Seguidores

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Estradas Romanas ou Todos os Caminhos Levam a Roma

Os Romanos construíram, por toda a velha Europa, estradas ligando a capital do seu império às cidades mais remotas, isto 300 anos antes de Cristo. O complexo sistema viário por eles criado tinha mais de 90.000 Km e permitia ligar, por exemplo, o norte da Escócia com o norte de África ou Scallabis (Santarém) com cidades do mar Negro, na Ásia.

A primeira estrada romana a ser construída foi a célebre VIA APPIA ,no ano 312 antes de Cristo que ligava Roma a Brindes, perto de Pompeia. Se é certo que antes do Império Romano já existiam rotas, caminhos e trilhos pela Europa e Ásia, foram os romanos que os organizaram como rede viária coerente, interligando itinerários principais com secundários, aperfeiçoando a sua construção e sinalização.

No início, o sistema foi desenhado com fins políticos e militares para manter um controle sobre as zonas conquistadas. Legionários, funcionários, comerciantes ou populações locais usavam estas vias, normalmente empedradas que vertebravam todo o Império Romano, já que este necessitava de todo o tipo de matéria prima e produtos já elaborados.

Estas estradas eram feitas aplainando o terreno e depois da terraplanagem era aberto um cabouco profundo onde se colocava uma camada de pedras graúdas com a espessura de 30 a 60 cms, conhecida como statumem, sendo esta a parte mais importante da obra, pois sobre ela se faria a futura via.

Sobre o statumem era colocada areia e gravilha (20 cm), camada conhecida como rudus e por cima desta outra de igual espessura constituída por pedra triturada misturada com cal, designada de nucleus.Finalmente todo este conjunto estrutural era coberto por lages talhadas e ajustadas, por forma a obter um pavimento uniformemente liso .
  

 O pavimento ligeiramente abaulado mais alto ao centro permitia a drenagem da água das chuvas para as valetas. Para além da zona empedrada da estrada, era limpa de vegetação uma faixa de terreno com dois a três metros, em declive e com drenagem que constituía a zona de segurança e estabilidade da obra.

Tal como hoje há marcas pintadas nos pavimentos, ou passeios para peões, assinalando o limite lateral da via,naqueles tempos usavam-se os crepidines, muretes laterais com 45 cm de altura e 60 de largura.


A construção das estradas era supervisionada por um diretor (curator viarium) que delegava no architectus (arquiteto) a sua execução. Este, por sua vez, tinha sob as suas ordens um agrimensor e um nivelador (atuais topógrafos) cuja função era traçar estradas o mais planas e retilíneas possível.



Em tempo de paz eram os legionários que as iam construindo, pois os salários pagos não eram assim considerados um desperdício, daí que as Legiões tivessem os seus próprios agrimensores e niveladores. Em tempo de guerra eram usados escravos, presos de delitos comuns, criminosos e prisioneiros de guerra.

Normalmente calcetadas (glareae stratae), possuíam um bom escoamento de águas pluviais e marcos miliários para marcar a distância percorrida de 1.000 passos (1.478 metros). Estes marcos podiam conter o nome e títulos do imperador que havia autorizado a construção, a data do início da construção ou o nome dos construtores (evergetas), ou ainda outras informações consideradas importantes. Eram de forma e tamanho variáveis normalmente cilíndricos. Por vezes havia marcos menores indicando a meia milha.



 As estradas tinham largura variável consoante o trânsito local, algumas chegando aos seis metros e eram desenhadas por forma a evitar zonas inundáveis, possuindo pontes de pedra para atravessar os cursos de água, ou pontes de madeira em zonas onde a pedra era difícil de obter. Como a ponte Trajano construída entre os séculos I e II d.C. na entrada da cidade Aquae Flaviae (Chaves), onde se pode ver um marco miliário.


 Ao longo das estradas principais encontravam-se locais de descanso para os soldados e viajantes, bebedouros para os animais que puxavam os carros , isto é, as modernas áreas de serviço das nossas estradas.

Pelas estradas circulavam, por vezes, mensageiros rápidos do imperador usando um selo próprio para não serem detidos pela guarda das torres de vigilância que, em sítios estratégicos,controlava o fluxo de passageiros e mercadorias transportadas em carroças cobertas e com suas rodas de madeira protegidas por aros de ferro.







0 comentários:

Postar um comentário