Por Revista Pazes - agosto 5,
2019
Conta-se que um bravo samurai
viveu na ilha de Hokaido, no norte do Japão. Ele era um senhor feudal que
possuía grandes áreas de terra, tendo, assim, muitos súditos. Tudo adquiriu
após diversas batalhas, no comandando as tropas do Imperador.
Certa feita, após uma guerra,
voltou para a sua terra natal e decidiu que iria casar-se. Tratava-se de um
homem forte e belo e, quando a notícia de que o Samurai desejava casar-se se
espalhou, por toda a ilha as mulheres ansiavam por desposá-lo. As mulheres mais
bonitas da ilha e de outras ilhas mais distantes o visitavam em seu palácio,
sendo que muitas delas lhe ofereceram, além de sua beleza e encantos, muitas
riquezas. Nenhuma, contudo, o satisfez o
suficiente para se tornar sua esposa.
Um dia, uma jovem maltrapilha
e simples chegou ao palácio do samurai
e, com muita luta, conseguiu uma audiência:
“Eu não tenho nada material
para lhe oferecer, só posso lhe dar o grande amor que sinto por você”. Como
prova, complementou: “Se você me permitir, eu posso fazer algo para te mostrar
esse amor”.
Isso despertou a curiosidade
do samurai, que lhe pediu para dizer o que poderia fazer.
“Vou passar 100 dias em sua
varanda, sem comer ou beber nada, exposta à chuva, sereno, sol e frio à noite.
Se eu aguentar esses 100 dias, você me fará a sua esposa”, afirmou a jovem.
O samurai, surpreso (embora
não comovido), aceitou o desafio. Ele disse: “Eu aceito. Se uma mulher pode
fazer tudo isso por mim, ela é digna de ser minha esposa”.
Dito isto, a mulher começou
seu sacrifício.
Os dias começaram a passar e a
mulher suportou bravamente as piores tempestades. Muitas vezes ela sentia que
desmaiava de fome e frio, mas encorajou-se a por imaginar que que finalmente
estaria ao lado de seu grande amor.
De tempos em tempos, o samurai
mostrava seu rosto do conforto de seu quarto para vê-la e acenava com o
polegar.
À noite a temperatura caiu
para muitos graus negativos e isso por si só deveria ser de uma grande penúria,
porque ela não tinha um único cobertor.
Foi assim que o tempo passou:
20 dias, 50 dias… As pessoas da ilha ficaram felizes porque pensaram:
Finalmente teremos uma esposa para o nosso senhor!
90 dias … O samurai continuou
a mostrar a cabeça de vez em quando para ver como estava o sacrifício de sua
pretendente: “Esta mulher é incrível”, ele pensou consigo mesmo, e lhe deu
encorajamento novamente.
O dia 99 finalmente chegou e
todos os habitantes da ilha começaram a se reunir nos arredores do palácio para
ver o momento em que aquela mulher se tornaria a esposa do samurai. Eles
estavam contando as horas, às 12 horas daquele dia, eles teriam um casamento.
A pobre mulher, em sua grande
simplicidade, foi ainda acometida por extrema fraqueza e por doenças… Então
algo inseperado aconteceu: às 11 da noite do centésimo dia, a mulher corajosa
se rendeu e decidiu se retirar daquele palácio. Deu uma olhada triste no
samurai que o fitava surpreso e saiu sem dizer uma palavra.
As pessoas ficaram chocadas!
Ninguém conseguia entender por que aquela mulher corajosa desistira de apenas
uma hora a mais para ver seus sonhos se tornarem realidade. Ela já havia
suportado tanto!
Ao chegar em sua casa, seu pai
já sabia da sua desistência e perguntou: “Por que você desistiu de ser a esposa
do grande samurai?”
E, para seu espanto, ela
respondeu: “Eu tinha 99 dias e 23 horas em sua varanda, suportando todos os
tipos de calamidades e ele foi incapaz se me liberar desse sacrifício. Ele meu
viu sofrendo e só me encorajou a continuar, sem mostrar nem um pouco de
compaixão pelo meu sofrimento. Eu esperei todo esse tempo por um vislumbre de
bondade e consideração que nunca veio. Então eu entendi: uma pessoa tão
egoísta, imprudente e cega, que só pensa em si mesma, não merece meu amor!”
Isso nos faz refletir: quando
você ama alguém e sente que para manter essa pessoa ao seu lado você tem que
sofrer, sacrificar sua essência e até implorar, mesmo que doa, se retire. E não
tanto porque as coisas ficam difíceis, mas porque quem não faz você se sentir
valorizado, quem não é capaz de lhe doar o melhor de si mesmo, será incapaz de
retribuir o compromisso e a entrega que você dispensou a ele e,
DEFINITIVAMENTE, você merece um amor do tamanho de si.
Este conto foi adaptado do
site: Rincón del Tibet
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