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sexta-feira, 1 de abril de 2011

A Origem do "Tchê"

No Brasil existem muitos regionalismos. Quem já não ouviu um gaúcho dizer: “Barbaridade, Tchê”? Ou de modo mais abreviado “bah, Tchê”? Mas de onde viria essa interjeição? Abaixo seguem três sugestões de origens:

Podemos encontrar como primeira origem possível para a expressão “tchê”, muito usada no Rio Grande do Sul, a partir do espanhol “che”, que seria uma interjeição semelhante ao nosso “ei”. O termo usado no espanhol dos argentinos, uruguaios e paraguaios das regiões fronteiriças do Brasil, teria sido incorporado ao português entre os séculos 18 e 19 do dialeto rio-platense falado na bacia do Rio da Prata pelos índios guaranis, jesuítas, população ribeirinha e bandeirantes. O gaúcho adotou o termo por sua proximidade com os vizinhos.

Uma outra origem possível para o “tchê”, mas com menos base e fontes para confirmação, estaria na expressão "che iru” do tupi guarani que significa "amigo" e também significa "eu" e "meu". Esta palavra tão usada pelos gaúchos incorporou-se tanto no português do Rio Grande do Sul como no espanhol dos argentinos e uruguaios dos pampas fronteiriços ao Brasil por influência também da língua guarani do Paraguai.
O famoso guerrilheiro argentino que participou da revolução cubana, Ernesto Guevara, que morreu na Bolívia em 1967, era chamado de "Che" (como é escrito "Tchê" no espanhol). Portanto, Che Guevara significaria "Amigo Guevara".

Entretanto, existe mais uma sugestão para a origem da expressão “tchê” que viria de uma época bem antes até mesmo do surgimento das línguas Portuguesa e Espanhola e, portanto, antes da influência do Tupi-Guarani na língua brasileira, pois trata-se de uma expressão anterior à colonização. Essa é bem mais presente em livros Históricos e da cultura Uruguaia e Argentina.

Muitos anos, antes da descoberta do Brasil, o latim marcava acentuada presença nas línguas europeias como língua culta e científica. Além disso o fervor religioso era muito grande entre a população mais simples. Por essa razão, a linguagem falada no dia, era dominada por expressões religiosas como: “vá com Deus”, “queira Deus que isso aconteça”, “juro pelo céu que estou falando a verdade”, e assim por diante.

Uma forma comum das pessoas se referirem a outra era usando interjeições também religiosas como: “Ô criatura de Deus, por que você fez isso”? Ou “menino do céu, onde você pensa que vai”? Muita gente especialmente no interior ainda fala desse jeito.

Os espanhóis preferiam abreviar algumas dessas interjeições e, ao invés de exclamar “gente do céu”, falavam apenas Che! (se lê Tchê) que era uma abreviatura da palavra caelestis (se lê tchelestis) e significa do céu. Eles usavam essa expressão para expressar espanto, admiração, susto. Era talvez uma forma de apelar a Deus na hora do sufoco. Mas também serviam dela para chamar pessoas ou animais.

Com a descoberta da América, os espanhóis trouxeram essa expressão para as colônias latino-americanas. Aí os Gaúchos, que eram vizinhos dos argentinos, acabaram importando também para a sua forma de falar.

Portanto exclamar “Tchê” ao se referir a alguém significa considerá-lo alguém “do céu”. Que bom seria se todos nos tratássemos assim. Considerando uns aos outros como gente do céu.

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