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quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

A Síndrome de Rebeca

Num post anterior (Decepções Amorosas Podem Ser Como um Vício) a solução apresentada para os rejeitados no amor era encarar os reveses como um processo de aprendizagem onde o tempo era apresentado como o melhor aliado.

Eu acrescento que além do tempo há na verdade mais dois aliados. Por experiência própria cheguei a conclusão de que não é apenas uma, mas que existem três coisas que podem curar uma ferida de amor: Tempo, Distância e Desamor.

Para se livrar de um "encosto" emocional capaz de trazer tantos problemas conforme dito na postagem citada, comece colocando um oceano de distância (fisica e/ou emocional) entre você e o objeto de sua paixão, depois aceite com todas as forças do seu ser que ele(a) NÃO TE QUER MAIS e espere o tempo passar (essa sem dúvida é a parte mais difícil); uma hora, representada quase sempre pelo fato de poder se referir a pessoa em questão sem usar eufemismos como: o "troço", o "traste", o "falecido(a)" ou "aquele(a) cujo nome não deve ser pronunciado numa casa de família", você vai perceber que o fantasma foi devidamente exorcizado e você pode seguir sua vida.

Entretanto, se alguém; um amigo, colega, vizinho, o cara sentado ao seu lado no ônibus ou na fila do banco, vier com aquele papo de, ao saber que você terminou um relacionamento recente: ah! "um amor se cura com outro" e Ah! a "fila anda", cuidado! Você pode ser acometido da "Síndrome de Rebeca".

A "Síndrome de Rebeca" é descrita num livro de Carmem Posadas do mesmo nome onde ela parte do enredo do primeiro filme de Alfred Hitchcock na América em 1940 (“Rebeca – A Mulher Inesquecível”), onde uma Jovem humilde se casa com um rico homem chamado Maximilian de Winter e se muda para a mansão do novo marido, vivendo sob a sombra de sua ex-mulher, que todos idolatravam e morreu de forma trágica. Ela nem chega a ter nome na história, é conhecida apenas como a nova senhora De Winter.

A ideia básica é que alguém recém-separado está frágil aos fantasmas do passado e portanto incapaz de tomar uma decisão acertada capaz de colocar alguém decente em sua vida amorosa. Ou procura uma cópia, ou alguém diametralmente oposto, ambas as escolhas podem ser o prelúdio para o desastre.


É saudável, preciso e necessário um período sabático entre um relacionamento e outro, uma “quarentena”, um “balanço geral” que só pode ser feito com tempo e após a cicatrização das feridas emocionais, por que tem que ser feito de cabeça fria. E acredite: sempre há feridas emocionais.

Alguém disse certa vez, “Um romance cujo fim é instantâneo ou indolor não é romance”. A dor tira o discernimento para boas decisões e aí entram o que eu chamo de “os três faxineiros das emoções”: Tempo, Distância e Desamor para limpar o terreno e criar condições para o novo e a não-manutenção de refugos emocionais ou mais do mesmo.

Recomendo veementemente a leitura do livro, que encontrará no sebo ou livraria mais perto de você. Mas para terminar vou colocar dois testes tirados de lá: um para saber se você mantém vivo um fantasma do passado e outro para saber se você pode estar acometido da síndrome. Em caso afirmativo aconselho que busque uma solução, qualquer uma. Com certeza isso vai melhorar sua vida como um todo.


TESTE PARA SABER SE VOCÊ MANTÉM VIVO O FANTASMA DO PASSADO

Entre os que alimentam Rebeca há os que o fazem de forma involuntária, mas há também muitas pessoas que, na realidade, recorrem ao impossível para mantê-la com vida, apesar de tantas adversidades. Para saber se você é um desses caçadores com ideias confusas, responda sim ou não às perguntas abaixo:

1. No fundo de sua mente, acredita na possibilidade de uma reconciliação com seu(sua) "ex"?
SIM/NÃO

2. Considera o rompimento anterior como um fracasso em sua vida? Sente-se culpado(a)?
SIM/NÃO

3.         Sabe que o amor que tenta esquecer é um amor impossível, não por um problema de sentimentos e sim por circunstâncias sociais ou de outro tipo? Por exemplo:
a)Ele é motorista (22 primaveras) e você a diretora da empresa (39 anos).
b) Ela é casada com um homem rico, e você não tem vintém. Estão apaixonados um pelo outro, mas...
SIM/NÃO

4.Você está entre os que confundem amor com amor-próprio? Seu rompimento anterior foi muito traumático... em especial para seu ego?
SIM/NÃO

5.         É quase impossível para você a ideia de iniciar uma nova relação? Teme voltar a se equivocar e criar para si problemas tão grandes ou maiores que os que acaba de deixar para trás?
SIM/NÃO

6.         Foi você quem abandonou seu par e está arrependido(a)? Gostaria de fazer o relógio voltar no tempo? Recomeçar tudo?
SIM/NÃO


Se você respondeu SIM a alguma das perguntas acima é certo que você mantém vivo um fantasma do passado. Cuidado! Pense com a cabeça e não com outro(s) órgão(s) e pergunte-se: há alguma possibilidade de conciliação? Se a resposta for sim, compre um ramalhete de flores ou uma gravata (segundo o caso) e corra à casa de seu(sua) amado(a). Boa sorte!
Quanto aos outros... Já pensou melhor e acredita que, embora seja difícil, o melhor é se libertar daquele amor? Em uma palavra: quer se desenamorar? Sim? Então, anime-se, não é tão difícil como parece.




COMO DESCOBRIR AS VÍTIMAS DA SÍNDROME DE REBECA.
Escolha entre as opções A e B aquela que no seu entender se enquadre melhor com seu caso atual.

01 – Seu amor atual:
A) Se parece muito (física, espiritual ou circunstancialmente) com seu(sua) "ex".
B) Não tem nenhuma semelhança. Ainda mais, são a antítese.

02 – Quanto aos atos do seu parceiro:
A) Irrita-lhe descobrir em seu par defeitos ou virtudes que tinha o(a) outro(a).
B) Jamais fez a comparação. Parece-lhe de mau gosto.

Quanto ao lugar onde mora:
A) Seu lar atual, a maneira com que está decorado etc, é a cópia exata do que compartilhava com seu(sua) "ex".
B) Tudo ao contrário. É claramente diferente.

Quanto as suas preferências:
A) Todos os homens(mulheres) pelos(as) quais se sente atraído(a) têm um denominador comum.
B) Absolutamente. São totalmente diferentes.

Quanto ao “ex”:
A) Em momentos de enfado ou paixão ocorreu-lhe deixar escapar alguma vez o maldito nome do(da) outro(a).
B) Cuida-se muito para que isto não ocorra e consegue.


Solução
Respondeu sim às perguntas A e não às B? Ou vice-versa? Pois sinto dizer-lhe que dá exatamente no mesmo. Tanto se busca algo idêntico ao passado como se lhe atrai o pólo oposto, ambas as qualidades revelam que Rebeca anda por aí, à solta.

O livro: A Síndrome de Rebeca: Guia para Exorcisar Fantasmas Amorosos. De Carmem posadas, Editora Record, 1988.

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