Por Stanislas Klossowski
(...)
Alcançar os conhecimentos do Criador é correr o véu e converter a escuridão da ignorância
na luz da sabedoria.
Obter
esta suprema sabedoria é se fundir conscientemente com Deus e amá-lo, viver
para amar.
Mas
como pode se fundir conscientemente com Deus e amá-lo?
Vivendo
para amar.
Mas
como pode se escapar o homem da prisão da sua própria imperfeição?
Como
pode transcender os seus condicionamentos atuais e se transformar em Deus? Esta
é a pergunta com a qual finalmente temos que nos enfrentar quando nos
aproximamos do mistério da alquimia.
Aquele
que deseje encontrar a resposta, não só intelectualmente, mas como forma de Vida
- de fato, como um caminho para a Vida - deve começar por olhar a si mesmo minuciosamente
e com atenção.
Se
é honesto, perceberá que a raiz de todos os seus problemas é o desconhecimento
quase que absoluto do que é mais importante: o seu verdadeiro eu.
O
homem, por não saber distinguir o Ego do Eu, tem enturvado o espírito e
dissipado a energia, motivo pelo qual a caminhada tropeçando pela vida, lutando
com os efeitos sem que o seu espírito perceba as causas.
Como
consequência de tudo isso, acaba por quase não se diferenciar daquele rei louco
de quem se conta que se retirou à masmorra mais escura do seu palácio e que,
apesar de lhe rogarem que saísse, se negou a fazê-lo.
Quando
os seus ministros, desesperados, decidiram para tentar persuadi-lo que subisse
e voltasse a reinar, ele os afugentava com grunhidos.
Tentavam
lhe falar do belo que era o seu palácio, dos seus maravilhosos jardins, do seu
harém, dos seus amigos que sofriam pela sua ausência..., mas nenhuma dessas
razões tinha cabimento na sua mente louca e os chamava de mentirosos, e os
acusava de pretenderem lhe roubar um monte de inservíveis trapos asquerosos que
ele dizia que eram as suas possessões.
Se
o que temos, em lugar de nos proporcionar liberdade nos escraviza, para que nos
serve?
Aquele
que queria ser livre deve se perguntar para que vive.
E
de se libertar desse condicionamento fatídico que lhe vem dado pela herança, o
entorno e a sociedade, porque "o reino está dentro".
Descer
até o nosso interior, olhar o nosso interior, é ao mesmo tempo ascender - uma
assunção -, olhar a autêntica realidade exterior.
A
renúncia ao eu é a fonte da humildade, assim como a base de toda ascensão verdadeira.
O
primeiro passo consiste em se olhar por dentro, em contemplar única e exclusivamente
o nosso verdadeiro eu.
Mas
aquele que só chega até aqui, fica na metade do caminho.
O
segundo passo consiste em olhar com eficácia ao exterior, em observar de forma
perseverante, ativa e independente, o mundo exterior...
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