Sou um leitor compulsivo. Acho que já disse isso aqui nesse espaço algumas vezes. Entre as muitas coisas que li ao longo da vida não poderia deixar de estar os famosos Livros de Bolso (os de Faroeste também eram chamados de "Estefânia"). Entre esses estavam os livrinhos do Perry Rhodan (que não li muitos) e os da Séire ZZ7 de espionagem, um sucesso de vendas e clássico das bancas de jornais dos anos 70 onde havia a personagem que é homenageada no post abaixo.
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“Vinte e oito anos, cabelos negros, olhos azuis, pele dourada pelo sol dos cinco continentes e incomparável beleza, eis fisicamente a filha de "Giselle, a espiã nua que abalou Paris", conhecida no mundo da espionagem internacional,como a agente "Baby" da CIA.
Sua cultura se estende desde a história das civilizações antigas à mais moderna eletrônica. Seus conhecimentos lingüísticos asseguram-lhe o perfeito domínio de um punhado de idiomas. Nos múltiplos e intrincados assuntos em que intervém, está constantemente dando prova de uma inteligência excepcional.Utiliza qualquer arma com perícia inexcedível, desde a pistolinha de coronha de madrepérola, presa à sua coxa esquerda por tiras de esparadrapo cor-de-rosa, até os mais complicados artefatos bélicos. É exímia em toda espécie de luta, do catch ao judô, do caratê à capoeira brasileira, pilota qualquer barco, avião ou helicóptero, é excelente mergulhadora e arrojada pára-quedista.Em sua famosa maletinha vermelha adornada de flores azuis, inseparável companheira, leva uma parafernália eficacíssima: narcóticos, venenos, explosivos, lâminas, camufladas, fios de arame para estrangulamento, rádios de bolso, emissoras de ondas para localização de inimigos etc., tudo isto sob a inocente aparência de artigos de toilette.Elegantíssima, gosta de exibir os últimos modelos parisienses, as peles caras de vison e chinchila. Sua bebida predileta é champanha "Perignon", safra de 1955, que aprecia bem gelado e com uma cereja no fundo da taça.”(Brigitte Montfort pelas palavras de Lou Carrigan)
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Por José Antônio (Jam)
Hoje
resolvi homenagear uma mulher que povoou os sonhos e desejos de muitos
adolescentes dos anos 60 e 70; inclusive os meus. O que você faria se qualquer
dia desses, num encontro casual, “topasse” com uma morena de olhos azuis, pele
dourada, cabelos compridos, negros, corpo escultural e aparentando ter pouco
mais de 27 anos? Já pensou? Pois é, eu cansei de me encontrar com essa beldade,
quase todos os dias, nas páginas de um livro de bolso da coleção ZZ7, da
Editora Monterrey. Estou me referindo a estonteante Brigitte Montford, codinome
“Baby”, espiã da CIA e apesar da pouca idade, considerada a agente secreta mais
perigosa do mundo. Ela é perita no manejo de vários tipos de armas, desde as
mais simples, incluindo sua pequena pistola com cabo de madrepérola que traz
amarrada na coxa com uma fita, até o mais bélico dos armamentos; fala
fluentemente vários idiomas; é especialista no combate corpo a corpo dominando
várias técnicas de luta, desde o karatê até a capoeira; além de pilotar
qualquer tipo de aeronave.
A
famosa personagem – carro chefe de vendas da Editora Monterrey – foi criada
pelo escritor espanhol Antonio Vera Ramirez que optou por assinar as suas
histórias com o pseudônimo de Lou Carrigan. Lembro-me que na minha
adolescência, o meu irmão comprava uma batelada de livros de bolso da Monterrey
(que estavam em moda naquela época), desde faroeste até espionagem. Mas o que
mais me interessava era a criação de Lou Carrigan, ou seja, a sedutora Brigitte
Montford.
Cara!
Pode acreditar, eu era obrigado a ler alguns desses livros escondido ou então
com a mão na frente da capa para que os meus pais não vissem. Naquela época
comprar uma revista Playboy era uma “Missão Impossível”, por causa do preço e
também pela dificuldade em encontrar o produto. Dessa maneira, nossos pais
pensavam que estávamos “contrabandeando” uma versão genérica da Playboy por
causa de algumas capas picantes onde “Baby” aparecia quase nua. Mas na
realidade, não tinha nada a ver porque
não se tratavam de histórias pornográficas, mas sim da mais pura
espionagem.
E
já que toquei no assunto capa; ok, vou dar uma pincelada no tema. As capas das
histórias de Brigitte Monfort eram produzidas por um dos maiores ilustradores
brasileiros do século XX: José Luiz Benício.
Com
certeza se não fossem os traços de Benício; o texto de Lou Carrigan não
despertaria tanto interesse. As capas das edições eram mais viciantes do que
Coca-Cola! A partir do momento que eu batia os olhos na figura da espiã da CIA estampada na capa do livro de
bolso, não tinha jeito! A cada página lida, imaginava aquele “ser estonteante”
correndo, lutando, enfrentando perigos e... amando. Era engraçado porque tinha
o hábito de ler três ou quatro páginas e depois dar uma olhadinha na capa, e
assim ia repetindo esse ritual até o término da leitura. Por aí já dá para
imaginar o poder que as ilustrações criadas por Benício tinha sobre nós,
pequenos leitores daquela época.
A
Editora Monterrey chegou a publicar 500 exemplares da série ZZ7 tendo à frente
a espiã “Baby”. Os livros fizeram tanto sucesso nos anos 60 e 70 que tiveram
uma reedição.
Uma
pergunta comum feita pelos muitos fás de Brigitte Montfort é como nasceu a
famosa espiã. Pois bem, a origem de “Baby” remonta o final dos anos 40, quando
o jornalista e compositor brasileiro, David Nasser criou a personagem “Giselle
– A Espiã Nua que Abalou Paris”. Nasser começou a escrever as histórias de
Giselle para o jornal carioca Diário da Noite que vinha enfrentando uma séria
crise financeira correndo o risco de encerrar as suas atividades. Giselle
imediatamente caiu no gosto popular e devido ao sucesso de suas histórias, o
Diário da Noite acabou afastando o fantasma do fechamento.
Reza
a lenda que apesar da popularidade de “Giselle – A Espiã Nua que Abalou Paris”,
Nasser ainda não tinha recebido nenhum dinheiro pela sua criação, estando com o
seu salário atrasado há muito tempo. Foi então que ele teve uma idéia original
para receber o lhe era de direito: assassinar a sua personagem, encerrando
assim a história. Nasser teria feito essa ameaça ao dono do jornal, dizendo que
se não recebesse, os nazistas iriam matar Giselle fuzilada. A ameaça surtiu o
efeito esperado e o escritor recebeu na hora os seus vencimentos em atraso, mas
com uma condição: a de que ele não ceifasse a vida da heroína. Depois do
sucesso no jornal, as histórias da “Espiã Nua que Abalou Paris” passaram a ser
publicadas em livros de bolso, no começo dos anos 50, repetindo o sucesso do
jornal Diário da Noite.
Ao
contrário de Brigitte Montfort, Giselle não empunhava armas para conseguir o
seu intento. Ela usava o seu belo corpo para roubar informações dos alemães que
poderiam ser muito importantes para o chamado bloco da Resistência. Giselle ia
para a cama com os mais perigosos líderes nazistas e, muitas vezes, tinha de
suportar taras e perversões horríveis, colocando a sua vida em risco a cada
capítulo, tudo com o objetivo de conseguir preciosas informações. Por várias
vezes, ela esteve perto de ser descoberta e fuzilada, mas sempre acabava sendo
salva, de última hora, por algum oficial da Gestapo que tinha sucumbido, no
passado, aos seus dotes físicos.
A
criação de David Nasser fez tanto sucesso que a Editora Monterrey acabou
comprando os direitos da personagem e relançando os seus livros em 1964. E
novamente, Giselle estouraria em vendagens, enchendo os cofres da Monterrey.
Nesta época, o gênio brasileiro das ilustrações, José Luiz Benício, já
emprestava o seu talento para as capas da “Espiã Nua que Abalou Paris”.
Percebendo
o sucesso de vendas da espiã que tinha como “carma” ir para a cama com os
nazistas e sofrer em suas mãos, os editores da Monterrey decidiram lançar uma
nova série tendo como personagem principal nada mais nada menos do que a filha
de Giselle. Para escrever o enredo das tramas foi convidado o desconhecido
escritor espanhol, Antônio Vera Ramirez, que por sua vez, adotou o pseudônimo
de Lou Carrigan. Nascia assim, Brigitte Montfort, a espiã que se tornaria um
verdadeiro ícone da cultura pop dos anos 70. A “veia” central do enredo era bem
simples: ao descobrir que a mãe era uma espiã à serviço do mundo livre, “Baby”
passaria também a seguir o seu exemplo, ingressando na CIA e se tornando a sua
agente mais famosa e letal.
Pelo
o que eu pesquisei na net, a Editora Monterrey chegou a publicar cerca de 500
livros da série ZZ7 tendo Brigitte Montford como protagonista. E tudo indica
que novamente encheu os bolsos com a grana oriunda das vendagens. Mas acredito
que os homens da Monterrey não foram tão bons administradores, pois a editora
simplesmente desapareceu do mapa.
Pêra
aí pessoal! Calma! Não precisam ficar nervosos porque mesmo com a editora fora
do mapa, vocês poderão encontrar os livros Pockets de “Baby” e também de sua
mãe Giselle em vários sebos e por preços módicos.
Para
encerrar esse post eu só queria entender algo. Como uma série de livros que
tinham uma tiragem fenomenal e uma personagem que se tornou, na época, um ícone
da nossa cultura pop, caiu quase que no esquecimento total? Fato mais estranho
ainda diz respeito a grande massa de leitores de Brigitte Montfort que optaram
por ficar na clandestinidade.
Ah!
Em tempo! Só a título de registro, quero lembrar que a imagem da personagem
Brigitte Montfort que ilustrou as capas de seus livros foi inspirada em uma
modelo brasileira chamada Maria de Fátima Lins.
Imagens
e textos retirados de:
Que espetacular ter encontrado essa página.Estava com muita saudades de Giselle e da sua filha Brigitte Montfort.Ler os librinhos dessas personagens é perguntar como David Nasser e Antonio Vera Ramirez através delas souberam antecipar acontecimentos tão atuais,tantos políticos ,como econômicos que acontecem no mundo.
ResponderExcluirCara, que felicidade encontrar esse artigo. O ZZ7 era o meu livro de bolso preferido e a Brigitte povoava a minha jovem imaginação. Infelizmente não tenho mais nenhum deles depois de tantos anos. Muito obrigado por me levar de volta, mesmo que por um breve momento, àquela época em que absorvia avidamente as maravilhosas aventuras dela. Me deste uma esperança: vou procurar nos sebos!
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