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quarta-feira, 30 de junho de 2010

Charles Disco e o Sequestro Misterioso (Capítulo 09)

CAPÍTULO 09
Entram no escritório. Era um aposento vasto, com muitos sofás e divãs cobertos de almofadas, tapetes caros cobrindo o chão e variados quadros nas paredes, todos retratando passagens eróticas ou nus. Uma grande mesa de forma sinuosa coberta por estatuetas e telefones sobre pés de sólida madeira marrom escuro era de onde Adonis comandava seu império. Ele senta-se por trás dela indicando uma das confortáveis poltronas de couro marrom.
- Sente-se, Disco. Aqui poderemos conversar à vontade. Toma alguma coisa? - Pergunta casualmente - Se for o caso posso providenciar...
- Não quero nada.
- Ok. Então, em que posso ser útil?
- Vim em busca de informações.
- Se for algo que eu saiba, terei prazer em ajudar.
- Quero saber se há alguém na cidade atrás de mercadoria específica.
- Não estou entendendo, Disco.
- Está sabendo de uma série misteriosa de sequestros de mulheres na cidade, não?
- Onde você quer chegar?
- Foi só um palpite. Pela natureza dos seus negócios... Talvez soubesse algo sobre algum louco extravagante que pague alto para ter essa ou aquela mulher...
- Creio que está equivocado, Disco. Não pode pensar que me envolveria com gente desse tipo. Sou um cidadão honesto e cumpridor da lei.
- Como eu lhe disse: somente estou em busca de informações. E pensei que poderia ter ouvido algo sobre isso.
- Sinto muito, mas desconheço totalmente esse assunto. E me alegra que não esteja insinuando que estou envolvido numa coisa tão sórdida, porque se estivesse me acusando não sairia daqui vivo. - Fala friamente.
- Não estou te acusando de nada. Vim aqui como amigo.
- E é como amigo que estou te dizendo que não sei de nada. Sabe que tenho uma dívida contigo e Adonis sempre paga suas dívidas. - Diz olhando-o nos olhos - Se pudesse lhe ajudar, fique certo que ajudaria.
- Já lhe disse para não se importar com isso. Esqueça aquilo, já faz tempo demais.
- Mas eu me importo. Me importo muito.
Nesse momento entra no escritório uma jovem de aproximadamente vinte anos, usando um curtíssimo vestido de ceda cor de laranja com finas alças, de estatura mediana e cabelo chanel castanho escuro, acima dos ombros e com uma compleição física harmoniosa para sua altura. Algo na garota chama a tenção de Disco e desde que entra, não consegue mais desviar os olhos dela como se não pertencesse aquele lugar. Trazia nas mãos a correspondência diária, que entrega a Adonis, e é dispensada em seguida sem dizer uma palavra.
- Já que não pode me ajudar... - Diz Disco levantando-se - O jeito é ir embora.
- Sinto muito não poder fazer nada por você.
- Não faz mal. Se souber de algo, sabe onde me encontrar.
Eles saem e Disco mecanicamente procura a moça que entrara no escritório no amplo salão com os olhos, encontrando-a do lado oposto próxima do bar falando com o barman. Isso não passa desapercebido a Adonis, acostumado a interpretar os gostos de todo tipo de pessoa.
- Ora...Ora... Então Charles Disco, o durão, está interessado em uma das minhas meninas...
- O quê...? Eu... - Embaraça-se Disco ao ser interpelado por Adonis.
- Não precisa se explicar. - Fala ele interrompendo a tentativa de defesa de Disco e dirigindo-se a moça - Virginie, venha até aqui!
A moça ao ouvir seu nome atravessa o salão e vem ao encontro dos dois.
- Estou em débito contigo desde que pegou aquele canalha que estava matando as minhas meninas. Na época você não quis pagamento, mas agora estou em condições de quitar a minha dívida.
- Não é preciso, Adonis... - Tenta falar Disco.
A moça aproxima-se dos dois e Adonis a pega pelos ombros, vira-a de costas para ele colocando-a entre os dois.
- Tome, Ela é sua!
Disco fica sem ação.
- É sua, leve-a. Pode fazer o que quiser com ela: bater, matar, transformá-la em sua escrava, qualquer coisa... E não aceito um não como resposta.
- Mas eu não posso aceitar...
- Pode sim. Só não pode me fazer essa desfeita. Ela é minha propriedade e eu estou te dando. Pode levá-la. Ela só me dá prejuízo mesmo...
A moça permanece calada como que resignada pelo seu destino.
- Adonis sempre paga o que deve. Estamos quites!
Sem outra alternativa, Disco sai do prédio seguido pela moça em silêncio. Abre a porta da pick-up e acomoda-a no banco do carona.
- E agora? - Fala sentado com as mão no volante como se fosse para si mesmo e vira-se para a moça. - Tem algum parente ou amigo para onde possa ir?
- Não. - Responde ela sem jeito - Não tenho ninguém.
- Então não tem jeito - Fala olhando direto para frente, ligando o carro. - Vou levar você para minha casa, mas primeiro temos que arranjar algo decente para você vestir.
Ele retira o sobretudo.
- Tome. ponha isso. - Diz colocando-o sobre os ombros da moça - E em casa você vai tomar um banho para retirar esse perfume barato que te colocaram. Depois disso vamos decidir o que fazer.
Engata a primeira marcha e partem. Após rodar alguns minutos chegam em casa, no bairro da Tijuca.
Disco entra e joga a chave no sofá seguido pela moça.
 - O banheiro fica lá dentro. Tome um banho e vista uma das minhas roupas. Mais tarde compraremos algo para você.
A moça assente com a cabeça e some no corredor.
O apartamento não era muito grande. Com uma sala espaçosa e bem mobiliada, com uma grande estante, com um home theather e um computador de última geração. Dois quartos, sendo que um não estava sendo usado e uma cozinha ligada a sala por um curto corredor.
- Está com fome? - Pergunta Disco dirigindo-se a cozinha.
Ela não responde.
Ele nota ao passar pelo corredor que a moça deixara a porta do banheiro entreaberta, talvez como uma lembrança do que Adonis dissera. Abre a geladeira e retira de dentro vários pratos com produtos variados e os coloca sobre a pia. Enquanto liga o Forno de microondas molha um pedaço de cenoura em forma de palito numa pasta que estava numa das travessas e leva a boca, quando ouve a voz da moça.
- Onde posso encontrar algumas roupas?
Disco vira-se e quase engasga com a visão da moça de cabelos molhados e envolta apenas na toalha de banho.
- L-Lá dentro. - Gagueja ele - No guarda-roupa do primeiro quarto.
- Obrigada.
- Por nada. Apanhe um dos meus moletons e uma camiseta. Estão dentro das gavetas na porta à direita.
Ela entra no quarto e deixa a porta aberta.
Disco Passa para sala e de lá fala alto.
- Deixei alguma coisa para você comer na cozinha. Pode se servir. Só precisa esquentar o que quiser. Vou dar uma saída rápida. Não mexa em mais nada até eu voltar.
Virginie ouve a porta bater, enquanto abre o guarda roupa.

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