A
meditação não tem a ver com palavras mas com prática. Não serve de nada lermos
muitas vezes a ementa de um restaurante, o que conta é sentarmo-nos à mesa. No
entanto, é útil dispormos das linhas orientadoras fornecidas pelas obras dos
sábios de outrora. Essas obras contêm um manancial de instruções que expõem com
clareza o objetivo e os métodos de Como Fazer Meditação, o melhor meio de
progredir e as ciladas que espreitam o praticante.
Vejamos
agora alguns dos muitos métodos de Como Fazer Meditação. Começaremos pelos
preliminares e por conselhos gerais, após o que examinaremos um certo número de
meditações particulares que constituem o fundamento da via espiritual.
Fá-lo-emos de forma simples possível, a fim de permitir que cada pessoa as vá
praticando gradualmente. Nunca será de mais sublinhar a importância dos
conselhos de um guia experiente. Este texto não visa substituí-los, mas
oferecer bases provenientes de fontes autênticas.
O
nosso espírito tanto poder ser o nosso melhor amigo como o nosso pior inimigo.
Libertá-lo da confusão, do egocentrismo e das emoções perturbadoras é, pois, o
melhor serviço que podemos prestar a nós próprios e aos outros.
Quando
nos empenhamos em aprender Como Fazer Meditação, como em qualquer outra atividade,
é essencial verificarmos a natureza da nossa motivação. Com efeito, será essa
motivação, altruísta ou egoísta, vasta ou limitada, que conferirá uma direção
positiva ou negativa aos nossos actos, determinando-lhes assim o resultado.
Todos
nós desejamos evitar o sofrimento e alcançar a felicidade, e todos temos o
direito fundamental de realizar esta aspiração. Contudo, na maior parte do
tempo, os nossos atos estão em contradição com os nossos desejos. Procuramos a
felicidade onde ela não está e precipitamo-nos para o que nos vai causar
sofrimento. A prática budista não exige que renunciemos a tudo o que é
realmente benéfico na existência, mas antes que abandonemos as causas do
sofrimento, às quais nos apegamos como se fossem drogas. Como este sofrimento
se deve à confusão mental que obscurece a nossa lucidez e o nosso
discernimento, a única forma de o aliviar é adquirirmos uma visão justa da
realidade e transformarmos o nosso espírito.
Eliminaremos,
assim as suas causas primeiras, os venenos mentais que são a ignorância, a
malevolência, a avidez, a arrogância e a inveja. No entanto, não basta
curarmo-nos dos nossos sofrimentos pessoais. Cada um de nós representa apenas
um único ser, ao passo que os outros são em número infinito e todos querem, tal
como nós, deixar de sofrer. Além disso, como todos os seres são interdependentes,
estamos intimamente ligados aos outros. Por conseguinte, o fim último da
transformação que iremos empreender por intermédio da meditação também é
tornarmo-nos capazes de libertar todos os seres do sofrimento e de contribuir
para o seu bem-estar.
Devemos
seguir os conselhos de um guia qualificado para podermos aprender Como
Fazer Meditação. Daí o papel essencial
de um instrutor qualificado.
As
circunstâncias que a vida quotidiana nos proporciona nem sempre favorecem a
meditação. O nosso tempo e o nosso espírito estão ocupados por todos os tipos
de atividades e de preocupações infindáveis. É por isso que é necessário, no
princípio, arranjarmos um certo número de condições favoráveis. É possível e
desejável mantermos os benefícios da meditação quando estamos mergulhados na
torrente da vida quotidiana, nomeadamente recorrendo ao exercício da
consciência plena. Mas no princípio, é indispensável exercitarmos o espírito
num ambiente propício. É preferível meditarmos num lugar tranquilo para
proporcionarmos ao espírito uma oportunidade de se tornar claro e estável.
A
postura física influencia o estado mental. Se adaptarmos uma postura
excessivamente relaxada, há fortes probabilidades de a nossa meditação se
afundar no torpor e na sonolência. Em contrapartida, uma postura demasiado
rígida e tensa arrisca-se a suscitar agitação mental.
Importa
pois, que adotemos uma postura equilibrada, nem demasiado rígida, nem demasiado
relaxada.
1.
As pernas são cruzadas na postura do vajra, comummente chamada postura do
lótus, na qual começamos por dobrar a perna direita sobre a esquerda, e depois
a esquerda sobre a direita.
2.
As mãos descansam no regaço, no gesto de equanimidade, com a mão direita sobre
a esquerda e a extremidade dos polegares em contacto. Uma variante consiste em
pousar as mãos nos joelhos, com as palmas para baixo.
3.
Os ombros estão ligeiramente elevados e inclinados para a frente.
4.
A coluna vertebral está bem erecta, como uma pilha de moedas de ouro.
5.
O queixo está ligeiramente puxado contra a garganta.
6.
A ponta da língua aflora o alto do palato.
7.
O olhar dirige-se para a frente ou ligeiramente para baixo, no prolongamento do
nariz, com os olhos abertos ou semicerrados.
Se
tivermos dificuldade em ficar sentados com as pernas cruzadas, podemos
evidentemente meditar numa cadeira ou numa almofada alta.
O
essencial é mantermos uma posição equilibrada, com as costas direitas, e adoptarmos
os outros pontos da postura acima descrita. Segundo os textos, se o corpo
estiver bem direito, os canais de energia subtil também se mantêm direitos e em
consequência o espírito é claro.
No
entanto, podemos modificar ligeiramente a postura do corpo consoante a evolução
da aprendizagem de Como Fazer Meditação.
A
postura apropriada deve ser mantida o máximo de tempo possível, mas se se
tornar demasiado desconfortável, mais vale descansarmos uns instantes em vez de
estarmos sempre a ser distraídos pela dor.
É
essencial mantermos a continuidade da meditação, dia após dia, pois é assim que
ela irá ganhando, pouco a pouco amplitude e estabilidade.
Fonte:
"A arte da meditação", Autor: Matthieu Ricard, Editorial Presença.
Retirado de: http://comofazermeditacao.blogspot.com.br/
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Para quem tem muita dificuldade de praticar a meditação tradicional conforme ensinada nesse post, segue um vídeo muito bom do YouTube ensinando um tipo de meditação bastante fácil de fazer, chamada "Meditação em um instante":
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