O saguão do hotel já estava confuso, fica mais com o passar das horas. Pessoas acumulam-se tentando sair com rapidez. As aclamações chovem sobre o recepcionista e ele tenta resolver os casos, nem sempre conseguindo.
Lá em cima a busca prosseguia:
- Telefone para o gerente. – Fala o hóspede do 705 estendendo o telefone para Martinez.
- Obrigado.
Conversa alguns minutos e desliga.
- O que era? – Pergunta Gonçalo.
- Preciso descer.
- Porque?
- Acabaram de me informar que Silvino Alvarenga está lá embaixo, pronto para deixar o hotel e se queremos localizar o Barão, não devemos deixar que ele saia.
- Era o Álvaro?
- Não.
- Reconheceu a voz?
- Não. Mas sei do que o Silvino Alvarenga é capaz e vou descer para contornar o problema. O caso do Barão fica para depois. Vocês vem comigo?
- Que remédio? – Diz Gonçalo – Sem você não podemos procurar pelo barão mesmo...
- Então vamos!
- Álvaro se espanta com a chegada do gerente e dos seguranças.
- Como ficou sabendo do que estava acontecendo?
- Um passarinho me contou.
- Silvino Alvarenga encerrou sua conta e quer deixar o hotel.
- Eu já sei. Onde ele está?
- No saguão, com aquelas tralhas todas.
- Vamos até lá! – Diz o gerente para Gonçalo e Fred.
O homenzinho estava irado, mais vermelho e descontrolado do que nunca. Com o mesmo terno surrado, mais com sapatos novos e brilhantes. Esbravejava contra os homens de Gonçalo, contra os funcionários do hotel e contra quem passasse em seu caminho, atraindo todos para ver o seu escândalo. Dos Boys à Maria, a camareira.
- O que está acontecendo aqui? – Pergunta o gerente aproximando-se.
- Isso é um disparate! – Berra Silvino – Uma discriminação e uma indecência!
- O que é tudo isso? – Pergunta Martinez.
- Não me deixam ir embora daqui!
- Já encerramos sua conta. Não queremos clientes insatisfeito.
- Diga isso para esses gorilas!
- Sabe alguma coisa disso, Gonçalo? – Pergunta o gerente.
Antes que o Chefe da Segurança responda, o responsável pela revista se adianta.
- Nós apenas pedimos que ele abrisse o baú e...
- Não abri e não abro! é direito meu!
- Calma, senhor Alvarenga! – Pede Martinez.
- Essa vai ser a única maneira do senhor sair daqui, -- Diz Gonçalo – Infelizmente.
- Ou então, chamando a policia. –Diz Fred.
O homem tem um sobressalto e mesmo protestando, permite que vejam o conteúdo do baú.
Diante de todos, surge no interior da enorme mala, o que Silvino Alvarenga escondia:
Os quadros que comercializava.
- Tanta frescura por causa de uns quadros velhos.
- Manere o linguajar, Fred! -Repreende Gonçalo.
- Pode fechar a mala e ir embora se quiser, senhor Silvino, -- Diz o gerente.
-Bem. Vamos voltar a nossa busca? – Pergunta Gonçalo.
- Acho que sim, -- Diz Martinez – Resolvido esse problema resta agora descobrimos onde está o barão.
Muito bem. Começo a desconfiar do gerente. Acho que o tal "hospede" do 705 apenas avisou, conforme o combinado, com o gerente, da partida de Silvino. Talvez Silvino esteja envolvido ou seja apenas um inocente útil. O fato de todos estarem agora com suas atenções voltadas para ele, no saguão, desvia os olhos de outras partes do saguão. Alguém poderia perfeitamente estar retirando o barão do hotem, pelo saguão, no momento do escandalo de Silvino.
ResponderExcluirConveniente demais esse escandalo. E porque afinal um homem do mercado de artes andaria com um terno surrado?! O sapato novo pode ser a paga para ele ter servido de cumplice. Ele pode ser muito bem um mendigo que aceitou "dar uma de ator" em troca de um sapato novo.
Afinal, terno surrado esta mais para morador de rua, ou um desempregado "largado na vida" do que para alguém que comercializa arte.
E se ele tem dinheiro para pagar uma diaria num hotem digno de hospedar barões( que pagam até seguranças) porque ele não tem dinheiro para se vestir melhor. E ele não se veste melhor certamente não seria por ter mau gosto, do contrario não teria senso estético para comercializar arte.
E outra hipotese: Tudo isso pode ser um plano do barão e dos seguranças para chantegear o hotel para que isso não vire um escandalo.
ResponderExcluirAgora estou começando a "viajar".
Mas é que acho muito estranho a insistência do seguranças em não revistar o próprio quarto do barão.
E afinal de contas, porque um marchant carregaria quadros de forma tão precaria. Num baú. Parece que isso foi arranjado de última hora, por alguém que tem desconhecimento de arte. Alguém arranjou quadros baratos de uma loja qualquer e colocou nesse baú.
Pode ter sido o próprio barão que usou de um expediente para fazer alguma coisa que ele prefere que ninguem fique sabendo. Talvez ele esteja com uma amante no quarto 606.