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segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Todos temos um "Sentido de Aranha"

Acho que todo mundo conhece o personagem de Histórias em Quadrinhos conhecido como “Homem-Aranha” criado na década de 60 por Stan Lee e Steve Ditko; um jovem chamado Peter Parker que usa um espalhafatoso uniforme vermelho e azul com teias pretas desenhadas e tem poderes similares ao aracnídeo que lhe dá o nome: força proporcional dez vezes maior; mais resistência e agilidade do que um ser humano comum, capacidade de escalar paredes e o "sentido de aranha", um tipo de radar que o avisa do perigo e também serve para guiá-lo no escuro.


O sentido funciona como um comichão na base do crânio toda vez que o perigo se aproxima do herói (e aparecem nos gibis como pequenos raios em volta da cabeça da personagem). No texto abaixo retirado e adaptado lá do “Teoria da Conspiração” é revelado que aquilo que era até hoje restrito ao campo da ficção está presente na vida de cada um de nós em maior ou menor grau e o melhor, sem precisar ser mordido por uma aranha radioativa. Mas lembre-se sempre: "Com grandes poderes vem grandes responsabilidades".

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Por Rafael Arrais
Uma das recentes descobertas mais importantes da neurologia é a de que nossa consciência, ou processo de consciência, opera com defasagem de cerca de meio segundo em relação ao “tempo real”. Todos nós sabemos que vemos a luz de um relâmpago alguns momentos antes de ouvir o estrondo do trovão, que vêm na seqüencia, apesar de ambos serem ondas de partículas resultantes do mesmo raio – ocorre que as ondas de luz viajam pelo ar com uma velocidade muito superior as ondas sonoras.

No caso do raio, a distância temporal entre o relâmpago e o trovão é bem superior a meio segundo, e nesse caso a consciência “separa” os dois em dois momentos distintos, como de fato o são. Já em outras situações, a consciência consegue “mesclar” som e luz, de modo a que interpretemos a ambos como ocorridos no mesmo momento.

Quando vamos a um concerto de rock, a luz que nos chega aos olhos mostrando nosso guitarrista predileto dedilhando as cordas de sua guitarra viajou muito mais rápido do que o som dos acordes tocados, mas nosso cérebro compensa esse fato iniciando o processamento do som assim que as ondas chegam, enquanto o processamento da luz fica alguns centésimos de segundo em stand by, aguardando o input sonoro para que a consciência nos entregue estes momentos como se fossem simultâneos: o dedilhar da guitarra e o som proveniente dos alto-falantes do show.

Reações emocionais, como o medo, também são desencadeadas antes de forma inconsciente – e depois de cerca de meio segundo, conscientemente. Por isso quando andamos pela rua e “sentimos a presença de alguém atrás de nós”, essa sensação nos chega primeiro de forma inconsciente, como um alerta de perigo: “algo se aproxima!”; Então, frações de segundo depois, quando identificamos do que se trata – por exemplo, virando a cabeça para ver quem se aproxima – temos uma resposta consciente… Não vivemos mais como tribos sedentárias trilhando a natureza selvagem, e felizmente na maior parte do tempo esses alertas provam ser nada mais do que pequenos sustos de nosso sistema inconsciente, sempre de prontidão. Entretanto, também é graças a ele que evitamos alguns assaltos no meio do caminho.

Em suma, estamos equipados com um elegante sistema de percepção. Através dele, não é preciso “ver” o perigo, ou seja, processá-lo visualmente de forma consciente, para que possamos iniciar nossa resposta a ele. Ainda não se sabe ao certo “com que olhos” percebemos a aproximação de alguém, pois muitas vezes nosso tato não é aguçado o suficiente para perceber um pequeno deslocamento de ar em nossa volta, mas fato é que nossas reações inconscientes ao perigo são, e foram, vitais para nossa sobrevivência enquanto homo sapiens.

A reação de proteger os olhos ante algum objeto arremessado em sua direção é, talvez, a mais instintiva e inconsciente de todas as reações ao perigo eminente. É impossível ficar de olhos abertos quando um objeto é arremessado em nossa direção, e caso tenhamos mãos livres, é igualmente impossível evitar o reflexo instintivo de levá-las ao resto para protegê-lo. Não se trata mais de uma escolha consciente, nosso cérebro nos “força” a nos proteger.

Ainda mais interessante do que isso, entretanto, são os resultados de pesquisas sobre reações inconscientes e conscientes de acordo com o aprendizado de certas atividades. Alguém que está aprendendo a dirigir um carro, por exemplo, precisará de ações conscientes para todas as pequenas atividades e movimentos requeridos: virar a direção, mudar a marcha, verificar o espelho, procurar um retorno na estrada. Já um motorista habilitado, com apenas alguns meses de experiência, fará quase tudo isso de forma inconsciente… Apenas em rotas em que dirige pela primeira vez, desconhecidas, irá procurar pelo retorno na estrada de forma consciente. Já em rotas que trafega todos os dias, até mesmo isso fará no modo “automático”

Reagir no “automático” é também compreendido como reagir de forma natural, sem julgamentos, sem a necessidade de decisões conscientes. Como um animal que age por instinto.

Não é plausível imaginar que conseguiremos aprender a amar tão facilmente como se aprende a dirigir um carro. Porém, é perfeitamente plausível imaginar que o amor, como qualquer outra atividade consciente, também se aprende e se aprimora com a prática. Portanto, não basta desejarmos sermos mais amorosos apenas na teoria, na base da promessa para Deus ou para nós mesmos… Para se amar cada vez mais e melhor, nos basta praticar, nos basta, simplesmente, amar!


O texto completo está em:

As informações sobre O Homem Aranha são de:

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