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sábado, 27 de setembro de 2014

Sobre as Mudanças da Vida

"Muitas pessoas levam uma vida que não lhes é adequada. Talvez por não terem um objetivo, talvez por serem unilaterais em demasia, talvez por terem emperrado no caminho errado. Essas pessoas estão completamente inconscientes da possibilidade de terem uma vida mais rica e não reconhecem os sinais do flerte [do Universo] com elas.
Contudo, se as mudanças necessárias não são feitas, o corpo pode emitir fortes sinais ficando doente, um relacionamento pode fracassar, ou a pessoa pode cair em profunda depressão. Ainda assim, muitas vezes as pessoas persistem em agarrar-se a uma vida entrincheirada em padrões, simplesmente aguardando sem esperança. O chamado não é ouvido, o flerte não é correspondido e não há percepção dos acontecimentos sincrônicos prometedores. Sentimentos são frequentemente silenciados e, quanto à intuição, bem, a isso seria muito perigoso dar atenção. Dessa maneira, as pessoas ficam paralisadas até que surja uma emergência, ou até que sejam atingidas por um golpe desastroso, que possa forçar as mudanças necessárias.
O segredo consiste em deixar passar. Mas o que exatamente isso quer dizer? Como podemos deixar passar quando tudo nos pressiona e temos responsabilidades familiares e um emprego exigente Talvez um sonho perturbador nos diga que nossa alma está em perigo, que a nossa saúde está se deteriorando e que precisamos ir mais devagar. Mas tente contar isso ao chefe!
Na minha experiência, o primeiro passo para deixar passar é encarar a situação presente exatamente como ela é, sem culpar a nós ou aos outros, mas compreendendo que algo precisa ser mudado. Nessas ocasiões que atravessamos um período liminar, numa terra da ninguém, entre duas importantes fases da vida. O passado sobreviveu à sua utilidade, mas o futuro ainda não chegou. Existem coisas que precisam ser feitas. Alguma coisa dentro de nós precisa mudar para que possamos tomar a atitude decisiva.
O hexagrama 6 do I Ching é chamado 'Espera' e trata da espera na perspectiva de que todos os seres necessitam do alimento do céu 'mas a dádiva do alimento vem em seu devido tempo, e para isso é preciso esperar.' As nuvens no céu anunciam que a chuva virá em breve e 'silenciosamente fortalecerá o corpo com bebida e alimento e com alegria e bom ânimo. O destino virá a seu tempo e, portanto, estamos prontos'. Esperar com alegria e bom ânimo, em vez de com tristeza e desesperança, é a atitude que atrairá uma nova sincronicidade. A carta de Taro, 'O Enforcado', refere-se também a esse período de expectativa. Não é uma posição confortável para se ficar. O Enforcado está suspenso por uma perna, de cabeça para baixo e perdendo antigos valores, simbolizados por moedas que caem de seus bolsos, mas ainda assim ele exibe um sorriso benigno em seu rosto. Essa carta trata da aceitação de uma suspensão necessária que precede uma nova maneira de pensar. Em primeiro lugar, precisamos suspender todas as expectativas, e virar nossos pensamentos e nossos valores de ponta-cabeça. Isso acontece no limiar entre os mundos interior e exterior. Um período de suspense, de desconhecimento, necessário para adquirirmos o conhecimento e os instrumentos com os quais criaremos uma mudança profunda e fundamental, uma visão da realidade.

(Deike Begg – Sincronicidade: A promessa da Coincidência)

A Responsabilidade de seguir nosso Próprio Caminho

“É nossa responsabilidade encontrar e seguir o caminho exclusivamente nosso.
Não podemos responsabilizar nossos pais, a sociedade, ou Deus, por impedir-nos de seguir por ele.
Se não pararmos de atribuir culpas, não teremos nenhuma oportunidade de viver nossas próprias vidas.
Culpar significa abrir mão da nossa força.
Na verdade, estamos dizendo efetivamente que outras pessoas têm poder sobre nós para nos atrasar e nos tornar infelizes.
Como psicoterapeuta e astróloga, vejo pessoas cujas vidas tem sido terríveis, sofrendo maus-tratos e privações.
Contudo, elas tem superado tudo filosoficamente e, muitas vezes, encaram suas experiências atemorizantes como uma curva de aprendizado necessária — um curso de psicologia em primeira-mão, por assim dizer.
Quando compreendemos que podemos tomar as rédeas de nossas vidas nas nossas mãos, que possuímos um grande poder, que nossas vidas têm um propósito e que nossa tarefa é cumprir esse propósito, nosso alcance mental, emocional e espiritual se torna maior.
Podemos então ser ousados, no sentido de podermos ir até o limite de nossas capacidades.
Isso pode chocar outras pessoas, e até nós mesmos a princípio, porém, o que podemos considerar ousado hoje, amanhã, no sentido budista, se tornará ‘uma coisa de todos os dias’.
Ser ousado nesse sentido é fazer o que nos deixa animados, embora pareça impossível.
Você poderia mudar sua vida nesse preciso momento fazendo algo chocante, algo que não é aceito pelos padrões normais, mas que, ao mesmo tempo promove uma parte ignorada da sua vida.”

(Deike Begg – Sincronicidade: A promessa da Coincidência)

O Samurai e o Cavalo

Quando ainda era um acólito, Bankei (1622-1693), o monge do budismo zen, sentava-se todas as noites em meditação.
Uma manhã, depois de meditar ele estava descansando num estábulo quando um nobre samurai chegou para treinar seu cavalo.
Enquanto Bankei observava tranquilamente, ficou claro que o cavalo não estava bem e que recusava os comandos do cavaleiro.
O samurai gritou com o animal e bateu nele.
Bankei protestou: "O que você acha que está fazendo?".
O samurai não deu atenção, apenas chicoteou o animal com mais força.
Bankei continuou gritando até que finalmente o samurai desmontou e foi até ele.
"Já faz algum tempo que você está ralhando comigo", disse com calma. "Se tem algo a me ensinar estou pronto a escutar" Suas palavras eram extremamente polidas, mas estava claro que, dependendo da resposta que recedesse; ele podia explodir em ira.
Sem hesitar Bankei disse:"É tolice culpar apenas o cavalo por não obedecer às ordens.
O cavalo tem suas próprias razões. Se quer que ele escute, tem de convencer o animal. Para tanto, precisa começar a corrigir a si próprio entende?".
O samurai era inteligente e humilde, então assentiu com a cabeça, fez uma reverência e se foi. Depois, mudando de atitude, montou seu cavalo. Para sua surpresa, o cavalo parecia outro e docilmente obedeceu a todos os seus comandos.
Quem fica culpando os outros por tudo de ruim por tudo que acontece em sua vida nunca encontra a verdadeira felicidade.
O essencial é olhar honestamente para si mesmo e corrigir as próprias atitudes. Fazendo isso, os outros mudarão também. A vida cotidiana com certeza será mais feliz.


(Kentetsu Takamori – Um Caminho de Flores: 75 histórias para mudar sua vida)

Sal Demais, Sal de Menos

Tokugawa Ieyasu (1543-1616), fundador e primeiro xogum do governo Tokugawa, uma vez reuniu um grupo de homens valentes. Depois de fazer cada um falar de seus feitos em batalha, pediu que contassem qual era a coisa mais gostosa do mundo. Um disse vinho; outro, doces; um terceiro, frutas. Discutiram o assunto, cada homem apontando sua preferência pessoal, mas Ieyasu não parecia satisfeito.
Por fim, voltou-se para sua fiel atendente, uma mulher chamada Okaji, e perguntou: "Qual é a coisa mais gostosa do mundo para você?".
Okaji sorriu e respondeu apenas: "Sal".
Pela primeira vez, Ieyasu deu um sorriso de satisfação. E em seguida fez outra pergunta: "E a pior?". Ela respondeu tranquilamente: "A coisa menos gostosa também é o sal".
Ieyasu ficou perplexo com sua destreza.
A verdade inegável da resposta de Okaji está baseara neste princípio: como o sal realça todos os outros sabores, ele é sem dúvida a coisa mais gostosa do mundo. Da mesma forma, o sal pode estragar tudo. Por isso é também a coisa menos gostosa. Claro que o sal em si é nem agradável nem desagradável ao paladar- seu efeito é uma questão de proporção.
O sal é apenas um ingrediente do sabor; e o importante saber usá-lo na medida certa.
Saúde, riqueza, reputação e status são todos meros ingredientes da felicidade. A chave do verdadeiro bem-estar é ser capaz de usá-los com habilidade.

(Kentetsu Takamori – Um Caminho de Flores: 75 histórias para mudar sua vida)

domingo, 21 de setembro de 2014

"Quem muito quer, tudo perde."

Ganhar Pouco, Perder muito.
Ao entardecer um camponês retornava para sua casa às pressas por uma trilha na montanha, levando uma grande vaca.
O animal era evidentemente um bem precioso para ele porque toda hora ele olhava para trás para ver como a vaca avançava e a tratava com terna consideração.
Não demorou muito e dois sujeitos suspeitos apareceram.
Um sussurrou para o outro: "Está vendo essa vaca? Aposto que consigo roubar dele agora mesmo".
Seu companheiro sacudiu a cabeça, duvidando.
Você é um bom batedor de carteiras, eu até concordo, mas conseguir roubar uma vaca tão grande em plena luz do dia!”
“Pois olhe só! Vou mostrar como sou bom."
O ladrão andou mais depressa, ultrapassou o camponês com sua vaca e desapareceu atrás de um pequeno altar numa curva do caminho.
Quando o camponês passou perto do altar notou alguma coisa caída no chão. Abaixou-se para pegar e viu que era um sapato de couro novinho. "Que achado!" disse para si mesmo. "Pena que seja só um pé. Não adianta nada sem o par” Jogou fora o sapato e seguiu seu caminho.
Logo viu outra coisa caída no caminho e abaixou para pegá-la. Claro que era o outro pé do sapato. Se tivesse guardado o primeiro, teria agora um belo par de sapatos. Já estava meio escuro. “ninguém passa aqui à esta hora”, pensou ele. O sapato deve estar lá ainda”. Animado com a ideia, ele amarrou a vaca numa árvore e voltou correndo para pegar o sapato que jogara fora. Lá estava ele, no mesmo lugar "Hoje é meu dia de sorte” exultou. "Imagine só, arrumar um bom par de sapatos em troca de nada!"
Voltou cheio de alegria, mas descobriu que a vaca, sua posse mais preciosa, havia desaparecido Muita gente é assim: distrai-se a tal ponto pelo desejo de ganho imediato que acaba perdendo o que importa.
(Kentetsu Takamori – Um Caminho de Flores: 75 Histórias para mudar sua vida)

sábado, 20 de setembro de 2014

O Analfabetismo Emocional

O analfabetismo emocional faz referência à incapacidade que temos de manejar nossas próprias emoções e, portanto, para compreender e aceitar as emoções dos outros. Algumas pessoas afirmam que a alfabetização emocional pode vir a ser uma segunda revolução no ensino básico. A primeira aconteceu há quase três séculos quando as pessoas eram analfabetas e não sabiam ler nem escrever. Sem dúvidas foi um grande passo adiante mas... hoje parece não ser o suficiente!


É curioso como na sociedade  ocidental todos desejam mudar o mundo, mas ninguém quer mudar a si mesmo, ninguém quer ajudar a mãe a lavar a louça. Por isso, o primeiro grande passo para deixar de ser analfabeto emocional é conseguir um verdadeiro autoconhecimento. Um conhecimento de si mesmo que permita determinar quais são nossas fortalezas, mas também as debilidades. Para isso provavelmente primeiro seja necessário eliminar o medo de descobrir que não somos perfeitos.

Muitas pessoas afirmam que os analfabetos emocionais são uma consequência do estilo de vida ocidental  e da sociedade moderna altamente tecnológica. Pode ser, provavelmente a necessidade de condensar o saber adquirido pela cultura através dos séculos tenha feito com que as escolas se centrem exclusivamente em transmitir informações (muitas vezes perfeitamente inúteis). A sobrecarga de papéis, a escassez de tempo e o desenvolvimento da tecnologia fazem com que optemos por formas de comunicação mais velozes. Já sabemos que suplantar a interação humana pela interação mediante os meios tecnológicos não é uma boa coisa.

Um dos problemas essenciais da sociedade moderna que contribui para que exista um número maior de analfabetos emocionais é a urgência. Como o tempo é uma de nossas posses mais preciosas e o ritmo da vida é muito agitado, damos um grande valor à urgência e tudo aquilo que não seja uma satisfação rápida é considerado negativo.

Assim, a própria sociedade e seu estilo de vida impulsiona o desenvolvimento de adultos que se comportam como "crianças pequenas"  que desejam satisfazer suas múltiplas necessidades "aqui e agora" do tipo "eu quero eu quero porque quero". Quando as necessidades não são satisfeitas em um tempo relativamente prudencial a pessoa acaba optando por medidas extremas, simplesmente porque não tem as ferramentas para enfrentar sua nova realidade.

O imediatismo nos torna pessoas mais egoístas, desejando que nossas necessidades sejam prioritárias sobre as demais. A urgência dá-nos pouco tempo para refletir, para repensar e aprender a nos conhecer. Desta forma, terminamos estabelecendo relações superficiais com as outras pessoas e com a gente mesmo. A emotividade restringe-se à expressão das emoções mais negativas como a ira ou o desprezo.

Provavelmente ninguém encerrou melhor e de maneira mais concisa o que acontece na relação entre emoções e razão do que Gibran Khalil Gibran:

"Quando chegar ao final daquilo que deve saber, estará no princípio do que deve sentir".
E você, se considera um analfabeto emocional? Como faz para lidar com suas emoções indesejadas?

Fonte: Kluge: The Haphazard Construction of the Human Mind de Gary Marcus.

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

A Sabedoria da Água

Por Robert Otsu
Ao deparar com um buraco, a água se precipita até o fundo. Se não encontrar saída, ela se acumula e preenche o fosso. À medida que se acumula, o nível da água se eleva até encontrar uma borda baixa. Assim, ela sai do buraco e continua seu fluxo.
Numa transposição dessa situação para a vida humana, podemos fazer muitas reflexões. A frase "Quando a água cai num fosso, ela se acumula até encontrar a borda mais baixa" pode ser reinterpretada da seguinte forma: "Quando uma pessoa sábia (água) depara-se com uma situação de dificuldade (fosso), ela se interioriza (acumula-se) até que naturalmente encontra a saída mais fácil (borda mais baixa)".
Numa a situação complicada em que não existe solução imediata, o sábio também se acumula, isto é, volta-se para dentro de si em busca de recursos interiores. Faz da adversidade uma oportunidade para ficar quieto, para meditar como está conduzindo seus ideais, quais são seus valores mais importantes e qual é o sentido da sua existência.
A água não se agita no fundo do fosso. Ela não fica enlouquecida, não "sobe pelas paredes". Não é da sua natureza a água subir pelas paredes. Ela fica quieta, não gasta energia com nada, apenas se acumula tranqüilamente e espera que a situação apresente uma saída. A água sabe que tudo flui e que é preciso preencher as depressões que encontrar pelo caminho e seguir em frente. Enquanto estiver fluindo, nada barra seu curso. Quando o sábio observa o comportamento da água percebe que a calma e a confiança na vida são essenciais para se encontrar a saída mais fácil - e mais facilmente.

Trecho do livro A sabedoria da Natureza, de Roberto Otsu, Editora Ágora, S. Paulo –


domingo, 17 de agosto de 2014

Aprenda a Ser Paciente

Por Osho

O caminho do Tao não é o da iluminação repentina. Ele não é como o Zen. Zen é iluminação repentina, Tao é crescimento gradual. O Tao não acredita em mudanças repentinas e abruptas. O Tao acredita em respeitar o ritmo da existência, permitindo que as coisas aconteçam por elas mesmas, sem forçar o seu caminho, sem forçar o curso do rio. O Tao diz: não há necessidade de estar com pressa porque a eternidade está disponível para você. Plante as sementes no tempo certo e espere; a primavera virá; ela sempre vem. E quando a primavera vier, as flores aparecerão. Mas, espere, não tenha pressa.

Não comece a puxar a árvore para cima, para que ela possa crescer mais rápido. Não tenha esse tipo de mente que pede que tudo seja como café instantâneo. Aprenda a esperar, porque a natureza tem um movimento muito vagaroso. É devido a esse movimento vagaroso que existe graça na natureza. A natureza é muito feminina, ela se movimenta como uma mulher. Ela não corre nem fica apressada. Ela vai muito devagar, uma música silenciosa. Existe grande paciência na natureza e o Tao acredita no caminho da natureza. ‘Tao’ significa exatamente natureza. Assim o Tao nunca está com pressa; isto tem que ser entendido.

O ensinamento fundamental do Tao é: aprenda a ser paciente. Se você puder esperar infinitamente, a iluminação pode mesmo acontecer instantaneamente. Mas você não deve pedir para que ela aconteça instantaneamente: se você pedir, pode ser que nunca aconteça. O seu próprio pedido se tornará um obstáculo. O seu próprio desejo criará uma distância entre você e a natureza. Permaneça em sintonia com a natureza, deixe que a natureza tenha o seu próprio curso; e sempre que ela vem, ela é boa; sempre que ela vem, ela é rápida. Mesmo que ela demore séculos para chegar, ainda assim ela não estará atrasada; ela nunca está atrasada. Ela sempre chega no momento certo.

O Tao acredita que tudo acontece quando é necessário; quando o discípulo está pronto, o Mestre aparece. Quando o discípulo está finalmente pronto, Deus aparece. O seu valor, o seu vazio, a sua receptividade, a sua passividade tornam isto possível; não a sua pressa, não a sua correria, não a sua atitude agressiva. Lembre-se: a verdade não pode ser conquistada. É preciso entregar-se à verdade, é preciso ser conquistado pela verdade.

Mas toda a nossa educação, em todos os países, ao longo dos séculos tem sido de agressividade e de ambição. Nós tornamos as pessoas muito rápidas. Nós as tornamos muito medrosas. Nós lhe dizemos: ‘tempo é dinheiro e é muito precioso. Se o tempo for perdido uma vez, ele ficará perdido para sempre, por isso corra; tenha pressa.’

Isto tem levado as pessoas à loucura. Elas correm de um ponto a outro; elas nunca curtem lugar algum. Elas correm ao redor do mundo de um hotel intercontinental a outro hotel intercontinental. E eles são todos iguais, não há diferença, esteja você em Tóquio, em Mumbai, em Nova York ou em Paris. Esses “hotéis intercontinental” são todos iguais, e as pessoas continuam correndo de um para o outro, pensando que elas estão viajando através do mundo. Elas poderiam ter se hospedado em apenas um hotel intercontinental e não haveria necessidade de ir a nenhum outro mais. Todos eles são iguais. E elas pensam que estão indo a algum outro lugar. A rapidez está tornando as pessoas neuróticas.

O Tao é o caminho da natureza, do jeito que as árvores crescem e os rios correm e os pássaros e as crianças… exatamente do mesmo jeito crescemos para Deus.

Não tenha pressa e não se desespere. Se você fracassar hoje, não perca as esperanças. Se você fracassar hoje, isto é natural. Se você continuar fracassando por alguns dias, isto é natural.

As pessoas têm tanto medo de fracassar que, devido a este medo, elas nunca arriscam fazer tentativas. Existem muitas pessoas que nunca se apaixonaram porque elas têm medo. Quem sabe? Elas podem ser rejeitadas, por isso elas decidiram permanecer sem amar, assim ninguém jamais as rejeitará. As pessoas têm tanto medo de fracassar que nunca tentam qualquer coisa nova. Quem sabe? Se elas fracassarem, o que poderá ocorrer?

E, naturalmente, para se movimentar no mundo interior você terá que fracassar muitas vezes, porque você nunca se movimentou ali antes. Toda a  sua habilidade e eficiência têm sido em movimentos externos, em extroversão. Você não sabe como se movimentar internamente. As pessoas escutam as palavras ‘movimente-se internamente, vá para dentro’, mas isso não faz muito sentido para elas. Tudo o que elas sabem é como ir para fora, é como ir para o outro. Elas não conhecem qualquer caminho de volta para si mesmas. Por causa dos seus velhos hábitos, é muito provável que você fracasse muitas vezes. Não perca as esperanças.

A maturidade chega vagarosamente. É certo que ela chega, mas isto leva um tempo. E lembre-se: para cada pessoa ela chegará num ritmo diferente, por isso não compare, não comece a pensar: ‘alguém está se tornando tão silencioso, e tão feliz, e eu ainda não alcancei isto. O que está acontecendo comigo?’ Não se compare com quem quer que seja, porque cada um viveu de uma maneira diferente em suas vidas passadas. Mesmo nesta vida, as pessoas têm vivido diferentemente. Por exemplo, um poeta pode ter mais facilidade em ir para dentro que um cientista; seus treinamentos são diferentes. Todo o treinamento científico é para ser objetivo, para se preocupar com o objeto, para observar o objeto, para esquecer a subjetividade. Para ser um cientista é preciso colocar-se completamente ausente do seu experimento. Ele não pode estar envolvido no experimento, não pode haver qualquer envolvimento emocional. É preciso estar completamente desapegado, como um computador. Ele não deve ser um humano, de jeito algum. Só assim ele será um verdadeiro cientista e será bem sucedido na ciência.

Um poeta tem uma habilidade totalmente diferente, ele fica envolvido. Quando ele observa uma flor, ele começa a dançar ao redor dela. Ele participa, ele não é um observador desapegado. Um dançarino pode vivenciar isto ainda com mais facilidade porque ele e a sua dança são apenas um e a dança é tão interna que o dançarino pode movimentar-se em seu espaço interior mais facilmente. Então, nas velhas e misteriosas escolas de mistérios do mundo, a dança era um dos métodos secretos. A dança era o fenômeno mais religioso, mas ela perdeu o seu significado tão completamente que quase caiu na polaridade oposta. Ela tornou-se um fenômeno sexual; a dança perdeu a sua dimensão espiritual. Mas lembre-se, tudo o que é espiritual, se fracassar, pode se tornar sexual; e tudo o que é sexual, se elevar-se, pode se tornar espiritual. Espiritualidade e sexualidade são irmãs gêmeas. Um músico pode ter mais facilidade que um matemático para entrar em meditação. Vocês têm habilidades diferentes, mentes diferentes e condicionamentos diferentes.

Por exemplo, um cristão pode ter mais dificuldade para meditar que um budista, porque com vinte e cinco séculos de meditação constante, o budismo criou uma certa qualidade em seus seguidores. Assim, quando um budista vem a mim, ele pode entrar em meditação muito facilmente. Quando um cristão vem, a meditação lhe é muito estranha, porque o cristianismo esqueceu-se completamente da meditação; ele só conhece prece.

A prece é um fenômeno totalmente diferente. Na prece, é necessário o outro; ela nunca pode ser independente. A prece é mais como o amor: ela é um diálogo. A meditação não é um diálogo; ela não é como o amor; ela é exatamente o oposto ao amor. Na meditação você fica totalmente só, nenhum lugar para ir, ninguém com quem se relacionar, nenhum diálogo, porque o outro não existe.Você é simplesmente você mesmo, totalmente você. Esta é uma abordagem completamente diferente.

Assim, tudo depende de suas habilidades, de sua mente, de seu condicionamento, de sua educação, da religião na qual você foi criado, dos livros que tem lido, das pessoas com as quais tem vivido, da vibração que criou dentro de si mesmo. Tudo dependerá de mil e uma coisas, mas é certo que ela chegará. Tudo que se precisa é paciência, trabalho silencioso, trabalho paciente e o centramento acontece e a maturidade chega. Na verdade, a pessoa madura e a pessoa centrada são apenas dois aspectos de um mesmo fenômeno. É por isto que a criança não consegue estar centrada, elas estão constantemente se movimentando, elas não conseguem ficar em um ponto, fixas. Tudo as atrai – um carro que passa, um pássaro que canta, o riso de alguém, o rádio do vizinho, uma borboleta voando – tudo, o mundo inteiro lhe atrai. Elas simplesmente pulam de uma coisa para outra. Elas não conseguem estar centradas, elas não conseguem viver com uma coisa tão totalmente que tudo o mais desapareça e se torne não-existencial.

Com a maturidade, o centramento surge. Maturidade e centramento são dois nomes para uma mesma coisa. Mas a primeira coisa a ser lembrada é que ela chega gradualmente. Não compare e não tenha pressa.

Fonte: The Secret of Secrets vol. II (Tradução de Sw. Bodhi Champak)

sábado, 16 de agosto de 2014

Sobre a Mente Simples do Zen

"Todo mestre iluminado é uma evidência de que você está vivendo na escuridão, de que você precisa transformar sua escuridão em vida, em luz.
Esta parece ser uma tarefa enorme — ela não é, porém aparenta ser uma tarefa enorme —, transformar sua cegueira em límpidos olhos perceptivos, sua escuridão numa bela luz da manhã.
É uma coisa simples, a coisa mais simples do mundo, mas justamente por ser simples, não atrai a mente.
A mente está interessada em fazer grandes coisas.
O desejo por detrás de toda a ambição da mente é o de ser especial.
E você pode ser especial apenas com aquisições especiais.
O problema com o Zen é que ele deseja que você seja completamente simples, e não especial.
Ele vai contra o próprio desejo da mente, o qual não é um pequeno fenômeno — é um desejo de quatro milhões de anos, o qual todos estão carregando em diferentes vidas.
A mente não pode compreender porque você deveria ser simples, quando poderia ser especial, porque você deveria ser humilde, quando poderia ser poderoso.
E a mente é pesada, ela tem o grande peso do passado.
No momento em que a mente vê alguém humilde, simples, natural, um buda, imediatamente ela o condena, porque tal pessoa vai contra toda a constituição da mente humana.
E de uma certa maneira a mente está certa.
Para ser um buda você terá que abandonar a mente completamente, terá que se tornar um espelho vazio."
(Osho in: Ma Tzu: O espelho Vazio - Ed. Pontes)

sexta-feira, 15 de agosto de 2014

"Na casa de meu Pai há muitas moradas (...)"

João 14:2


Por Sri Ramakrishna

Deus fez diferentes religiões para satisfazer diferentes aspirações, épocas e países. Todas as doutrinas são apenas outros tantos caminhos; mas um caminho não é, de modo algum, o próprio Deus.
Na verdade, podemos chegar a Deus seguindo quaisquer dos caminhos com sincera devoção.
Não importa a maneira de comer um bolo com glacê: ele sempre terá sabor doce.
Assim como a água, única e mesma substância em todo o mundo, recebe diferentes nomes dos diferentes povos – água, water, eau, aqua, pani – também o Eterno, a Imperecível Bem-Aventurança, é invocado por diferentes nomes: alguns o chamam de Deus, outros de Alá, alguns o chamam de Javé, outros de Brahman.
Assim como podemos subir ao teto de uma casa usando uma escada, um bambu ou uma corda, diversos são também os caminhos e os meios para chegarmos até Deus, e cada religião do mundo mostra um desses caminhos.
Inclinar-se e adorar, quando outros se ajoelham – onde muitos prestam o tributo da adoração o Senhor Se manifestará, pois Ele é misericórdia.
O Salvador é o mensageiro de Deus. Ele é como o vice-rei de um poderoso monarca.
Quando há distúrbios em uma província distante, o rei manda seu vice-rei subjulgá-los; sempre que há um declínio da religião em alguma parte do mundo, para ali Deus envia seu Salvador.
É um único e mesmo Salvador que, tendo mergulhado no oceano da vida, ergue-se em um lugar e é conhecido como Krishna e, mergulhando novamente, ergue-se em outro lugar e é conhecido como Cristo.
Cada um deve seguir a sua religião.
O cristão deve seguir o cristianismo, o muçulmano deve seguir o islamismo e assim por diante.
Para os hindus o antigo caminho, o caminho dos sábios arianos, é o melhor.
As pessoas dividem suas terras por meio de fronteiras, mas ninguém poderá dividir o céu que está acima de nossa cabeça.
O céu indivisível cerca tudo e tudo inclui.
Na sua ignorância as pessoas dizem: “Minha religião é a única verdadeira, minha religião é a melhor”.
Mas o coração, quando iluminado pelo verdadeiro conhecimento, sabe que acima de todas essas guerras de seitas e sectarismos preside a indivísivel, eterna e onisciente bem-aventurança.
A mãe, cuidando dos filhos doentes, dá arroz e curry para um, araruta para outro e pão com manteiga para o terceiro; também o Senhor oferece diferentes caminhos para pessoas diferentes, cada um apropriado a cada natureza.
mais são do que os vários aspectos do Brahman Absoluto”.

Retirado e adaptado de: 

segunda-feira, 4 de agosto de 2014

O carpinteiro e a Transmutação

Anônimo

“Contam que, em uma marcenaria houve uma estranha assembleia.
Foi uma reunião onde as ferramentas juntaram-se para acertar suas diferenças.
Um martelo estava exercendo a presidência, mas os participantes exigiram que ele renunciasse.
A causa?
Fazia demasiado barulho e além do mais, passava todo tempo golpeando.
O martelo aceitou sua culpa, mas pediu também que fosse expulso o parafuso, alegando que ele dava muitas voltas para conseguir algo.
Diante do ataque, o parafuso concordou, mas pôr sua vez pediu a expulsão da lixa.
Disse que ela era muito áspera no tratamento com os demais, entrando sempre em atritos.
A lixa atacou, com a condição de que se expulsasse o metro, que sempre media os outros segundo a sua medida, como se fosse o único perfeito.
Nesse momento entrou o marceneiro, juntou todos e iniciou o seu trabalho.
Utilizou o martelo, a lixa, o metro, o parafuso…
E a rústica madeira se converteu em belos móveis.
Quando o marceneiro foi embora, as ferramentas voltaram à discussão.
Mas o serrote adiantou-se e disse: senhores, ficou demonstrado que temos defeitos, mas o marceneiro trabalha com nossas qualidades, ressaltando nossos pontos valiosos.
Portanto, em vez de pensar em nossas fraquezas, devemos nos concentrar em nossos pontos fortes.
Então a assembleia entendeu que o martelo era forte, o parafuso unia e dava força, a lixa era especial para limpar e afinar asperezas, e o metro era preciso e exato.
Sentiram-se como uma equipe, capaz de produzir com qualidade, e uma grande alegria tomou conta de todos pela oportunidade da trabalhar juntos.
O mesmo ocorre com os seres humanos.
Quando uma pessoa busca defeitos em outra, a situação torna-se tensa e negativa.
Ao contrário, quando se busca com sinceridade os pontos fortes dos outros, florescem as melhores conquistas humanas.
É fácil encontrar defeitos, qualquer um pode fazê-lo, mas transmutar em qualidades?
Isto é para os sábios! “


domingo, 27 de julho de 2014

Reflexões sobre o Nirvana

A GRANDE PROTEÇÃO
Como uma pessoa pode se proteger?
Evitando o que é vil.
E como se consegue isto?
Evitando o esbanjamento infrutífero.
E como se pode fazer isso?
Com a atenção constante,
que aumenta em profundidade
e com um entusiasmo crescente.
E o entusiasmo sadio e abalizado surge
quando o praticante conhece
a grandeza que reside na
serenidade interior.
(Karica in: A Essência do Nirvana)




A MENTE
Todas as coisas estão precedidas pela mente.
Quem conhece a mente conhece todas as coisas.
A mente titubeia como a chama de uma vela;
A mente vai e vem como uma onda;
A mente arde como num colossal incêndio na floresta;
A mente cresce como uma poderosa inundação.
Se considerarmos isto adequadamente
Teremos de viver com a atenção bem dirigida,
até que a mente domestique.
O ser humano não deve se submeter a domínio de sua mente,
deve ser o contrário,
a mente é que obedece ao ser humano.
Quem domina a mente, domina todas as coisas
E não há empecilho para ele.
(Arya-Ratnamegha Sutra in A Essência do Nirvana)




A REGRA MAGNA
Há uma regra que pode servir de resumo
a tudo o que falamos sobre a Doutrina:
"Com o cuidado de não tropeçarmos em nós mesmos,
devemos proteger a todos os seres".
Se tivermos bastante atenção,
a nossa mente não nos trairá,
pois frequentemente ela está tentando nos derrubar.
É ela que, proposital mente,
joga tropeços em nosso caminho.
Cabe a ela mesma nos ajudar.
Como?
Através da prática da atenção.
A mente é fator de perdição,
mas também é de libertação.
E ao nos libertarmos estaremos,
ainda que indiretamente,
ajudando na libertação de outros.
(Arya-Sagaramati Sutra in A Essência do Nirvana)




O PASSADO E O FUTURO
Meus caros monges,
Temos de cultivar os quatro fundamentos da atenção
Para superar e renunciar aquelas teorias
Que se referem ao passado e ao futuro.
Só o presente é o importante.
Umas doutrinas falam de importância do passado,
Mas e o hoje?
Outras doutrinas falam da importância do futuro,
Mas e a atualidade, onde é que fica?
O que passou, passou.
O que está além ainda não chegou,
Ou ainda não chegamos até lá.
O caminho é viver o presente.
E não tem saída.
(Digha-Nikaya in A Essência do Nirvana)




A CONSCIÊNCIA DO PRESENTE
Não recordes as coisas que passaram
E não abrigues esperanças para o futuro.
O passado ficou atrás de ti,
O estado futuro ainda não chegou.
Mas, aquele que com uma clara visão pode ver
que o presente está aqui e agora,
que um Sábio deve aspirar a conseguir
aquilo que nunca pode ser perdido nem alterado.
(Majjhima-Nikaya in A Essência do Nirvana)


segunda-feira, 14 de julho de 2014

Sobre Filosofia e Livre Pensamento

O Pensamento que Liberta
Por Fabio Almeida 
“Não existe pensador católico. Não existe pensador marxista. Existe pensador. Preso a nada. Pensa, a todo risco” Millôr Fernandes

Nos tempos pré-históricos, encontrava-se o homem num período de escuridão intelectual, sua inteligência achava-se dormente. Tal como uma semente que carrega dentro de si todo o potencial de um dia tornar-se uma grande árvore, assim era o homem, um embrião em estado latente, prestes a se transformar.

À medida que sua compreensão dos fenômenos físicos aumentava, o homem se libertava dos seus medos e distrações, assim, gradativamente, encontrava mais tempo para refletir sobre a sua existência e buscar o conhecimento. Movido pela curiosidade, o homem passou a buscar um entendimento lógico e sistemático da realidade natural, da origem do cosmos, bem como, o entendimento do próprio pensamento.

Portanto, se filosofia é amor pela saber, ela não nasceu na Grécia, mas sim, no dia em que o homem despertou sua inteligência do sono da ignorância. É claro que não podemos tirar o mérito dos gregos, por serem, provavelmente, os primeiros a elaborar uma forma de pensamento que se desvincula das explicações míticas e religiosas, formalizando o que hoje chamamos de filosofia. Mas não foram eles os inventores do livre pensar.

Grandes civilizações da antiguidade já faziam suas especulações filosóficas, entretanto, o caráter religioso desses pensadores fez com que hoje fossem categorizados como místicos e não como filósofos.

Antes de tudo, um livre pensador, é um amante do saber.  Não se importando se esse conhecimento é de origem filosófica, científica ou religiosa, mas se esse conhecimento é significativo para sua vida, para sua evolução como ser humano.

Da mesma forma que o capitão de um navio, utiliza-se de uma bússola com quatro pontos cardeais para orientar-se pelos mares, também o livre pensador, que é o capitão do seu destino, precisa de quatro pontos cardeais para orientar sua navegação pelos turbulentos mares do conhecimento. No entanto os quatro pontos cardeais, a saber, são: o da ciência, da religião, da filosofia e da arte. Seu destino: autoconhecimento e autorrealização.

Quando possível, é através da Ciência que o livre pensador tira a prova real das suas reflexões. Portanto, aqui, a ciência é vista sob uma óptica um pouco diferente do cientificismo materialista. A Ciência representa o pensamento livre e esclarecido, e a entendemos em seu significado original, do latim Scientia, significando, conhecimento.

Conhecimento este que deve ser útil e prático para o próprio indivíduo, pois, conhecimento que não se usa, atrofia, tal como um músculo quando não se movimenta. Assim também funcionam nossos neurônios, pesquisas recentes indicam que as áreas do cérebro não exercitadas, são progressivamente desativadas.

Ao livre pensador, religião é a vivência espiritual que ocorre no interior de cada um. Através dela procuramos ligar nosso espírito individual com a essência do Universo. Mas uma religião não institucionalizada, uma religião que não é alienante, que não possui dogmas inquestionáveis ou leis imutáveis, mas que pretende se realizar no interior do indivíduo, tal como o significado real da palavra religião, religar-se com o divino, o grande Todo universal.

Filosofia é simplesmente, “amor pela sabedoria”, união das palavras gregas philos e sophia, e a compreendemos como uma atitude natural do homem que, movido pela curiosidade, realiza a busca pelo conhecimento de si mesmo, das suas verdades, a fim de compreender os mistérios da alma e do cosmos. Acordando com as antigas inscrições do oráculo de Delfos “Ó homem, conhece-te a ti mesmo e conhecerás os deuses e o universo”.

Entretanto, o livre pensador, não deve obediências à filosofia acadêmica, que infelizmente aprisionam seus alunos em labirintos metodológicos. Mas deve obediência a si mesmo, a sua consciência. Não devendo reduzir sua capacidade de pensar aos métodos, que em muitas ocasiões são tão úteis como formas de gelo: congelar o pensamento em blocos iguais.

Como nos atenta o filósofo brasileiro Luiz Felipe Pondé, os alunos de filosofia devem: “pesquisar aquilo que não querem, de uma forma que não querem, a fim de garantir verbas institucionais de pesquisa em grande escala. Esmagamos a criatividade e as intenções dos alunos fazendo deles uma infantaria estatística. A universidade mente: quer formar rebanhos dizendo que defende a liberdade de pensamento”.

Arte, do latim Ars, significa técnica ou habilidade de criar algo. Esse processo de criação ocorre a partir da percepção que temos de algo, assim, expressamos emoções e ideias através das habilidades que desenvolvemos. Ao final desse processo, cada obra ganha um significado único.

Através da arte, o livre pensador materializa suas reflexões, assim, ideias podem ser expressas através da música, da escultura, do desenho ou da literatura. Para tal, o artista deve expressar-se sinceramente, sem a intervenção de metodologias ortodoxas, que por muitas vezes, desviam o pensamento autêntico, convertendo o artista num mero refém de teorias.

Filósofo ou Livre Pensador?

Antes de Pitágoras, o filósofo era chamado de sábio, mas ele entendia que esse termo qualificativo caberia apenas ao Eterno, ao Criador de todas as coisas, que tudo sabe. Portanto, para Pitágoras, o homem em sua pequenez só pode ser um buscador da sabedoria, um amigo da sabedoria, ou filósofo, união das palavras philos e sophia.

Philos é um termo grego que dá significado a uma das facetas do Amor. É o amor fraterno, o amor entre a família, o amor entre amigos, pais e filhos. E está diretamente relacionado com o nível mental do ser humano. Vale lembrar que os gregos utilizavam três palavras distintas para os diferentes aspectos do amor: eros, philos, e ágape.

Sophia, também de origem grega, significa Sabedoria. Sophia, em algumas ramificações do cristianismo e judaísmo, é também considerada como sendo o aspecto feminino de Deus. Logo, todo livre pensador é também um filósofo, mas talvez, nem todo filósofo seja um livre pensador.

O filósofo que também é livre pensador é o amante da sabedoria que não tem seus pensamentos restringidos por normas acadêmicas. Academia essa, que está longe de ser aquela fundada por Platão, onde seus integrantes buscavam o livre pensar em sua forma mais pura, sem as normas e os “métodos infalíveis” propostos pela academia atual. Pois antes de tudo, um livre pensador não se preocupa em provar nada para ninguém, ele simplesmente pensa. Uma vez transmitida a mensagem, a lei é a mesma que ocorre nas redes sociais: gostou? curta! quer dividir com mais alguém? compartilhe!

Contudo, ele tem a liberdade para navegar pelos diversos afluentes do grande rio do conhecimento, usar tudo, sem apegar-se a nada. Até que um dia, trilhando seu próprio caminho, esteja preparado para ultrapassar o limiar do santuário, entrando em contato com o mundo metafísico da suprema sabedoria, e quando aí chegar estará próximo de completar sua grande obra.

Portanto, a filosofia ou o livre pensar, não é algo para desocupados. A busca pela sabedoria tem por finalidade iluminar cada um de nossos pensamentos, de nossas palavras, de nossas ações. É dito na doutrina budista que: “Para se andar com segurança, nos labirintos da vida humana, é necessário que se tenham como guias a luz da sabedoria e a virtude”.

Mas nem tudo são flores, a busca pelo saber, também tem os seus espinhos. Como bem escreveu Salomão: “Porque na muita sabedoria há muito enfado; e o que aumenta em conhecimento, aumenta em dor”. (EC.: 1:18). Entretanto, parafraseando o escritor russo Isaac Asimov, “se a busca pelo saber traz problemas, não é a ignorância que os resolve”.

Assim, estamos longe de encontrar respostas imediatas, nosso caminho é mais demorado, envolve questionamentos, pesquisas e constantes leituras. Isso porque, o livre pensar não alivia os sintomas, mas trata a causa. Portanto, leva-se tempo para começar a sentir seus efeitos, porque também, leva-se muito tempo para libertar nosso organismo de toda uma miríade de concepções e ideias intoxicantes.

O alimento dessa busca incessante é a curiosidade, é o querer ir além do óbvio e a vontade de enxergar a realidade um pouco diferente daquela que é jogada aos nossos olhos. No fim, queremos apenas encontrar nosso lugar no cosmos, aceitando que somos apenas meros aprendizes da vida.

E fiquem em Paz.

Retirado de:  


sábado, 21 de junho de 2014

A Felicidade segundo OSHO




"A pessoa feliz não é aquela está sempre feliz. A pessoa feliz é aquela que é feliz mesmo quando há infelicidade.

Tente entender isso. A pessoa feliz é aquela que entende a vida e aceita as suas polaridades. Ela sabe que o sucesso é possível apenas porque o fracasso também é possível. Por isso, quando o fracasso vem, ela o aceita.

Procure no dicionário a letra "f" – apenas ali você encontrará sempre a felicidade. Na vida, as coisas são muito misturadas. Dia e noite estão juntos, felicidade e infelicidade também. A vida e a morte estão juntas, assim como tudo está.

A vida é rica por causa das polaridades opostas. A própria ideia de que se gostaria de ser feliz para sempre é estúpida. A própria ideia trará apenas infelicidade e nada mais. Você se tornará cada vez miserável, porque estará cada vez mais perdendo a sua chamada “felicidade eterna”. " 
(Osho)

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