Por Gilberto Silva
O
que vale mais: uma pergunta ou uma resposta?
Há muito tempo, quando tive algumas dúvidas sobre o meu Caminho, procurei um Mestre para me fornecer alguma luz. Eu queria respostas, como todas as pessoas que se encontram em uma grande encruzilhada. Mas a primeira coisa que ele me disse foi se eu tinha uma boa pergunta. Fiquei em choque, pois eu queria respostas mas não havia pensado nas perguntas. Muito menos em uma única pergunta.
As
pessoas passam a vida em busca de respostas, mas de modo confuso e desordenado.
Queremos na verdade um milhão de informações, quando precisamos de apenas uma:
a resposta a uma boa pergunta. Questionamento em demasia é uma das coisas que
os Mestres do Oriente mais detestam nos ocidentais. Perguntamos sobre tudo,
várias vezes, o tempo todo. No Oriente se espera que as pessoas aprendam pela
prática de seus exercícios e estudos, no decorrer de um longo período de tempo.
Mas
queremos saber tudo, já. E isto causa confusão. Se você vai para Fortaleza e
quer saber se haverá uma escala em Salvador, não precisa perguntar à simpática
moça do guichê qual o modelo de avião, quantos lugares tem, qual a velocidade,
em qual altitude voará. Basta perguntar se haverá escala em Salvador. Simples?
Nem tanto.
Passamos
a vida colecionando informações desnecessárias. E hoje, com a sofisticação das
comunicações, somos bombardeados com muito mais informação do que precisamos
para tomar nossas decisões. De fato, saber selecionar informações úteis será o
grande desafio deste século XXI.
Outro
problema a ser enfrentado é que na maioria das vezes em que procuramos alguma
resposta, na verdade buscamos a confirmação de algo que já temos na mente.
Perguntar algo com o espírito sereno e imparcial é uma das coisas mais difíceis
para os seres humanos. Perguntar, esperando já uma determinada resposta, conduz
muitas vezes à desilusão e à frustração. O perguntador sincero aguarda a
resposta sem expectativas. O I Ching, por exemplo, é uma ferramenta
extremamente útil desde que se tenha esta postura adequada ao se fazer a
consulta. Muitos afirmam ser difícil interpretar o I Ching. Eu digo que é muito
fácil, perto da dificuldade de se fazer a consulta com o espírito imparcial e
escolher uma boa pergunta.
Ao
buscar alguma informação pense sempre na pergunta. Ela deve ser clara, simples
e conduzir a uma resposta adequada. Sim, existem perguntas que originam
respostas confusas que não esclarecem nada.
Sempre
que receber uma resposta estranha ou inadequada pense se a pergunta foi bem
formulada. Quem pergunta o que quer ouve o que não quer, diz a sabedoria
popular. Este é seu verdadeiro significado: quem pergunta qualquer coisa ganha
uma resposta que origina mais perguntas…
Gilberto
Antônio Silva é Parapsicólogo, Acupuntor, Terapeuta e Escritor, estudando
cultura e filosofia oriental desde 1977. Como Taoísta, se preocupa em divulgar
a filosofia e as artes taoístas, como I Ching, Feng Shui e Qigong, para
melhoria da qualidade de vida das pessoas. Veja mais textos do autor em
Taoismo.org
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