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segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

A Auto-Sabotagem

"Viver dentro da verdade, não mentir para si mesmo nem para os outros, só seria possível se vivêssemos sem público. Havendo uma única testemunha de nossos atos, adaptamo-nos de um jeito ou de outro aos olhos que nos observam, e nada mais do que fazemos é verdadeiro."
(Milan Kundera - A Insustentável leveza do Ser)

Quando estamos bem, quando tudo está correndo conforme o que havia sido planejado, entra em cena a AUTO-SABOTAGEM [1]: a traição começa dentro de nós mesmos!

O que mais me impressionou ao refletir sobre auto-sabotagem, foi observar que ela ocorre quando finalmente estamos nos sentindo bem, por isso é bom saber que:

1- Você já se observou o que acontece quando nos sentimos bem e os outros não estão tão bem quanto nós?
2- Será que a felicidade só existe sob certas condições?
3- Quem dita as regras de nosso bem estar?

Apenas poderemos manter nosso bem-estar se soubermos nos manter atentos e ao mesmo tempo relaxados. A questão é não perder o contato interno: a percepção do que necessitamos a cada momento. A auto-percepção é como uma âncora que nos mantém atentos às constantes mudanças internas.

O bem estar verdadeiro surge da confiança de sermos capazes de nos auto-sustentar continuamente, mesmo diante situações em que nos tornamos frágeis e emocionalmente reativos. Nestes momentos, quando nos confrontamos com nossos bloqueios internos, gostaríamos de nos manter inocentes: crianças soltas e irresponsáveis. Isto acontece porque não estamos familiarizados em lidar com nossas próprias sombras.

Com o objetivo de levar você a uma reflexão sobre sua carreira e comportamento, mostraremos aqui alguns desses sabotadores, que consideramos os mais prejudiciais ao desempenho no trabalho e na vida pessoal:

1. IMPULSIVIDADE
É o pensamento impetuoso que provoca reação imediata da mente, ante qualquer incitação ou motivo. Em todos os casos se manifesta como ato irrefletido do indivíduo. Essa deficiência também influi sobre as demais, em especial à indiscrição, suscetibilidade, orgulho e presunção.

O impulsivo não mede as consequências dos impactos que produz no semelhante. Seus desplantes produzem atitudes que destoam do trato exigido pela convivência profissional, social e familiar. Geralmente as pessoas ficam prevenidas contra o impulsivo. Poucos seres humanos têm consciência do mal que a impulsividade traz para sua vida, carreira e relacionamentos.

Antideficiência: Contenção
Significa o domínio de uma reação. Conhecendo a forma como a impulsividade nos faz reagir, teremos condição de acionar o pensamento da contenção (contar até dez antes de reagir), que nos poupará de inúmeros constrangimentos.

2. INDISCRIÇÃO:
É o pensamento que impele o seu possuidor a falar e a agir irrefletidamente sem acerto nem responsabilidade. O indivíduo torna-se um falador em excesso e uma fonte emissora de juízos inoportunos. É desleal para consigo mesmo e para com o semelhante. Exterioriza, por hábito, o que pertence ao âmbito privado. Pelo uso da indiscrição malogram homens, empresas, governos e povos. Ela tem sua origem, quase sempre, nos descuidos da educação.

Antideficiência: Discrição
Pensamentos e atitudes que preservam o que deve ser íntimo. Deve ser usada junto à reserva. Aprenda a dizer-se: “Devo ser discreto”, e então saberá medir palavras e atos, a se expandir ou se conter conforme lhe aconselhem o juízo e a prudência.

3. ORGULHO
É a soberba. Mostra seu rosto, às vezes, com bastante crueza já na infância e na juventude. Mas adquire seu ápice quando seu possuidor se vê respaldado por um cargo de importância, uma função de mando ou a posse de riquezas e bens materiais. Nessas posições de privilégio, onde se ostentam e se fazem valer a categoria social, a hierarquia e o poder, é que o orgulho se manifesta com mais força.

Nota-se, também, na pessoa de condição modesta, que se rebela ante a autoridade do superior e que quando ascende às funções de maior responsabilidade é dura e de escassa consideração para com os subordinados, desafogando contra eles sua arrogância, altivez e desdém, que sufocou quando de sua forçada situação de dependência.

Antideficiência: Humildade

4. VAIDADE
É aquela que faz o seu possuidor ser movido pela necessidade de exaltar, ante parentes, amigos e colegas de trabalho, suas próprias luzes, méritos e qualidades. Pela sua característica, a vaidade não se manifesta sem que o ser procure diminuir os méritos alheios e geralmente denuncia-se por sutis ofensas aos semelhantes que sempre são colocados em inferioridade de condições pelo vaidoso.

Quem vive cercado dessa falha não concebe para si a modéstia, mas acha que os outros devem ser modestos e propensos a aceitarem sua constante vanglória. Acham que ser modestos os faz diminuírem de valor.

Antideficiência: Modéstia
Os valores que em verdade possuímos não carecem de ser exibidos. Eles se evidenciam por si sós. A modéstia deve ser natural, jamais afetada. Ela surge espontaneamente da alma, fazendo com que nos sintamos seguros e cômodos onde quer que nos encontremos.

5. FALTA DE VONTADE
Essa é uma das mais comuns deficiências e a que mais prejuízos causa, porque influi sobre todas as outras, deixando que se apossem de nós. Quase sempre começa na infância. Geralmente pela falta de incentivos ou de necessidades que desenvolvem no ser a capacidade de iniciativa ou espírito empreendedor. Sem necessitar enfrentar obrigações e dificuldades, a vontade não tem espaço para ser exercitada e só se manifesta para conseguir coisas fáceis de fazer e sempre do agrado da criança.

O jovem acometido dessa deficiência só usará sua vontade quando a necessidade o obrigue ou quando algo lhe apetecer. Acostuma-se a fazer só o indispensável e a postergar as outras coisas indefinidamente.

Antideficiência: Decisão

[1] O termo “sabotagem” vem do francês sabot que significa “tamanco”. A palavra surgiu a partir da revolução industrial com ato de trabalhadores grevistas e descontentes que jogavam seus tamancos nas máquinas para causar danos e paralisações

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