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sábado, 30 de abril de 2011

Bongô!

A primeira vez que ouvi o som de um bongô foi nos discos LP antigos de rumba, mambo e salsa do meu pai, que era, e é, fascinado por música caribenha (entre muitos outros estilos). De cara gostei do instrumento, além do som, gostei mais ainda mais por ser um instrumento pequeno para guardar e barato para comprar (meu primeiro bongô eu ganhei de presente de uma namorada). Mas me apaixonei realmente pelo instrumento, em uma das muitas “tardes musicais” na casa do meu  amigo Fernando Pita; onde ele desfilava sua vasta e eclética coleção dos mais diversos estilos desde rocks progressivos da escandinávia até raridades do undergroud e da MPB nacional. Numa dessas vezes ele me apresentou um LP de um violonista espanhol chamado Paco de Lucia, contendo uma música chamada “Entre dos aguas”, que além de uma exibição de talento e virtuosidade no instrumento de cordas, trazia uma execução de bongô que me deixou boquiaberto e eu logo quis aprender para poder tocar dez por cento do que eu ouvi esse cidadão (que até hoje não sei o nome) fazer. - Um dia eu chego lá! -  Abaixo, além de uma breve apresentação do instrumento para quem não o conhece, coloquei dois vídeos retirados do YouTube: um com a versão em estúdio de "Entre dos aguas" (que é a que eu mais gosto) e a outra com uma versão da música ao vivo de 1976, que pode  dar uma ideia de como se toca o intrumento:

***

O Bongô é um dos mais famosos integrantes dos Membrafones, é um Instrumento Musical de Percussão, do qual, o cidadão que o toca chamamos de bongocero, ou tocador de Bongô mesmo. Basicamente, ele é composto por dois pequenos tambores geminados, unidos entre si e percutido com os dedos.

Ninguém sabe ao certo onde o Bongô, surgiu. Tambores semelhantes já foram vistos no Egito antigo, no oriente médio, onde aliás, são conhecidos por “Marwas” e em Marrocos onde são chamados de “Tbila”. E tem ainda as Tablas, instrumentos Indianos, que são tipo uns primos distantes de nossos referidos Bongôs.

Já em sua forma moderna, a origem do Bongô “de hoje” é datada do século XIX, na província de Oriente, Cuba. Era um instrumento muito utilizado pelos grupos de Son e Changui, estilos musicais oriundos da fusão da música africana com a música espanhola, que deram origem ao grupo de ritmos conhecido hoje como Salsa. Seu uso por estes tornou-se menos significativo na década de 1940, quando as Tumbadoras foram introduzidas nas orquestras de baile.

Porém, nesta mesma época, o bongô começou a ser utilizado como o símbolo para os novos ritmos que surgiam. Seu tamanho e seu preço acessível fizeram do bongô uma moda, tanto como instrumento musical, como souvenir. Um famoso bongocero que ajudou na construção deste sucesso comercial foi Jack Costanzo, conhecido como Mr. Bongo, ao acompanhar Nat King Cole.

Outros grandes nomes deste instrumento, e que devem ser tomados como referência são: Ray Romero, Armando Peraza, Willie Rodriguez, Ray Barreto, Patato Valdez, Manny Oquendo e Mongo Santamaría.

Os Bongôs são em geral abertos na extremidade oposta da pele e o corpo é geralmente cônico e constituído de várias peças de madeira encaixadas e presas por um ou mais anéis metálicos, numa construção semelhante a um barril. Encontram-se também menos frequentemente, bongôs que são feitos de uma única peça de madeira escavada ou de meia seção de um coco ou cabaça.


O meu bongô.

Um dos tambores tem um diâmetro um pouco maior do que o outro. Embora não tenham altura definida, a tensão da pele pode ser ajustada para obter a faixa de timbres desejados. A diferença de tamanho faz com que um dos tambores seja mais grave do que o outro. O tambor maior e mais grave é chamado de hembra (fêmea em espanhol) e o menor e mais agudo é o macho.

O macho tem em média um diâmetro de 6 a 6½” (15 a 16 cm), enquanto a hembra possui este valor em torno de 7½ a 8″ (cerca de 20 cm). A pele utilizada pode ser de gado, cabra ou mula.

Em Cuba, é possível encontrar o uso de filmes de raio-X como pele para os Machos. Antigamente, a pele era pregada ao casco. Hoje, o sistema de afinação é feito através de aros de metal e parafusos.
Durante a execução, os bongôs são colocados em um suporte com altura ajustada para que o percussionista possa tocá-lo de pé. Também é possível tocá-lo sobre o colo, ou preso entre as pernas, com cuidado para que as aberturas não sejam bloqueadas.

O bongô é tocado por percussão da pele com as mãos. Sons diferentes podem ser obtidos se a pele for golpeada no centro ou na beirada e também há variações de acordo com a parte da mão utilizada. A ponta dos dedos proporciona um som mais brilhante enquanto que a palma gera um timbre abafado.

Efeitos adicionais podem ser obtidas se uma das mãos for usada para pressionar a pele de um dos tambores enquanto a outra é usada para bater. Isso permite variar a altura obtida pela mesma pele. Geralmente os dois tambores são tocados simultaneamente, um sendo usado para os baixos e o outro para as notas agudas, proporcionando células rítmicas bastante rápidas e complexas.

Os bongô são utilizados principalmente na música do caribe, tal como a rumba, salsa, merengue. Nestes ritmos normalmente é tocado junto com congas e tumbadoras. O padrão básico do bongô é o chamado martillo (martelo) que marca o primeiro e terceiro tempos sobre o macho e o quarto tempo sobre a hembra. As mãos se alternam, a direita marca os tempos e a esquerda preenche os espaços com variações rítmicas que permitem executar variações bastante criativas sem nunca deixar o papel de sustentação de ritmo.

Em uma orquestra tradicional, o bongocero possui duas funções. Durante a introdução, os versos e os oslos de dinâmica baixa, ele toca o bongô. Quando a música cresce, pelo fato do bongô ser um instrumento de volume sonoro inferior aos outros, o bongocerro troca de instrumento, passando a tocar a Campana (uma espécie de cow-bell, em espanhol, cencero).
  

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Globo Cor Especial

Já disse aqui em outro post que chegava correndo da escola para ver o “Mundo Animal” às 11:30h. Depois de ver os animais eu almoçava vendo TV e os desenhos do "Globo Cor Especial" que eu não perdia um. Só depois é que ia fazer os deveres de casa. Consegui no YouTube três aberturas do programa que seguem abaixo: A primeira de 1973, uma segunda sem data e com pequenas modificações e a terceira de 1978 ( a que eu menos gostei). 

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Globo Cor Especial era um programa que exibia desenhos animados e filmes seriados durante as décadas de 1970 e 1980. Estreou no dia 2 de abril de 1973 e ficou no ar de segunda a sexta feira até 04/03/1983. O programa era inteiramente dedicado ao público infantil, que se deliciava com os inúmeros desenhos, filmes e seriados enlatados exibidos nele.

Quando o Globo Cor Especial estreou, ia ao ar das 17h às 18h. Entre os desenhos então apresentados estavam Ligeirinho, A Fábrica de Mickey Mouse e Jackson 5, além das séries Abbott e Costello, Dick Van Dyke, Mary Tyler Moore e Família Do-Ré-Mi.

Em março de 1974, Globo Cor Especial foi transferido para o horário das 12h às 13h, nessa época Hong Kong Fu o cão lutador fazia a alegria da criançada.

Na década de 1980 o programa trocou novamente de horário, foi apresentado entre 11h50 e 12h50. Naquela época, Superamigos, desenho que reunia personagens como Superman, Batman, Mulher Maravilha, Robin e Aquaman, e Os Flintstones, entre outras atrações, eram os destaques.

A música de abertura marcou toda uma geração que assistia ao programa. Até os dias de hoje há quem se lembre do bordão na música criada por Nelson Motta e Marcos Valle:.

Cinto de Inutilidades
Não existe nada mais antigo
Do que caubói que dá cem tiros de uma vez
A vó da gente deve ter saudade, do Zing Pow,
Do cinto de inutilidades
No nosso mundo tudo é novo e colorido
Não tem lugar pra essa gente que já era
Morcego velho, bang-bang de mentira, vocês já eram
O nosso papo é alegria!.
Só alegria, só alegria.

Informações retiradas de: http://www.infantv.com.br/globocor.htm









quinta-feira, 28 de abril de 2011

O Mundo, Animal! Vol. 04: Daktari

Daktari foi uma série de TV com animais e seu tema que marcou época e ainda tem muita gente que se lembra da abertura. Consegui encontrar no You Tube o vídeo com a abertura que segue abaixo.






Sobre a série:
Daktari (em Swahili = "médico") é uma série de televisão estadunidense do gênero "Aventura", transmitida originalmente pela Rede CBS de 1966 a 1969. A produção foi da Ivan Tors Films Production em parceira com a MGM Television. No Brasil a série foi transmitida pela Globo.

A série foi baseada no filme de 1965 Clarence, the Cross-Eyed Lion com o famoso leão vesgo Clarence. Clarence aparece também na série e a câmara frequentemente mostra seus olhos e imagens dobradas para simular o seu problema de visão. O animal não pode caçar e com isso fica aos cuidados e se torna um dos mascotes do Dr. Tracy, um veterinário que vive na selva africana e cuida dos animais, tanto os domésticos dos nativos como os selvagens, feridos por caçadores ou com algum outro problema médico ou que se tornam ameaças.

O produtor Ivan Tors escreveu a história do Dr. Tracy inspirado no trabalho do Dr. A.M. "Toni" Harthoorn e a esposa Sue, que mantiveram um orfanato de animais em Nairóbi. Dr. Harthoorn realizou uma incansável campanha a favor dos direitos dos animais e desenvolveu juntamente com sua equipe o uso de armas com dardos tranquilizantes, capazes de sedarem os animais e com isso possibilitar a captura, sem machucá-los gravemente.

A clínica veterinária fictícia do Dr. Tracy é a Wameru Study Centre for Animal Behaviour localizada na África Oriental. O elenco da série é formado por:

Marshall Thompson... Dr. Marsh Tracy
Cheryl Miller... Paula Tracy, filha do doutor
Clarence... o leão vesgo
Judy...o chimpanzé
Ross Hagen .... Bart Jason (1968–1969)
Hedley Mattingley ....  Chefe distrital Hedley
Erin Moran ....  Jenny Jones (1968–1969)
Hari Rhodes ....  Mike Makula
Yale Summers ....  Jack Dane (1966–1968)
Erin Moran... Jenny Jones, ator de sete anos

De acordo com os créditos de encerramento, as filmagens foram na África e em "Marine World/Africa U.S.A., Califórnia", um rancho de 1 acre com 600 animais mantido na época pelos treinadores Ralph e Toni Helfer em Canyon Soledad ao norte de Los Angeles. Ralph Helfer foi o coordenador dos animais do programa. Leonard B. Kaufman, o produtor, escreveu para Shelly Manne que as locações da série foram em Moçambique. As cenas de interiores com os atores foram em África, U.S.A.. As cenas da clínica veterinária foram gravadas nos estúdios de Ivan Tors na Flórida.

O programa conta com uma música marcante com mistura de influências de jazz e sons africanos, uma composição de Shelly Manne e Henry Vars. O baterista de Jazz Shelly Manne gravou Daktari: Shelly Manne Performs and Conducts His Original Music for the Hit TV Show, na Atlantic Records em 1968. 


Nesse álbum, Mike Wofford toca piano e há também as participações dos percussionistas Emil Richards, Larry Bunker, Frank Carlson e Victor Feldman. Para conseguirem a sonoridade associada à África, Manne e seus companheiros amarraram soalhas nos tornozelos, tocaram órgão de boca tailandês, ocarinas, vibrafones, tímpanos e diferentes marimbas, conforme escrito na capa.


quarta-feira, 27 de abril de 2011

O Mundo, Animal! Vol 03: O Álbum "Ciências"

Continuando a série sobre bichos, hoje vou postar sobre um outro álbum de figurinhas que colecionei. o "Álbum Ciências" da Editora Vecchi  foi lançado em 1976 e baseado na série “Os Livros de Ouro da Juventude” dessa casa publicadora, abrangendo assuntos como o universo, flores e plantas, animais e o corpo humano. Com 287 desenhos e gráficos explicativos. Foi uma febre quando lançaram. E eu ainda tenho o meu.






















Informações e imagens retiradas do site Valise de Cronópio: 
http://ozlopesjr.multiply.com/photos/album/24/24 e do Google.

terça-feira, 26 de abril de 2011

O Mundo, Animal! Vol. 02: As Figurinhas


Num post anterior coloquei aqui uma reminiscência de minha infância, que já vai longe, sobre um programa que passava nas manhãs da Globo chamado “Mundo Animal”.  Ao prepará-lo lembrei-me de que na década de 70,  por volta de 1976, a Editora Abril lançou um álbum de figurinhas chamado exatamente de "Mundo Animal", baseado principalmente nas figurinhas da coleção "Os Bichos" da própria editora, lançado em 1970.

No prefácio do álbum a Editora faz uma campanha ecológica (adiantando em muitos anos algo que está na pauta de todas as discussões atuais) falando sobre o meio ambiente, sobre a interferência do homem sobre ele e dando algumas soluções aparentemente simplistas, mas destinadas a despertar a consciência ecológica nas crianças.

Colocava entre as soluções para a conservação do meio ambiente o conhecimento por parte das crianças (que hoje somos nós adultos), o conhecimento, o amor e o respeito pela natureza, gostar dos animais e das plantas, cuidar dos animais que vivem perto de nós, cuidando da flora e da fauna próximos da sua residência, não jogando lixo em locais impróprios e tendo uma participação positiva no mundo em que vivemos (pelo jeito não funcionou muito....)

Começa com figurinhas dos animais pré-históricos, e depois  da África,  das três Américas,  do Ártico,  da Ásia,  da Europa,  da Oceania, e termina com os animais domésticos.

O álbum tinha 246 figurinhas em 34 páginas e eu não consegui preenchê-lo todo. Entretanto, anos depois eu ganhei de presente um álbum completo que alguém, não sei quem, queria jogar fora. Assim,  eu consegui por acaso um álbum completo. Na internet ainda tem gente oferecendo o álbum e até envelopes com figurinhas da época, é só procurar e se preparar para desembolsar uma boa grana...




Capa do álbum










Imagens retiradas do site "Valise de Cronópio" em: http://ozlopesjr.multiply.com/photos/album/24/24




segunda-feira, 25 de abril de 2011

O Mundo, Animal! Vol. 01: A Série de TV

Quando eu era criança lá na década de 70 (e início da de 80)  a escola onde estudei chegou a ter  três turnos: de 7:00 às 11:00, de 11:00 às 15:00 e de 15:00 às 19:00. Estudei em todos. 

No início da minha vida escolar, no antigo primário, eu estudava pela manhã e saía correndo para casa  tentando chegar antes de 11:30 para ver um programa que passava na Globo chamado “Mundo Animal”, onde aprendi muita coisa sobre os animais e sobre Geografia, História, Sociologia... 

Descobri num dos comentários no You Tube sobre o vídeo abaixo, algo que eu não me lembrava mais: que esta série era intercalada semanalmente com episódios sobre os animais e outros sobre os seres humanos. Na segunda, quarta e sexta passavam episódios falando sobre os animais, terça e quinta eram sobre as tribos Africanas e seus costumes.

Encontrei uma amostra com a abertura original e o emblemático elefante que passa pela tela; e outra com um trecho de um dos episódios. Embora a série tenha sido feita originalmente em cores, elas estão postadas em preto e branco. Servem para matar a saudade da marcante música de abertura e do programa que deixou saudade para quem já chegou ou já passou dos 40.








domingo, 24 de abril de 2011

A Tecnologia É Capaz de Modificar Nosso Cérebro

c bem mais do que cremos. Modificações físicas que inclusive foram monitoradas em diversos experimentos. Esta é a razão, por exemplo, de que muitas sociedades adotem decisões a respeito de como implementar diferentes tecnologias. Os japoneses proibindo o uso de armas de fogo durante dois séculos para conservar a cultura samurai tradicional. As comunidades amish recusando os carros motorizados e outras tecnologias modernas.

Tudo isso porque a tecnologia influi nos cidadãos e em sua forma de relacionar-se entre eles e com o seu meio. A tecnologia também determina o curso da história: os novos meios de transporte expandiram e reorganizaram o comércio; os novos armamentos alteraram o equilíbrio de poder entre os Estados.

Mas estas mudanças também acontecem a nível neurológico. No caso dos primatas, segundo uma experiência em laboratório, quando são ensinados a usar ferramentas simples, como ancinhos e pinças para pegar alimentos que de outra maneira ficariam longe de seu alcance, há um crescimento da atividade neuronal significativo nas áreas visuais e motrizes relacionadas com o controle das mãos que sustentam as ferramentas.

O experiência que foi publicada em Proceeding of the National Academy of Sciences (PNAS) em 2008 também descobriu algo ainda mais surpreendente: os ancinhos e pinças foram incorporados, de fato, aos mapas cerebrais das mãos dos símios. As ferramentas converteram-se em partes de seu corpo. Os pesquisadores que realizaram a experiência dizem que o cérebro dos macacos começou a agir como se as pinças fossem dedos da sua mão.

Para que nossos cérebros se modifiquem não é necessário nem sequer que usemos certas ferramentas com nossas mãos ou pés, basta apenas que essas ferramentas nos obriguem a pensar ou deixar de pensar em determinadas coisas. Por exemplo, o uso de um carro com freqüência pelas engarrafadas ruas de Londres mudou fisicamente o cérebro dos taxistas londrinos.

Um grupo de pesquisadores britânicos, no final da década de 90, escaneou os cérebros de 16 taxistas de Londres que tinham entre 2 e 42 anos de experiência no volante. Quando compararam as imagens escaneadas com as do grupo de controle, descobriram que a parte posterior do hipocampo dos taxistas, uma parte do cérebro que desempenha um papel chave no aramzenamento e na manipulação de representações espaciais, era bem maior que o normal. Ademais, quanto mais tempo tinha um taxista nesse trabalho, maior tendia a ser seu hipocampo posterior.

Ser taxista em Londres ou em outra grande metrópole, pois, parece ser um treinamento muito efetivo para o cérebro. Mas toda potencilização de uma área do cérebro pode acarretar uma redução de outra área, como ocorreu com os taxistas analisados: a parte anterior do hipocampo era menor em média, ao que parece em conseqüência da necessidade de acomodar a ampliação da zona posterior.

Testes posteriores indicaram que a diminuição do hipocampo anterior poderia ter reduzido a aptidão dos taxistas para outras tarefas de memorização. O constante processamento espacial necessário para mover-se pela intrincada rede viária de Londres estava associada uma redistribuição relativa da matéria cinzenta no hipocampo.

Sendo assim é melhor avisar a namorada para que não se assuste se um dia começar a apertar a sua mão como se fosse o controle do video game ou ainda os botões de um mouse.

Canhotos num Mundo Destro II

 A Ciência não sabe porque as pessoas nascem canhotas

Apesar de muitas pesquisas desde o século XIX, a ciência ainda não sabe explicar porque algumas pessoas nascem canhotas e a maioria nasce predisposta a usar a mão direita.

Por muito tempo, os canhotos chegaram a ser considerados pessoas diferentes e geniais. Tudo porque alguns dos maiores expoentes da arte, da cultura e da ciência eram canhotos, ou "sinistros", como também são chamados.

Esta hipótese tem pouco a ver com a verdade, porque se gênios como Leonardo DaVinci, Albert Einstein e Isaac Newton eram canhotos, por outro lado também o eram Jack, o Estripador (o famoso assassino de prostitutas que aterrorizou Londres no final do século XIX), o pistoleiro Billy the Kid e a heroína francesa  Joana D’Arc.

Também durante anos acreditava-se que era possível saber se a criança seria destra ou canhota ainda quando recém-nascida: bastava observar a forma como o bebê dormia, e se ele voltasse o rosto sempre para o lado esquerdo seria canhoto. Esta teoria também não vingou.

Na verdade, o que determina se a pessoa será destra ou canhota é o cérebro.

Este é dividido em dois hemisférios, sendo que cada um controla a parte oposta do corpo. Assim, os movimentos que a pessoa faz com a mão esquerda, pé esquerdo e olho esquerdo são inteiramente controlados pelo lado direito do cérebro, e vice-versa.

Um "lado" do cérebro não influi na atividade do outro. Nos primeiro anos, a criança manifesta preferência por um dos lados. Há outra teoria de que o ambiente onde a criança vive influenciaria na sua decisão, mas podem nascer destros em família de canhotos, assim como o contrário.

"A preferência para usar uma mão mais do que a outra é chamada dominância lateral", explicou a psicóloga Sandra Maria Camini Fachini. "A determinação da dominância de uma pessoa pode ser difícil, uma vez que nem todos preferem uma mão para fazer todas as tarefas. Por exemplo, poderá pegar o lápis com a sua mão esquerda, mesmo que use sua mão direita para escrever".

Os cientistas concordam, embora ainda não existam provas confiáveis, que a causa do canhotismo pode ser genética, e, portanto, hereditária. O fato de que muitos membros da família real da Inglaterra são canhotos (o rei George II, o rei George VI, a rainha Victoria, a rainha Elizabeth e o príncipe Charles) é citado como exemplo do envolvimento genético no canhotismo.

Hereditário ou não, até os seis anos a criança aprende a utilizar um dos lados do cérebro como dominante, aprendendo a realizar atividades com uma das mãos melhor do que com a outra. Mas isso não quer dizer que a outra mão seja desajeitada.

A melhor forma de explicar este "lado dominante", que persiste até o fim da vida, é o uso dos olhos. Quando é preciso olhar pelo buraco de uma fechadura, ou no microscópio, a pessoa normalmente opta por um dos olhos, ou o esquerdo ou o direito. Isso não significa que o outro olho "enxergue menos". É apenas mais uma manifestação do lado dominante do cérebro.

Na opinião de Sandra, "nenhuma cultura encorajou o canhotismo. Muitas culturas têm considerado o destro como ‘melhor’ que o canhoto, levando a condutas como forçar as crianças a usar a mão direita, chegando a extremos de amarrar a mão esquerda. A incompreensão dos pais ou adultos que trabalham com crianças sobre estas questões podem levar a condutas incorretas, como a de forçar a criança a usar a mão oposta à da sua dominância, podendo surgir problemas desde distúrbios de aprendizagem até insegurança e dificuldades na auto-estima da criança". Ela recomenda que seja oferecido um ambiente livre de tensões e limitações para as crianças, encarando com naturalidade se ela preferir a mão esquerda à direita.

Canhotos  Famosos

• Alexandre, o Grande: supõe-se que um dos maiores generais da História, que foi rei da Macedônia em 356 antes de Cristo e estendeu seu império até a Índia, usava com maior habilidade a mão esquerda.

• Albert Einstein: físico alemão que elaborou a Teoria da Relatividade.

• Ayrton Senna: tricampeão mundial brasileiro de Fórmula 1.

• Bill Gates: dono da maior empresa de informática do planeta, a Microsoft, e um dos homens mais ricos do mundo.

• Fidel Castro: líder revolucionário e estadista cubano, atual presidente de Cuba.

• Kurt Cobain: ídolo de toda uma geração, comandou a banda americana Nirvana nos anos 90.

• Leonardo DaVinci: o gênio italiano usava com desenvoltura tanto a mão esquerda quando a direita, mas ficou famoso por escrever "ao contrário", da direita para a esquerda, para que seus escritos só pudessem ser lidos refletidos no espelho.

• Ludwig Van Beethoven: compositor de obras famosas como a Nona Sinfonia.

• Machado de Assis: escritor brasileiro de obras como Dom Casmurro, fundador e primeiro presidente da Academia Brasileira de Letras.

• Mahatma Gandhi: líder nacionalista indiano.

• Napoleão Bonaparte: imperador francês.

• Paul McCartney: baixista dos Beatles.

• Pelé: o Atleta do Século chutava com a direita, mas escreve com a esquerda.

sábado, 23 de abril de 2011

Canhotos Num Mundo Destro I


Conheço muitas pessoas que têm a mão esquerda dominante, começando por dois de meus irmãos,  um de sangue e o outro que a vida me deu. Sempre acompanhei suas dificuldades para se adequarem a um mundo que não foi feito para eles. O post de hoje é o primeiro de dois que versa sobre o mundo dos canhotos e suas dificuldades. Esse aborda  as dificuldades que os canhotos encontram diariamente, além das superstições sobre o tema. O segundo terá uma visão mais científica, além de uma lista dos grandes homens da História que eram "canhestros" (o contrário de destros). 

***
Toda vez que você usar um abridor de lata, abrir uma maçaneta, fazer a mudança de marcha no seu carro ou cortar papel usando uma tesoura, pare por um minuto e pense nos canhotos. Pois, pelo menos levando em conta a forma como as coisas são projetadas, parece que pouca gente pensa neles.

Segundo estatísticas mundiais, cerca de 90% da humanidade é formada por pessoas que escrevem e usam para atividades diárias a mão direita. Estas são chamadas de destras.

Os outros 10% se dividem entre pessoas que utilizam as duas mãos para realizar tarefas cotidianas e os canhotos, aqueles que só conseguem escrever e fazer trabalhos manuais usando a mão esquerda.

E eles sofrem em um "mundo direito", onde praticamente tudo é voltado para os destros.

Você já parou para pensar que há certo preconceito contra os canhotos na maioria das regras de etiqueta e superstições?

Afinal, quando crianças aprendemos a fazer o Sinal-da-Cruz com a mão direita, e não o contrário. O hábito de cumprimentar uma pessoa também é feito, por instinto, com a mão direita. Quando a pessoa está passando por um dia péssimo, ela não diz que acordou com o pé esquerdo?

E a lista de superstições não para por aí. Curioso como a maioria das religiões relaciona a mão esquerda, ou o lado esquerdo, com o demônio e o Mal.

Até mesmo na política os canhotos estão "separados"; afinal, existem os políticos "de direita", que são os conservadores, e os "esquerdistas", tradicionalmente a oposição parlamentar, ou os que defendem a reforma socialista.

No Brasil as pessoas que usam a mão esquerda são chamadas de canhotas, palavra que, segundo o Dicionário Aurélio, também quer dizer "inábil, desajeitado e desastrado"; em francês o canhoto é chamado "gauche", que também significa desajeitado; já em italiano, a palavra "maldestro" quer dizer desengonçado e maldito.

Claro que esta tradição cercada de preconceitos e misticismo pouco influi no dia-a-dia de uma pessoa canhota, mas mesmo assim as dificuldades que ela encontra no mundo projetado por destros são várias.

Estas dificuldades começam na infância, quando alguns pais ainda obrigam as crianças a escrever com a mão direita, atitude que pode acarretar em sérios problemas de aprendizagem – de escrita mais lenta até problemas para ler e se expressar.

Nas escolas onde as cadeiras têm braços para apoiar os cadernos, estes estão quase sempre do lado direito. Também é difícil encontrar no mercado produtos voltados especificamente para canhotos, como tesouras. Usando uma tesoura normal, os canhotos não conseguem enxergar a chamada "linha de corte" (você já tentou cortar as unhas da mão direita usando a esquerda?).

Na vida adulta, podem acontecer até acidentes de trabalho em função da necessidade de adaptação a máquinas e instrumentos originalmente projetados para destros.

Na rotina diária, as dificuldades são várias, mas uma das principais é aprender a mudar a marcha no carro usando a mão direita ao invés da esquerda.

Telefones públicos sempre têm o depósito de fichas ou o local para inserir o cartão no lado direito. Em bancos e repartições públicas, normalmente as canetas presas por cordões ficam do lado direito, dificultando o ato de assinar para o canhoto. Sem falar que os números e as setas direcionais do teclado do computador estão todas no lado direito. Até maçanetas são projetadas para destros.

Instrumentos musicais de corda, como violões e guitarras, também são projetados para os destros. Os canhotos precisam aprender tudo invertido, mas nesse ponto se destacam o  Edgard Scandurra, do Ira! que é um dos melhores guitarristas brasileiros e é canhoto; assim como o ex-Beatle Paul McCartney.

Enquanto o mundo direito continua se esquecendo dos canhotos, a vida para quem usa a mão esquerda continua ficando mais complicada em seus pequenos detalhes.

Atualmente estão surgindo associações, como a Abracan, no Brasil, e a Left-Handers International, que é mundial. Na Internet existem sites voltados ao canhotismo, como o "Ao Avesso" (www.members.tripod.com/~geniusbr/Avesso).

SUPERSTIÇÕES

• Em alguns locais na Europa, na América e parte da África, e entre grupos de ciganos, quando a palma da mão direita coçar é sinal que a pessoa irá receber algum dinheiro; se for a palma da mão esquerda que coçar, então a pessoa perderá dinheiro.

• Na Escócia os supersticiosos acreditam que quem entra em casa pisando primeiro com o pé esquerdo acaba trazendo demônios ou má sorte para dentro do lar.

• Na tradição judaica, o Príncipe dos Demônios, que era chefe de Satanás, se chamava Samuel, ou Se’mol, uma palavra hebraica que significa "o lado esquerdo". A partir desta lenda, os esquimós têm a crença de que todos os canhotos são poderosos feiticeiros; em Marrocos, canhotos são considerados pessoas malvadas e demônios!

• Usar a mão esquerda, no Irã, é considerado uma atitude desonrosa. Assim, quando um ladrão era capturado, tinha a mão direita decepada como punição.

• Quando uma pessoa está infeliz, dizem que ela acordou "com o pé esquerdo".

• No passado, os judaicos tinham que manter-se longe da lista dos "Cem Defeitos Físicos" citados por Maimônides. Entre eles, cegos, mancos, anões e, claro, canhotos.

• No Antigo Egito, o deus Set (que pode ser relacionado ao Satanás do Cristianismo) era também chamado de "O Olho Esquerdo do Sol", e era demoníaco e destrutivo, enquanto Horus, o Deus da Vida, era "O Olho Direito do Sol".

• No Budismo, Buda descreve que o caminho para o Nirvana (purificação e salvação) se divide em duas partes: um é o caminho da mão esquerda, que representa o jeito errado de se viver, e outro é o caminho da mão direita, digno para a purificação da alma.

• Nos países islâmicos e na Índia, a mão esquerda é considerada "suja" e as pessoas são proibidas de comer com a canhota.


sexta-feira, 22 de abril de 2011

O Arqueiro Zen e o "Algo" que Atira

 Eugen Herrigel (Lichtenau, Alemanha,  20/03/1885 - 18/04/1955) estudou o tiro com arco japonês com o Mestre Kenzo Awa  por volta de 1925 e lançou um livro que hoje é um clássico: a Arte Cavalheirsca do Arqueiro Zen  em 1948,  quase vinte anos depois de ter voltado do Japão.

"Na hora de manter a tensão, ela deve ser concentrada apenas naquilo que você precisa usar; de resto, economize suas energias, aprenda (com o arco) que para se atingir algo não é necessário fazer um movimento gigantesco, mas focalizar o seu objetivo.
(...)
O meu mestre me deu um arco muito rígido. Perguntei por que estava começando a me ensinar como se eu já fosse um profissional. Ele respondeu: aquele que começa com coisas fáceis, fica despreparado para os grandes desafios. Melhor saber logo que tipo de dificuldade irá encontrar no caminho.
(...)
Durante muito tempo eu atirava sem conseguir abrir direito o arco, até que um dia o mestre me ensinou um exercício de respiração, e tudo ficou fácil.Perguntei porque demorara tanto para me corrigir. Ele respondeu: ' Se desde o início eu tivesse lhe ensinado os exercícios respiratórios, você acharia que eram desnecessários. Agora você irá acreditar naquilo que eu lhe digo, e irá praticar como se fosse realmente importante. Quem sabe educar, age assim'.
(...)
O momento de soltar a flecha acontece de maneira instintiva, mas antes é preciso conhecer bem o arco, a flecha e o alvo. O golpe perfeito nos desafios da vida, também usa a intuição; entretanto, só podemos esquecer a técnica depois que a dominamos completamente.

(...) Depois de quatro anos, quando já era capaz de dominar o arco, o mestre me deu os parabéns. Eu fiquei contente, e disse que já tinha chegado na metade do caminho. 'Não', respondeu o mestre. 'Para não cair em armadilhas traiçoeiras, é melhor considerar como metade do caminho o ponto que você atinge depois de percorrer 90% da estrada.'
(...)
Dia após dia, eu ia penetrando com maior facilidade na interpretação e na prática da Doutrina Magna do tiro com arco e a executava sem esforço, como se o estivesse praticando durante um sonho. Confirmavam-se, assim, as palavras do mestre. Contudo, eu não conseguia me concentrar além do momento do disparo. Manter a atenção num máximo de tensão não só me fatigava, ocasionando um relaxamento da própria tensão, como se desvanecia, perdendo sua energia potencial até tornar-se insuportável e, em muitas ocasiões, obrigando-me a dirigir minha atenção, provocando eu mesmo o disparo.
‘Deixe de pensar no disparo!’, exclamava o mestre. ‘Assim não há como evitar o fracasso!’
‘Eu não consigo evitar’, repliquei. ‘A tensão é insuportavelmente dolorosa.’
‘Isso acontece porque o senhor não está realmente desprendido de si mesmo. Contudo, é tão simples... Uma simples folha de bambu pode ensiná-lo. Com o peso da neve ela vai se inclinando aos poucos, até que de repente a neve escorrega e cai, sem que a folha tenha se movido. Como ela, permaneça na maior tensão até que o disparo caia: quando a tensão está no máximo, o tiro tem que cair, tem que desprender-se do arqueiro como a neve da folha, antes mesmo que ele tenha pensado nisso.’
(...)
‘O senhor sabe o que acontece se somos incapazes de permanecer livres de intenção, no estado de máxima tensão. O senhor não pode continuar o aprendizado se não se perguntar uma ou outra vez: 'Eu o conseguirei? Espere pacientemente o que vier e como vier!’ Lembrei-lhe que estava no curso há quatro anos e que minha estada no Japão não era ilimitada, ao que ele respondeu:
‘O caminho até a meta é incomensurável. Para ele nada significam semanas, meses, anos.’
‘Mas se eu tiver que interromper meu aprendizado na metade do caminho?’
‘Pode fazê-lo a qualquer momento, desde que se tenha desprendido realmente do seu eu. Por isso, continue praticando!’
E assim, voltamos a começar desde o princípio, como se todo o aprendizado tivesse sido inútil. Continuava impossível para mim permanecer sem intenção dentro, como se fosse possível escapar de um caminho por demais viciado, até que um dia perguntei ao mestre:
‘Como o disparo pode ocorrer, se não for eu que o fizer acontecer?’
Algo dispara’, respondeu-me.
‘Já ouvi essa resposta outras vezes. Modifico, pois, a pergunta: como posso esperar pelo disparo, esquecido de mim mesmo, se eu não posso estar presente?
Algo permanece na tensão máxima’.
‘E o que é esse algo?’
‘Quando o senhor souber a resposta, não precisará mais de mim. E se eu lhe der alguma pista, poupando-o da experiência pessoal, serei o pior dos mestres, merecendo ser dispensado. Por isso, não falemos mais! Pratiquemos!’
Passaram-se muitas semanas sem que eu tivesse avançado um passo, mas isso em nada me afetava. O longo aprendizado tinha me tomado indiferente. Aprender a arte, descobrir o que o mestre quis dizer com o seu algo, encontrar o acesso ao Zen, tudo isso me pareceu de repente tão longínquo, tão indiferente, que já não me preocupava. Em várias ocasiões, propus-me confessá-lo ao mestre, mas diante dele a coragem desaparecia. Estava convencido de que escutaria outra vez a sua resposta tranquila: ‘Não pergunte, pratique!’ Então, deixei de fazer perguntas e por pouco, também de praticar, se o mestre não me tivesse mantido seguro nas suas mãos. Indiferente, eu deixava os dias passarem, cumprindo da melhor maneira possível minhas obrigações profissionais, já não me afastando a constatação de indiferença que eu tinha diante daquilo a que, durante anos, eu dedicara meus mais persistentes esforços.
Certo dia, depois de um tiro executado por mim, o mestre fez uma profunda reverência e deu a aula por terminada. Diante do meu olhar perplexo, exclamou: ‘Algo acaba de atirar’. E, ao compreender o que ele queria dizer, fui tomado por uma incontida explosão de alegria.
‘Minhas palavras’, advertiu-me o mestre, ‘não são de elogio, mas uma simples constatação que não deve alterá-lo. A minha reverência não foi dirigida ao senhor. O mérito desse tiro não lhe pertence, pois o senhor permanecia esquecido de si mesmo e de toda intenção, no estado de tensão máxima: o disparo caiu, tal qual uma fruta madura. Agora, continue praticando, como se nada tivesse acontecido.’

Retirado de: Eugen Herrigel, - A arte cavalheiresca do arqueiro Zen. São Paulo. Editora Pensamento-Cultrix

quinta-feira, 21 de abril de 2011

O Uniforme do Superpateta

Sempre que eu lia as aventuras Disney do Superpateta (Super-Goofy no original) - o alter-ego heróico do pateta, o cachorro (acho que é um cachorro) amigo do Mickey - quando era criança, eu ficava intrigado com duas coisas: a primeira é por que ele sempre comia o superamendoim com casca e tudo, algo estranho por que ninguém que eu conheço ou conheci come amedoim assim; e a segunda era aquele uniforme que ele usava depois de estar transformado. A Wikipédia define assim a personagem (todos os grifos em itálico são meus):
  
Pateta ganha temporariamente superpoderes parecidos com os do Superman quando come um superamendoim que nasce em seu quintal  (fazendo o pitoresco som "Tóim" para se transformar e "Zóim" pra destransformar). O efeito da planta dura pouco, por isso Superpateta carrega sempre vários amendoins de reserva, dentro do chapéu.





O Superpateta também recebe a ajuda de seu inteligentíssimo sobrinho Gilberto (idêntido a ele, mas menor em tamanho e usando um capelo - chapéu de formatura quadrado e reto em cima) que às vezes também come alguns superamendoins e torna-se o "Supergil" – adquirindo assim, poderes iguais aos de seu "supertio".




O Superpateta foi criado por Del Curry e Paul Murry, em 1965, estrelando uma série americana própria até 1984. Seus primeiros inimigos foram o Doutor Tic-Tac, Doutor X e o Doutor Estigma. Durante os anos 70 e 80 teve várias histórias produzidas no Brasil, inclusive uma especial em que ele enfrenta o sinistro doutor Kanhestro (publicada em dezembro de 1975).

Seu traje de super herói é um pijama vermelho daqueles felpudos, tipicamente americanos (que vemos em filmes americanos de velho oeste), também usa uma capa azul presa por um nó.



Só muito tempo depois é que fui descobrir que o traje do Superpateta NÃO é um pijama. É um tipo de “roupa de baixo” conhecido aqui no Brasil como “ceroula” ("union suit" em inglês) e  que foi muito comum no início do século XX e ainda hoje é vendido e usado principalmente nos países de clima frio:


É um tipo de uma peça longa criado em Utica, Nova Iorque, Estados Unidos, originou-se como roupa feminina de mulheres durante o século XIX e logo ganhou popularidade entre os homens também. Foi patenteado em 1868.


Era feito de flanela branca ou vermelha (mais tradicional) com mangas e pernas longas,  abotoado na frente e tinha uma aba com um botão ou dois na parte traseira que cobre as nádegas (coloquialmente conhecido como o "portal de acesso"e outros nomes), permitindo ao usuário a eliminar os resíduos do corpo, sem retirar a peça de vestuário. Dependendo do tamanho, pode ter uma dúzia de botões na frente para ser preso do pescoço para baixo até  a região da virilha.



A peça permaneceu em uso comum na América do Norte no século XX. Como sua popularidade diminuiu, tornou-se essencialmente uma peça de trabalho para homens e cada vez mais substituída só pela parte de baixo em forma de duas calças longas, também conhecido como "ceroulas". 


Não era raro até o meados do século XX  os homens do campo vestirem a peça continuamente durante toda a semana, ou até mesmo todo o inverno. Ainda estão disponíveis comercialmente, mas por causa de sua associação com a "moda antiga" e presumida pelos mais sofisticados como roupas caipiras, são considerados cômicos.


A aba traseira também está associada a humor, no cinema e na televisão a aparência dessa roupa vista de trás é uma forma de leve humor escatológico. Como na adaptação para o cinema do seriado televisivo dos anos sessenta "The Wild Wild West" em 1999 com Will Smith e Salma Hayek  que utilizou a aba traseira do traje para efeitos cômicos (e eu diria muito mais interessantes...).





Imagens retiradas da Internet e do acervo pessoal.