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domingo, 30 de setembro de 2012

As Forças Invisíveis - Parte III

OS TIPOS DE INICIADOS, ADEPTOS E OCULTISTAS

PASSIVO (absorvendo e desperdiçando)
 Médiuns (principalmente de efeitos físicos) -> Forças inferiores
 Médiuns Psíquicos (adivinhos, poetas, profetas) -> Forças superiores

ATIVO (concentrando e emitindo)
 Magnetizadores (curandeiros, etc.) -> Forças inferiores
 Iniciados e Adeptos (terapeutas, alquimistas, Teurgos) -> Forças superiores
  
O Tipo Passivo
Por Jeff Alves
Consideremos primeiro as constituições passivas, levadas à aspiração etérea pela sequência dos seus próprios desperdícios. As forças ou átomos dinamizados que se cruzam no éter-ambiente, chocando seu centro magnético, mudam-no constantemente: daí a sua impressionabilidade exagerada. Se sua constituição moral, seus hábitos anímicos facilitam este deslocamento para os órgãos corporais, tendendo ao mesmo tempo a isolá-los dos órgãos espirituais arrebatados, o sensitivo se tornará um médium de efeitos físicos. Um sujeito magnetizável, hipnotizável, de fácil sugestão e propenso à letargia.

Se o deslocamento tende mais em direção às regiões anímicas, o espírito interior (Chayad, Buddhi, Tinh), retendo também a alma ancestral, toma uma certa consciência (mais ou menos clara conforme a espiritualidade) das forças que o assaltaram. Assistimos então aos fenômenos de lucidez, clarividência, clariaudiência, profecia, previsão.

Estes fenômenos apresentam uma quantidade de nuanças conforme a intensidade da influência exterior, a mobilidade constitucional e o grau de espiritualidade do sujeito. Um verá apenas os seres vizinhos onde outro perceberá uns mais distantes; um verá apenas objetos materiais e outro distinguirá claramente os seres astrais e as vibrações etéreas. Pode acontecer que esses deslocamentos do centro magnético se produzam sob a influência de forças acidentais, que não dirigem nenhuma vontade especial. Neste caso, resultarão apenas em alucinações que por acaso parecerão pensamentos.

Ao inverso, pode acontecer que uma vontade superior se apodere do sujeito completamente; basta para isso que ela ocupe o seu centro magnético: acontecem então os fenômenos lamentáveis de obsessão e mesmo de possessão, onde muitas vezes a mediunidade dá o perigoso exemplo. É o caso das aparições onde um invisível, geralmente desconhecido, se apodera do fantasma ou mesmo da alma do médium em estado de letargia para se manifestar em aparições tangíveis e ativas.

Finalmente, se o passivo acrescenta à faculdade absorvente de sua constituição uma grande energia de desejos (proveniente da predominância da alma ancestral ou manas inferior), ele se transforma num verdadeiro vampiro astral. Assim se explica a ação particular e muitas vezes surpreendente de certas mulheres sobre seres masculinos; também se encontra num plano superior a explicação do charme feminino em geral. Os antigos simbolizavam a influência particular sobre as almas mais viris pelos domínio de Vênus sobre Marte, de Dalila sobre Sansão e outras lendas análogas.


sexta-feira, 28 de setembro de 2012

A "Máscara" da Espiritualidade


Texto de Mariana Caplan, retirado do site Huffpost Healty Living, traduzido livremente por Peterson Danda.

“Nós nos tornamos atores hábeis, e ao jogar surdo e mudo com o real significado dos ensinamentos, encontramos algum conforto em fingir para seguir o caminho.” – Chogyam Trunpga Rinpoche

Visto que a cultura global tem sido voltada para os valores materialistas de uma forma sem precedentes na história humana, é inevitável que essa mesma ética permeie nossa aproximação com a Espiritualidade. Vivemos em uma cultura que valoriza a acumulação e o consumo, e é ingênuo de nós pensar que só porque estamos interessados ​​no crescimento espiritual renunciaríamos nosso materialismo – ou mesmo que deveríamos renunciá-lo.

Não há nada de errado em ter um símbolo “om” na camiseta ou ser um ávido praticante de meditação e ao mesmo tempo desfrutar de ganhar dinheiro em um grande negócio, mas é útil explorar, entender e verificar sua integridade em relação as escolhas que fizemos. Materialismo espiritual não é uma questão das coisas que temos, mas da nossa relação com elas.

Todos nós resistimos em ver as formas que nos enganamos no caminho espiritual. É uma vergonha para o ego, mas não para quem realmente somos, olhar no espelho e ver a nós mesmos vestidos em uma fantasia espiritual. No entanto, nós nos permitimos ser expostos em troca de uma maior liberdade e para nos tornarmos mais expansivos reconhecendo como estamos nos limitando em nome da espiritualidade.

Nós também usamos a espiritualidade para ganhar poder, prestígio, reconhecimento e respeito, e até mesmo para evitar nossos próprios problemas. E fazemos mal uso dos ensinamentos, práticas, e todas as coisas espirituais e pensamos que, para aumentar a nossa consciência, devemos evitar uma profunda intimidade com a verdade que procuramos. Usamos nossas práticas, parafernálias, e conceitos para apoiar o ego ao invés da verdade. Mesmo um monge em uma montanha pode se agarrar às suas vestes ou tigelas, criando uma falsa sensação de segurança espiritual.


O ego quer pensar na espiritualidade como algo que posso “conquistar” uma vez e será para sempre, e então não teremos de fazer o trabalho contínuo de demonstrar-la e pratica-la a cada momento pelo resto de nossas vidas. O ego cria toda uma identidade em torno de um ser auto-espiritual. Isso é parte do que todos nós fazemos no caminho espiritual, mas é útil aprender a percebê-lo em nós mesmos.

Existem muitas formas em que o materialismo espiritual pode manifestar-se:

O currículo espiritual refere-se à lista de importantes pessoas espirituais que conheci e com quem estudei ou fiz algum curso. Às vezes, podemos nos perceber recitando nosso currículo espiritual para impressionar a nós mesmos ou a alguém.

O contador de histórias espiritual toma a forma de recitar narrativas sobre nossas experiências espirituais. Mesmo que elas possam ser interessantes, frequentemente nos escondemos por trás de nossas histórias para nos proteger da vulnerabilidade de uma conexão humana mais profunda.

A “vibe” espiritual muitas vezes se manifesta quando vagamos entre cursos, professores e lugares bonitos para manter-se “dopado” frequentemente e evitar nossa própria sombra, que é uma forma diferente de ignorar-se espiritualmente.

“Dharmatizar” refere-se ao uso de jargões espirituais para explicar nossas confusões e pontos cegos e evitar relacionamentos. Se nós somos “dharmatizadores” e alguém nos diz que sente tensão em torno de nós, podemos combater com banalidades tal como “É apenas um fenômeno passageiro, e quem está lá para experimentar a tensão afinal?”

Coleções de insígnias espirituais são caracterizadas pelo acúmulo de iniciações, títulos e bênçãos, como quem coleciona carros, iates e casas de veraneio. Precisamos sentir que estamos sempre chegando a algum lugar – que estamos nos tornando mais ricos e melhores. Algumas pessoas acreditam, inconscientemente, que se recolherem um número suficiente de “estrelas douradas espirituais” vão se tornar iluminados e não terão que morrer.

O ego espiritualizado imita muitas vezes e muito bem o que imaginamos que uma pessoa espiritual pareça e como ela age. Ele pode criar um brilho em torno de si, aprender discursos espirituais eloquentes e agir consciente e imparcialmente – ainda haverá algo muito irreal nisso. Lembro-me de ouvir uma palestra de um professor de espiritualidade bem conhecido. Ele estava se esforçando muito para agir e falar espiritualmente – dizendo coisas profundas e demonstrando um aparente “saber” – mas a sua mensagem era vazia de sentimentos e sem profundidade. Seu ego tinha integrado os ensinamentos espirituais, mas ele não.

O ego à prova de balas assimilou feedbacks construtivos e os integrou em sua estrutura de defesa. Se alguém compartilha uma opinião sobre nós podemos dizer: “Eu sei que parece que eu estou sendo preguiçoso e egoísta, mas eu estou realmente praticando apenas ‘ser’ e cuidar de mim mesmo.” Um professor espiritual com um ego à prova de balas pode justificar o abuso verbal ou extorsões econômicas de seus discípulos dizendo que eles estão superando o egoísmo ou tentar ensinar-lhes que eles devem aprender a entregar tudo o que eles têm em troca do divino. O problema com as pessoas que espiritualizaram e deixaram seus egos à prova de balas é que estes egos são extremamente escorregadios e difíceis de perceber – e é particularmente difícil ver como este mecanismo de defesa espiritual opera dentro de nós mesmos.

É importante entender que o materialismo espiritual é menos sobre “o que” e mais sobre o “como” relacionar-se com algo – seja um professor, um equipamento de yoga novo ou um conceito. Não é uma questão de riqueza ou dinheiro, mas sim de atitude. Eu encontrei inúmeros Sadhus ou homens santos na Índia que vivem como mendigos, em renúncia, mas que blasfemaram contra mim quando perceberam que a doação que lhes havia dado era insuficiente, ou então, ostentavam seus acessórios e cajados com a mesma arrogância que muitos motociclistas com suas Harley-Davidsons.

Conforme penetramos mais profundamente nas camadas de nossa própria percepção descobrimos que a origens de todas as formas de materialismo espiritual repousam em nossa mente. Achamos que podemos relacionar informações, fatos e uma compreensão mais profunda de tal forma que isso impeça o aflorar da sabedoria. A este nível mais sutil, em que até mesmo o próprio conhecimento se torna uma barreira para a sabedoria, nossa espada do discernimento – o desejo profundo de nos ver com clareza e a vontade de ter um retorno dos outros – pode “cortar” nossa confusão.

Quando estávamos estudando o assunto do materialismo espiritual em uma classe de pós-graduação da escola de psicologia em que lecionava, um jovem estudante levantou a mão e disse: “Eu sei que estou realmente direcionado para a vida espiritual, e de alguma forma o que me impede é a maravilhosa jaqueta de couro preta que comprei na Itália. Acho que se eu realmente me entregar à vida espiritual, vou ter que doar meu casaco, e eu sei que soa ridículo, mas isso realmente me atrasa.”

A jaqueta de couro do meu aluno era um bem material, mas todos nós temos algo – uma razão, uma posse ou algo que acreditamos que nos impeça de olhar para nós mesmos mais profundamente – que pode nos manter longe do caminho por toda nossa vida. Para muitos de nós, apesar de nossas melhores intenções, nossa espiritualidade se torna mais uma camada de armadura sutil por trás da qual nós nos protegemos da Verdade mais profunda.

[Adaptado de Eyes Wide Open: Cultivando o Discernimento no Caminho Espiritual, Sounds True, 2010]

Retirado de:

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

As Forças Invisíveis - Parte II

Por Jeff Alves
(...) Vejamos quais os detalhes do funcionamento da luta, na qual a alma humana é o palco, entre os instintos cegos da natureza, do nada em desejo de poder imediato, e as solicitações providenciais para os esforços definitivos de sua libertação. O prêmio é a imortalidade.

A maioria de nós vive ainda por instinto, preguiçosamente embalada pelos apelos da providência. Mesmo entre estes que têm alguma consciência, especialmente os que sentem as influências astrais, existem poucos que sabem aproveitar ou compreendê-las. Esses últimos se dividem em quatro classes: duas ativas ou masculinas, e duas passivas ou femininas; em cada uma dessas duas categorias se distingue uma classe particularmente sensível às forças superiores ou às forças inferiores.

Todos se distinguem do comum por uma superabundância de fluido etérico em suas constituições. Uns são aptos para reter consigo este excesso e usá-lo quando quiserem. Outros deixam-n o escapar constantemente em ondas, sem direção especial para dar lugar a novos eflúvios. Seus desejos excedem a suas faculdades de concentração. Em vez de projetar o éter ambiente, como os antecedentes, eles  aspiram para compensar suas perdas irremediáveis. Estes são os médiuns de todas as espécies que podem vaticinar, tornarem-se poetas e profetas, mesmo se pertencerem a uma esfera muito elevada para atrair o éter dinamizado pelas forças superiores.

Esses, os antecedentes, são os magnetizadores se os fluidos que eles concentram e projetam são os das forças corporais e iniciados (ou, logicamente, adeptos) se são capazes de recolher o éter elaborado pelos poderes anímicos e de ordem superior.

Em suma:

PASSIVO (absorvendo e desperdiçando)
Médiuns (principalmente de efeitos físicos) -> Forças inferiores
Médiuns Psíquicos (adivinhos, poetas, profetas) -> Forças superiores

ATIVO (concentrando e emitindo)
Magnetizadores (curandeiros, etc.) -> Forças inferiores
Iniciados e Adeptos (terapeutas, alquimistas, Teurgos) -> Forças superiores

Estas distinções não são supérfluas; elas nos permitem compreender o que devem e o que podem ser os contatos do homem com o astral.

Para o entendimento das realizações permitidas à constituição humana por contato com o astral, é preciso se lembrar que o nosso aparelho magnético (Ruá, Kama ou Khi) é um órgão essencialmente central, capaz de se expandir pelo corpo ou pela alma podendo modificar o equilíbrio da nossa constituição até transformá-la completamente.

Esta força, espécie de reserva geral, está à disposição da mônada principal ou o eu. Entretanto, por causa de sua extrema mobilidade, ela escapa facilmente a este domínio, seja sob a influência de poderes mais fortes ou por defeito da constituição, conforme mostrado no esquema acima.

Em seus movimentos, este órgão etéreo arrasta sempre uma parte ou porção de um dos outros dois elementos extremos do corpo espiritual (o fantasma, Nefeque, Linga Sarira, Than, e a alma ancestral, Nechama, Manas ou Thân) e mesmo de todos os dois. Este deslocamento para a alma, para o corpo, ou para fora, depende em quantidade e direção da vontade do eu ou de uma força exterior. Assim, por exemplo, é agindo diretamente sobre o centro de gravidade do organismo que o magnetizador produz em seu objeto todos os fenômenos conhecidos: curativos, se ele dirige a reserva sobre a força vital à qual ele pode acrescentar uma parte da sua; fascinantes e estupefacientes se congestiona a alma ancestral através do fantasma.

Munidos desta chave dupla: a distinção das diversas espécies de constituição onde excedem o fluido etéreo, e o jogo do centro magnético dirigível, compreendemos e classificaremos facilmente os fenômenos que o invisível produz. Porém isto será efeito apenas na terceira parte de nossa série.

Antes de encerrar, lembrando que falamos sobre o manejo da luz astral como a razão dos fenômenos psíquicos, temos uma advertência a fazer.

O manejo de luz astral apresenta grandes perigos e também grandes meios de evolução espiritual, pois, quando se recorre a este campo de forças invisíveis, arrisca-se não só à vida física, o que seria pouca coisa, mas também a vida espiritual, o que é bem mais grave.  A este propósito, é bom reler com atenção a história do Doutor Fausto, tal como foi admiravelmente resumida pelo imortal Goethe.

O grande perigo no manejo da luz astral é que o princípio inteligente que habita o centro desta força é um ser de origem divina, porém revoltado contra o seu centro de criação. A vertigem das ilusões do poder material, a antiga nahash de moisés, origem de todos os shanahs ou ciclos anuais de todos os tempos, que ainda está aí. Não estando acobertado por uma proteção vinda do centro verbal, sereis rapidamente arrastado pela força setenária, e como aconteceu outrora com nosso princípio comum, Adão, vossa imaginação vos fará crer que a vontade é mais forte que as forças divinas, e sereis mergulhado nas trevas da magia e da inversão espiritual. Uma vez entendida esta advertência, sabei superar todas as provas, sabeis que é necessário cravar a espada no coração do touro, como nos mostra a imagem mitríaca, é necessário atravessar a serpente e, num ímpeto de verdadeira fé, chamai vosso anjo guardião sob o nome de Cristo, o próprio Deus vindo em pessoa.

Nesse momento, abrir-se-á para vós a via mística, a única que pode afastar-vos dos perigos, a única que domina o implacável carma, quando a Virgem celeste coloca o pé sobre o dragão astral, isto é, quando o apelo da súplica do vosso coração esmaga a cabeça da serpente, cuja pálida luz circula em nós e em todo o Universo.

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

As Forças Invisíveis - Parte I

Por Jeff Alves 
A maioria dos estudantes de ocultismo tem uma única meta em mente: o manejo das forças ocultas, invisíveis. Além disso, querem chegar de forma rápida e sem perigos a aquisição de tais “poderes”. Uns querem praticar viagens astrais, outros impor a sua vontade aos outros e há ainda os que desejam soltar bolas de fogo, curar doenças até então incuráveis ou ressuscitar os mortos através de algumas palavras. Podemos ainda acrescentar ao nosso Ocultismo atual as brigas acadêmicas, as invejas individuais, os pequenos golpes baixos íntimos, as verdades absolutas e inúmeras outras paixões que agitam este meio.

As forças invisíveis existem? Será que realmente o homem pode manejar as forças ocultas da natureza ou de sua própria constituição? O manejo ocorre de forma igual para todos os homens? Basicamente, neste segunda parte da série sobre o Plano Astral, é o que iremos buscar refletir e discutir.
  
Existe realmente uma força invisível? Pensemos bem. Estamos sobre a Terra. Ao nosso redor temos as árvores, os vegetais, os animais, a água, o solo, o ar, dentre diversas outras coisas. No céu, os astros se movem. O Sol passa através do Zodíaco, a Lua gira à nossa volta, os planetas também seguem seu curso no céu e vemos as constelações levantarem e descerem. A Terra gira em torno do Sol e este também, com sua comitiva de planetas, em torno do centro de nossa galáxia. Além disto, temos as forças físicas e os fenômenos químicos… Enfim, há lugar para uma força invisível no Universo?

O Ocultismo ensina que sim. Todos os seres contem  forças motrizes invisíveis aos olhos físicos  e apresentam outros caracteres além das forças visíveis e perceptíveis por manifestações sensoriais externas.

O Universo então pode ser visto, sob aparências físicas, como banhado por uma luz solar/estelar. Esse é o domínio da luz física, com seu cortejo de forças exteriores, simbolizado pelos antigos como “mundo de fogo”.

Quando o físico desaparece, o mundo apresenta uma espécie de luz interior, que anima todos os astros e todos os seres vivos; essa luz ainda não é conhecida pela ciência atual. Tudo o que podemos dizer é que essa luz constitui a essência da vida e dos sentimentos em todos os planos; é ela que estala repentinamente nas manifestações do amor entre todos os seres vivos. Esta força foi denominada pelos ocultistas da escola de Paracelso como luz astral.

Existe ainda uma terceira família de forças. São as força inteligentes e espirituais, encarregadas de individualizar cada ser, cada coisa, dando-lhe um número, um nome, um peso ou uma medida. É a força divina (embora todas as forças também o sejam), que chamaremos de luz verbal, cujo centro secreto é o Verbo. O Cristo foi sua manifestação em nossa humanidade.

As forças são, portanto, cada vez mais interiores. Podemos representá-la por meio de três círculos concêntricos. O círculo exterior é formado pelos mundos físicos com a luz física como mecanismo de ação, o “Lux” de São João. O segundo círculo, interior, é formado pelos mundos astrais, com seus meios de propulsão e manifestação vital, a “Vita” de São João. E, por fim, o terceiro círculo, o núcleo interior e verdadeiramente divino,o “Verbum” de São João.

Espero que tenham entendido que é dentro, e não fora, de cada ser que deve ser procuradas as forças realmente vivas e atuantes, e se existir no Universo um centro verdadeiramente único, é o Verbo, que será encontrado com seu simbolismo na cruz. Sendo assim, dando nomes aos bois, os fatos psíquicos são resultado do manejo da luz astral e a Teurgia (ou a união com o divino) é a consequência da submissão voluntária à ação da luz verbal.

Agora, mudando um pouco de assunto e voltando de onde paramos na parte anterior, imaginemos a alma encarnada mergulhada neste meio que impregna todo o planeta, o plano astral. O órgão central de nossa constituição (Ruá, Kama ou Khi) é capaz de absorver e emitir com a mesma eficácia toda a produção etérea, vibração ou condensação. Ele é o órgão de emissão e de recepção do astral terrestre; graças a ele somos penetrados especialmente por uma assimilação verdadeiramente nutritiva, já que ele espalha igualmente seus eflúvios na alma animal e no corpo astral. Vitalizantes ou vampiros, os micróbios astrais entram em todo o nosso organismo através dele, corporal e anímico, trazendo a vida ou deixando aí o veneno de encantamento. É através dele que o terapeuta nos enche com eflúvios vivificantes tirados nas fontes benéficas da natureza e é também por ele que o mago negro nos assassina covardemente com a surpresa das forças inimigas invisíveis. É ainda por este mesmo órgão magnético que entram em nós uma multidão de desejos, de paixões ávidas de fatos, espalhando-se pela alma passional até o fundo de nossa alma espiritual para a perturbar com as suas inquietações e a subjugar com suas determinações. Aí está a nossa alma humana (Nechama, Manas, Thân) solicitada à ação de três direções diferentes que correspondem aos três mundos onde nós vivemos ao mesmo tempo.

As sensações do mundo físico percebidas por nosso corpo produzem aí uma atitude que pode penetrar pelo intermédio da alma animal até a vontade e a determinar poderosamente apresentando-lhe, por assim dizer, tudo preparado para a ação reflexa do gesto solicitado. A sugestão hipnótica pela atitude é apenas a produção experimental e exagerada deste efeito.

No polo oposto, a efervescência da nossa imaginação, cheia de formas etéreas que criam nossas emoções e mesmo as intuições vindas dos mundos superiores, é transmitida para a alma animal e o corpo astral até às nossas forças vitais para provocá-los. Os eflúvios emocionais recebidos de fora pelo centro magnético repercutem-se em cada um de nossos outros centros para neles gerar outras forças e outras virtudes em busca de sua realização.

Eis aí contra que ardores o poder da nossa mônada diretora, da nossa vontade, que é o nosso único eu verdadeiro, deve lutar constantemente regulando por sua vez as suas desordens, comandando as resistências ou os consentimentos, impondo sua soberania aos  poderes de todas as mônadas que formam o seu império.

Mas como essa soberania pode ser exercida utilmente? Como pode triunfar sobre todas as revoltas, comandar particularmente o astral interno ou externo? Não o sabemos muito bem. Somos com maior frequência mais um joguete das nossas emoções do que seu mestre: a maioria dos nossos atos não passam de reflexos e muitas vezes não temos nem mesmo consciência deles, tal é o domínio que exercem sobre nossas forças etéreas, enfraquecendo-nos.

Sempre é a vontade a mônada principal que comanda o ato, mas raramente é a nossa própria; quase sempre obedecemos a um poder estranho. Para que o nosso domine, falta-lhe um acréscimo de energia que Schopenhauer, em sua linguagem sutil, esclarece ao dizer que nós sempre queremos um ato, mas é preciso saber se nós queremos querer. Ele conclui afirmando que é a vontade universal que quer em nós.

É verdade que a vontade universal, quer dizer Deus, é quem quer em nós quando o nosso eu comando todo o inferior. Mas é preciso acrescentar que isto acontece com o nosso consentimento, com a nossa permissão e somente com ela. De outra forma, dizer nossa vontade, quando ela se exerce realmente, cai por terra o instrumento da vontade divina, e reciprocamente, ela não pode comandar outros desejos senão sob a condição de ser uma com a vontade divina, de ser a boa vontade.

Aí está a nossa lei suprema. O nosso fim, a razão de ser do homem terrestre, é de colaborar no planeta para a grande obra de vivificação do nada cumprindo em sua esfera, como toda outra mônada, a vontade divina, para a elevação dos seres inferiores. Está parecendo contraditório com toda operação mágica, não é? Não, pois notemos que operações mágicas de ordem inferior só acontecem quando abondamos a nossa vontade a outros poderes e que operações de ordem superior acontecem quando somos cooperadores do divino (Teurgia). Somente o homem, ao contrário das vontades que o precedem na cadeia evolutiva, é livre para aceitar este papel sublime ou recusá-lo, unicamente sob a condição de que sua sorte depende desta escolha. Se recusa a própria escolha, pretendendo seu poder particular e capaz de tudo, cai então numa falta imperdoável. Deve ceder ou desaparecer! Nestas duas recusas está a fonte de todo o mal terrestre.

Retirado de:

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Sobre o Plano Astral

Por Jeff Alves 
Entre o mundo físico e os planos superiores, há um plano intermediário que tem por função receber as impressões do plano superior para realizá-las sobre a matéria, da mesma forma que a mão de um artista está encarregada de receber as impressões do cérebro e de fixá-las sobre a matéria. Este plano intermediário entre o princípio das coisas e as próprias coisas é o que chamamos de Plano Astral. Esta é uma região metafísica impossível de ser percebida apenas com a razão.

No mundo divino, as coisas são inicialmente criadas em princípio (em latência, como as ideias). Este princípio passa pelo plano psíquico (outro nome para o plano astral) e aí se manifesta em negativo, de forma que tudo que era luminoso se torna obscuro e vice-versa. Sendo assim, não temos a imagem exata do princípio, mas a modelagem desta imagem, que aparecerá em negativo. Uma vez obtida tal modelagem, a criação “no astral” está terminada. Aí então começa a criação no mundo visível. A forma astral age sobre a matéria e dá origem à sua forma física. O astral não pode mudar os tipos que faz aparecer em seu molde, pois não muda a imagem que reproduz. Para isto, seria necessário a criação de um novo molde e isto só Deus e o homem poderão fazer.


Além dos fluidos criadores, do arquétipo e dos fluidos conservadores do astral, existem agentes que o movimentam. Os seres que povoam a região na qual agem as forças “físico-químicas” receberam o nome de elementais ou espíritos dos elementos. São análogos aos eritrócitos e leucócitos humanos. Eles agem nos estágios inferiores do plano astral em contato direto com o físico. Estão em circulação quase contínua nos fluidos do astral.

É alvo de curiosidade a questão dos elementais, que obedecem à vontade boa ou má de quem os dirige e são irresponsáveis por seus atos, tem provocado curiosas polêmicas nestes últimos tempos. Utilizando da analogia para este caso, lembremo-nos do cão em nosso plano físico, que faz o mesmo papel. O cão de um bandido ataca um homem honesto quando o dono lhe ordena e o cão de um fazendeiro faz a mesma coisa com um ladrão que tenta invadir a propriedade de seu amo. Nos dois casos, o cachorro ignora se está avançando sobre um honesto ou um bandido. Ele é irresponsável pelos seus atos e simplesmente obedece o seu dono, único responsável. Este é o papel dos elementais no astral.

A dominação dos elementais só pode ser realizada por ação comparável à ação da disciplina militar. O Chefe de um exército consegue reunir em torno de si seres conscientes e responsáveis através da admiração, fidelidade ou temor. Eles podem identificar suas vontades com as do seu chefe ou serem forçados a isso. Essa segunda ação é bem mais difícil que a ação sobre o cachorro. Acontece o mesmo no plano psíquico, onde o elemental só obedece pelo devotamento ou pelo medo, ficando no entanto sempre livre para resistir à vontade do mago.

Existem ainda entidades dotadas de consciência, restos dos homens que acabaram de morrer e cujas almas ainda não atingiram todas as suas evoluções. Essas entidades são o que os espíritas chamam de espíritos e que o ocultismo chama de elementares. Para diferenciação, elementares são entidades humanas em processo de evolução, enquanto os elementais ainda não passaram pela humanidade, o que é um ponto muito importante.

Além dessas entidades, existem outras que causam as previsões dos videntes. São as inteligências diretoras formadas pelos espíritos dos homens que alcançaram uma evolução considerável. São análogos às células nervosas dos centros simpáticos humanos. Receberam diversos nomes nos escritos antigos. Contentamo-nos em salientar sua existência.

Foquemos agora nas imagens astrais. No ocultismo, aprendemos que da mesma forma que todas as coisas ou todos os seres projetam uma sombra sobre o corpo físico, da mesma forma tudo projeta um reflexo sobre o plano astral. Cada homem deixa no astral um reflexo, uma imagem característica. Com a morte, o ser humano experimenta uma mudança de estado caracterizado pela destruição da coesão que mantinha unido os princípios de origem e compleições diferentes. O corpo físico retorna à terra, ao mundo físico de onde veio. O corpo astral e o ser psíquico esclarecidos pela memória, inteligência, vontade e das lembranças e das ações terrestres passam para o plano astral, principalmente a uma de suas regiões mais elevadas, onde constituem um elementar ou espírito. A soma das aspirações mais nobres do ser humano, separada da memória das coisas terrenas, é numa palavra o ideal que ele criou para si durante a vida. Isto se transforma numa entidade dinâmica que não tem nada a ver com o eu atual deste indivíduo. Este ideal, mais ou menos elevado, é que será a fonte das existências futuras e que determinará o caráter. É digno de nota que ao se colocar em contato com as imagens astrais que o vidente reencontra toda a história das civilizações e dos outros seres que já existiram.

Suponha que seu reflexo em um espelho permaneça depois de sua partida com a sua cor, expressões, e todas as aparências da realidade, e terá uma imagem do que seja a imagem astral de um ser humano.

Os antigos conheciam perfeitamente o assunto e chamavam sombra a imagem astral que vagava nas regiões inferiores do astral, manes, a entidade pessoal ou que vagava as regiões superiores do astral e, finalmente, espírito propriamente dito, o ideal do ser.

Na evocação de um morto será preciso estabelecer com clareza se o apelo vai ser feito à sua imagem astral ou ao seu eu verdadeiro. No primeiro caso, o ser invocado se conduzirá como um reflexo num espelho. Ele será visível, poderá fazer alguns gestos e será fotografável, mas não poderá falar. É o fantasma de Banco em Macbeth, fantasma visível somente pelo rei e que não diz nenhuma palavra. No segundo caso, o evocado falará e diversos mortais poderão vê-lo ao mesmo tempo. É o caso do fantasma descrito em Hamlet.

Para uma rápida observação e profunda reflexão: Cascões Astrais são os cadáveres astrais, o corpo astral abandonado e em estado de desintegração, são desprovidos de qualquer espécie de consciência e de inteligência, vagueiam nas correntes astrais como nuvens impelidas por ventos contrários. Alguns elementais artificiais entram dentro destas cascas astrais e dão uma vida aparente a eles.

Em resumo, o plano astral encerra:

As entidades diretoras presidindo tudo o que acontece no astral. Essas entidades psíquicas são constituídas pelos homens superiores das humanidades antigas evoluídos por iniciativa própria.
Fluidos particulares formados por uma substância análoga à eletricidade, mas dotada de propriedades psíquicas: a luz astral.

Nestes fluidos circulam seres diversos capazes de sentir a influência da vontade humana: os elementais, muitas vezes constituídos pelas ideias vitalizadas dos homens.

Além desses princípios, podemos encontrar as formas futuras prestes a se manifestar no plano físico, formas constituídas pelo reflexo em negativo das ideias criadoras do mundo divino.

As imagens astrais dos seres e das coisa, reflexo em negativo do plano físico.

Fluidos emanados da vontade humana ou do mundo divino acionando o astral.

Corpos astrais de seres sobrecarregados de materialidade (suicidas), de seres em evolução (elementares) e de entidades humanas atravessando o astral para se encarnar (nascimento) ou depois da desencarnação (morte). Também podem ser encontrados os corpos astrais de adeptos ou feiticeiros em fase de experiência.

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Três Pela Manhã

Por Chuang Tzu
Toda vez que gastamos nossas mentes, apegando-nos teimosamente a uma visão parcial das coisas, recusando uma concórdia mais profunda entre este ou aquele contrário que o complementa, temos o chamado «três pela manhã».

O que vem a ser esse «três pela manhã»?

Um domador de macacos dirigiu-se a eles e disse-lhes:

«Quanto às suas castanhas, vocês terão três quantidades pela manhã, e quatro à tarde».

Ouvindo isso, os macacos ficaram com raiva.

Então, o domador lhes disse:

«Está bem, neste caso, eu lhes darei quatro pela manhã e três à tarde».
Ouvindo isso, os macacos ficaram satisfeitos.

As duas sugestões eram equivalentes, pois o número das castanhas não se alterava. Mas, em uma delas os macacos ficavam descontentes e, na outra, ficavam satisfeitos.

O domador teve vontade de modificar a sua sugestão pessoal, de modo a satisfazer às condições objetivas. E nada perdeu com isso!

O verdadeiro sábio, considerando todos os lados da questão imparcialmente, vê-os todos à luz do Tao.

A isto chama-se seguir dois cursos de uma só vez.


Chuang Tzu foi um grande filósofo taoísta chinês do Séc. IV a.C.


domingo, 23 de setembro de 2012

Os Benefícios do Tai Chi Chuan


Por Eda Dionysio Machado – Terapeuta Corporal
A Harmonização Interior desenvolve a harmonia corporal e equilíbrio das funções psíquicas e orgânicas, através de movimentos suaves baseados na Natureza.

O Tai Chi Çhuan se baseou na natureza - da observação de animais, por exemplo - mas sua efetiva fonte de energia encontra-se totalmente em nosso interior. Apesar de suas raízes estarem na antiga CHINA o Tai Chi Chuan é muito indicado para os ocidentais.

Ele pode dar aos que vivem num ritmo veloz das cidades urbanas, um fator de compensação em suas yidas.

O Tai Chi Chuan é composto de movimentos circulares, concomitantes com respiratórios, que vão relaxando o corpo a medida que são efetuados, sem utilização da força física.

A sequência aprendida dos movimentos são continuas, delicadas e circulares, desenvolvendo o alongamento do corpo e ativando a circulação do praticante, além de relaxar os músculos.

Desenvolve a harmonia, equilíbrio, leveza, sensibilidade e saúde, relaxa a mente assim como o corpo.

Auxilia a digestão, acalma o sistema nervoso, é benéfico para o coração e a circulação sanguínea, tornam flexíveis as articulações e rejuvenesce a pele.

Com seus movimentos flexíveis e circulares, não exigindo esforço físico, pode ser praticado por pessoas de qualquer idade, inclusive, e, principalmente por pessoas de terceira idade.

METODOLOGIA
Automassagem, meditação, exercícios respiratórios, alongamentos, movimentos de Tai Chi Chuan e relaxamento.

BENEFÍCIOS PARA A SAÚDE:
- Melhora da Circulação Sanguínea, Aparelho Respiratório e Sistema Glandular.

- Fortalecimento dos ossos e Revigoramento da Vitalidade.

- Restabelecimento do Equilíbrio, Controle das Emoções e Clareza de Pensamento.

- Aumento de Percepção, Criatividade e Autoconfiança.

O Tai Chi Chuan é para ser praticado Sempre.

Não há um tempo determinado para o Curso especificamente, cada aluno desenvolve de acordo com suas facilidades ou dificuldades em absorver a sequência dos movimentos.

Aprendida a sequência, pode ser praticado indefinidamente, aprimorando-se a concentração, relaxamento e leveza a cada dia.

OS PRINCÍPIOS DOS MOVIMENTO DO TAI CHI CHUAN
- Os Movimentos em Tai Chi Chuan, baseiam-se na COORDENAÇÃO: da MENTE, do CORPO INTERNO e do CORPO EXTERNO.

MENTE
- É essencial que a mente do estudante esteja tranquila e concentrada. A atitude Mental Correta para praticar é a quietude, concentrada. No Tai Chi Chuan o Interior move o Exterior.

MOVIMENTO INTERIOR
- RESPIRAÇÃO: a respiração é a Energia da Vida.

O praticante de Tai Chi Chuan regula a respiração em harmonia com o movimento do seu corpo para obter SAÚDE.

- CIRCULAÇÃO do SANGUE: a respiração controla a circulação do sangue.

O estudante de Tai Chi Chuan usa o movimento para ajudar o "CHI”, sua energia interior e a acelerar a circulação do sangue. A Circulação e a Energia impulsionam os membros de maneira harmônica.

MOVIMENTO EXTERIOR
- SUAVIDADE: os movimentos devem ser suaves e regulares, Executando-se as formas em um mesmo ritmo.

- EQUILÍBRIO : cada forma exige equilíbrio.

O Praticante não se inclina nem para frente, para trás, esquerda ou direita, a fim de sentir-se equilibrado, concentrado e confortável nas posturas.

- CENTRALIZAÇÃO - o tranco do corpo deve estar ereto e numa posição central. Nas costas, do cóccix ao topo da cabeça,

O corpo do aluno deve manter-se em linha reta. O corpo está Ereto. Cada Osso e Órgão devem estar na sua posição correta.

O Peso do Corpo deve repousar no meio dos pés, Nunca nos artelhos Nem nos calcanhares. Dessa maneira o praticante pode apoiar todo o corpo sem se cansar.

- RELAXAMENTO: o relaxamento do corpo e da mente é crucial hoje em dia, devido ao ritmo de nossas cidades industriais.

A capacidade de relaxar, quando desenvolvida, auxilia na Prevenção de Doenças.

- CONTINUIDADE no Tai Chi chuan, cada forma é seguida, contínua e naturalmente da forma anterior.

A COORDENAÇÃO entre o CORPO, MENTE e a RESPIRAÇÃO é ESSENCIAL.

sábado, 22 de setembro de 2012

Sem-Teto por 4 Dias


Não sei por que alguma coisa nisso me incomoda... um Budismo engajado ligado a uma transnacional religiosa...? A explicação é plausível e tem seus alicerces nas prática budistas de enfraquecimento do Ego pela mendicãncia, mas salvo erro é, organizada por uma entidade chamada Zen Peacemakers fundada por Ben Glassman de 73 anos, criador de uma  padaria que "foi criada para dar empregos a uma população de sem-teto e usuários de drogas que hoje, fornece para alguns dos melhores restaurantes e hotéis de Nova York" e "é um negócio que fatura hoje US$ 7 milhões por ano" segundo reportagem na Folha de São Paulo:
 (http://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/1154714-nunca-estamos-no-controle-diz-mestre-zen-criador-do-retiro-de-rua.shtml). 
Os participantes são em sua maioria de classe média alta ou alta que realmente teriam uma experiência importante de se colocar no papel do "invisíveis" que habitam a periferia do seu mundo todos os dias, ao mesmo tempo que teriam que arrecadar R$ 400,00 destinados a caridade... Um Caminho de Santiago entre mendigos? ou um Spa com os sem-teto? Pode ser que essa experiência enriqueça aqueles que vivem um dia a dia abastado e sem privações, mas viver nas ruas por si só não faz de ninguém Iluminado, se fosse assim a cidade estaria cheia de Budas...

*** 

Por Alessandra Kormann
 Feriado de Sete de Setembro. Sol, céu azul, mais de 30°C. Dois milhões de carros deixam a capital. Um grupo de 23 pessoas, entre empresários, estudantes e profissionais liberais, começa outra viagem, bem diferente. O destino deles é o centro de São Paulo, em cujas ruas vão morar por quatro dias e três noites, dividindo o espaço com os sem-teto da região.

"Já viajei muito, já estive no Japão, na Índia, no Nepal, mas esse é o lugar mais longe para onde já fui", afirma a artista plástica Leonor Fridman, 49, horas antes de o retiro de rua começar.

Criado pelo mestre budista Bernie Glassman, fundador da ordem Zen Peacemakers (leia à pág.6), o evento acontece há 17 anos em cidades como Nova York, Boston, Denver, Paris e Zurique. No ano passado, foi realizado o primeiro da América Latina, em São Paulo, onde é organizado pela Comunidade Zen Budista do Brasil.

De acordo com o mestre Genro Gauntt, um dos coordenadores, o propósito é "despertar para a inteireza e a unidade da vida". Numa livre tentativa de tradução, a ideia é perceber que todos estão conectados, que um depende do outro no mundo.

"Não é um passeio. É uma experiência de estar na rua, olhando os invisíveis", diz a designer Adriana Muniz Retamal, 40, que saiu de Uberlândia para fazer o retiro. "Espero com isso ter uma compreensão maior da realidade. É mais seguro nos fecharmos em casa e no trabalho, sem contato com esse lado mais punk da vida."

A preparação começa meses antes, com a primeira lição prática de humildade: pedir doações para passagens e hospedagem dos mestres que coordenarão o retiro. Cada participante deve arrecadar R$ 400, que não podem vir de recursos pessoais. O que sobra vai para os sem-teto.

Não é permitido levar quase nada nesse exercício: só a roupa do corpo, em camadas que podem ser retiradas ou sobrepostas; remédios de uso contínuo, se for o caso; capa de chuva; uma garrafa de água, para reabastecer onde for possível; uma mochila; e o bilhete de metrô para a volta. Nada de celular ou escova de dente. Para se misturar mais facilmente aos sem-teto, os participantes são orientados a ficar dias sem lavar o cabelo e sem se barbear.

"Como sou vegetariana e faço uma dieta com micronutrientes, eu tinha colocado na mochila uvas-passas, castanhas-do-pará e damascos, com medo de ter hipoglicemia. Enquadrei esses alimentos na categoria de remédio (é permitido levar). Também tinha álcool em gel", conta Leonor. "Mas aí me dei conta de que eu iria ficar muito confortável, então tirei tudo."

O grupo não tem um roteiro predefinido, só algumas práticas diárias de meditação e rodas de conselho em que todos trocam experiências.

O lugar para dormir é a rua propriamente dita. Nada de albergues, para não tirar o lugar dos mendigos "reais".

A alimentação deve vir de doações (em dinheiro ou espécie) ou ser obtida nos projetos públicos e de organizações sociais e religiosas que atendem a população de rua.
A empresária Mônica Toledo Silva, que não revela a idade ("Ainda não me desapeguei do medo de envelhecer"), diz estar ansiosa.

"Parece que estou indo a um reality show, desses em que a pessoa fica um tempo no mato ou numa ilha comendo lesmas. Sendo sincera, o que me moveu não foi a espiritualidade, mas sim a curiosidade, a aventura de viver na rua. Tinha até um casamento para ir em Ibiza no feriado, mas nem pensei em desistir."

Durante o retiro, o marido de Mônica, o médico Jorge Ethel Filho, 64, andava pelas ruas do centro na esperança de encontrá-la -em vão. "Estou preocupado se eles vão achar banheiro, como vão se arranjar. Mas vai ser uma experiência e tanto para ela."

O grupo dormiu as três noites no centro antigo de São Paulo, ao relento, sobre papelão. Todos bem juntos, para fugir do frio.

Alguns sem-teto resistiram à nova companhia. "Nos chamaram de 'playboys de papelão'", disse a designer Adriana Muniz. Outro xingou: "Vocês são um bando de fracassados, mais fracassados do que nós", contou ela. Mas, segundo essa participante, surgiram também muitos solidários: "Foram luzes no nosso caminho. Um dos que nos chamou de 'playboys' acabou nos levando comida".

Na volta da experiência, vários participantes relataram que alguns moradores de rua cederam ao grupo zen a própria comida e os melhores lugares para dormir.
"Nunca me senti tão protegida, tão livre. A rua é abundante, nada faltou. Todos os meus medos ruíram. Comi muito bem, frutas, saladas. Nunca me imaginei comendo sob um viaduto; um dia provei ali o feijão mais delicioso da vida. Numa noite, um morador de rua nos trouxe salada fresquinha, paçoquinhas, sanduíches", conta Leonor.

"Senti muito forte a interdependência de todas as coisas. Tenho gratidão por ter tido o privilégio de estar ali e não em uma praia ou qualquer resort do mundo."
A empresária Mônica teve sensação parecida. "Quando eu estava lá, não era mais um reality show, não era mais uma aventura. Era estar igual a todo o resto, sem pena, sem culpa. Com a força da sangha [grupo], despertei uma parte de mim que não enxerga 'eu e os outros', mas sim o todo."

Para Duda Groisman, 42, que há três anos era vice-presidente de multinacional e largou tudo para tocar projetos sociais, o retiro serviu para confirmar o acerto da sua escolha: "Hoje ninguém compra o meu tempo por dinheiro nenhum. É preciso respeitar o tempo em que as coisas acontecem, e o presente é sempre o melhor lugar em que eu posso estar".

O músico Léo Rodrigues, 28, concorda. "Moradores de rua nos dão a presença: você fala, eles escutam com atenção, olham no olho. Na rua, é preciso pensar em uma coisa de cada vez, onde achar comida, papelão para dormir etc. É algo que a sociedade não costuma dar, estamos sempre fazendo várias coisas ao mesmo tempo. É muito libertador viver o presente."

A dificuldade para dormir que ele teve foi aprendizado, diz. "O chão é frio, duro. Não tinha nada para usar de travesseiro. Acordei torto. A noite ficou muito mais longa. Mas, por mais longa que fosse, uma hora amanhecia. Isso deu mais paz para esperar. Não importa o tamanho do desespero, uma hora acaba."

O próximo retiro de rua está previsto para 7/9/2013.
Informações: zendobrasil@gmail.com ou pelos http://zendobrasil.org.br e www.monjacoen.com.br.


sexta-feira, 21 de setembro de 2012

A Medicina Tradicional Chinesa

Por Wilson Weigi
Na China de milhares de anos atrás, um soldado sentia terríveis dores de cabeça. Certo dia, numa batalha, levou uma flechada no pé. Depois que um curandeiro retirou a seta e tratou a ferida, as persistentes enxaquecas do guerreiro desapareceram como por encanto. Intrigado, o sábio experimentou espetar espinhos e fez uma relação entre a área do ferimento, próxima ao tendão de aquiles, e o alívio de dores localizadas em outras regiões, mesmo distantes, na cabeça. Assim, aprendeu a tratar diversos problemas de saúde usando o mesmo artifício: acionar pontos-chave do corpo.

Esse relato, sem nenhuma referência de data ou local, se estabeleceu no imaginário popular como a descoberta da acupuntura, a faceta mais conhecida da medicina tradicional chinesa (MTC) entre os ocidentais. A história não passa de lenda: há variações dela em que o soldado vira caçador, a flecha, um dardo, e por aí vai. O que existe de concreto é que, no lugar exato da descrição do ferimento do tal soldado, a acupuntura assinala um ponto chamado kunlun, que tem propriedades analgésicas. Por ele, passa um caminho, um meridiano que começa no canto do olho e termina no pé.

Praticados ainda hoje, os princípios da MTC foram estabelecidos há cerca de 5 mil anos. Baseados no conceito de que a saúde do homem é fruto do equilíbrio da energia vital, os chineses desenvolveram os métodos terapêuticos que compõem seu repertório: além da acupuntura, há a fitoterapia (o uso de plantas medicinais em forma de chás, extratos e cápsulas), a dietoterapia (que combina cores e sabores dos alimentos), as massagens (como o tui ná e o shiatsu) e os exercícios físicos, como o tai chi chuan e o lian gong.

Esses princípios se baseiam na concepção do Universo segundo o taoísmo, conjunto de tradições filosóficas e religiosas inauguradas pelo mestre Lao Tsé, um contemporâneo de Confúcio, que teria vivido no século 6 a.C. A filosofia do tao ("Caminho", em chinês), segundo a qual a natureza é harmônica e organizada, mas está em constante mutação, influenciou fortemente o budismo e o confucionismo, outras fontes da medicina chinesa. Na visão dos orientais, tudo o que existe no Universo é feito de energia, inclusive o ser humano. Para que haja saúde física e mental, a energia deve fluir e circular pelo corpo em equilíbrio e harmonia - os dois estados responsáveis pela ordem das coisas na natureza. "Quando há bloqueio ou estagnação de energia no organismo, surgem as doenças", diz o médico Ysao Yamamura, chefe do setor de medicina chinesa e acupuntura da Unifesp. Sob essa perspectiva, nenhuma parte do corpo ou da psique pode ser levada em conta individualmente.

Os orientais chamam essa energia universal de qi (pronuncia-se tchí). Por volta do ano 50 d.C., o filósofo taoísta Wang Chong assim definiu a vida e a morte: "O qi forma o corpo humano da mesma forma que a água se transforma em gelo. E, como o gelo derrete, o corpo que morre volta a ser espírito". No século 11, outro filósofo, Zhang Zai, deu uma definição semelhante: "Um nascimento é a condensação do qi; a morte, sua dispersão".

"Não existe lugar onde o qi não esteja", afirma, por sua vez, o livro Huang Di Nei Jing, ou Princípios de Medicina Interna do Imperador Amarelo, antigo texto considerado até hoje a doutrina fundamental da medicina chinesa. Esse tratado de teoria e prática terapêutica foi estruturado em forma de perguntas e respostas: nele, Huang Di, o Imperador Amarelo, interroga o médico Qi Po sobre diversas questões ligadas à saúde. Não há consenso sobre a data de sua elaboração. Alguns especialistas estimam que sua origem esteja entre os séculos 4 a.C. e 2 d.C. Estranha é a enorme discrepância de datas entre a obra e seus protagonistas, já que o Imperador Amarelo teria vivido milênios antes, entre os anos 2698 e 2599 a.C. - a bem da verdade, nem se sabe ao certo se ele realmente existiu. A confusão se explica, em parte, pelo costume vigente na antiga China de atribuir a autoria de textos importantes a figuras históricas famosas. Nem vem ao caso: o Nei Jing tornou-se uma fonte essencial da medicina chinesa.

Os historiadores creditam ainda mais valor ao livro por constituir um marco do momento que a medicina dos orientais abandona um estágio primitivo de crenças baseadas na tradição xamânica, que atribuíam as doenças à ação de demônios (ou outros elementos sobrenaturais) e evolui para um embasamento filosófico que estabelece a influência sobre a saúde de fatores como dieta, estilo de vida, emoções e ambiente. "O Nei Jing ensina a colocar na prática médica os outros princípios do tao, como a dualidade yin e yang e a Teoria dos Cinco Elementos", diz Helena Campiglia, professora de MTC e acupuntura da Universidade de McMaster, no Canadá.

Eminentes médicos, sábios e filósofos desenvolveram pesquisas e fizeram notáveis descobertas que foram acrescentadas às práticas terapêuticas. Um dos períodos áureos da medicina chinesa foi a época da Dinastia Tem (206 a.C. a 220 d.C.), marcada pelo pioneirismo em combate a venenos, uso de ervas medicinais, anestesia e suturas. Quase nada se sabe da vida de grande parte desses antigos mestres: tanto que, muitas vezes, não há consenso sobre as datas de nascimento e morte. Suas histórias quase sempre são permeadas por parábolas. Os tratados que legaram à posteridade, porém, são concretos e lançaram bases para a medicina praticada ainda hoje.

A fitoterapia é um dos métodos terapêuticos mais difundidos no mundo ocidental. Um dado interessante é que as fórmulas chinesas costumam combinar três ou mais plantas: é raro uma erva ser usada sozinha. "Os chineses levam em consideração que cada planta tem o poder de atenuar ou potencializar o efeito de outra", afirma o professor Ysao Yamamura. De acordo com a tradição inspirada na realeza da antiga China, no topo da fórmula está a erva mais forte ou poderosa contra o desequilíbrio ou a patologia, considerada o "rei" ou "imperador", e, abaixo dela, as plantas que são "ministros" e combatem aspectos secundários do problema. Em seguida, as "assistentes" aumentam ou diminuem a ação do "imperador" ou aliviam seus possíveis efeitos colaterais nocivos. Pode haver ainda uma que atua como "mensageira" entre os vários escalões, focalizando a ação medicinal num órgão ou canal de energia específico.

Por volta do ano 200, o médico Wang Shuhe, discípulo de Zhang Zhongjing, escreveu o primeiro tratado de pulsologia - método de diagnóstico por meio da artéria do pulso -, em que identifica 24 tipos de pulsação, discorrendo sobre o assunto em nada menos do que 350 páginas. "A técnica provavelmente surgiu da necessidade de o médico fazer o diagnóstico quando era proibido ver as mulheres na corte imperial", afirma Helena Campiglia. "Por meio do pulso, consegue-se avaliar a condição de órgãos como estômago, fígado e coração, entre outros."

Outra forma de diagnóstico que parece curiosa aos olhos ocidentais, a observação da língua, surgiu em algum momento durante a Dinastia Shang (1600 a 1000 a.C.). Na visão chinesa, por ter contato com o ar, a língua é considerada um órgão externo e nas suas diferentes regiões também estão representadas outras partes do corpo. A avaliação da face do paciente, outra parte importante das consultas médicas, se desenvolveu entre os anos 500 e 300 a.C. Segundo esse tipo de análise, existem correspondências entre as regiões do rosto e os órgãos vitais. A condição do coração, por exemplo, se revela na testa.

Nessa época, também floresce um sistema de saúde em que atuavam médicos de diversos níveis de status, aprendizes e farmacêuticos. Já durante a Dinastia Chin (265 a 420), foi criada uma universidade imperial, que já contava com a medicina entre as disciplinas. Um pouco mais tarde, várias invenções chinesas, como a imprensa, a bússola e a pólvora, assinalavam o período da Dinastia Song (960 a 1279), que ficou marcado também pela atuação de sábios polivalentes, como o pediatra Qian Yi, que fez várias descobertas sobre o combate a doenças como sarampo e escarlatina.

Só faltava esse manancial de informação chegar ao Ocidente. Isso aconteceu a partir do século 13 (época em que a Europa vivia assolada pela peste e por outras pragas), principalmente por meio dos padres jesuítas portugueses que se dedicavam à catequese no Japão. Eles levaram aos continentes europeu e africano alguns fundamentos da "medicina exótica" que se praticava ali. Nos séculos 16 e 17, a medicina das ervas e agulhas experimentou um boom entre os ocidentais, propagada por médicos residentes nas terras do Oriente. O Grande Tratado de Matéria Médica, de autoria do médico Li Shizhen, chegou a ser traduzido para diversos idiomas. O interesse pelas práticas foi esfriando, porém, e assim permaneceu até as primeiras décadas do século 20, em parte por causa da crescente influência dos valores ocidentais sobre a cultura chinesa.

Por pressão inglesa, a China baniu suas tradições médicas em 1912. A revolução comunista liderada por Mao Tsé Tung resgatou o conhecimento milenar e ofereceu seus tratamentos na rede pública de saúde como uma forma de ampliar o atendimento à população. Apesar do regime fechado, Mao estimulou o intercâmbio de formação de especialistas em acupuntura, tui ná e outras técnicas com vários países. Coube a Georges Soulié de Morant um importante papel no resgate das terapias orientais: diplomata, ele viveu na China e traduziu para o francês, sua língua natal, vários livros sobre acupuntura, entre eles A Acupuntura Chinesa, de 1941. A modalidade voltaria à ordem do dia no Ocidente quando o jornalista James Reston, do The New York Times, espalhou nos anos 1970 que, graças às agulhadas precisas, havia tido uma convalescência rápida e indolor depois de operado de apendicite numa viagem à China. Na mesma época, os hippies aderiram às religiões orientais e as difundiram entre os jovens de todo o mundo - a fitoterapia e utras práticas acabaram disseminadas nessa onda.

Apesar da popularização, a MTC ainda encontra certa resistência na comunidade médica, baseada especialmente na falta de comprovação científica de resultados obtidos pelos tratamentos ou de seus mecanismos de funcionamento. "Mas há um avanço nessa aceitação", diz Yamamura. O Brasil é um exemplo. Aqui, pode-se fazer pós-graduação na área e a acupuntura é reconhecida como uma especialidade médica pelo Ministério da Educação e Cultura, pelo Ministério da Saúde e pelo Conselho Federal de Medicina.

Para os orientais, tudo o que existe pode ser associado a padrões. E a forma como os taoístas classificaram e organizaram a ordem do Universo se estabeleceu na Teoria dos Cinco Elementos. Por serem naturalistas, os filósofos adotaram elementos da natureza para identificar qualidades. Eles costumam ser também relacionados a cores, sabores, emoções, sentidos e órgãos. A medicina chinesa foi pioneira em identificar as consequências patológicas da somatização - defende que as doenças podem ser causadas pelas emoções, e vice-versa.

De acordo com a Medicina Tradicional Chinesa, há 12 linhas principais por onde a energia vital percorre o corpo. "Para os chineses, a energia circula no homem pelos meridianos, caminhos distribuídos no corpo inteiro", diz a médica Helena Campiglia, professora da Associação Médica Brasileira de Acupuntura e da Universidade de McMaster, em Toronto, Canadá.

A acupuntura utiliza, segundo ela, cerca de 400 a 800 pontos identificados ao longo desses meridianos, que podem ser acionados para favorecer ou reter a circulação da energia, o que estaria por trás das doenças. Outras terapias chinesas também se apoiam na ideia dos meridianos, como a dietoterapia e massagens, como o tui ná.

O yin e yang é a união fundamental dos opostos. Observando a natureza, os taoístas notaram que, por trás dos aparentes caos e aleatoriedade dos fenômenos da natureza, existiam ciclos previsíveis, baseados na polarização de energias que, ao mesmo tempo em que se opunham, também se complementavam, o que foi batizado de yin e yang. Segundo a tradição chinesa, o Universo, antes de ser "uno", dividiu-se em dois e depois em milhares, milhões e bilhões de partes. A primeira divisão, em yin e yang, encerrou os princípios básicos de tudo o que existe. "Essas polaridades também se definem e estão contidas uma na outra: luz e escuridão, inércia e movimento, contração e expansão, céu e terra, morte e vida, feminino e masculino, passivo e ativo, razão e emoção são alguns exemplos de polaridades yin-yang", diz Helena Campiglia. Dentro dessa concepção, a vida só pode existir enquanto as duas forças estiverem em equilíbrio e o mesmo princípio se aplica aos conceitos de saúde e doença. Para a medicina chinesa, alguém saudável mantém o equilíbrio entre essas energias opostas.

Saiba mais:
Psique e Medicina Tradicional Chinesa, Helena Campiglia, Editora Roca, 2004.
A análise e o tratamento de problemas psíquicos segundo a MTC.
Princípios de Medicina Interna do Imperador Amarelo, Bing Wang, Ícone Editora, 2001.

Fonte:http://guiadoestudante.abril.com.br/estudar/historia/confira-historia-medicina-tradicional-chinesa-682330.shtml?utm_source=redesabril_jovem&utm_medium=facebook&utm_campaign=redesabril_avhistoria&

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