Por Jeff Alves
(...) Vejamos quais os detalhes do funcionamento da luta, na qual a alma humana é o
palco, entre os instintos cegos da natureza, do nada em desejo de poder
imediato, e as solicitações providenciais para os esforços definitivos de sua
libertação. O prêmio é a imortalidade.
A
maioria de nós vive ainda por instinto, preguiçosamente embalada pelos apelos
da providência. Mesmo entre estes que têm alguma consciência, especialmente os
que sentem as influências astrais, existem poucos que sabem aproveitar ou
compreendê-las. Esses últimos se dividem em quatro classes: duas ativas ou
masculinas, e duas passivas ou femininas; em cada uma dessas duas categorias se
distingue uma classe particularmente sensível às forças superiores ou às forças
inferiores.
Todos
se distinguem do comum por uma superabundância de fluido etérico em suas
constituições. Uns são aptos para reter consigo este excesso e usá-lo quando
quiserem. Outros deixam-n o escapar constantemente em ondas, sem direção
especial para dar lugar a novos eflúvios. Seus desejos excedem a suas
faculdades de concentração. Em vez de projetar o éter ambiente, como os
antecedentes, eles aspiram para
compensar suas perdas irremediáveis. Estes são os médiuns de todas as espécies
que podem vaticinar, tornarem-se poetas e profetas, mesmo se pertencerem a uma
esfera muito elevada para atrair o éter dinamizado pelas forças superiores.
Esses,
os antecedentes, são os magnetizadores se os fluidos que eles concentram e
projetam são os das forças corporais e iniciados (ou, logicamente, adeptos) se
são capazes de recolher o éter elaborado pelos poderes anímicos e de ordem
superior.
Em
suma:
PASSIVO
(absorvendo e desperdiçando)
Médiuns
(principalmente de efeitos físicos) -> Forças inferiores
Médiuns
Psíquicos (adivinhos, poetas, profetas) -> Forças superiores
ATIVO
(concentrando e emitindo)
Magnetizadores
(curandeiros, etc.) -> Forças inferiores
Iniciados
e Adeptos (terapeutas, alquimistas, Teurgos) -> Forças superiores
Estas
distinções não são supérfluas; elas nos permitem compreender o que devem e o
que podem ser os contatos do homem com o astral.
Para
o entendimento das realizações permitidas à constituição humana por contato com
o astral, é preciso se lembrar que o nosso aparelho magnético (Ruá, Kama ou
Khi) é um órgão essencialmente central, capaz de se expandir pelo corpo ou pela
alma podendo modificar o equilíbrio da nossa constituição até transformá-la
completamente.
Esta
força, espécie de reserva geral, está à disposição da mônada principal ou o eu.
Entretanto, por causa de sua extrema mobilidade, ela escapa facilmente a este
domínio, seja sob a influência de poderes mais fortes ou por defeito da
constituição, conforme mostrado no esquema acima.
Em
seus movimentos, este órgão etéreo arrasta sempre uma parte ou porção de um dos
outros dois elementos extremos do corpo espiritual (o fantasma, Nefeque, Linga
Sarira, Than, e a alma ancestral, Nechama, Manas ou Thân) e mesmo de todos os
dois. Este deslocamento para a alma, para o corpo, ou para fora, depende em
quantidade e direção da vontade do eu ou de uma força exterior. Assim, por
exemplo, é agindo diretamente sobre o centro de gravidade do organismo que o
magnetizador produz em seu objeto todos os fenômenos conhecidos: curativos, se
ele dirige a reserva sobre a força vital à qual ele pode acrescentar uma parte
da sua; fascinantes e estupefacientes se congestiona a alma ancestral através
do fantasma.
Munidos
desta chave dupla: a distinção das diversas espécies de constituição onde
excedem o fluido etéreo, e o jogo do centro magnético dirigível, compreendemos
e classificaremos facilmente os fenômenos que o invisível produz. Porém isto
será efeito apenas na terceira parte de nossa série.
Antes
de encerrar, lembrando que falamos sobre o manejo da luz astral como a razão
dos fenômenos psíquicos, temos uma advertência a fazer.
O
manejo de luz astral apresenta grandes perigos e também grandes meios de
evolução espiritual, pois, quando se recorre a este campo de forças invisíveis,
arrisca-se não só à vida física, o que seria pouca coisa, mas também a vida
espiritual, o que é bem mais grave. A
este propósito, é bom reler com atenção a história do Doutor Fausto, tal como
foi admiravelmente resumida pelo imortal Goethe.
O
grande perigo no manejo da luz astral é que o princípio inteligente que habita
o centro desta força é um ser de origem divina, porém revoltado contra o seu
centro de criação. A vertigem das ilusões do poder material, a antiga nahash de
moisés, origem de todos os shanahs ou ciclos anuais de todos os tempos, que
ainda está aí. Não estando acobertado por uma proteção vinda do centro verbal,
sereis rapidamente arrastado pela força setenária, e como aconteceu outrora com
nosso princípio comum, Adão, vossa imaginação vos fará crer que a vontade é
mais forte que as forças divinas, e sereis mergulhado nas trevas da magia e da
inversão espiritual. Uma vez entendida esta advertência, sabei superar todas as
provas, sabeis que é necessário cravar a espada no coração do touro, como nos
mostra a imagem mitríaca, é necessário atravessar a serpente e, num ímpeto de
verdadeira fé, chamai vosso anjo guardião sob o nome de Cristo, o próprio Deus
vindo em pessoa.
Nesse
momento, abrir-se-á para vós a via mística, a única que pode afastar-vos dos
perigos, a única que domina o implacável carma, quando a Virgem celeste coloca
o pé sobre o dragão astral, isto é, quando o apelo da súplica do vosso coração
esmaga a cabeça da serpente, cuja pálida luz circula em nós e em todo o
Universo.
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