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sábado, 26 de junho de 2010

Charles Disco e o Sequestro Misterioso (Capitulo 05)

CAPÍTULO 05
Disco cruza a cidade e para sua moto próximo a um dos muros da imensa propriedade dos Monte Verde localizada na velha Estrada da Barra, bem próxima ao Itanhangá. Habilmente sobe no selim da motocicleta e pula alcançando o topo do alto muro. Uma rápida olhada, um salto e está de pé do lado de dentro. Avança medindo os passos por vários minutos por dentro do terreno arborizado evitando as trilhas normais até chegar a mansão imponente que dominava aquele despropósito de terras.
- Até aqui foi fácil. - Pensa ele - Achei que teria mais dificuldades para entrar.
Atravessa o bem cuidado jardim e sobe as escadas que levam a varanda colunada que ladeia toda a casa. Quando põe os pés sobre o piso de mármore de carrara Cor-de-rosa e branco cortado em lajes de um metro quadrado é surpreendido pelo engatilhar de armas. Ainda abaixado na tentativa de esconder sua presença, vê a sua frente as pernas envolvidas em uma meia calça branca e o sapato alto cor-de-rosa de Sheila Monte Verde.
- Bom dia, Senhor Disco. Seja bem vindo!
Ele endireita-se e vê a mulher diante dele, ladeada por um batalhão de homens de terno escuro fortemente armados.
- Está tudo bem, rapazes! - Fala gesticulando - Podem deixar o Senhor Disco por minha conta. Apesar da entrada pouco educada, ele está trabalhando para nós.
Os homens se retiram.
- O que tentava provar com isto?
- Queria apenas testar a sua segurança.
- Como pode ver, ela é perfeita. Estava sendo monitorado desde o modo deselegante como pulou o muro.
- Mesmo assim cheguei até aqui.
- Foram ordens minhas, não queria estragar o seu passeio. O que achou do que viu?
- Foi muita bondade sua. É tudo muito bonito, mas não foi por isso que vim até aqui. Preciso de mais informações.
- De que tipo?
- Toda que puder me ajudar a encontrar a sua sobrinha.
- Então pode começar a perguntar.
- A quanto tempo tem esse sistema de segurança?
- Meu pai sempre foi muito meticuloso nesse sentido. Sempre houve segurança nesta casa. Nós nos orgulhamos de mantermo-nos sempre atualizados nesse campo. Desde que nasci pude desfrutar de muita paz nesse lugar. Posso dizer mesmo que temos a melhor equipe de segurança do país.
- Só que infelizmente não foi suficiente...
- Mérito dos sequestradores, Não negligência nossa.
- Será que poderia dar umas voltas por aí?
- Porquê?
- Gostaria de falar com a criadagem
- Vou providenciar. - Diz virando-se e entrando na casa - Venha comigo.
Ela leva Disco até a sala de estar da mansão onde encontra uma mulher vestindo um sóbrio tailleur, de pé próximo a escada de mármore que sobe para o segundo andar. Fala algo com ela e volta para perto de Disco que admirava a suntuosidade do local.
- A governanta vai preparar as entrevistas, mas desde já adianto que isso não será de muita valia. A polícia já fez isso.
- Tenho de lembrar a senhorita mais uma vez: - Fala enquanto examina o luxo dos lustres de cristal e das obras de arte espalhadas pela casa -  Eu não sou da polícia.
Um pouco irritada, Sheila muda de assunto.
- Todos os nossos empregados estão conosco a muitos anos. São da mais absoluta confiança e recebem salários muito acima dos pagos pelo mercado.
- Não estou dizendo o contrário, mas às vezes um empregado vê mais coisas que o seu patrão. E é justamente o que eu procuro: detalhes que passaram despercebidos aos sabujos do Matias.
Disco circulou por toda parte, sempre sob os olhos atentos da governanta e dos seguranças, entrevistou todos os empregados e não conseguiu muita coisa. Os criados sabiam pouco mais do que os donos da casa. Todos tinham como dissera Sheila, mais de dez anos de trabalho ininterrupto. Apenas um caso destoava dos demais.
Há exatos oito meses, o jardineiro, que morava fora da propriedade, fora atropelado ao sair de casa e quebrara uma perna; sendo substituído por um outro indicado por uma agência de empregos de máxima confiança, com todas as referências possíveis. Trabalhou por três meses, até que o acidentado se recuperasse totalmente e retornasse em plena forma às suas atividades. Segundo Sheila e a governanta era de conduta e pontualidade irrepreensível, mas quando José, o jardineiro, retornou, não quis ser efetivado como seu ajudante e resolveu ir embora.
- Ele estava em casa quando a menina foi levada?
- Sim. Ainda trabalhava conosco. - Respondeu a governanta - A polícia o interrogou, e liberou como a todos os outros.
Quanto as armas, apesar dos presentes não saberem definir, percebeu que utilizaram submetralhadoras com alto poder de fogo, fuzis e pistolas automáticas e semi-automáticas, o que demonstrava ser coisa de profissionais. A entrevista com o avô, ainda traumatizado, com a babá e a mãe, não rendeu nada que Disco ainda não soubesse.
- Acho que está na hora de ir. - Fala descendo as escadas ao lado de Sheila. - Pode arranjar alguém para me acompanhar até o local onde deixei a minha moto? - Diz irônico - Sabe como é... De repente me confundem com algum desafeto da família e aí já viu...
- Não é necessário, senhor Disco. Já mandei trazer a sua antiguidade. Ela está na saída principal. - Aponta para a porta.
- Sua gentileza não tem tamanho.
- O que pretende fazer agora? - Pergunta enquanto Disco senta-se na moto.
- É segredo profissional. - Diz ele ligando a motocicleta - Quando tiver algo eu lhe procurarei.
Afasta-se ruidosamente levantando uma nuvem de fumaça e poeira.

Um comentário:

  1. Se você não deu grande destaque para o avô, a mãe e a baba da menina é porque a linha de investigação da história quer nos levar uma trama não tem relação com essa familia.

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