que rege a permanência fora do corpo é o da afinidade moral, expressa, conforme a explanação anterior, por meio da afinidade vibratória ou sintonia.

O espírito será atraído para regiões e companhias que estejam harmonizadas e sintonizadas com ele através das ações, pensamentos, instruções, desejos e intenções, ou seja, impulsos predominantes. Podendo assim, subir mais ou se degradar mais.

O lúbrico terá entrevistas eróticas de todos os tipos, o avarento tratará de negócios grandiosos (materiais) e rendosos usando a astúcia. A esposa queixosa encontrará conselhos contra o seu marido, e assim por diante. Amigos se encontram para conversas edificantes, inimigos entram em luta, aprendizes farão cursos, cooperadores trabalharão nos campos prediletos, e, assim, caminhamos.

Para esta maravilhosa doutrina, conforme tais considerações, o sonho é a recordação de uma parte da atividade que o espírito desempenhou durante a libertação permitida pelo sono. Segundo Carlos Toledo Rizzini, interpretação freudiana encara o sonho como apontando para o passado, revelando um aspecto da personalidade.

Para o Espiritismo, o sonho também satisfaz impulsos e é uma expressão do estilo de vida, com uma grande diferença: a de não se processar só no plano mental, mas ser uma experiência genuína do espírito que se passa num mundo real e com situações concretas. Como vimos, o espírito, livre temporariamente dos laços orgânicos, empreende atividades noturnas que poderão se caracterizar apenas por satisfação de baixos impulsos, como também, trabalhar e aprender muito. Nesta experiência fora do corpo, na oportunidade do desprendimento através do sono, o ser, poderá ver com clareza a finalidade de sua existência atual, lembrar-se do passado, entrevê o futuro, todavia a amplitude ou não dessas possibilidades é relativa ao grau de evolução do espírito.

(...)

O sonho é a lembrança do que o espírito viu durante o sono. Podemos notar, que nem sempre sonhamos. Mas, o que isso quer dizer? Que nem sempre nos lembramos do que vimos, ou de tudo o que havemos visto, enquanto dormimos. É que não temos ainda a alma no pleno desenvolvimento de suas faculdades. Muitas vezes somente nos fica a lembrança da perturbação que o nosso Espírito experimentou.

Graças ao sono os Espíritos encarnados estão sempre em relação com o mundo dos Espíritos. As manifestações, que se traduzem muitas vezes por visões e até mesmo, “assombrações” mais comuns se dão durante o sono, por meio dos sonhos. Elas podem ser: uma visão atual das coisas, futuras, presentes ou ausentes; uma visão do passado e, em alguns casos excepcionais, um pressentimento do futuro. Também muitas vezes são quadros alegóricos que os Espíritos nos põem sob as vistas, para dar-nos úteis avisos e salutares conselhos, se se trata de Espíritos bons, e para induzir-nos ao erro, à maledicência, às paixões, se são Espíritos imperfeitos.

O sonho é uma expressão da vida real da personalidade. O espírito procura atender a desejos e intenções inconscientes e conscientes durante esse tempo de liberdade temporária. Conforme o grau, tipo de sintonia e harmonia gerada pela afinidade moral com outros Espíritos, direciona-se automaticamente para a parte do mundo espiritual que melhor satisfaça essa sintonia e suas metas e objetivos, ainda que não lícitos; e aí conta com amigos, sócios, inimigos, desafetos, parentes, “mestres” etc.

Contamos ainda com mais dois tipos de sonhos. O primeiro é o premonitório, quando se toma algumas informações ou conselhos sobre algum acontecimento futuro. O segundo é o pesadelo, ou seja, o sonho ansioso, em que entra o terror. É também uma experiência real, porém, penosa; o sonhador vê-se pressionado por inimigos ou por animais monstruosos, tem de atravessar zonas tenebrosas, sofrer castigos, que de fato são vivências provocadas por agentes do mal ou por desafetos desta ou de outras vidas.

Fonte:  www.espirito.org.br/portal/artigos/elferr/atividade-noturna.html

terça-feira, 23 de agosto de 2011

A Flor de Lis

A flor de lis (flor-de-lis) é uma figura heráldica (a arte ou ciência dos brasões) muito associada à monarquia francesa, particularmente ligada com o rei da França. É também o símbolo do escotismo. A flor-de-lis desperta muita curiosidade a respeito de sua origem e até controvérsias quanto à verdadeira planta popularmente batizada com este nome. A verdadeira flor-de-lis não pertenceria à família das Iridáceas, nem das Liliáceas: trata-se da Sprekelia formosissima, uma representante da família das Amarilidáceas, originária do México e da Guatemala.

Conhecida em outros idiomas como lírio-asteca, lírio-de-Saint-James (St. James lily), lírio-de-saint-Jacques (Lis de Saint-Jacques) a Sprekelia formosíssima é a única espécie do género. O nome da espécie foi dado pelo botânico Linnaeus (Lineu) quando recebeu alguns bolbos de J. H. van Sprekelsen, um advogado alemão. Os espanhóis introduziram a planta na Europa, levando os bolbos do México, no final do século XVI.


É quase impossível precisar a exata origem do símbolo. A única certeza é que seu surgimento data de épocas bem remotas. Sabe-se que a imagem da flor-de-lis foi usada nas armas da França em 496. O desenho da flor era colocado no manto de reis na época pré-Cruzadas, na indumentária de luxo dos reis de armas, nos pavilhões, nas bandeiras e, ainda hoje, em vários brasões de municípios franceses. No ano de 1125, a bandeira da França apresentava o seu campo semeado de flores-de-lis, o mesmo acontecendo com o seu brasão de armas até o reinado de Carlos V (1364), quando passaram a figurar apenas três. Conta-se que este rei teria adoptado oficialmente o símbolo como emblema para honrar a Santíssima Trindade.

Alguns historiadores relatam que o símbolo começou a ser utilizado no reinado de Luiz VII, o Jovem (1147) e também como emblema da cidade de Florença. Este rei teria sido o primeiro dos reis da França a servir-se desse desenho para selar suas cartas-patentes, principalmente em alusão ao seu nome Luiz, que na época se escrevia "Loys". Os reis que vieram a seguir conservaram a flor-de-lis como atributo real e o mesmo fizeram seus descendentes.

Dessa forma, a palavra "lis" Significa íris, ou lírio, mas também se associa com o nome "Louis", o primeiro príncipe francês a utilizar este símbolo. Sendo assim: Fleur-de-Louis: Flor-de-luis. Ela permanece extra-oficialmente um símbolo da França, assim como a águia napoleônica, mas seu uso é muito mais antigo do que isso. Segundo o livro ilustrado dos Signos e Símbolos, de Miranda Bruce-Mitford, Luís XVII adoptou a íris como seu emblema durante as Cruzadas e o nome evoluiu de "fleur-de-louis" para "fleur-de-lis" (flor-de-lis), representando com as três pétalas, a fé, a sabedoria e o valor. Realmente, há uma grande semelhança entre a íris e a flor-de-lis, quando as analisamos de perfil. Outras referências sugerem que a flor-de-lis é uma espécie de lírio. Os espanhóis traduzem "fleur-de-lis" como "flor del lírio" (flor-de-lírio) e, neste caso, defende-se o lírio - e não uma íris - como a verdadeira flor-de-lis. Há uma lenda que ajuda a reforçar esta ideia, contando que um anjo teria ofertado um lírio a Clóvis, rei dos Francos, em 496 d.C., quando este se converteu ao Cristianismo.

  
De acordo com o historiador Georges Duby, representa os três braços da monarquia feudal: Aqueles que trabalham, aqueles que lutam e aqueles que rezam.

É um símbolo religioso tão arraigado que pode ser encontrado no brasão papal, nos escudos dos nobres ingleses e escoceses; bósnios e canadenses. É um símbolo maçônico utilizado para representar a ponta de lança que guia o homem em direção ao seu destino.
O símbolo aparece nos primeiros cetros reais, representando o FOGO na alquimia. O espiritual que guia o rei em suas decisões de caráter divino, sendo encontrada em praticamente todas as eras e civilizações. Sua origem provável remonta do simbolismo com a lótus oriental: de uma flor bela e pura que nasce em meio ao lodo do pântano, representando os ocultistas e hermetistas em sua Verdadeira Vontade, com o espiritual (fogo) erguendo-se sobre o material (terra+água). Representa a união do homem com o divino e é uma das principais referências dentro da alquimia.

É uma das quatro figuras mais populares em heráldica, juntamente com a águia, a cruz e o leão. Certos estudiosos afirmam que a flor-de-lis teve sua origem na flor-de-lótus que era conhecida no Egipto, outros defendem que foi inspirada na alabarda ou lírio - um ferro de três pontas que se colocava fincado nos fossos ou covas para espetar quem ali caísse. Outra possível origem é a de que seja uma cópia do desenho estampado em antigas moedas assírias e muçulmanas. A flor-de-lis é símbolo de poder e soberania, assim como de pureza de corpo e alma.

Era comumente encontrado em descrições cristãs sobre Jesus, por sua associação com uma das canções de Salomão “Lírio entre os espinho” (lilium inter spinas), considerado uma referência a Maria Madalena e também à Virgem Maria, além de representar também a mesma simbologia da Lótus oriental e egípcia. O Lírio, na Grécia, era considerada a planta sagrada de Hades, e usada até hoje como símbolo de passagem segura para o Reino dos Mortos.

Sua forma estilizada também faz referência ao Tridente, símbolo de Exú (guardião das encruzilhadas e reinos), que guarda as funções de mensageiro entre os orixás e os humanos, sendo muito utilizada em pontos riscados na Umbanda e Candomblé.


Alguns grupos ateístas brasileiros adotaram este símbolo, provavelmente por completo desconhecimento de seu significado.


Retirado e adaptado de:

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Todos temos um "Sentido de Aranha"

Acho que todo mundo conhece o personagem de Histórias em Quadrinhos conhecido como “Homem-Aranha” criado na década de 60 por Stan Lee e Steve Ditko; um jovem chamado Peter Parker que usa um espalhafatoso uniforme vermelho e azul com teias pretas desenhadas e tem poderes similares ao aracnídeo que lhe dá o nome: força proporcional dez vezes maior; mais resistência e agilidade do que um ser humano comum, capacidade de escalar paredes e o "sentido de aranha", um tipo de radar que o avisa do perigo e também serve para guiá-lo no escuro.


O sentido funciona como um comichão na base do crânio toda vez que o perigo se aproxima do herói (e aparecem nos gibis como pequenos raios em volta da cabeça da personagem). No texto abaixo retirado e adaptado lá do “Teoria da Conspiração” é revelado que aquilo que era até hoje restrito ao campo da ficção está presente na vida de cada um de nós em maior ou menor grau e o melhor, sem precisar ser mordido por uma aranha radioativa. Mas lembre-se sempre: "Com grandes poderes vem grandes responsabilidades".

***

Por Rafael Arrais
Uma das recentes descobertas mais importantes da neurologia é a de que nossa consciência, ou processo de consciência, opera com defasagem de cerca de meio segundo em relação ao “tempo real”. Todos nós sabemos que vemos a luz de um relâmpago alguns momentos antes de ouvir o estrondo do trovão, que vêm na seqüencia, apesar de ambos serem ondas de partículas resultantes do mesmo raio – ocorre que as ondas de luz viajam pelo ar com uma velocidade muito superior as ondas sonoras.

No caso do raio, a distância temporal entre o relâmpago e o trovão é bem superior a meio segundo, e nesse caso a consciência “separa” os dois em dois momentos distintos, como de fato o são. Já em outras situações, a consciência consegue “mesclar” som e luz, de modo a que interpretemos a ambos como ocorridos no mesmo momento.

Quando vamos a um concerto de rock, a luz que nos chega aos olhos mostrando nosso guitarrista predileto dedilhando as cordas de sua guitarra viajou muito mais rápido do que o som dos acordes tocados, mas nosso cérebro compensa esse fato iniciando o processamento do som assim que as ondas chegam, enquanto o processamento da luz fica alguns centésimos de segundo em stand by, aguardando o input sonoro para que a consciência nos entregue estes momentos como se fossem simultâneos: o dedilhar da guitarra e o som proveniente dos alto-falantes do show.

Reações emocionais, como o medo, também são desencadeadas antes de forma inconsciente – e depois de cerca de meio segundo, conscientemente. Por isso quando andamos pela rua e “sentimos a presença de alguém atrás de nós”, essa sensação nos chega primeiro de forma inconsciente, como um alerta de perigo: “algo se aproxima!”; Então, frações de segundo depois, quando identificamos do que se trata – por exemplo, virando a cabeça para ver quem se aproxima – temos uma resposta consciente… Não vivemos mais como tribos sedentárias trilhando a natureza selvagem, e felizmente na maior parte do tempo esses alertas provam ser nada mais do que pequenos sustos de nosso sistema inconsciente, sempre de prontidão. Entretanto, também é graças a ele que evitamos alguns assaltos no meio do caminho.

Em suma, estamos equipados com um elegante sistema de percepção. Através dele, não é preciso “ver” o perigo, ou seja, processá-lo visualmente de forma consciente, para que possamos iniciar nossa resposta a ele. Ainda não se sabe ao certo “com que olhos” percebemos a aproximação de alguém, pois muitas vezes nosso tato não é aguçado o suficiente para perceber um pequeno deslocamento de ar em nossa volta, mas fato é que nossas reações inconscientes ao perigo são, e foram, vitais para nossa sobrevivência enquanto homo sapiens.

A reação de proteger os olhos ante algum objeto arremessado em sua direção é, talvez, a mais instintiva e inconsciente de todas as reações ao perigo eminente. É impossível ficar de olhos abertos quando um objeto é arremessado em nossa direção, e caso tenhamos mãos livres, é igualmente impossível evitar o reflexo instintivo de levá-las ao resto para protegê-lo. Não se trata mais de uma escolha consciente, nosso cérebro nos “força” a nos proteger.

Ainda mais interessante do que isso, entretanto, são os resultados de pesquisas sobre reações inconscientes e conscientes de acordo com o aprendizado de certas atividades. Alguém que está aprendendo a dirigir um carro, por exemplo, precisará de ações conscientes para todas as pequenas atividades e movimentos requeridos: virar a direção, mudar a marcha, verificar o espelho, procurar um retorno na estrada. Já um motorista habilitado, com apenas alguns meses de experiência, fará quase tudo isso de forma inconsciente… Apenas em rotas em que dirige pela primeira vez, desconhecidas, irá procurar pelo retorno na estrada de forma consciente. Já em rotas que trafega todos os dias, até mesmo isso fará no modo “automático”

Reagir no “automático” é também compreendido como reagir de forma natural, sem julgamentos, sem a necessidade de decisões conscientes. Como um animal que age por instinto.

Não é plausível imaginar que conseguiremos aprender a amar tão facilmente como se aprende a dirigir um carro. Porém, é perfeitamente plausível imaginar que o amor, como qualquer outra atividade consciente, também se aprende e se aprimora com a prática. Portanto, não basta desejarmos sermos mais amorosos apenas na teoria, na base da promessa para Deus ou para nós mesmos… Para se amar cada vez mais e melhor, nos basta praticar, nos basta, simplesmente, amar!


O texto completo está em:

As informações sobre O Homem Aranha são de:

domingo, 21 de agosto de 2011

Ritmo Grátis

Um músico resolve oferecer um fundo musical grátis para quem quiser improvisar nas ruas de Nova York.



sábado, 20 de agosto de 2011

Para Onde foi Toda a Sabedoria?

Por Michel Thau
O termo "filósofo" vem até nós dos antigos gregos e significa "amante da sabedoria". Todo mundo hoje em dia sabe o que é um amante, ou pelo menos pensa que sabe. Mas um fato curioso é que o conceito de sabedoria quase desapareceu de nossa vida cotidiana — não completamente, como "diligência" ou "coche" e outros termos usados para a charrete puxada por cavalos, que desapareceram das conversas normais, sendo conhecidos apenas entre os leitores de literatura vitoriana. Todo mundo ainda tem alguma ideia do que é sabedoria, e tê-la deve ser uma coisa boa. Entretanto, o fato de a ideia da sabedoria não aparecer com muita frequência em nossa vida diária nos faz perguntar se achamos de fato que ela é uma coisa boa.

Quando foi a última vez que você ouviu alguém ser descrito como sábio ou que você pensou em alguém como sábio? Pergunte a si mesmo se a noção de sabedoria alguma vez lhe passa pela cabeça, aparece em seus sonhos e planos para o que você gostaria de ser. A palavra "sábio" ainda aparece às vezes em conversas — talvez você ouça alguém dizer: "qual seria a decisão sábia a tomar?" —, mas é mais provável que seja usada em um sentido negativo, como: "Não banque o sábio comigo", com a conotação de "sabichão". Mas a maioria de nós, em nossas conversas diárias, nunca pensa na sabedoria nem fala de modo positivo de alguém sábio.

O conceito de sabedoria não só quase sumiu da cultura comum, mas também da maioria dos departamentos de Filosofia em nossas faculdades e universidades. Embora você encontre pilhas de livros e artigos escritos por professores de Filosofia a respeito de tópicos como crença, conhecimento, desejo e outras disposições e atitudes cognitivas, eu ficaria surpreso se você achasse mais que um punhado de ensaios acadêmicos publicados na duas últimas décadas sobre o tema da sabedoria. E eu aposto que a maioria ou tudo do que você encontrar será matéria histórica — uma espécie exumação das ideias daqueles grandiosos vultos já mortos.

Tampouco a noção de sabedoria está mais viva na mente dos idos quando eles não estão escrevendo seus artigos em periódicos profissionais, mas apenas vivendo a vida. Embora a palavra "filósofo" ainda signifique "amante da sabedoria", você nunca ouvirá em uma reunião administrativa do departamento de Filosofia de qualquer faculdade um filósofo dizer a o "Acho que esse emprego deve ser dado a Fulano porque ele ama a sabedoria mais que tudo", ou sequer: "Ele é mesmo sábio" — você vai ouvir, as palavras "inteligente", "brilhante" ou "rápido", muito usadas como termos de elogio, ou pelo menos o quanto for possível ouvir um professor de filosofia elogiar outro; mas é quase inconcebível que algum filósofo acadêmico contemporâneo descreva outro em termos de presença ou ausência de sabedoria.

A sabedoria é uma virtude tão negligenciada que até o departamento oficial da universidade, no qual o amor pela sabedoria deveria residir, não parece ligar muito para ela.

Retirado do livro: Super-Herois e a Filosofia: Verdade, Justiça e o Caminho Socrático. Editora Madras, 2005.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Um Diálogo do Catolicismo à Brasileira

“Tá pronto pra a missa?”
 “Vou não, painho. Pode ir na paz”
 “Oxente, e por que isso agora?”
 “É que eu não sou católico”.
 Naquele dia, a casa caiu. O adolescente resolveu peitar o coroa pela primeira vez na vida. Não que tivesse nada contra os apostólicos romanos. Somente começava a perceber que a turma da hóstia realmente não era mais a sua.
 “Como não é católico, moleque!?”, o pai permanecia sem entender.
 “Oxe, não sou católico, ora. Tou te dizendo que não sou” – irredutível, o menino.
 Era agora ou nunca. Mas o velho não iria vender barata a derrota. E se a turma do Clube de Casais com Cristo desconfiasse? Teria ele um ateu em casa? Um satanista? Ou pior: estaria o garoto envolvido com macumbarias em geral?
 “Eu não te batizei?”
 “Batizou.”
 “Tu num fizesse primeira comunhão? Não te crismasse! Até um dia desse tu tocava violão na igreja, participava do grupo de jovens. Agora vem com essa conversa de que não é católico?”
 “Sou não, meu pai. Vá por mim que eu não sou. Eu defendo o direito das mulheres ao aborto, acho que os homossexuais têm o direito de se casar. E que o divórcio é uma coisa muito natural hoje em dia. Também acho que o sexo tem que ser livre e sempre com camisinha pra não pegar doença nem fazer barriga na namorada. Tu tás vendo que isso não é coisa de gente católica?”
 “E o que é que tem uma coisa com a outra?”,
 “Ih, meu pai… Vai dizer que tu não tá ligado que a igreja é contra tudo isso?”
 O mais-velho já estava impaciente. Colecionava dois abortos na juventude, não tinha nada contra a homossexualidade e divorciou-se da primeira esposa antes do primeiro ano de casamento. Camisinha nunca usou, mas não pode culpar o padre. Era do tempo que gonorreias eram medalhas de virilidade.
 Terço na mão, andava de um lado para o outro, catando argumento. Mas nesse ringue quem estava quente era o garoto:
 “E, na boa? Não sei como um cara inteligente como o senhor ainda dá dinheiro pra uma turma dessas. Tu sabia que a igreja católica é a maior proprietária de terra do mundo?”.
 Foi só um jeb. O nocaute viria a seguir.
 “E tem mais, papai. Eu tenho pra mim que o senhor também não é católico não, hein?”
 “Como é que é? Agora você passou do limite…”
 “Calma, meu pai, preste atenção…”
 “Que atenção que nada, rapaz! E eu não vou pra a missa todo domingo? Não comungo? Não cumpro minhas obrigações?”
 O menino respirou um pouco e foi soltando.
 “Assim assim, né, papai? O que é que aquele aquário de sal grosso tá fazendo lá na sala? E aquela carranca na porta de entrada?”
 “Você não sabe que é pra espantar energia ruim?”
 “E você não diz que minha avó aparece no teu sonho? Anos depois de ter morrido?”
 “Aparece. E não pode aparecer?”
 “Sei… E aquela mesa branca que tu frequenta com tio Pacheco?”
 “Ora, e o que é que tem os espíritos com essa conversa?
 “Isso não é coisa de católico não, viu?”, o menino destilava ironia:
 “Nem isso, nem esse medo todo que o senhor tem de despacho na encruzilhada. Tu num é cristão? Como pode achar que aquilo ali pode fazer bem ou mal a alguém?”
 “Nadaver, nadaver, nadaver”, dizia o mais-velho, como num mantra.
 Derrotado, baixou a cabeça, pegou o terço e foi à missa. Gostava daquele padre que comandava a das sete. A celebração era rápida, as músicas animadas. O da batina era um jovem de poucas palavras que sempre agilizava na hora da homilia. Assim dava pra pegar o começo do Fantástico.
 Nunca mais falou de religião com o filho herege, que cresceu sem se interessar por nenhuma religião organizada. Até os dias de hoje, o jovem contestador voltou a pisar numa igreja católica apenas quatro vezes.
 Quando casou com uma menina judia, no batizado dos dois filhos e na missa de sétimo dia que mandou rezar para o pai.
 Ironia do destino. Pouco tempo antes de morrer, o velho convertera-se oficialmente ao espiritismo.

Fonte: http://www.porqueagenteeassim.com.br/2010/12/01/dialogos-do-catolicismo-a-brasileira/

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

O Milho de Pipoca e a Vida

A transformação do milho duro em pipoca macia é símbolo da grande transformação por que devem passar os homens para que eles venham a ser o que devem ser.
O milho de pipoca não é o que deve ser. Ele deve ser aquilo que acontece depois do estouro.
O milho de pipoca somos nós: duros, quebra-dentes, impróprios para comer.
Pelo poder do fogo podemos, repentinamente, nos transformar em outra coisa.
Mas a transformação só acontece pelo poder do fogo. Milho de pipoca que não passa pelo fogo continua a ser milho de pipoca, para sempre.
Assim acontece com a gente. As grandes transformações acontecem quando passamos pelo fogo.
Quem não passa pelo fogo fica do mesmo jeito, a vida inteira.
São pessoas de uma mesmice e uma dureza assombrosas. Só que elas não percebem. Acham que o seu jeito de ser é o melhor jeito de ser. Mas, de repente, vem o fogo.
O fogo é quando a vida nos lança numa situação que nunca imaginamos.
Dor.
Pode ser o fogo de fora: perder um amor, perder um filho, ficar doente, perder o emprego, ficar pobre.
Pode ser o fogo de dentro: pânico, medo, ansiedade, depressão, sofrimentos, cujas causas ignoramos.
Há sempre o recurso do remédio. Apagar o fogo.
Sem fogo, o sofrimento diminui. E com isso a possibilidade da grande transformação.
Imagino que a pobre pipoca, fechada dentro da panela, lá dentro ficando cada vez mais quente, pensa que a sua hora chegou: vai morrer.
Dentro de sua casca dura, fechada em si mesma, ela não pode imaginar destino diferente.
Não pode imaginar a transformação que está sendo preparada. A pipoca não imagina aquilo de que ela é capaz.
Aí, sem aviso prévio, pelo poder do fogo a grande transformação acontece: BUM! ? e ela aparece como uma outra coisa completamente diferente que ela mesma nunca havia sonhado.
Bom, mas ainda temos o piruá, o milho de pipoca que se recusa a estourar.
São aquelas pessoas que, por mais que o fogo esquente se recusam a mudar. Elas acham que não pode existir coisa mais maravilhosa do que o jeito delas serem. A sua presunção e o medo são a dura casca que não estoura. O destino delas é triste. Ficarão duras a vida inteira. Não vão se transformar na flor branca e macia.
Não vão dar a alegria para ninguém.
Terminado o estouro alegre da pipoca, no fundo da panela ficam os piruás que não servem para nada.
Seu destino é o lixo…
(Autor desconhecido.)