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domingo, 24 de abril de 2011

A Tecnologia É Capaz de Modificar Nosso Cérebro

c bem mais do que cremos. Modificações físicas que inclusive foram monitoradas em diversos experimentos. Esta é a razão, por exemplo, de que muitas sociedades adotem decisões a respeito de como implementar diferentes tecnologias. Os japoneses proibindo o uso de armas de fogo durante dois séculos para conservar a cultura samurai tradicional. As comunidades amish recusando os carros motorizados e outras tecnologias modernas.

Tudo isso porque a tecnologia influi nos cidadãos e em sua forma de relacionar-se entre eles e com o seu meio. A tecnologia também determina o curso da história: os novos meios de transporte expandiram e reorganizaram o comércio; os novos armamentos alteraram o equilíbrio de poder entre os Estados.

Mas estas mudanças também acontecem a nível neurológico. No caso dos primatas, segundo uma experiência em laboratório, quando são ensinados a usar ferramentas simples, como ancinhos e pinças para pegar alimentos que de outra maneira ficariam longe de seu alcance, há um crescimento da atividade neuronal significativo nas áreas visuais e motrizes relacionadas com o controle das mãos que sustentam as ferramentas.

O experiência que foi publicada em Proceeding of the National Academy of Sciences (PNAS) em 2008 também descobriu algo ainda mais surpreendente: os ancinhos e pinças foram incorporados, de fato, aos mapas cerebrais das mãos dos símios. As ferramentas converteram-se em partes de seu corpo. Os pesquisadores que realizaram a experiência dizem que o cérebro dos macacos começou a agir como se as pinças fossem dedos da sua mão.

Para que nossos cérebros se modifiquem não é necessário nem sequer que usemos certas ferramentas com nossas mãos ou pés, basta apenas que essas ferramentas nos obriguem a pensar ou deixar de pensar em determinadas coisas. Por exemplo, o uso de um carro com freqüência pelas engarrafadas ruas de Londres mudou fisicamente o cérebro dos taxistas londrinos.

Um grupo de pesquisadores britânicos, no final da década de 90, escaneou os cérebros de 16 taxistas de Londres que tinham entre 2 e 42 anos de experiência no volante. Quando compararam as imagens escaneadas com as do grupo de controle, descobriram que a parte posterior do hipocampo dos taxistas, uma parte do cérebro que desempenha um papel chave no aramzenamento e na manipulação de representações espaciais, era bem maior que o normal. Ademais, quanto mais tempo tinha um taxista nesse trabalho, maior tendia a ser seu hipocampo posterior.

Ser taxista em Londres ou em outra grande metrópole, pois, parece ser um treinamento muito efetivo para o cérebro. Mas toda potencilização de uma área do cérebro pode acarretar uma redução de outra área, como ocorreu com os taxistas analisados: a parte anterior do hipocampo era menor em média, ao que parece em conseqüência da necessidade de acomodar a ampliação da zona posterior.

Testes posteriores indicaram que a diminuição do hipocampo anterior poderia ter reduzido a aptidão dos taxistas para outras tarefas de memorização. O constante processamento espacial necessário para mover-se pela intrincada rede viária de Londres estava associada uma redistribuição relativa da matéria cinzenta no hipocampo.

Sendo assim é melhor avisar a namorada para que não se assuste se um dia começar a apertar a sua mão como se fosse o controle do video game ou ainda os botões de um mouse.

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