CONSIDERAÇÕES SOBRE A VIDA E O TAO
Tenho-me instado a perguntar,
A sentir talvez...
O suave bailado da vida ao meu redor.
Vendo também a frenética dança
Na qual se transforma algumas vezes
Entendo pouco e fico surpreso
Quando não percebo o que se passa.
Quando a imensidão do Cosmos
Me reduz a um mero ponto no infinito,
Minúsculo grão de areia
Nas praias do universo.
E como tantos outros homens
Na longa estrada do tempo
Procuro tecer considerações
Acerca do que não entendo.
Usando minha fraca visão
Iluminada aqui e ali
Por lampejos do Conhecimento Verdadeiro,
Procuro descobrir o Real Significado.
A Realidade é como uma tessitura,
Seus fios são interligados infinitamente
Agindo e interagindo uns com os outros,
Tocando-se e interceptando-se mutuamente.
E ao homem que tem capacidade de discernimento
Não é possível ver nem sentir
Mais do que algumas poucas polegadas
Desse Tecido Cósmico.
Apenas uns poucos dentre nós
Conseguirão intuir o que se passa
Sentir em seu âmago toda a extensão
Como se sente a brisa sobre uma colina.
E mesmo esses poucos
Que não precisam provar nada a ninguém
(Até porque não conseguem)
Tem pouco mais para mostrar
Do que sua própria experiência.
Surgem aqui e ali
Anúncios de novas verdades,
Novos caminhos
Que desvendam todos os mistérios,
Novos deuses, novas utopias
Embaladas pela cobiça,
Ou pior, Pela incerteza.
Indiferente a isso está o Tao.
Aberto para quem o aceita
Simples para quem o almeja
E mesmo assim tão difícil.
Nossas mentes estão preparadas
Para o que é complexo
Para a dificuldade e sacrifício.
Para soluções mirabolantes
Encantamentos e magias
Ou para um salvador,
Um deus ex-machina.
O Princípio Imanente,
Aquele que permeia a tudo
(seja qual for o nome
Que se queira dar)
Está indiferente a isso também.
Está lá
Eterno e visível
Como a assinatura de um pintor
Na sua obra de arte.
Quem tem olhos para ver, Veja!
Quem tem ouvidos para ouvir, Ouça!
Já dizia o Mestre!
Não são necessários recursos volumosos
Pirotecnias, tão pouco malabarismos
De corpo ou mente
Para se chegar ao Pai.
Não é necessário
Ostentar sua devoção
Ou alardear sua fé
Aos quatro ventos.
Basta sentir.
Polir a Pérola Divina
Que cada um tem dentro de si
No santuário
Onde o Deus Interior está presente.
A simplicidade do Caminho
É o que o torna tão difícil,
Exige perseverança
E Serenidade Interior.
É um lento avançar
Em direção a uma meta
Que não se sabe com certeza
Se está lá.
A Fé
É o que empurra o homem a frente
E o sentimento sem palavras
Sempre presente.
É algo que aquece o coração
Conforta e alivia
Não traz melhorias materiais na vida
Mas ajuda a viver melhor.
Ensina a ter Esperança,
A confiar no Destino
E trabalhar incansavelmente
Para fazê-la melhor.
Dizem que alcançar o Tao
Através da Virtude
Não é melhor
Do que alcançar a Virtude
Através do Tao.
O certo é que a Virtude
Não é mais do que ela mesma
E não encerra em si
Nenhum benefício ou dádiva,
Apenas a satisfação
De se ESTAR no Caminho.
Só trazendo resultados
Quando se manifesta
Sem esforço consciente,
Como Verdadeira Natureza
Sem apego e obsessão.
Grandes filósofos
Tentaram achar
A Raiz do Conhecimento
E a explicação para a Vida.
Ficaram somente
Na ante-sala da Verdade
Buscando com a lógica fria
Apreender o calor do Tao
E as suas manifestações.
Está no alcance de qualquer um
(E nisso reside o perigo inerente
Que representa perante
As instituições conhecidas)
Atingir o Caminho.
Na verdade todos estão Nele.
O Homem Sábio
Apenas tem consciência disso
E vibra em Harmonia com o Tao
Ou Nirvana, ou Espírito Santo
Ou seja lá que nome tiver
Essa Grande Consciência Incriada.
Esse Conhecimento,
Essa Sapiência que transforma,
Que traz a Paz e a Felicidade,
A Paciência e a Tolerância,
A Firmeza e a Lucidez de Pensamento
Pode ser visto, mas não enxergado,
Pode ser tocado, mas não sentido,
Pode ser relegado,
Se o espírito não estiver aberto para ele.
Se não se desejar ardentemente
Abandonar a vida efêmera (Sem deixá-la)
E assumir a única forma de Imortalidade possível:
O retorno a Fonte Primordial
Da Qual todo Homem faz parte!
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