Seguidores

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Charles Disco e o Sequestro Misterioso (Capítulo 08)

CAPÍTULO 08
A próxima parada seria na mesma zona sul onde estava situado o templo principal de Jeremias Hammer, mais precisamente no Bairro do Flamengo, na Rua do Russel em frente ao Aterro do Flamengo. O local que iria visitar, não tinha nada de santo, mas pelo menos seu proprietário não enganava ninguém. Adonis Cambraia era uma espécie de mercador do prazer. Monopolizava casas de massagem, termas, motéis e tudo o mais que fosse ligado ao comércio do sexo em todas as suas formas. As autoridades desconfiavam que está envolvido também em negócios escusos e ligado ao moderno tráfico de escravos, mas como o Reverendo, nunca puderam provar nada contra ele.
Disco estaciona Diante do Palácio de Adonis, Na verdade um conjunto de cinco prédios de frente para o Aterro relativamente novos que ele comprara e reformara interligando-os, criando assim um complexo onde hoje se podia encontrar qualquer coisa em matéria de sexo e luxúria, devidamente camuflado e tendo como fachada principal uma elegante casa de espetáculos que montara no edifício central que fora um luxuoso hotel. Um boato que corre pela cidade é que Adonis tem a Prefeitura, não no bolso, mas sob os lençóis, e por isso as autoridades fazem vista grossa ao seus negócios. A verdade é que pouca gente se importava com o que se fazia na cidade desde que não fosse nas ruas. E isso Adonis Cambraia conseguiu, limpou as avenidas de travestis e prostitutas e colocou todos trabalhando para ele.
Ele entra no prédio principal, passando pelas poucas pessoas que transitavam pelo saguão, o centro nervoso da construção, aquela hora do dia o movimento estava fraco, mas em algumas horas, com o cair da noite, fervilharia de gente em busca de todo o tipo de satisfação, o local era uma verdadeira “ilha da fantasia” de concreto e aço.
Seu destino era a parte mais reservada do estabelecimento no segundo andar onde Adonis tinha seu escritório. Ficava atrás da boate que ocupava todo aquele pavimento. No salão, homens e mulheres dividiam o enorme espaço entre o bar e a pista de dança, agora vazia. Funcionários andavam para lá e para cá, organizando tudo para o expediente que iria começar.
Disco atravessa a boate e penetra num corredor que leva à área dos camarins e ao escritório, mas é barrado por um homem negro, magro e de cabelo cortado rente, ladeado por mais quatro brancos e vestindo ternos escuros.
- Aonde pensa que vai, meu chapa?
- Quero falar com Adonis.
- E quem é a sua pessoa?
- Vocês são novos aqui, não?
Ninguém responde.
- O mercado de capangas deve estar muito difícil, mesmo, estão aceitando qualquer coisa. - Comenta com ironia - Meu nome é Charles Disco.
- Então você é o Charles Disco. Está ficando famoso, cara!
- Dá pra você sair da frente?
- Eu saio da frente se você se identificar.
- Não preciso de identificação. - Fala forçando passagem - Adonis me conhece.
Os homens sacam revólveres e apontam para ele.
- Mas eu não conheço. - Torna o homem - Dizem que o Disco anda sempre bem armado, vamos ver se é verdade.
Retira a pistola do coldre sob a axila enquanto ele ergue os braços.
- Rapaz... Isso aqui é um canhão. - Diz examinando a arma. - Mas só tem isso?
Os outros riem.
- É muito pouco para o nome que tem.
- Talvez ache isso por estar procurando no lugar errado.
- Qualé, mermão! - Altera-se o homem - Tá a fim de tirar onda comigo?
Disco continua com as mãos erguidas.
- De forma alguma. Se olhar na minha mão direita vai encontra algo que talvez o satisfaça.
Ele abre um pouco os dedos e mostra uma granada de mão.
- Se olhar na minha mão esquerda, verá o pino que pertence a ela.
O homem arregala os olhos.
- E se não sair da minha frente, agora, vou enfeitar a parede com os seus culhões. Fui claro?
- C-Cuidado com isso, cara. - Gagueja o líder enquanto os demais baixam as armas e se afastam alguns passos para trás.
Nesse momento, Adonis sai de sua sala. É um homem mulato, de estatura mediana, cabelos pretos gomalinados, penteados para trás e amarrados num rabo de cavalo, ostenta um fino bigode preto e veste um terno marrom bem cortado, além de jóias e anéis discretos.
- Charles Disco! Que bons ventos o trazem, meu amigo?
- Gostaria de falar com você, pode ser? - Diz recolocando o pino na granada, guardando-a no bolso e estendendo a mão direita aberta em busca de sua arma que ainda estava em poder do segurança.
- Mas claro! Sabe que é sempre bem vindo aqui. - Fala ele aproximando-se e passando-lhe o braço em torno dos ombros amistosamente, ignorando seus homens.
Disco recoloca a pistola no coldre.
- Estava tendo problemas com a segurança?
- Nada que um pouco de educação não resolvesse.

0 comentários:

Postar um comentário