Quando a Espiritualidade
Prejudica
Por Frank
Como
qualquer experiência na vida, o despertar da espiritualidade pode ocorrer de
forma natural, ou ser provocado por algum motivo que se fez necessário para que
o mesmo ocorresse sem a busca do próprio indivíduo por isso. Em ambos os casos,
deve-se tomar cuidado com o objetivo e com os rumos da nossa espiritualidade.
Estudar
é mister, e discernimento é obrigatório.
Muitos
tomam esse caminho pela vaidade do saber ou em busca de algum tesouro
paranormal que os tornará detentores do manto da sabedoria, ou do elmo do
despertar das faculdades sobrenaturais,repassando para o mundo espiritual,
assim, um dos piores vícios do mundo: essa caçada desenfreada de algumas
pessoas em busca de tornar-se superior aos demais.
Vemos
isso, facilmente, quando observamos alguns estudantes espiritualistas tentando aprender,
em qualquer curso ou palestra, todas as técnicas possíveis de ativação de
chacras*, com o único objetivo de despertar a kundalini**, ou abrir a clarividência,
ou mesmo despertar outras faculdades, mediúnicas ou anímicas, que eles insistem
em conseguir, mesmo não tendo o menor preparo para suportar as consequências
das mesmas.
Pouco
se fala sobre isso nos meios espiritualistas, mas há por aí milhares de pessoas
descontroladas, que perderam o foco de suas vidas, abandonaram família,
empregos, estabilidade, justamente por não saberem lidar com as repercussões
energéticas provocadas por práticas criadas em cursos mirabolantes,
palestrantes ocasionais e workshops vagabundos,desses muitos que, volta e meia,
chovem pela cidade.
Nesses
casos, a nossa busca pela espiritualidade nos prejudica, por não sabermos
discernir quais são os lugares que tratam a espiritualidade de forma sadia.
Sim,
há trabalhadores da espiritualidade, homens e mulheres, que estudaram durante
anos,que se tornaram praticantes e não teóricos de um assunto que, se mal
conduzido, pode
levar as pessoas para um caminho sem retorno, para o desastre.
E
também há os vigaristas da espiritualidade, oportunistas que visam apenas o
dinheiro, e não o que entra no coração, e que enxergam, na curiosidade
exagerada que a massa possui em saber o que ocorre além da morte, a ocasião
perfeita para se darem bem, mesmo sabendo que muitas pessoas podem pagar com a
vida esse desejo de conseguir, hoje, o que só pode ser obtido amanhã (por
evolução e esforço).
Diferentemente
de outros caminhos, a espiritualidade exige uma consciência madura e serena, e
muita paciência, pois é o caminho do não-mestre, da ausência de uma religião
condutora.
Ou
seja, uma independência voluntária, num processo demorado de transformação da
ovelha em seu próprio pastor.
Para
ser o pastor do seu próprio caminho, é necessário muito estudo, não apenas do caminho
que trilhamos, mas principalmente da forma correta de caminhar. E, isso se
tiver condições de trilhar alguma senda, e se houver preparo físico, mental e espiritual
para uma jornada tão transformadora.
Essa
peregrinação é para todos, mas nem todo mundo está preparado para percorrê-la.
Não
basta aprender sobre viagem astral***, ocultismo ou bioenergia. Todo estudante espiritualista
deve se questionar sobre as suas intenções com esses estudos, antes de se
aprofundar na matéria.
E,
ao iniciar as práticas, deve-se levar em conta que as repercussões dessas
práticas irão variar de pessoa para pessoa. Afinal, cada um de nós possui um
ritmo mental e físico, tanto para o aprendizado, quanto para os resultados de
qualquer coisa que iniciamos em nossa jornada.
A
espiritualidade não é brincadeira de curioso, ela é um caminho sem volta para o
despertar da alma no corpo. Por isso, é preciso muito preparo, é preciso muita
meditação para saber se pretendemos seguir esse caminho apenas para satisfazer
mais um capricho da nossa mente, que sempre busca sentido em tudo, ou se
estamos caminhando balizados pelo nosso coração, que sempre buscará um
aprimoramento da nossa visão em relação àquilo que só estava escondido para nos
dar motivo para aprender a procurar.
São
Paulo, 02 de fevereiro de 2010.
Notas do Texto:
*
Chacras – do sânscrito – centros de força do corpo energético; vórtices
energéticos.
**
Kundalini - do sânscrito - significa literalmente "enroscada". Esse
nome deve-se ao seu movimento ondulatório que lembra o movimento de uma
serpente. Daí a expressão esotérica "fogo serpentino". Ela também é
chamada pelos iogues de "Shakti" - do sânscrito - a força divina aninhada
na base da coluna.
***
Viagem astral - experiência fora do corpo; projeção astral; projeção da
consciência; desprendimento espiritual; emancipação da
alma; saída astral.
Retirado
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