CAPÍTULO 22
Disco resigna-se e vai embora da Delegacia. Volta ao escritório, apanha sua pick-up e ruma para seu apartamento. Deixa o veículo na garagem e toma o elevador até o terceiro andar. Quando ele para e as portas abrem-se, Disco divisa pelo espelho colocado na coluna externa, um homem parado próximo a sua porta. Usa um boné vermelho e camisa estampada, óculos escuros, bermuda e tênis. Ele deixa as portas fecharem-se e o elevador continuar subindo. Aciona o botão de emergência e trava o carro entre um andar e outro.
- Matias me deve uma... Ficar com minha arma foi um golpe baixo.
Disco levanta a placa que protege o teto e a retira, alcançando um pequeno alçapão utilizado para manutenção. Ergue o corpo pelo espaço e localiza uma pequena caixa blindada bem fixa do lado das roldanas.
Abre o segredo do cadeado e retira de dentro uma pistola e um pente carregado.
- Meu avô sempre dizia que um homem prevenido vale por dois. Nunca é bom dar sopa para o azar.
Fecha a caixa, o alçapão e repõem a placa em seu lugar. Destrava o elevador que sobe ao último andar e desce direto ao térreo, onde ele salta. Dirige-se as escadas e sobe de arma em punho lentamente. Chega ao terceiro andar e aguarda. O homem não desconfia de nada, encostado na parede apoiando-se nela com um dos pés. Disco aproxima-se rapidamente e encosta o cano frio da arma contra a têmpora do rapaz.
- Não se mova!
- O quê...? – Balbucia ele virando apenas os olhos.
- Quem é você?
- João Carlos Medeiros dos Santos. – Fala atropeladamente
- O que está fazendo aqui?
- T- tô esperando a Maria de Lourdes! – Gagueja.
- Quem é ela? – Pergunta Disco revistando o rapaz.
- Tra-trabalha como doméstica aqui ao lado.
- Porque não espera ela lá dentro?
- Os patrões dela não quer que ela namore. Trouxeram a moça do interior e tem medo que ela engravide aqui no Rio.
- Muito Bem... Quero que desça e vá esperá-la na portaria. Entendeu?
- Ma-mas...
- Faça o que eu estou dizendo! Não sabe do que escapou dessa vez...
- Não vai me matar?
- Hoje não. Agora saia daqui e não volte. Não quero vê-lo mais.
- Tá legal, cara, tá legal! – Diz sem parar o rapaz descendo as escadas correndo.
Disco dá um sorriso e guarda a arma.
A pouca distância dali, uma mulata bonita e bem feita de corpo, vestindo uma roupa justa e decotada aparece no corredor, olha em volta e vê somente Disco.
- Aquele miserável! – Diz furiosa como que para si mesma – Prometeu que chegaria cedo e me esperaria e não apareceu até agora. Ele me paga! Quando eu encontrá-lo vai ver só!
Enquanto a mulata aperta nervosamente o botão de chamada, Disco chega a porta do seu apartamento e encontra-a encostada. Saca novamente a pistola e entra. Tudo está vazio e abandonado. Ele vai de cômodo em cômodo e não encontra ninguém.
- Virginie! – Chama em vão.
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