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terça-feira, 5 de outubro de 2010

O Filtro Interior de Buda

Nesses tempos em que querem que pensemos que a visão da mídia é A verdade e em que as pessoas acreditam nas coisas por que deu na televisão (ou no jornal, ou no site, ou por que ouviu a tia da prima do cara que trabalha na mesma firma que ela, disse) coloco para reflexão um texto de Allan Watts:

“Estamos rodeados por um sistema de comunicação que não funciona. Isto é, o rádio, a televisão, os jornais, as revistas — toda a informação que as pessoas recebem — não tem utilidade porque não há nada que possamos fazer a respeito.

Além disso, existe uma enorme diferença entre o mundo que existe e o mundo que é descrito. Admitimos que o mundo da televisão, dos jornais, dos cinemas, dos livros, das revistas, da Time, da Newsweek, representa o que realmente está acontecendo porque nos aclimatamos à cultura literária de um estado ocidental industrializado.

Não é nada disto. Assim como a sua opinião sobre si mesmo não é você, as notícias não são o que está acontecendo. É um ponto de vista particularmente tendencioso do que está acontecendo, a expressão do intelecto limitado de políticos e repórteres.

O que realmente está acontecendo no mundo é muito, muito diferente. Cada visão que temos do mundo e cada seleção que fazemos do que é importante virar notícia é simplesmente uma maneira de ver as coisas, e existem inúmeras maneiras de ver.

Os grandes artistas demonstraram isto quando nos ensinaram como ver. (...) Você ficaria surpreso se pudesse se colocar no estado mental de um estudioso vivendo na Europa em tomo do ano 1300 e que fosse viajar através dos Alpes. Poderia imaginar esta pessoa noticiando que as montanhas eram simplesmente deslumbrantes, mas este estudioso as veria somente como uma ameaça e um perfeito estorvo a ser superado. Não veria nada da beleza antes que os artistas a mostrassem para ele.

Ao considerar estes pontos, conscientizamo-nos como o nosso conhecimento do mundo é um conhecimento convencional. Vemos uma seleção de pontos particulares que notamos através de uma lavagem cerebral, e desprezamos o restante.

Vemos como se o mundo fosse uma mancha de Rorschach, havendo uma interpretação oficial da mancha. Todos concordam que deve ser assim.”
(ALLAN WATTS – OM Meditações criativas)

Como antídoto devemos nos lembrar em primeiro lugar das palavras de Paul Valéry: "Qualquer visão das coisas que não seja estranha é falsa".

E em segundo lugar, como corolário de uma atitude saudável diante da vida, manter em mente as palavras imortais de Sidarta Gautama, o Buda (Iluminado):

“Não acredite em mim porque sou seu professor.
Não acredite em mim porque os outros acreditam.
E também não acredite em nada porque leu num livro.
Não coloque sua fé em relatos ou tradição ou rumores.
Ou na autoridade de líderes ou textos religiosos.
Não conte com a mera lógica ou inferência,
Ou aparências ou especulações.
Conheça por você mesmo que certas coisas são prejudiciais e erradas.
E quando o fizer, então desista delas.
E quando souber por si próprio que certas coisas são benéficas e boas, então as aceite e as siga.”

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