Por Philippe Piet van Putten
Em
28 de junho de 1914, o arquiduque Franz Ferdinand, da Áustria, recebia o
novíssimo carro de passeio feito especialmente para a visita que ele e sua
esposa faziam a Sarajevo, na Iugoslávia. O casal e sua comitiva se deslocavam
pelas ruas da cidade, no veículo de polida cor vermelha, quando um jovem
enfurecido atirou contra o arquiduque e sua mulher, que morreram no local. Este
assassinato foi o estopim da Primeira Guerra Mundial, com 20 milhões de óbitos.
Uma
semana após a deflagração da guerra na Europa, o general Potiorek, da Áustria,
apoderou-se da casa do governador de Sarajevo e também do carro. Vinte e um
dias depois, o general sofreu uma arrasadora derrota na Batalha de Valievo,
perdeu o comando e foi mandado de volta para Viena, onde morreu pobre e
mentalmente doente.
O
veículo passou à guarda de um capitão que colaborara com Potiorek. Nove dias
depois, dirigindo em alta velocidade, o capitão matou dois transeuntes e morreu
ao colidir com uma árvore.
Após
a guerra, o novo governador ficou com o automóvel e mandou restaurá-lo. Em
quatro meses ele sofreu quatro acidentes.
A
má reputação do calhambeque não impressionou um tal dr. Srkis, que o adquiriu
por uma bagatela. Passados seis meses, o médico foi encontrado morto, esmagado,
ao lado do carro que virará sobre ele. A mulher do médico vendeu o veículo para
um joalheiro, que o aproveitou por um ano, até suicidar-se.
O
próximo proprietário foi outro médico, cujos pacientes o abandonaram com medo
da maldição. O doutor vendeu o automóvel para um corredor suíço, que morreu ao
entrar numa competição automobilística com o carro.
Em
seguida, um fazendeiro assumiu o calhambeque, fez reformas nele e dirigiu por
muitos meses sem problemas. Certa manhã ao tentar rebocá-lo, perdeu o controle
da viatura e faleceu numa curva. Tiber Hirsh-field, dono de uma garagem,
comprou o veículo, que restaurou e pintou de azul. Indiferente à maldição,
morreu com quatro amigos numa batida.
Reconstruído
com verbas do governo, o famigerado carro foi mandado para um museu em Viena.
Na Segunda Guerra, uma bomba dos Aliados caiu sobre o museu e reduziu o
indesejado objeto a lata.
Publicado
na Revista Planeta, número 198 de março de 1989.
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