Por Emerson Luiz
É
do cara que não chega no horário, é do emprego que está longe, é da vida que
não é fácil. É do Mundo “de provas e expiações”, é do Carma, é do Sistema
Capitalista (ou Comunista, dependendo de onde você encarnara). É da Hora que
não passa, é do Tempo que corre sem se importar comigo (ou contigo). É dos
pássaros que não cantam o tanto quanto deveriam, ou que cantam demais. É dos
dias cinzentos ou chuvosos, é dos dias ensolarados demais, é do complexo
hormonal, é da notícia triste de todos os dias. É da miséria alheia, do
negativismo alheio, dos problemas alheios, da alienação, também, alheia. É da
Política, é dos Políticos, é dos Corruptos, é dos Poderosos.
É
do trem que se atrasa, do ônibus que não chega e, quando chega, chega lotado
(assim como o trem). É do outro, sempre é do outro: Da má educação, da
impaciência, da falta de atenção, do egoísmo, da imoralidade, da promiscuidade,
da gula, da ganância… Do outro. Todos são culpados, mas ninguém tem a culpa.
Afinal, mesmo que eu cometa as mais profundas atrocidades ou machuque
profundamente aqueles que eu mais amo, ainda assim, a culpa será de alguém, ou
alguma coisa, que não eu.
Pois,
caso eu assumisse que sou responsável por mim mesmo, muita coisa teria que
mudar e, talvez, minha culpa não coubesse mais em um copo de cerveja, num maço
de cigarro, num pacote de salgadinho ou numa barra de chocolate. Caso eu viesse
a entender que todo direito compreende um dever e que ter uma alma é muita
responsabilidade, talvez e somente talvez, quando começassem a reclamar perto
de mim eu diria algo positivo, ou quando alguém próximo jogasse um pedaço de
papel no chão, eu faria alguma coisa (quem sabe pegar o papel e jogar no
cesto?).
Caso
eu viesse a entender a Sabedoria milenar que diz “Vós sois deuses” ou então
“Podeis fazer o que faço e muito mais”, ou até mesmo a que diz “Todo homem e
toda mulher é uma estrela”, eu teria que me assumir de uma vez por todas. Mas
pra que ser um deus? Ou pra que ser uma estrela? Pra que fazer mais? Deuses
precisam viver e deixar legados, exemplos, marcos e inspirações; Homens só
precisam existir, é muito mais fácil. Estrelas tem que gerar seu próprio calor,
tem que emanar Luz aos outros e aprenderem à conhecer as trevas que coexistem
ao seu redor; É muito mais simples refletir a Luz alheia e, claro, reclamar
quando ela estiver intensa demais ou amena demais, afinal, a culpa é dela.
Fazer mais não é preciso, porque existir já é cansativo, imagina viver?
Para terminar, eu prefiro ser normal, pois a normalidade é inquestionável, seguir roteiros é muito mais simples. Os loucos? Eu tenho medo deles, eles questionam o que vivem e sempre querem fazer de suas vidas alguma coisa brilhante, divertida, querem escrever suas próprias histórias: Por isso são loucos e por isso o Mundo está essa porcaria, a culpa é deles… Eu poderia até querer ser um, mas a preguiça e a covardia que estão lá na primeira página do Roteiro simplesmente não deixam. A culpa é delas.
Texto
publicado originalmente na coluna Espiritismo Sob a Luz do Universal, no blog
Autoconhecimento & Liberdade
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