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sábado, 10 de dezembro de 2011

Palavras do Barão de Itararé.

. De onde menos se espera, daí é que não sai nada.

. Mais vale um galo no terreiro do que dois na testa.

. Quem empresta, adeus...

. Dizes-me com quem andas e eu te direi se vou contigo.

. Pobre, quando mete a mão no bolso, só tira os cinco dedos.

. Quando pobre come frango, um dos dois está doente.

. Genro é um homem casado com uma mulher cuja mãe se mete em tudo.

. Cleptomaníaco: ladrão rico. Gatuno: cleptomaníaco pobre.

. Quem só fala dos grandes, pequeno fica.

. Viúva rica, com um olho chora e com o outro se explica.

. Depois do governo ge-gê, o Brasil terá um governo ga-gá. ( Ge-gê: apelido de Getulio Vargas. Ga-gá: referia-se às duas primeiras letras no sobrenome do novo presidente, Eurico Gaspar Dutra).

. Um bom jornalista é um sujeito que esvazia totalmente a cabeça para o dono do jornal encher nababescamente a barriga.

. Neurastenia é doença de gente rica. Pobre neurastênico é malcriado.

. O voto deve ser rigorosamente secreto. Só assim , afinal, o eleitor não terá vergonha de votar no seu candidato.

. Os juros são o perfume do capital.

. Urçamento é uma conta que se faz para saveire como debemos aplicaire o dinheiro que já gastamos.

. Negociata é todo bom negócio para o qual não fomos convidados.

. O banco é uma instituição que empresta dinheiro à gente se a gente apresentar provas suficientes de que não precisa de dinheiro.

. A gramática é o inspetor de veículos dos pronomes.

. Cobra é um animal careca com ondulação permanente.

. Tudo seria fácil se não fossem as dificuldades.

. Sábio é o homem que chega a ter consciência da sua ignorância.

. Há seguramente um prazer em ser louco que só os loucos conhecem.

. É mais fácil sustentar dez filhos que um vício.

. A esperança é o pão sem manteiga dos desgraçados.

. Adolescência é a idade em que o garoto se recusa a acreditar que um dia ficará chato como o pai.

. O advogado, segundo Brougham, é um cavalheiro que põe os nossos bens a salvo dos nossos inimigos e os guarda para si.

. Senso de humor é o sentimento que faz você rir daquilo que o deixaria louco de raiva se acontecesse com você.

. Mulher moderna calça as botas e bota as calças.

. A televisão é a maior maravilha da ciência a serviço da imbecilidade humana.

. Este mundo é redondo, mas está ficando muito chato.

. Pão, quanto mais quente, mais fresco.

. A promissória é uma questão "de...vida". O pagamento é de morte.

. A forca é o mais desagradável dos instrumentos de corda.

. Deus dá peneira a quem não tem farinha. 

. Testamento de pobre se escreve na unha. 

. Tempo é dinheiro. Vamos, então, fazer a experiência de pagar as nossas dívidas com o tempo. 

. Precisa-se de uma boa datilógrafa. Se for boa mesmo, não precisa ser datilógrafa. 

. O fígado faz muito mal à bebida. 

. O casamento é uma tragédia em dois atos: um civil e um religioso. 

. Com as crianças é necessário ser psicólogo. Quando uma criança chora, é porque quer balas. Quando não chora, também.

  
. O menino, voltando do colégio, perguntou à mãe:
 - Mamãe, por que é que pagam o ordenado à professora, se somos nós que fazemos os deveres?
  
. O feio da eleição é se perder. 

. A moral dos políticos é como elevador: sobe e desce. Mas, em geral, enguiça por falta de energia, ou então não funciona definitivamente, deixando desesperados os infelizes que confiam nele. 

. Com dinheiro à vista toda gente é benquista. 

. Se você tem dívida, não se preocupe, porque as preocupações não pagam as dívidas. Nesse caso, o melhor é deixar que o credor se preocupe por você. 

. Palavras cruzadas são a mais suave forma de loucura. 

. A alma humana, como os bolsos da batina de padre, tem mistérios insondáveis.
  
. O homem cumprimentou o outro, no café.
 - Creio que nós fomos apresentados na casa do Olavo.
 - Não me recordo.
 - Pois tenho certeza. Faz um mês, mais ou menos.
 - Como me reconheceu?
 - Pelo guarda-chuva.
 - Mas nessa época eu não tinha guarda-chuva...
 - Realmente, mas eu tinha...
  
. O homem é um animal que pensa; a mulher, um animal que pensa o contrário. O homem é uma máquina que fala; a mulher é uma máquina que dá o que falar. 

. O homem que se vende recebe sempre mais do que vale. 

. O mal alheio pesa como um cabelo. 

. A solidez de um negócio se mede pelo seu lucro líquido.

. Que faz o peixe, afinal?... Nada.

. A sombra do branco é igual a do preto.

. "Eu Cavo, Tu Cavas, Ele Cava, Nós Cavamos, Vós Cavais, Eles Cavam. Não é bonito, nem rima, mas é profundo...

. Tudo é relativo: o tempo que dura um minuto depende de que lado da porta do banheiro você está.

. Nunca desista do seu sonho. Se acabou numa padaria, procure em outra!

. Devo tanto que, se eu chamar alguém de "meu bem" o banco toma!

. Viva cada dia como se fosse o último. Um dia você acerta...


Fonte: O livro Máximas e Mínimas do Barão de Itararé. Rio de Janeiro, 1985.


***

Apparício Torelly, (o "Barão de Itararé), que também usou o pseudônimo de "Apporelly", era gaúcho de Rio Grande, nascido em 29/01/1895. Estudou medicina, sem chegar a terminar o curso, e já era conhecido quando veio para o Rio fazer parte do jornal O Globo, e depois de A Manhã, de Mário Rodrigues, um temido e desabusado panfletário. Logo depois lançou um jornal autônomo, com o nome de "A Manha". Teve tanto sucesso que seu jornal sobreviveu ao que parodiava. Editou, também, o "Almanhaque — o Almanaque d'A Manha". Faleceu no Rio de Janeiro em 27/11/71. O "herói de dois séculos", como se intitulava, é um dos maiores nomes do humorismo nacional. Extraído de "Máximas e Mínimas do Barão de Itararé", Distribuidora  Record de Serviços de Imprensa - Rio de Janeiro, 1985, págs. 27 e 28, coletânea organizada por Afonso Félix de Souza.

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