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quarta-feira, 26 de setembro de 2012

As Forças Invisíveis - Parte I

Por Jeff Alves 
A maioria dos estudantes de ocultismo tem uma única meta em mente: o manejo das forças ocultas, invisíveis. Além disso, querem chegar de forma rápida e sem perigos a aquisição de tais “poderes”. Uns querem praticar viagens astrais, outros impor a sua vontade aos outros e há ainda os que desejam soltar bolas de fogo, curar doenças até então incuráveis ou ressuscitar os mortos através de algumas palavras. Podemos ainda acrescentar ao nosso Ocultismo atual as brigas acadêmicas, as invejas individuais, os pequenos golpes baixos íntimos, as verdades absolutas e inúmeras outras paixões que agitam este meio.

As forças invisíveis existem? Será que realmente o homem pode manejar as forças ocultas da natureza ou de sua própria constituição? O manejo ocorre de forma igual para todos os homens? Basicamente, neste segunda parte da série sobre o Plano Astral, é o que iremos buscar refletir e discutir.
  
Existe realmente uma força invisível? Pensemos bem. Estamos sobre a Terra. Ao nosso redor temos as árvores, os vegetais, os animais, a água, o solo, o ar, dentre diversas outras coisas. No céu, os astros se movem. O Sol passa através do Zodíaco, a Lua gira à nossa volta, os planetas também seguem seu curso no céu e vemos as constelações levantarem e descerem. A Terra gira em torno do Sol e este também, com sua comitiva de planetas, em torno do centro de nossa galáxia. Além disto, temos as forças físicas e os fenômenos químicos… Enfim, há lugar para uma força invisível no Universo?

O Ocultismo ensina que sim. Todos os seres contem  forças motrizes invisíveis aos olhos físicos  e apresentam outros caracteres além das forças visíveis e perceptíveis por manifestações sensoriais externas.

O Universo então pode ser visto, sob aparências físicas, como banhado por uma luz solar/estelar. Esse é o domínio da luz física, com seu cortejo de forças exteriores, simbolizado pelos antigos como “mundo de fogo”.

Quando o físico desaparece, o mundo apresenta uma espécie de luz interior, que anima todos os astros e todos os seres vivos; essa luz ainda não é conhecida pela ciência atual. Tudo o que podemos dizer é que essa luz constitui a essência da vida e dos sentimentos em todos os planos; é ela que estala repentinamente nas manifestações do amor entre todos os seres vivos. Esta força foi denominada pelos ocultistas da escola de Paracelso como luz astral.

Existe ainda uma terceira família de forças. São as força inteligentes e espirituais, encarregadas de individualizar cada ser, cada coisa, dando-lhe um número, um nome, um peso ou uma medida. É a força divina (embora todas as forças também o sejam), que chamaremos de luz verbal, cujo centro secreto é o Verbo. O Cristo foi sua manifestação em nossa humanidade.

As forças são, portanto, cada vez mais interiores. Podemos representá-la por meio de três círculos concêntricos. O círculo exterior é formado pelos mundos físicos com a luz física como mecanismo de ação, o “Lux” de São João. O segundo círculo, interior, é formado pelos mundos astrais, com seus meios de propulsão e manifestação vital, a “Vita” de São João. E, por fim, o terceiro círculo, o núcleo interior e verdadeiramente divino,o “Verbum” de São João.

Espero que tenham entendido que é dentro, e não fora, de cada ser que deve ser procuradas as forças realmente vivas e atuantes, e se existir no Universo um centro verdadeiramente único, é o Verbo, que será encontrado com seu simbolismo na cruz. Sendo assim, dando nomes aos bois, os fatos psíquicos são resultado do manejo da luz astral e a Teurgia (ou a união com o divino) é a consequência da submissão voluntária à ação da luz verbal.

Agora, mudando um pouco de assunto e voltando de onde paramos na parte anterior, imaginemos a alma encarnada mergulhada neste meio que impregna todo o planeta, o plano astral. O órgão central de nossa constituição (Ruá, Kama ou Khi) é capaz de absorver e emitir com a mesma eficácia toda a produção etérea, vibração ou condensação. Ele é o órgão de emissão e de recepção do astral terrestre; graças a ele somos penetrados especialmente por uma assimilação verdadeiramente nutritiva, já que ele espalha igualmente seus eflúvios na alma animal e no corpo astral. Vitalizantes ou vampiros, os micróbios astrais entram em todo o nosso organismo através dele, corporal e anímico, trazendo a vida ou deixando aí o veneno de encantamento. É através dele que o terapeuta nos enche com eflúvios vivificantes tirados nas fontes benéficas da natureza e é também por ele que o mago negro nos assassina covardemente com a surpresa das forças inimigas invisíveis. É ainda por este mesmo órgão magnético que entram em nós uma multidão de desejos, de paixões ávidas de fatos, espalhando-se pela alma passional até o fundo de nossa alma espiritual para a perturbar com as suas inquietações e a subjugar com suas determinações. Aí está a nossa alma humana (Nechama, Manas, Thân) solicitada à ação de três direções diferentes que correspondem aos três mundos onde nós vivemos ao mesmo tempo.

As sensações do mundo físico percebidas por nosso corpo produzem aí uma atitude que pode penetrar pelo intermédio da alma animal até a vontade e a determinar poderosamente apresentando-lhe, por assim dizer, tudo preparado para a ação reflexa do gesto solicitado. A sugestão hipnótica pela atitude é apenas a produção experimental e exagerada deste efeito.

No polo oposto, a efervescência da nossa imaginação, cheia de formas etéreas que criam nossas emoções e mesmo as intuições vindas dos mundos superiores, é transmitida para a alma animal e o corpo astral até às nossas forças vitais para provocá-los. Os eflúvios emocionais recebidos de fora pelo centro magnético repercutem-se em cada um de nossos outros centros para neles gerar outras forças e outras virtudes em busca de sua realização.

Eis aí contra que ardores o poder da nossa mônada diretora, da nossa vontade, que é o nosso único eu verdadeiro, deve lutar constantemente regulando por sua vez as suas desordens, comandando as resistências ou os consentimentos, impondo sua soberania aos  poderes de todas as mônadas que formam o seu império.

Mas como essa soberania pode ser exercida utilmente? Como pode triunfar sobre todas as revoltas, comandar particularmente o astral interno ou externo? Não o sabemos muito bem. Somos com maior frequência mais um joguete das nossas emoções do que seu mestre: a maioria dos nossos atos não passam de reflexos e muitas vezes não temos nem mesmo consciência deles, tal é o domínio que exercem sobre nossas forças etéreas, enfraquecendo-nos.

Sempre é a vontade a mônada principal que comanda o ato, mas raramente é a nossa própria; quase sempre obedecemos a um poder estranho. Para que o nosso domine, falta-lhe um acréscimo de energia que Schopenhauer, em sua linguagem sutil, esclarece ao dizer que nós sempre queremos um ato, mas é preciso saber se nós queremos querer. Ele conclui afirmando que é a vontade universal que quer em nós.

É verdade que a vontade universal, quer dizer Deus, é quem quer em nós quando o nosso eu comando todo o inferior. Mas é preciso acrescentar que isto acontece com o nosso consentimento, com a nossa permissão e somente com ela. De outra forma, dizer nossa vontade, quando ela se exerce realmente, cai por terra o instrumento da vontade divina, e reciprocamente, ela não pode comandar outros desejos senão sob a condição de ser uma com a vontade divina, de ser a boa vontade.

Aí está a nossa lei suprema. O nosso fim, a razão de ser do homem terrestre, é de colaborar no planeta para a grande obra de vivificação do nada cumprindo em sua esfera, como toda outra mônada, a vontade divina, para a elevação dos seres inferiores. Está parecendo contraditório com toda operação mágica, não é? Não, pois notemos que operações mágicas de ordem inferior só acontecem quando abondamos a nossa vontade a outros poderes e que operações de ordem superior acontecem quando somos cooperadores do divino (Teurgia). Somente o homem, ao contrário das vontades que o precedem na cadeia evolutiva, é livre para aceitar este papel sublime ou recusá-lo, unicamente sob a condição de que sua sorte depende desta escolha. Se recusa a própria escolha, pretendendo seu poder particular e capaz de tudo, cai então numa falta imperdoável. Deve ceder ou desaparecer! Nestas duas recusas está a fonte de todo o mal terrestre.

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