Capítulo 02
A Casa do Guerra
Alguns dias depois na calçada em frente a uma casa num condomínio fechado com gramado e um caminho de lajes de pedra até a porta de frente para a rua, um menino de seis anos, com cabelos e olhos escuros brinca com um carrinho de brinquedo.
Renzo observa a cena de longe, do outro lado da rua.
“Nicolletti não me deixou muita escolha. Mas, se tenho que fazer a coisa, terá de ser do meu jeito. Não tenho a intenção de colocar minha cabeça a prêmio.”
Um carro de polícia encosta no meio fio próximo ao garoto e dentro dele está o Delegado Guerra.
“Confirmei com alguns informantes o que Nicolletti disse. O Delegado Guerra realmente está metido até a medula em negócios sujos. Ele é um tira corrupto. Acho que estou ficando mesmo desatualizado...”
O carro de polícia para e Guerra pega no colo o garoto que se atira sobre ele alegremente.
- E aí, filhão? Cadê sua mãe?
- Foi na feira.
“Pensei que o Guerra fosse mais esperto. Esse condomínio deve custar uma fortuna. Ele nunca poderia ter uma dessas só com o salário da polícia.”
O Delegado entra na casa, levando o garoto.
- ...E deixou você com a empregada? Tenho que conversar com sua mãe sobre isso... Vamos buscá-la. Vou dispensar a Maria e vamos ao shopping almoçar e fazer umas compras.
- Que bom, - diz o garoto contando nos dedos - Vamos comer um hambúrguer e sorvete e...
O carro de polícia arranca enquanto uma mulher negra e jovem, vestindo um vestido simples dá adeus ao veículo.
“Essa era a oportunidade que eu esperava. A segurança daqui é fraca demais para o dinheiro que esses caras pagam bastou um uniforme da empresa de Tv a cabo e entrei mole. Esse serviço requer uma estratégia perfeita ou então eu sou um homem morto.”
Renzo anda em direção da entrada da casa enquanto joga fora a ponta do cigarro.
“Uma visita a casa do Guerra vai me dar condições de encontrar um meio de despistar de qualquer suspeita contra mim. Depois é só arranjar um álibi convincente e pronto.”
Ele entra facilmente pelos fundos e percorre os cômodos. A casa tem móveis e quadros caros com tudo muito limpo e arrumado.
“Esse cara mora bem mesmo. Tudo comprado com o dinheiro sujo do Nicolletti.”
A suíte do casal tem uma grande cama, um guarda-roupa embutido e cômoda de madeira.
“Tenho que encontrar algo que possa servir para o meu plano... “
De repente um ruído vem da porta da frente.
“Era só o que faltava... Ser pego em flagrante como um ladrãozinho comum...”
Guerra entra no quarto com seu filho
- Sua mãe não existe... Fazer a gente voltar para colocar as compras na cozinha... Porque não deixou tudo no carro e depois guardava quando a gente voltasse?
O rosto de Renzo escondido no closet está emoldurado pelas listas horizontais formadas pela luz que passa através das ripas da porta.
- Vem cá, filhote. – Diz Guerra está sentando-se na cama - Vamos aproveitar que sua mãe está lá dentro e vamos conversar. Quero te contar um segredo.
- Um segredo? – pergunta o menino sentando-se em seu colo.
- Lembra daquela viagem que eu prometi? Vai ser no final desse mês. Papai conseguiu um dinheiro extra e vai poder te dar ela de presente. E na volta, vou mandar reformar a casa e colocar o quarto do jeito que você quer.
O garoto explode de alegria.
- A gente vai pra Disneylândia? Mesmo!? Oba! Que legal! E eu vou poder ter um quarto do jeito que eu quiser? Oba! Que legal!
- Isso mesmo, Só não pode falar nada com a sua mãe. É um segredo meu e seu, tá? E uma surpresa para ela.
- Você é o melhor pai do mundo! O maior de todos!.
De dentro do armário Renzo observa quando garoto abraça fortemente o pescoço do pai.
(Continua)
(Continua)
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