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domingo, 31 de julho de 2011

Parando Para ir ao Banheiro

Tom Stonehill vinha dirigindo por algumas horas do foi dominado pela necessidade de ir ao banheiro. Era tarde da noite e todos os postos de combustível pelos quais passava estavam fechados. À medida que o tempo ia passando ia ficava cada vez mais desesperado. Finalmente, Tom saiu da rodovia e entrou na primeira cidadezinha do caminho. Ali começou a procurar um lugar que tivesse instalações abertas ao público.
Enquanto seguia, sua necessidade física adquiriu urgência maior e ele aumentou a velocidade. Neste exato momento, ouviu alguém com um alto-falante lhe ordenar que parasse. Era o xerife da cidade, que saltou do carro e abordou Tom.
- A que velocidade você acha que pode dirigir por aqui? -perguntou, em tom amedrontador.
- Eu nunca dirijo a essa velocidade, senhor - disse Tom, desculpando-se. - Mas é que estou com uma enorme necessidade de um banheiro.
O xerife percebeu a sinceridade na voz de Tom e se compadeceu dele.
- Creio que pode haver algum estabelecimento aberto se você continuar por essa estrada - disse, apontando para frente. - Mas vai ter de respeitar o limite de velocidade, acrescentou.
- Vou respeitar - respondeu Tom, aliviado e feliz de por seguir em frente.
Alguns instantes mais tarde, Tom vislumbrou ao longe uma luz. Tinha certeza de estar se aproximando de um mercado aberto vinte e quatro horas. No entanto, quanto mais se aproximava, ficava claro de que estava se dirigindo para uma casa funerária. Tom hesitou, mas sua necessidade era forte ora ser ignorada. Foi até a entrada, estacionou o carro e entrou.
Uma vez lá dentro, foi acolhido com amabilidade:
- Seja bem-vindo. Gostaria de assinar o livro? - disse o Sr. Gifford, responsável pela funerária.
- Bem estou aqui... só para usar o banheiro - disse Tom, desculpando-se. - O senhor me dá licença?
- Claro que sim - respondeu o Sr. Gifford -, mas antes assine o livro.
Tom não conseguia entender por que era necessário registrar seu nome, mas fez o que lhe pediram e esperou que isso encerrasse a questão. Estava prestes a perguntar onde ficava o banheiro masculino quando o Sr. Gifford prosseguiu:
- Por favor, escreva também seu endereço.
- Mas por que vocês precisam do meu endereço? - perguntou Tom, perplexo. - Estou aqui só para usar o banheiro por um minuto.
- Por favor, senhor, escreva a informação - foi a resposta.
- Que diferença faz? - resmungou Tom com seus botões, enquanto escrevia. Seguiu então o Sr. Gifford, que o conduziu ao sanitário masculino.
Antes de sair da casa funerária, Tom parou por um instante nas para prestar a última homenagem ao falecido que lá se encontrava. Ao sair do prédio, viu o xerife.
- Muito obrigado - disse, despedindo-se do Sr. Gifford e do xerife- e com isso, partiu, retomando a viagem de volta para casa
Três semanas depois, Tom recebeu um telefonema de um advogado desconhecido:
- Represento a casa funerária onde o senhor parou para usar o banheiro há algumas semanas - disse o homem – o senhor precisa comparecer ao meu escritório nesta quinta às duas da tarde.
Tom ficou perturbado.
- Por favor - perguntou, alarmado -, diga-me se fiz alo errado. Vou precisar de um advogado?
- Não, não será necessário - garantiu-lhe o advogado - Basta que seja pontual.
Ao longo dos dias seguintes, Tom ficou nervosíssimo.
- O que é que eu posso ter feito? Por que me chamariam? - perguntava-se em voz alta.
Na quinta-feira, foi, apreensivo, até o escritório do advogado. Resfolegando e com o coração acelerado, bateu à porta principal.
- Entre - disse a secretária. Uma vez dentro da sala, Tom surpreendeu-se ao ver ali tanto o xerife quanto o Sr. Gifford.
- Por favor, queiram sentar-se - disse o advogado. - Recebi autorização judicial para ler o último testamento do Sr. Stanley Murrow. - O advogado apanhou o livro de assinaturas que Tom havia assinado. Voltou-se para o responsável pela casa funerária, apontou para Tom e perguntou: - E esse o homem que assinou o livro?
- É - respondeu o Sr. Gifford. E então o advogado olhou para Tom e falou:
- Creio que o senhor não conheceu o Sr. Murrow. Era um homem muito rico. Possuía a maior parte dos imóveis dessa cidade. No entanto, não tinha família e era detestado por dos, sendo praticamente evitado pelos moradores.O Sr. Murrow autorizou-me a ser seu testamenteiro. - O advogado apanhou um documento e prosseguiu: - Este é o testamento mais curto que já redigi. Ele diz apenas: "Todos odiavam minha sombra e ninguém nunca tirou dinheiro de mim enquanto vivi. Por isso, qualquer pessoa que compareça ao meu velório é obviamente alguém que sentiu alguma compaixão por um velho biruta como eu. Deixo por meio desse instrumento todo o meu espólio, com todos os meus bens, para ser dividido em partes iguais entre aqueles que de fato comparecerem ao meu funeral. - O advogado olhou então direto para Tom:
A sua era a única assinatura que apareceu no livro - disse ele. - Portanto...

Retirado de: Pequenos Milagres: Coincidências extraordinárias do dia a dia. de Yitta Halberstam & Judith Levental. Ed. Sextante, 1998.

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