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terça-feira, 27 de março de 2012

O Carro Maldito do Arquiduque Franz Ferdinand

Por Philippe Piet van Putten
Em 28 de junho de 1914, o arquiduque Franz Ferdinand, da Áustria, recebia o novíssimo carro de passeio feito especialmente para a visita que ele e sua esposa faziam a Sarajevo, na Iugoslávia. O casal e sua comitiva se deslocavam pelas ruas da cidade, no veículo de polida cor vermelha, quando um jovem enfurecido atirou contra o arquiduque e sua mulher, que morreram no local. Este assassinato foi o estopim da Primeira Guerra Mundial, com 20 milhões de óbitos.

Uma semana após a deflagração da guerra na Europa, o general Potiorek, da Áustria, apoderou-se da casa do governador de Sarajevo e também do carro. Vinte e um dias depois, o general sofreu uma arrasadora derrota na Batalha de Valievo, perdeu o comando e foi mandado de volta para Viena, onde morreu pobre e mentalmente doente.

O veículo passou à guarda de um capitão que colaborara com Potiorek. Nove dias depois, dirigindo em alta velocidade, o capitão matou dois transeuntes e morreu ao colidir com uma árvore.

Após a guerra, o novo governador ficou com o automóvel e mandou restaurá-lo. Em quatro meses ele sofreu quatro acidentes.

A má reputação do calhambeque não impressionou um tal dr. Srkis, que o adquiriu por uma bagatela. Passados seis meses, o médico foi encontrado morto, esmagado, ao lado do carro que virará sobre ele. A mulher do médico vendeu o veículo para um joalheiro, que o aproveitou por um ano, até suicidar-se.

O próximo proprietário foi outro médico, cujos pacientes o abandonaram com medo da maldição. O doutor vendeu o automóvel para um corredor suíço, que morreu ao entrar numa competição automobilística com o carro.

Em seguida, um fazendeiro assumiu o calhambeque, fez reformas nele e dirigiu por muitos meses sem problemas. Certa manhã ao tentar rebocá-lo, perdeu o controle da viatura e faleceu numa curva. Tiber Hirsh-field, dono de uma garagem, comprou o veículo, que restaurou e pintou de azul. Indiferente à maldição, morreu com quatro amigos numa batida.

Reconstruído com verbas do governo, o famigerado carro foi mandado para um museu em Viena. Na Segunda Guerra, uma bomba dos Aliados caiu sobre o museu e reduziu o indesejado objeto a lata.

Publicado na Revista Planeta, número 198 de março de 1989.

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