Capítulo 06
A Resolução
Renzo está sentado por trás da escrivaninha do escritório do Delegado Guerra e tem um cigarro fumegante entre os dedos. A pistola está pousada sobre a escrivaninha.
- Nesse dia eu tive a certeza de que jamais poderia mudar o meu destino. Nunca poderia ter uma vida normal.
- E você nunca mais a viu?
- Volto às vezes quando sinto vontade de vê-la. Mesmo de longe, ainda continuo cuidando dela, mas ela nunca mais teve notícias minhas. Tomei a decisão mais dolorosa que podia tomar para mantê-la a salvo.
- É uma pena que tenha sido assim.
Renzo se altera e levanta-se apanhando a pistola.
- Não preciso de sua pena, Guerra! Você não está em situação melhor do que a minha!
Guerra move-se e fica sentado na ponta do sofá sem levantar-se em uma atitude agressiva.
- Então me poupe dos seus choramingos e faça logo o que veio fazer!
Renzo acalma-se e volta a sentar-se na poltrona com a pistola na mão.
- Você não está entendendo, Guerra. Eu contei minha vida a você para te mostrar o que fez eu me tornar o que sou. A vida é feita de escolhas que te levam para lá ou para cá. Falei isso tudo por que quero te dar um presente. Estou lhe dando uma escolha.
- O que quer dizer?
- Eu não vou te matar. Odiaria que seu filho crescesse sem pai. Acho que deveria se preocupar mais com ele e com sua mulher.
Guerra altera-se e fica de pé irritado e com o dedo em riste.
- Não admito que se intrometa...
Renzo fala calmamente apanhando novamente a pistola.
- Eu estou com a pistola, lembra? Posso me meter no que quiser. Agora sente-se.
Guerra senta-se a contra gosto.
- Você tem uma semana para entregar Nicolletti a Corregedoria e limpar seu nome de alguma forma. Aproveite a ausência de sua família e faça o que deve ser feito. Faça com que seu filho se orgulhe de tê-lo como pai.
Guerra fala hesitante e embaraçado, gesticulando.
- Mas eu não sei como posso fazer isso...
Renzo fala soltando uma baforada do cigarro.
- Vire-se, dê um jeito. Isso é problema seu, não meu. E se não fizer eu voltarei e não terei mais preocupações em criar mais um órfão e uma viúva, porque afinal... Vou tirar do mundo um verdadeiro canalha. Entendeu?
- Está bem, vou tentar...
- Não quero que tente. Quero que faça! Está com suas algemas aí?
Guerra retira as algemas que estavam presas na cintura do lado direito e estende para Renzo.
Renzo aponta com o cano da arma.
- Não são para mim. Ponha nos pulsos com os braços para trás. Você sabe os procedimentos.
Guerra coloca as algemas em si mesmo e fala preocupado.
- O que vai fazer?
Renzo dá a volta na escrivaninha com a arma em punho, enquanto Guerra continua de pé e algemado.
- Eu tenho que ir embora e não quero você nos meus calcanhares.
Aponta o sofá onde Guerra estava sentado com o cano da arma.
- Vire-se e ajoelhe no sofá.
O Delegado não entende nada e vira-se perguntando para Renzo.
- Mas, o que diabos vai...?
- Faz o que eu estou mandando. A menos que prefira cair no chão...
Guerra ajoelha-se sobre o sofá..
- Acredite, Guerra, isso vai doer mais em mim do que em você.
Renzo acerta violentamente a nuca do homem com a coronha da pistola.
- Tenha bons sonhos, Delegado.
(Continua)
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