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sexta-feira, 18 de junho de 2010

Onde está Kibentrup? (Parte 05 de 05)

- Aqui! – Diz uma voz vinda de uma porta lateral.
A camareira entra logo após um homem gordo de cabelos pretos, vestindo um uniforme do hotel e algemado.
- O que significa isso, Maria?
- O certo é agente Maria Carmem. – Diz estendendo uma carteira de couro preto com o emblema das Armas da República – Agente da Policia Federal.
- Quem é esse homem? – Pergunta o gerente.
- Não está reconhecendo, Martinez? – Pergunta a moça.
O gerente chega mais perto e sob a peruca preta reconhece o prisioneiro:
- Mas é o Barão! – Fala espantado – Para quê tudo isso?!
- É melhor ir se explicando, moça! – Diz Gonçalo.
- Vocês passam o dia todo procurando o homem, e quando eu acho ainda tenho que dar explicação?
- Tem que reconhecer que é um tanto estranho... Fala Martinez desconfiado e percebendo a mudança no tom da moça.
- Tem razão – Concorda ela – é um tanto estranho.
- Como conseguiu encontrá-lo?
Nesse instante, Silvino Alvarenga termina de fechar o seu baú e tenta sair de fininho.
- Por causa dos sapatos do Sr. Alvarenga!
Os olhos de todos voltam-se para ele , que empalidece e começa suar frio.
- E antes que tente qualquer coisa aconselho-o a ficar quietinho que é para não piorar a sua situação. Detestaria Ter que adicionar resistência a prisão em sua ficha que já é considerável.
- Dá pra alguém me explicar o que está acontecendo aqui? – Fala Fred – Não estou entendendo nada. O homem some, a gente revira o hotel todo e a camareira encontra o cara fantasiado não se sabe onde...
- Pode nos dizer porque o Barão está algemado? – Pergunta Martinez.
- Por causa disto! – Diz a moça mostrando um saquinho de veludo preto – São diamantes que tentava levar com ele enquanto escapulia pelo único lugar que não estava sendo vigiado: a saída dos empregados.
- Diamantes! – Espanta-se Gonçalo.
- Isso mesmo o Barão Kibbentrup e o Sr. Silvino Alvarenga são na verdade, contrabandistas de jóias, que usavam esse hotel como ponto de encontro.
- O meu hotel... Usado como ponto de contrabando? – Fala Martinez levando a mão à testa suada.
- Recebemos informações na Central de que estavam ocorrendo atividades ilícitas aqui e me deram a missão de descobrir o que era e como era. Aproveitei a vaga de camareira para me infiltrar e colher indícios.
- O meu hotel... – Balbucia Martinez desolado – Ponto de contrabando...
- Não precisa se preocupar... Sei que ninguém aqui tem nada a ver com isso. O Barão deve Ter escolhido seu hotel por acaso da primeira vez, e como é um homem de hábitos rígidos, o utilizou até o ano passado.
- Como “até o ano passado”? – Pergunta Fred – Ele está aqui, não está?
- Acredito que essa confusão toda significa que ele resolveu tirar alguma vantagem após todos esses anos em que serviu fielmente seus chefes. Estou errada?
A pergunta é dirigida ao Barão, que fica calado.
Com a ajuda de Silvino que era o seu contato, ele deve Ter elaborado um plano para desaparecer com as jóias e depois dividi-las com ele. Assegurando assim uma aposentadoria bastante tranqüila para os dois.
- Tudo bem... O homem não presta e tudo isso... Mas como ele saiu daquele quarto comigo e Gonçalo sentados na porta o tempo todo?
- Ele não saiu.
- O quê? – exclamam todos ao mesmo tempo.
- Isso mesmo.
- Então onde estava?
- O gerente disse que no ano passado ocorreu um vazamento no quarto  que o Barão costumava ocupar, não foi?
- Realmente.
- E como resolveram esse problema?
- Isolamos o cano, porque não havia meios de consertá-lo sem demolir metade da parede. Fizemos uma outra instalação por fora e colocamos uma divisória para disfarçar imitando a parede para esconder o serviço. Ficou um trabalho perfeito.
- Quando entrei no quarto a primeira vez com vocês dois, notei a poeira mexida no pé de uma das paredes, como se ela tivesse sido arrastada. Depois fiquei sabendo da história do conserto e constatei antes de fecharem o quarto, que o espaço era suficiente para escondê-lo. O Barão é um homem muito meticuloso e deve ter notado a mudança no ambiente, utilizando-a no plano que arquitetou para fugir com as jóias.
- E como saiu de lá?
- Preparrei a torneirra parra estourrar ao ser aberta e quando foram consertarr, saí pela porta da frente. – Fala o Barão pela primeira vez.
- Foi o que pensei quando vi o que tinha acontecido. Estava começando a juntar as coisas.
- Tudo bem... Ele saiu. E foi para onde? – Pergunta Gonçalo.
- Há um quarto que está vazio a vários dias, não é?
- Exato um homem fez a reserva e sumiu. – Diz o gerente.
- Deve ter sido a mando do Barão. Quando saiu do 505 ele dirigiu-se para lá.
- Mas nós revistamos o 606! – Fala Fred.
- Aí é que entra nosso amigo Silvino Alvarenga. – Diz Maria – Depois do escândalo que fez com vocês, deve Ter alertado o Barão, que desceu um andar enquanto revistavam um quarto vazio.
- Incrível! – Diz Gonçalo.
- Mas é verdade, não é Barão?
- Sim. – Concorda ele secamente.
- Seus movimentos foram facilitados devido a pouca quantidade de hóspedes dessa época no Hotel . Bem ... Até aí eu já sabia alguma coisa, mas tinha de ver até onde eles iriam e descobrir o porquê de tudo isso. Dentro da maleta do Silvino vi duas coisas que me chamaram a atenção: um monóculo de ourives, algo estranho se usado por um marchand, e um uniforme do hotel dobrado no meio das roupas sobre a cama. Resolvi então esperar para ver o que acontecia e quando o vi descendo para ir embora, tive um palpite e telefonei para o Sr. Martinez, sabendo que ele o seguraria o tempo suficiente para que eu encontrasse e prendesse o Barão.
- Mas o que isso tem a ver com os sapatos dele? – Pergunta Fred apontando para o marchand.
- No quarto ele estava usando sapatos tão surrados quanto o terno e depois no saguão eram novos e brilhantes.
- E daí? – Pergunta Gonçalo.
- Olhem nos pés do Barão. Não achariam estranho um funcionário de hotel calçando sapatos de cromo alemão? Quando eu percebi isso todo o plano ficou claro.
- O que pretende fazer agora? – Pergunta Martinez.
- Vou levá-los para uma Delegacia da Polícia Federal. Lá serão autuados e dirão para quem trabalhavam. E, Sr. Martinez, se não quer mais propaganda negativa, para o seu estabelecimento, sugiro que libere seus hóspedes e enterre o assunto.
- Vou fazer isso!
- Vamos embora também. – Diz Gonçalo – Não há mais nada o que fazer aqui. Ainda bem que ele pagou adiantado. – Suspira ele como que para si mesmo, enquanto Maria leva embora seus prisioneiros com a ajuda da polícia.
- Depois dessa história toda. – Diz Fred – O que eu quero mesmo é encher a cara.
- Meu caro amigo... – Resigna-se o gerente - Essa foi a melhor coisa que eu ouvi hoje. Venham comigo até o bar do hotel que a primeira rodada é por conta da casa.
- Vamos nessa, chefe?
- Mas é claro, Fred, dessa vez tenho que concordar com você...
O trio dirige-se ao bar, após Gonçalo liberar o restante de seus homens. E em poucas horas e muitos copos depois todos já esqueceram do estranho caso do sumiço do Barão Von Kibbentrup.

Um comentário:

  1. Ficava me perguntando se a existência dessa camareira era apenas para dar "colorido" a história, para apenas suspeitarmos dela ou apenas por necessidade que a história exigia, pois ela se passa num hotel, e num hotel tem camareiras.
    Nunca me passou pela cabeça dela ser uma detetive da policia federal disfarçada, em serviço.
    Incrível e surpreendente!!!
    Geralmente, o mordomo e (no caso das histórias do Scubido) o zelador do parque, são os culpados. Ou seja, os serviçais. Um tanto meio discriminatório Nesse caso, Dimas vingou, por assim dizer, duas categorias que são muito maltratadas nas histórias de detetive: Os serviçais(que geralmente são os culpados) e as mulheres( que, quando não também as culpadas, com um tipo meio "vamp" são as vitimas, com um tipo meio "Penelope Charmosa)
    A detetive era a camareira.
    De novo exclamo: Incrível e Surpreendente!!!
    Mil vivas ao talento original, técnico e imprevisível de Dimas Agatha Doyle de Fonte!!!

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