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quinta-feira, 24 de março de 2011

Série Musical: Pequeno Perfil de um Cidadão Comum

Desde que ouvi essa música cantada pelo Belchior pela primeira vez (e já vão aí muitos anos...) ela me incomoda, e quanto mais o tempo passa, mais ela me incomoda. Ela parece um tipo de profecia sobre os dias que correm, onde os bons modos e a educação não tem efeito, muito menos existência, onde procurar agir de forma correta é sinônimo de ser bobo e onde realmente “tendo dinheiro não há coisas impossíveis”. Posso dizer que nunca tive a postura apática da personagem.  Gostaria muito de  poder afirmar que sou diferente dele (que vivia “o dia e não o sol, a noite e não a lua”), mas não posso, por causa  dessa correria louca que vivemos hoje.  Dentro de mim eu mantenho o anelo de um dia ser capaz de, tal qual um mestre zen, comer quando tiver fome e dormir apenas quando tiver sono; isso antes que o “Anjo do Senhor de que nos fala o Livro Santo” venha me buscar.


PEQUENO PERFIL DE UM CIDADÃO COMUM
Composição:  Belchior / Toquinho

Era um cidadão comum como esses que se vê na rua
Falava de negócios, ria, via show de mulher nua
Vivia o dia e não o sol, a noite e não a lua
Acordava sempre cedo (era um passarinho urbano)
Embarcava no metrô, o nosso metropolitano...
Era um homem de bons modos:
"Com licença; - Foi engano"
Era feito aquela gente honesta, boa e comovida
Que caminha para a morte pensando em vencer na vida
Era feito aquela gente honesta, boa e comovida
Que tem no fim da tarde a sensação
Da missão cumprida
Acreditava em Deus e em outras coisas invisíveis
Dizia sempre sim aos seus senhores infalíveis
Pois é; tendo dinheiro não há coisas impossíveis
Mas o anjo do Senhor (de quem nos fala o Livro Santo)
Desceu do céu pra uma cerveja, junto dele, no seu canto
E a morte o carregou, feito um pacote, no seu manto
Que a terra lhe seja leve


Abaixo estão dois vídeos contendo a música: o primeiro com a versão musical do Belchior, que eu acho melhor, mais melódica, mas que infelizmente está recheada com imagens fortes que considero inadequadas para uma música que é triste, mas não precisava ser tanto.



O segundo com uma versão do Toquinho, mais sincopada, menos “triste” e com belas imagens antigas do Rio de Janeiro em preto e branco, torna-se melhor por não ter o peso das imagens fortes da anterior.





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