Por Jeff
Alves
A
maioria dos estudantes de ocultismo tem uma única meta em mente: o manejo das
forças ocultas, invisíveis. Além disso, querem chegar de forma rápida e sem
perigos a aquisição de tais “poderes”. Uns querem praticar viagens astrais,
outros impor a sua vontade aos outros e há ainda os que desejam soltar bolas de
fogo, curar doenças até então incuráveis ou ressuscitar os mortos através de
algumas palavras. Podemos ainda acrescentar ao nosso Ocultismo atual as brigas
acadêmicas, as invejas individuais, os pequenos golpes baixos íntimos, as
verdades absolutas e inúmeras outras paixões que agitam este meio.
As
forças invisíveis existem? Será que realmente o homem pode manejar as forças
ocultas da natureza ou de sua própria constituição? O manejo ocorre de forma
igual para todos os homens? Basicamente, neste segunda parte da série sobre o Plano
Astral, é o que iremos buscar refletir e discutir.
Existe
realmente uma força invisível? Pensemos bem. Estamos sobre a Terra. Ao nosso
redor temos as árvores, os vegetais, os animais, a água, o solo, o ar, dentre
diversas outras coisas. No céu, os astros se movem. O Sol passa através do
Zodíaco, a Lua gira à nossa volta, os planetas também seguem seu curso no céu e
vemos as constelações levantarem e descerem. A Terra gira em torno do Sol e
este também, com sua comitiva de planetas, em torno do centro de nossa galáxia.
Além disto, temos as forças físicas e os fenômenos químicos… Enfim, há lugar
para uma força invisível no Universo?
O
Ocultismo ensina que sim. Todos os seres contem
forças motrizes invisíveis aos olhos físicos e apresentam outros caracteres além das
forças visíveis e perceptíveis por manifestações sensoriais externas.
O
Universo então pode ser visto, sob aparências físicas, como banhado por uma luz
solar/estelar. Esse é o domínio da luz física, com seu cortejo de forças
exteriores, simbolizado pelos antigos como “mundo de fogo”.
Quando
o físico desaparece, o mundo apresenta uma espécie de luz interior, que anima
todos os astros e todos os seres vivos; essa luz ainda não é conhecida pela
ciência atual. Tudo o que podemos dizer é que essa luz constitui a essência da
vida e dos sentimentos em todos os planos; é ela que estala repentinamente nas
manifestações do amor entre todos os seres vivos. Esta força foi denominada
pelos ocultistas da escola de Paracelso como luz astral.
Existe
ainda uma terceira família de forças. São as força inteligentes e espirituais,
encarregadas de individualizar cada ser, cada coisa, dando-lhe um número, um
nome, um peso ou uma medida. É a força divina (embora todas as forças também o
sejam), que chamaremos de luz verbal, cujo centro secreto é o Verbo. O Cristo
foi sua manifestação em nossa humanidade.
As
forças são, portanto, cada vez mais interiores. Podemos representá-la por meio
de três círculos concêntricos. O círculo exterior é formado pelos mundos físicos
com a luz física como mecanismo de ação, o “Lux” de São João. O segundo
círculo, interior, é formado pelos mundos astrais, com seus meios de propulsão
e manifestação vital, a “Vita” de São João. E, por fim, o terceiro círculo, o
núcleo interior e verdadeiramente divino,o “Verbum” de São João.
Espero
que tenham entendido que é dentro, e não fora, de cada ser que deve ser
procuradas as forças realmente vivas e atuantes, e se existir no Universo um
centro verdadeiramente único, é o Verbo, que será encontrado com seu simbolismo
na cruz. Sendo assim, dando nomes aos bois, os fatos psíquicos são resultado do
manejo da luz astral e a Teurgia (ou a união com o divino) é a consequência da
submissão voluntária à ação da luz verbal.
Agora,
mudando um pouco de assunto e voltando de onde paramos na parte anterior,
imaginemos a alma encarnada mergulhada neste meio que impregna todo o planeta,
o plano astral. O órgão central de nossa constituição (Ruá, Kama ou Khi) é
capaz de absorver e emitir com a mesma eficácia toda a produção etérea,
vibração ou condensação. Ele é o órgão de emissão e de recepção do astral
terrestre; graças a ele somos penetrados especialmente por uma assimilação
verdadeiramente nutritiva, já que ele espalha igualmente seus eflúvios na alma
animal e no corpo astral. Vitalizantes ou vampiros, os micróbios astrais entram
em todo o nosso organismo através dele, corporal e anímico, trazendo a vida ou
deixando aí o veneno de encantamento. É através dele que o terapeuta nos enche
com eflúvios vivificantes tirados nas fontes benéficas da natureza e é também
por ele que o mago negro nos assassina covardemente com a surpresa das forças
inimigas invisíveis. É ainda por este mesmo órgão magnético que entram em nós
uma multidão de desejos, de paixões ávidas de fatos, espalhando-se pela alma
passional até o fundo de nossa alma espiritual para a perturbar com as suas
inquietações e a subjugar com suas determinações. Aí está a nossa alma humana
(Nechama, Manas, Thân) solicitada à ação de três direções diferentes que
correspondem aos três mundos onde nós vivemos ao mesmo tempo.
As
sensações do mundo físico percebidas por nosso corpo produzem aí uma atitude
que pode penetrar pelo intermédio da alma animal até a vontade e a determinar
poderosamente apresentando-lhe, por assim dizer, tudo preparado para a ação
reflexa do gesto solicitado. A sugestão hipnótica pela atitude é apenas a
produção experimental e exagerada deste efeito.
No
polo oposto, a efervescência da nossa imaginação, cheia de formas etéreas que
criam nossas emoções e mesmo as intuições vindas dos mundos superiores, é
transmitida para a alma animal e o corpo astral até às nossas forças vitais
para provocá-los. Os eflúvios emocionais recebidos de fora pelo centro
magnético repercutem-se em cada um de nossos outros centros para neles gerar
outras forças e outras virtudes em busca de sua realização.
Eis
aí contra que ardores o poder da nossa mônada diretora, da nossa vontade, que é
o nosso único eu verdadeiro, deve lutar constantemente regulando por sua vez as
suas desordens, comandando as resistências ou os consentimentos, impondo sua
soberania aos poderes de todas as
mônadas que formam o seu império.
Mas
como essa soberania pode ser exercida utilmente? Como pode triunfar sobre todas
as revoltas, comandar particularmente o astral interno ou externo? Não o
sabemos muito bem. Somos com maior frequência mais um joguete das nossas
emoções do que seu mestre: a maioria dos nossos atos não passam de reflexos e
muitas vezes não temos nem mesmo consciência deles, tal é o domínio que exercem
sobre nossas forças etéreas, enfraquecendo-nos.
Sempre
é a vontade a mônada principal que comanda o ato, mas raramente é a nossa
própria; quase sempre obedecemos a um poder estranho. Para que o nosso domine,
falta-lhe um acréscimo de energia que Schopenhauer, em sua linguagem sutil,
esclarece ao dizer que nós sempre queremos um ato, mas é preciso saber se nós
queremos querer. Ele conclui afirmando que é a vontade universal que quer em
nós.
É
verdade que a vontade universal, quer dizer Deus, é quem quer em nós quando o
nosso eu comando todo o inferior. Mas é preciso acrescentar que isto acontece
com o nosso consentimento, com a nossa permissão e somente com ela. De outra
forma, dizer nossa vontade, quando ela se exerce realmente, cai por terra o
instrumento da vontade divina, e reciprocamente, ela não pode comandar outros
desejos senão sob a condição de ser uma com a vontade divina, de ser a boa
vontade.
Aí
está a nossa lei suprema. O nosso fim, a razão de ser do homem terrestre, é de
colaborar no planeta para a grande obra de vivificação do nada cumprindo em sua
esfera, como toda outra mônada, a vontade divina, para a elevação dos seres
inferiores. Está parecendo contraditório com toda operação mágica, não é? Não,
pois notemos que operações mágicas de ordem inferior só acontecem quando
abondamos a nossa vontade a outros poderes e que operações de ordem superior
acontecem quando somos cooperadores do divino (Teurgia). Somente o homem, ao
contrário das vontades que o precedem na cadeia evolutiva, é livre para aceitar
este papel sublime ou recusá-lo, unicamente sob a condição de que sua sorte
depende desta escolha. Se recusa a própria escolha, pretendendo seu poder
particular e capaz de tudo, cai então numa falta imperdoável. Deve ceder ou
desaparecer! Nestas duas recusas está a fonte de todo o mal terrestre.
Retirado
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