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sábado, 19 de fevereiro de 2011

Rotas Sagradas do Catolicismo

No primeiro milênio do Cristianismo, três rotas foram consideradas sagradas, e que resultavam numa série de bênçãos e indulgências para quem percorresse qualquer uma delas.

A primeira rota levava até o túmulo de São Pedro, em Roma, seus caminhantes tinham por símbolo uma cruz e eram chamados de romeiros. Ela percorria a chamada “Via Francigena”, uma importante estrada medieval de 1.700 km. Essa rota de peregrinação à Roma iniciava-se em Canterbury (Inglaterra) e levava o peregrino até o túmulo de São Pedro no Vaticano. Ela atravessa a França (de onde surge o seu nome de Francigena ou caminho dos Francos), a Suíça e entrava na Itália através do Passo do Grande São Bernardo.

A Via Francigena foi a mais importante rota de peregrinação à Roma durante a Idade Média. O primeiro relato histórico foi escrito pelo arcebispo de Canterbury, Sigerico o Sério, que em 990 d.C efetuou a peregrinação à Roma para receber o título das mãos do Papa João XV. No relato, ele descreve as 79 etapas da viagem.

Posteriormente a Via Francigena caiu no esquecimento. Atualmente voltou a ser um roteiro atraente para peregrinos e viajantes. No total, o percurso é de aproximadamente 1.600 quilômetros. Ao percorrer 20 quilômetros por dia à pé, o peregrino necessita 80 dias para ir de Canterbury até Roma.

A segunda rota levava até o Santo Sepulcro de Cristo, em Jerusalém, e os que faziam este caminho eram chamados de palmeiros porque tinham como símbolo as palmas com que Cristo foi saudado quando entrou na cidade. Os caminhos dessa rota partiam, principalmente, da Alemanha, Espanha, França e Inglaterra; cruzando esses países, seguiam depois por terra ou por mar rumo a Jerusalém na Palestina.

A partir do século IV as peregrinações a Terra Santa ficaram cada vez mais populares. As peregrinações a Jerusalém cresceram muito e passaram a ser aplicadas como uma forma de penitência adequada para certos pecados. Isto foi visto em documentos do século VII entre as penitências que eram aplicadas a um pecador. Entre todos os lugares de peregrinação a Terra Santa era o mais buscado pelos cristãos em face de sua importância histórica.

Os peregrinos encontravam muitas dificuldades para chegar até Jerusalém. Nos mares havia insegurança em face da pirataria, deste modo a rota mais comum dos peregrinos do Ocidente os levava até Constantinopola e daí por terra, através de Anatólia e da Síria, chegavam a Terra Santa. A reforma do século XI deu grande importância as peregrinações, que nesta época ficaram muito mais fáceis e comuns porque a pirataria tinha sido quase que totalmente extinta do Mediterrâneo. Algum tempo depois estas viagens passaram a ser confusas e perigosas

Finalmente, existia um terceiro caminho – um caminho que levava até os restos mortais do apóstolo São Tiago, enterrados num local da península ibérica onde certa noite um pastor havia visto uma brilhante estrela sobre um campo.

A lenda conta que não apenas São Tiago, mas a própria Virgem Maria, estiveram por ali logo após a morte de Cristo, levando a palavra do Evangelho e exortando os povos a se converterem.

O local ficou sendo conhecido como Compostela – o campo da estrela – e logo surgiu uma cidade que iria atrair viajantes de todo o resto do mundo cristão. A estes viajantes que percorriam a terceira rota sagrada foi dado o nome de peregrinos, e passaram a ter como símbolo uma concha.

O Caminho de Santiago de Compostela, considerado uma das principais rotas sagradas dos cristãos, percorre toda a Península Ibérica, de leste a oeste. Atualmente, o percurso atrai uma média de 150 mil peregrinos por ano.

O mais tradicional de seus quatro itinerários principais é o chamado caminho francês, que começa nos Pirineus, em San Juan Pied-de-Port. Roncesvalles, em território espanhol, é outro ponto de partida muito usado.

Após atravessar o País Basco, Cantábria e Astúrias, o peregrino chega à Galícia, no extremo oeste, onde os católicos acreditam estar o túmulo do apóstolo Tiago. O hábito de peregrinar pelos seus quase 800 km vem do século 11, movido pela promessa de bênçãos e indulgências a quem cumprisse todo o percurso.

Conta a lenda que, após a dispersão dos apóstolos pelo mundo, são Tiago esteve na Galícia. Ao voltar à Palestina, foi preso. Herodes Agripa, rei da Judéia, mandou então cortar-lhe a cabeça. Seu corpo teria sido jogado para fora dos muros de Jerusalém.

Os restos mortais, de acordo com uma antiga tradição, teriam sido levados por seus seguidores para um barco que, guiado pela mão divina, foi parar nas costas galegas, onde foram sepultados.

Em 813, o bispo Teodomiro, de Iria, na Galícia, encontrou em San Fiz uma tumba de mármore no meio do mato. O local havia sido indicado por um ermitão após observar uma chuva de estrelas sempre sobre um mesmo ponto.
Daí veio o nome Compostela, do latim ""campus stellae", que significa campo das estrelas. Passou-se a acreditar que se tratava do túmulo de são Tiago. Segundo a lenda, não apenas Tiago, mas a própria Virgem Maria esteve em Compostela para divulgar o Evangelho.

Essas notícias se espalharam pelo mundo, levando as pessoas a se deslocarem a Santiago para conhecer o sepulcro, que se transformaria mais tarde numa igreja.
Originou-se assim o Caminho de Santiago, que viveu seu auge nos séculos 12 e 13, quando reis espanhóis chegaram a criar uma ordem de cavalaria para proteger a cidade e as trilhas.

No Brasil também existe uma rota criada com a chancela da Igreja Católica, ligando dois centros de romaria de São Paulo que foi batizada de “Caminho da Fé”. É uma trilha de peregrinação, com aproximadamente 400 km de extensão, inaugurada em 11/02/2003, que vai de Tambaú, no interior de São Paulo, até Aparecida do Norte, no Vale do Paraíba/SP, atravessando a Serra da Mantiqueira, pelo sul de Minas Gerais.

Inspirado no famoso Caminho de Santiago de Compostela, da Espanha, narrado pelo escritor Paulo Coelho em “O Diário de um Mago”, o caminho brasileiro foi idealizado por um grupo de Águas da Prata, liderado pelo presidente da Associação Comercial da cidade, Almiro José Grings, que percorreu a trilha européia por duas vezes.

A versão brasileira do Caminho de Santiago, com um total de 415 quilômetros de extensão, atravessa o sul de Minas Gerais e o itinerário promove o encontro imaginário do Padre Donizetti Tavares de Lima (morto em 1961 e em processo de beatificação no Vaticano), de Tambaú, chamado de "caipira milagroso" por conta de curas de doentes a ele atribuídas enquanto ainda vivo, com a sua santa de devoção, Nossa Senhora Aparecida, em Aparecida, cidade do Vale do Paraíba onde se localiza o maior santuário do Brasil.

Como na Espanha, os peregrinos recebem um passaporte na partida, oficializado pela igreja com o nome de mariana -em Santiago chama-se compostelana-, a ser carimbado em cada pousada. Ao final, quem tiver os 24 carimbos do percurso, recebe o certificado de peregrino no Santuário Nacional de Aparecida. o caminho foi desenhado entre trilhas de romaria já existentes e outras de trekking.

O Caminho brasileiro passa por 19 municípios e 4 distritos, através de estradas vicinais de terra, trilhas, bosques, pastagens e asfalto, e foi criado para dar estrutura e suporte às pessoas que sempre fizeram peregrinação ao Santuário Nacional de Aparecida, oferecendo-lhes os imprescindíveis pontos de apoio. São necessários aproximadamente 16 dias, fazendo uma média de 25 quilômetros por dia, para percorrer todo o Caminho.

Os pontos de início são as cidades de São Carlos - SP (no ramal oeste), Mococa - SP (no ramal norte) e Cravinhos - SP (no ramal noroeste). Os ramais oeste e noroeste se unem próximo ao distrito de São Roque da Fartura, município de Águas da Prata – SP, e seguem juntos até Aparecida - SP e o ramal noroeste se une ao Caminho na altura de Tambaú.

Como na Espanha, todo o percurso do caminho está marcado com setas amarelas e/ou placas informativas. As setas guiam os peregrinos entre as cidades e dentro delas, seguindo até a porta das pousadas que são credenciadas e comprometidas com o projeto do Caminho da Fé. Várias delas oferecem descontos aos peregrinos (não é obrigatório hospedar-se nessas pousadas).

Existem Outros dois projetos de trilhas de peregrinação apoiados pela Igreja, mas que não receberam apoio. Um dos projetos refaz o itinerário de 105 km que era percorrido pelo padre Anchieta no Espírito Santo, entre a ilha de Vitória e a cidade de Reritiba (atual Anchieta). Uma outra ramificação seria a trilha que vai de Santana do Parnaíba a Águas de São Pedro, batizada de Caminho do Sol, com 209 km, passando por 13 cidades. (MS)


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