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sexta-feira, 2 de julho de 2010

Charles Disco e o Sequestro Misterioso (Capítulo 13)

CAPÍTULO 13
Dois dias depois, um furgão da floricultura “Orquídea Azul”, roda pelas amplas avenidas da Barra da Tijuca em direção a um dos muitos condomínios fechados à beira mar.
- Obrigado por ter me trazido, José.
- Baby, Disco, é Baby. Me chama de Baby, não precisa me lembrar a toda hora esse nome horrível que minha mãe botou em mim. E não tem porque agradecer, com a grana que está me pagando eu te trazia até no colo.
Baby era um rapaz magro de cerca de vinte e dois anos, cabelos longos pintados de vermelho e rosto sardento. Usa um boné marrom avermelhado, camisa preta surrada de mangas cortadas a tesoura e um jeans desbotado e esburacado nos joelhos, com um enorme brinco prateado pendurado na orelha direita.
- Só preciso que me ponha dentro do “Portal do Céu”. Tenho que investigar um pessoal que está hospedado lá.
- Gente da pesada?
- É o que vamos ver. De qualquer forma, não se importe comigo. Faça seu trabalho normalmente.
- Tudo bem. Entregar flores é super excitante, sabe, cê vai gostar. Ainda mais nesse caso. Um marido que todas as quintas-feiras manda uma dúzia de rosas vermelhas para a sua querida e adorada esposa.
- Não vejo nada demais nisso.
- Mesmo se ela for totalmente alérgica a flores e não poder aproximar-se cinquenta metros de uma sem espirrar?
Disco prefere se calar.
O furgão com o símbolo da floricultura nas laterais roda suave, entrando no portão principal após identificar-se com um segurança numa guarita. Cruza o pátio interno até a pequena estrada em curva descendente que leva até a entrada das garagens subterrâneas, onde vive o zelador.
O furgão encosta e logo a dupla é saudada já fora do veículo por um homem negro de meia idade, bem vestido com uma calça de linho cinza e um a impecável camisa social branca com as mangas arregaçadas e ostentando finos cordões, pulseiras e anéis de ouro.
- Tipo estranho para um zelador... - Comenta Disco
- E esse cara que controla tudo aqui. Nada dentro desse prédio acontece sem que ele saiba.
O homem aproxima-se.
- Como está, Baby?
- Tudo em cima, Levy.
- Essa é a entrega das quintas?
- Sim. Pontual como sempre.
- Quem é o seu amigo? - Olha Disco de cima abaixo - Não o conheço.
- Ele está começando na floricultura.
- Bem... Vamos lá dentro acertar os ponteiros, traga a entrega.
- Ok. - Pisca para Disco - Fique aqui no carro que eu já volto.
Ele assente com a cabeça enquanto Baby abre a porta lateral e retira as rosas vermelhas e leva consigo para dentro do escritório para onde Levy já havia ido, cuja frente era separada do pátio por uma grande vidraça fechada com persianas, e em cujo interior podia-se ver uma mesa e alguns móveis.
Olhando atentamente em volta do amplo estacionamento, Disco vê no fundo, parados lado a lado, cinco furgões pretos.
Instantes depois, Levy retorna com Baby.
- Sr Levy. - Pergunta Disco apontando - A que pertencem aqueles veículos?
- Os furgões?
- Exato.
- São de uns hóspedes estranhos que felizmente já estão de saída. Me deram muito trabalho.
- Com encomendas fora do normal.?
- Nada com eles é normal... Mas porque pergunta?
- É que ficou curioso com tantos carros iguais - Tenta consertar Baby .
- Na verdade são uns tipos mal-encarados e muito mal-educados que se hospedaram a uns seis meses e que agora graças a Deus vão embora.
- Deram muito trabalho? - Pergunta Disco.
- Na verdade todos os hóspedes dão trabalho. Nesse ofício tem que se ter uma paciência de Jó. Mas fico aliviado que estejam deixando o Portal. Os vizinhos reclamavam muito.
- Se importa se eu olhar aqueles carros mais de perto?
- É claro que não.
Disco afasta-se.
- Esse seu amigo é muito estranho Baby...
- Que nada. - fala com um sorriso amarelo - Ele é só curioso.
- Curioso demais. E isso nunca é muito bom para a saúde.

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