É um vulgar falso conceito no Ocidente
achar que orientação espiritual significa o abandono de tudo que a gente fazia
anteriormente.
A inverdade disto é brilhantemente
ilustrada pela vida de Lahiri Mahasaya, um grande sábio da índia do século XIX.
Ele trabalhou grande parte de sua vida como ferroviário, mesmo depois de ter
atingido total iluminação e união com o Ego. Passava as noites em profunda
meditação, harmonizando-se com a Consciência Cósmica, enquanto passava as horas
do dia, sem lamúrias, num pequeno escritório de estrada-de-ferro, realizando
suas atividades interiores e as do mundo exterior.
A mensagem do Oriente, a que se deveria
dar atenção no Ocidente, é esta: quando estás espiritualmente
orientado/libertado, podes continuar fazendo parte do fluxo dos acontecimentos,
vivendo o dia-a-dia, mas serás menos afetado pelas marés da emoção que estão
necessariamente vinculadas à maioria das ações humanas.
No estado egocêntrico, a tensão e a
ansiedade resultam em mal-estar e angústia. Para mitigar esta angústia, vamos
buscar alívio nas distrações. As distrações dão alívio temporário, mas de nada
servem para livrar-nos do mal-estar que retoma sempre que outra situação nos
angustia. Vagando nesse oceano de experiências com as suas ondas de atividades
egocêntricas, experimentamos repetidos períodos de sofrimento, seguidos de
períodos de alívio temporário.
O Caminho Espiritual é um modo de
prolongar a paz de espírito através da libertação das emoções que produzem
tensão. As pessoas espiritualmente orientadas não se rendem aos sentimentos de ansiedade
ou desespero, sabendo que se trata de estados de espírito negativos, egocêntricos,
que consomem energia e desviam a nossa atenção na busca da paz de espírito.
O que podemos aprender dos sábios do
Oriente pode auxiliar-nos a escapar da desordem dos constrangimentos mentais,
permitindo-nos refletir sobre as razões do nosso sofrimento.
Há várias abordagens, filosofias e
religiões no Oriente, mas a iluminação e a libertação constituem as metas do
caminho espiritual. Todos os caminhos verdadeiros são o Caminho e levam, quem
os procura, ao mesmo estado de espírito e à Pura Luz Radiosa da Consciência
Universal.
(A Sabedoria do Oriente, Ellen Kei Hua,
Ediouro, 1982)
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