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sexta-feira, 1 de junho de 2012

A Alquimia


Por Stanislas Klossowski
(...) Alcançar os conhecimentos do Criador é correr o véu e converter a escuridão da ignorância na luz da sabedoria.

Obter esta suprema sabedoria é se fundir conscientemente com Deus e amá-lo, viver para amar.

Mas como pode se fundir conscientemente com Deus e amá-lo?

Vivendo para amar.

Mas como pode se escapar o homem da prisão da sua própria imperfeição?

Como pode transcender os seus condicionamentos atuais e se transformar em Deus? Esta é a pergunta com a qual finalmente temos que nos enfrentar quando nos aproximamos do mistério da alquimia.

Aquele que deseje encontrar a resposta, não só intelectualmente, mas como forma de Vida - de fato, como um caminho para a Vida - deve começar por olhar a si mesmo minuciosamente e com atenção.

Se é honesto, perceberá que a raiz de todos os seus problemas é o desconhecimento quase que absoluto do que é mais importante: o seu verdadeiro eu.

O homem, por não saber distinguir o Ego do Eu, tem enturvado o espírito e dissipado a energia, motivo pelo qual a caminhada tropeçando pela vida, lutando com os efeitos sem que o seu espírito perceba as causas.

Como consequência de tudo isso, acaba por quase não se diferenciar daquele rei louco de quem se conta que se retirou à masmorra mais escura do seu palácio e que, apesar de lhe rogarem que saísse, se negou a fazê-lo.

Quando os seus ministros, desesperados, decidiram para tentar persuadi-lo que subisse e voltasse a reinar, ele os afugentava com grunhidos.

Tentavam lhe falar do belo que era o seu palácio, dos seus maravilhosos jardins, do seu harém, dos seus amigos que sofriam pela sua ausência..., mas nenhuma dessas razões tinha cabimento na sua mente louca e os chamava de mentirosos, e os acusava de pretenderem lhe roubar um monte de inservíveis trapos asquerosos que ele dizia que eram as suas possessões.

Se o que temos, em lugar de nos proporcionar liberdade nos escraviza, para que nos serve?

Aquele que queria ser livre deve se perguntar para que vive.

E de se libertar desse condicionamento fatídico que lhe vem dado pela herança, o entorno e a sociedade, porque "o reino está dentro".

Descer até o nosso interior, olhar o nosso interior, é ao mesmo tempo ascender - uma assunção -, olhar a autêntica realidade exterior.

A renúncia ao eu é a fonte da humildade, assim como a base de toda ascensão verdadeira.

O primeiro passo consiste em se olhar por dentro, em contemplar única e exclusivamente o nosso verdadeiro eu.

Mas aquele que só chega até aqui, fica na metade do caminho.

O segundo passo consiste em olhar com eficácia ao exterior, em observar de forma perseverante, ativa e independente, o mundo exterior...

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