"Bucchô,
do mosteiro de Komponji, um monge de amplas leituras e profundas luzes,
tornou-se o professor de Bashô.
Indo
ao Templo de Chokeiji, em Fukagawa, perto de Edo, um dia, ele visitou o poeta,
acompanhado por um homem chamado Rokusô Gohei.
Este,
ao entrar no quintal da choça de Bashô, gritou:
—
Como vai a Lei de Buda neste jardim quieto com suas árvores e ervas?
Bashô
respondeu:
—
Folhas grandes são grandes, folhas pequenas são folhas pequenas.
Bucchô,
então, aparecendo, disse:
—
De uns tempos pra cá, qual tem sido o seu empenho?
Bashô:
—
A chuva em cima, a grama verde está fresca.
Então,
Bucchô perguntou:
—
O que é que era esta Lei de Buda, antes que a grama verde começasse a crescer?
Nesse
momento, ouvindo o som de um sapo que pulava na água, Bashô exclamou:
—
O som do sapo saltando na água.
Bucchô
ficou cheio de admiração a esta resposta, considerando-a uma evidência do
estado de iluminação atingido por Bashô."
Retirado
de Matsuó Bashô - A Lágrima do Peixe" de Paulo Leminski, 104 páginas. Editora Brasiliense -
Coleção Encanto Radical (vol.40) - Ano: 1983.
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