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segunda-feira, 5 de julho de 2010

Charles Disco e o Sequestro Misterioso (Capitulo 20)

CAPÍTULO 20
O destino de Disco era um prédio de cinco andares na Zona Norte da cidade no bairro de São Cristóvão. Na verdade era um cortiço mal acabado onde moravam centenas de pessoas. Ele entra no edifício procurando pelo responsável e vai encontrá-lo com uma grande chave inglesa nas mãos, no porão. Agachado diante da casa das bombas.
- Maldito vazamento! – Pragueja o homem.
- Bom dia! – Cumprimenta Disco.
- Bom dia. – Responde de mau humor virando-se o homem de meia idade, grisalho, de óculos de grau, vestindo apenas uma bermuda e com uma barriga flácida.
- Procuro por Zelito Costa Forte. Ele mora aqui não mora?
- Amigo... Vou lhe ser sincero... Aqui sou apenas um zelador que tem de fazer tudo: de varrer a calçada até consertar os estragos nessa encanação pré-histórica. É apenas isso que sei. Se quiser algo mais, procure o síndico. Apartamento 108.
- Obrigado. – Agradece Disco sem jeito, deixando o homem sozinho.
No apartamento indicado, ele bate e é recebido por um senhor grisalho, baixo e atarracado de bermuda e camisa bege com bolsos, que parecia ter estampado no peito: “Profissão: síndico do prédio”.
- O que deseja?
- Poderia me dar dois minutos do seu tempo?
- Pode entrar.
Na sala Disco senta-se numa velha poltrona que acompanha o tom do estilo resto do apartamento que parece ter parado no tempo.
- Sabe onde posso encontrar Zelito Costa Forte?
- Você é da polícia?
- Não.
- Detetive particular?
- Não.
- Cobrador?
- Digamos que ele tem uma dívida com alguns amigos meus.
- Aquele calhorda ficou devendo a todo mundo! – Fala o velho batendo punho direito na palma da mão esquerda. Eu devia imaginar!
- Então não está mais morando aqui?
Não alugou o apartamento 304 pagando cinco meses adiantado. Ficou uns nove meses e depois sumiu sem deixar vestígios.
Disco percebe que aquela pista não dará em nada e deixa o local.
- Mais uma tentativa inútil. – Fala ao sentar em sua moto. – Estou perdendo a paciência. Esse jogo de gato e rato está me enervando. – Liga a máquina - Mas eu sei quem poderá  me dar a informação que eu preciso.
Sua rota foi de volta a garagem, onde deixa novamente a moto. Em seguida saca sua pistola e cruza o beco, dando a volta no quarteirão para aproximar-se pela direita do homem que ainda vigiava seu escritório. Avança sorrateiramente mas mal tem tempo de atravessar a rua.
O homem corpulento nota sua aproximação e joga o jornal no chão sacando uma pistola e disparando três vezes. Disco joga-se atrás de um carro estacionado próximo. A primeira bala estoura o pára-brisa, a segunda e a terceira penetram no capot deixando as marcas de sua passagem. Disco ergue-se em seguida atirando contra seu adversário e atingindo-o no ombro.
- Não posso matá-lo – Pensa – Quero ele vivo para abrir o bico.
O impacto da bala joga o homem para trás ao atravessar seu ombro direito, esguichando um jato de sangue pelo ferimento e adormecendo seu braço instantaneamente. Atordoado, ele corre tapando o buraco sobre a roupa com a mão esquerda enquanto o braço direito pende inutilizado com a mão segurando a pistola, em direção a Igreja da Candelária. Disco segue em seu encalço com a arma em punho seguindo-o de perto por entre os transeuntes assustados, chegando as três pistas que contornam a Praça Pio X.
O homem atravessa sem olhar. Consegue passar pela primeira, escapa do atropelamento graças a uma freada brusca na segunda, mas na terceira é colhido em cheio por uma pick-up em alta velocidade, sendo jogado de volta a segunda pista, caindo sobre o para-brisa de um carro japonês e iniciando um acidente de graves proporções. A pick-up perde a direção e atravessa-se na pista, sendo colhida pelos carros que vem logo atrás e não tem tempo de parar. Um dos motoristas desesperado, perde a direção e passa para a contramão, batendo de frente com um caminhão e iniciando um incêndio. O importado que atropelara o fugitivo, fica desgovernado e bate em outro enquanto um terceiro voa por cima dos dois capotando na pista oposta. Resultado final: Um engarrafamento monstruoso e focos de incêndio por toda parte que somente é controlado pelos bombeiros horas depois.
Disco assistira a tudo da calçada sem poder fazer nada com sua arma na mão.
- Parado aí! – Grita uma voz atrás dele. – Largue essa pistola e não faça nenhum movimento brusco.
Ele vira-se lentamente e depara-se com um policial uniformizado que lhe aponta um revólver.
- Faça o que eu mandei! – Ordena o policial. – Solte essa arma e ponha as mãos na cabeça!
Disco obedece.
O Guarda aproxima-se e recolhe a pistola do chão com os olhos fixos em Disco. Sempre com ele em sua mira, empurra-o contra um dos carros estacionados ali perto, chuta suas pernas para afastá-las e empurra seu rosto contra o caput, iniciando a revista.

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