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terça-feira, 24 de agosto de 2010

Sobre o Amor Verdadeiro

“Se amas alguém, deixa-o em liberdade.
Se ele voltar, foi porque precisou.
Se não voltar foi porque precisou.”
(Escrito anônimo num muro em Buenos Aires)

“O amor verdadeiro, o amor amadurecido é união sob condição de preservar a integridade própria, a própria individualidade.
O amor é uma força ativa no homem; uma força que irrompe pelas paredes que separam o homem de seus semelhantes, que o une aos outros;
O amor leva o homem a superar o sentimento de isolamento e de separação, permitindo-lhe, porém, ser ele mesmo, reter sua integridade.
No amor ocorre o paradoxo de que dois seres sejam um e contudo permaneçam dois.
Mas que dá uma pessoa a outra?
Dá de si mesma, do que tem de mais precioso, dá de sua vida.
Isto não quer necessariamente dizer que sacrifique sua vida por outrem, mas que lhe dê aquilo que em si tem de vivo;
Dê-lhe de sua alegria, de seu interesse, de sua compreensão, de seu conhecimento, de seu humor, de sua tristeza – de todas as expressões e manifestações daquilo que vive em si.
Dando assim de sua vida, enriquece a outra pessoa, valoriza-lhe o sentimento de vitalidade ao valorizar o seu próprio sentimento de vitalidade.
Não dá afim de receber; dar é, em si mesmo, requintada alegria.
Mas ao dar, não pode deixar de levar alguma coisa à vida da outra pessoa, e isso que é levado à vida, reflete-se de volta ao doador;
Ao dar verdadeiramente, não pode deixar de receber o que lhe é dado de retorno.
Dar implica fazer da outra pessoa também um doador e ambos compartilham da alegria de haver trazido algo à vida.
Além do elemento de doação, o caráter ativo do amor torna-se evidente no fato de implicar sempre certos elementos básicos comuns a todas as formas de amor. São eles: cuidado, responsabilidade, respeito e conhecimento.
O amor é preocupação ativa pela vida e crescimento daquilo que amamos.
O cuidado e a preocupação implica outro aspecto do amor: o da responsabilidade.
A responsabilidade, porém, em seu verdadeiro sentido, é ato voluntário; é a resposta que damos as necessidades, expressas ou não expressas de outro ser humano.
Ser “responsável” significa ter de “responder”, estar pronto para isso.
A responsabilidade poderia facilmente corromper-se em dominação e possessividade se não houvesse um terceiro elemento do amor, o respeito.
Respeito não é medo e temor; denota, de acordo com a raiz da palavra (respicere=olhar para), a capacidade de ver uma pessoa tal como é, ter conhecimento de sua individualidade singular.
Respeito significa a preocupação de que a outra pessoa cresça e se desenvolva como é, implica a ausência de exploração.
Respeito, assim, é querer que a pessoa amada cresça e se desenvolva por si mesma, por seus próprios modos e não para o fim de servir-me.
Se amo a outra pessoa sinto-me um com ela, ou ele, mas com ela tal como é, não como eu necessito, como um objeto de meu uso.
É claro que o respeito só é possível se eu mesmo alcancei a independência. Se eu puder levantar-me e caminhar sem precisar de muletas, sem ter que dominar e explorar qualquer outro.
O respeito só existe na base da liberdade. O amor é filho da liberdade, nunca da dominação.
Respeitar uma pessoa não é possível, entretanto, sem conhecê-la.
Cuidado e responsabilidade seriam cegos se não fossem guiados pelo conhecimento.
O conhecimento seria vazio se não fosse motivado pela preocupação.
Há muitas camadas de conhecimento; o conhecimento que é um aspecto do amor é aquele que não fica na periferia, mas penetra até o âmago do outro.
O único meio de conhecimento completo está no amor, esse ato que transcende o pensamento, transcende as palavras. é o mergulho ousado na experiência da união.
Contudo, o conhecimento pelo pensamento, que é o conhecimento psicológico torna-se condição necessária para o pleno conhecimento no ato do amor.
Preciso conhecer-me e a outra pessoa, objetivamente, a fim de poder ver a sua realidade, ou melhor de superar as ilusões, o retrato irracionalmente desfigurado que tenho dela. Só se conhecer objetivamente um ser humano poderei conhecê-lo em sua essência última no ato de amor.”
(Erich Fromm – A Arte de Amar)

“Quem nada conhece, nada ama.
Quem nada pode fazer, nada compreende.
Quem nada compreende, nada vale.
Mas quem compreende, também ama, observa, vê...
Quanto mais conhecimento estiver inerente numa coisa,
tanto maior o amor...
Aquele que acha que todos os frutos amadurecem ao mesmo tempo,
como as cerejas,
nada sabe a respeito das uvas.”
(Paracelso)

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