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sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Somos Todos Crianças Brincando em Caixas de Areia

Por Rafael Arrais
Há tempos que temos orado e esperado por uma grande mudança espiritual no mundo – mas, porque ela nunca chega?

Quando éramos crianças pequenas e inocentes, brincávamos em nossas caixas de areia… O parque nos era desconhecido, mas em nossas brincadeiras pelos pequenos montes de areia, éramos verdadeiros especialistas. Os seres a perambular em nossa volta eram ignorados, mas sabíamos o nome de cada uma das crianças a brincar conosco na areia.


Por vezes formávamos grupos, até que uns brincavam apenas entre si, e não deixavam as crianças “de fora” entrar… Por vezes até discutíamos uns com os outros, ou brigávamos: um grupo contra o outro… E os seres a nos observar, passeando pelo parque, davam gargalhadas: “São apenas crianças, têm ainda muito por conhecer”.

Mas e o que seriam nossas doutrinas religiosas senão o fruto das brincadeiras que alguns profetas encenaram em seus pequenos desertos? E o que seriam tais mandamentos senão as regras para que as crianças pudessem continuar brincando sem se ferir?

E quando uma criança se exalta e brada: “Eu conheço todas as brincadeiras do mundo!”, aqueles seres transeuntes do parque apenas comentam: “Eles ainda estão na era das caixas de areia…”.

Mas quando afinal chegará nossa vez de conhecer todo o parque a volta? Será que precisaremos realmente esperar este pequeno planeta rodear seu sol por mais um tanto de vezes? E que diferença isso faria, se nosso sol é apenas mais um grão de poeira a girar pela galáxia – e a galáxia, mais um punhado de grãos empurrados adiante pelos ventos do infinito…

E o que seria este dia, senão mais um despertar de nossa consciência, após mais um passeio pelo parque etéreo dos sonhos? E quem seriam afinal os grandes responsáveis pela instauração de uma nova era espiritual no mundo, senão nós mesmos?

Temos brincado e rolado juntos pelos montes de nossa pequena caixa de areia, e por vezes a temos tentado apanhar com as mãos – mas tal areia do deserto é como o tempo a escorrer entre os dedos, e não é possível guardar quase nada de todo esse turbilhão. Tudo o que guardamos são as brincadeiras, tudo que nos resta é continuar a brincar…

E, quem sabe, dia virá em que percebamos como fomos tolos em brincar em grupos fechados, separados uns dos outros por uma ou outra regra de um jogo que, no fim, todos nós temos jogado a tantas e tantas eras…

Que aquele que bate no peito e se sente no direito de ditar aos outros como todos os jogos têm de ser jogados, é porque ainda não aprendeu a grande brincadeira da vida: persistir em semear todos esses parques em meio ao infinito de si mesma, e observar todas essas brincadeiras que suas crianças têm brincado, até que se cansem de rolar pela areia, e se juntem aos transeuntes do parque.

Mas eis que há muitos parques no Reino, e no momento em que chegamos finalmente a um deles, há uma grande festa a nossa espera:

“Bem vindo, agora se inicia uma nova era!”

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