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sábado, 27 de setembro de 2014

Sobre as Mudanças da Vida

"Muitas pessoas levam uma vida que não lhes é adequada. Talvez por não terem um objetivo, talvez por serem unilaterais em demasia, talvez por terem emperrado no caminho errado. Essas pessoas estão completamente inconscientes da possibilidade de terem uma vida mais rica e não reconhecem os sinais do flerte [do Universo] com elas.
Contudo, se as mudanças necessárias não são feitas, o corpo pode emitir fortes sinais ficando doente, um relacionamento pode fracassar, ou a pessoa pode cair em profunda depressão. Ainda assim, muitas vezes as pessoas persistem em agarrar-se a uma vida entrincheirada em padrões, simplesmente aguardando sem esperança. O chamado não é ouvido, o flerte não é correspondido e não há percepção dos acontecimentos sincrônicos prometedores. Sentimentos são frequentemente silenciados e, quanto à intuição, bem, a isso seria muito perigoso dar atenção. Dessa maneira, as pessoas ficam paralisadas até que surja uma emergência, ou até que sejam atingidas por um golpe desastroso, que possa forçar as mudanças necessárias.
O segredo consiste em deixar passar. Mas o que exatamente isso quer dizer? Como podemos deixar passar quando tudo nos pressiona e temos responsabilidades familiares e um emprego exigente Talvez um sonho perturbador nos diga que nossa alma está em perigo, que a nossa saúde está se deteriorando e que precisamos ir mais devagar. Mas tente contar isso ao chefe!
Na minha experiência, o primeiro passo para deixar passar é encarar a situação presente exatamente como ela é, sem culpar a nós ou aos outros, mas compreendendo que algo precisa ser mudado. Nessas ocasiões que atravessamos um período liminar, numa terra da ninguém, entre duas importantes fases da vida. O passado sobreviveu à sua utilidade, mas o futuro ainda não chegou. Existem coisas que precisam ser feitas. Alguma coisa dentro de nós precisa mudar para que possamos tomar a atitude decisiva.
O hexagrama 6 do I Ching é chamado 'Espera' e trata da espera na perspectiva de que todos os seres necessitam do alimento do céu 'mas a dádiva do alimento vem em seu devido tempo, e para isso é preciso esperar.' As nuvens no céu anunciam que a chuva virá em breve e 'silenciosamente fortalecerá o corpo com bebida e alimento e com alegria e bom ânimo. O destino virá a seu tempo e, portanto, estamos prontos'. Esperar com alegria e bom ânimo, em vez de com tristeza e desesperança, é a atitude que atrairá uma nova sincronicidade. A carta de Taro, 'O Enforcado', refere-se também a esse período de expectativa. Não é uma posição confortável para se ficar. O Enforcado está suspenso por uma perna, de cabeça para baixo e perdendo antigos valores, simbolizados por moedas que caem de seus bolsos, mas ainda assim ele exibe um sorriso benigno em seu rosto. Essa carta trata da aceitação de uma suspensão necessária que precede uma nova maneira de pensar. Em primeiro lugar, precisamos suspender todas as expectativas, e virar nossos pensamentos e nossos valores de ponta-cabeça. Isso acontece no limiar entre os mundos interior e exterior. Um período de suspense, de desconhecimento, necessário para adquirirmos o conhecimento e os instrumentos com os quais criaremos uma mudança profunda e fundamental, uma visão da realidade.

(Deike Begg – Sincronicidade: A promessa da Coincidência)

A Responsabilidade de seguir nosso Próprio Caminho

“É nossa responsabilidade encontrar e seguir o caminho exclusivamente nosso.
Não podemos responsabilizar nossos pais, a sociedade, ou Deus, por impedir-nos de seguir por ele.
Se não pararmos de atribuir culpas, não teremos nenhuma oportunidade de viver nossas próprias vidas.
Culpar significa abrir mão da nossa força.
Na verdade, estamos dizendo efetivamente que outras pessoas têm poder sobre nós para nos atrasar e nos tornar infelizes.
Como psicoterapeuta e astróloga, vejo pessoas cujas vidas tem sido terríveis, sofrendo maus-tratos e privações.
Contudo, elas tem superado tudo filosoficamente e, muitas vezes, encaram suas experiências atemorizantes como uma curva de aprendizado necessária — um curso de psicologia em primeira-mão, por assim dizer.
Quando compreendemos que podemos tomar as rédeas de nossas vidas nas nossas mãos, que possuímos um grande poder, que nossas vidas têm um propósito e que nossa tarefa é cumprir esse propósito, nosso alcance mental, emocional e espiritual se torna maior.
Podemos então ser ousados, no sentido de podermos ir até o limite de nossas capacidades.
Isso pode chocar outras pessoas, e até nós mesmos a princípio, porém, o que podemos considerar ousado hoje, amanhã, no sentido budista, se tornará ‘uma coisa de todos os dias’.
Ser ousado nesse sentido é fazer o que nos deixa animados, embora pareça impossível.
Você poderia mudar sua vida nesse preciso momento fazendo algo chocante, algo que não é aceito pelos padrões normais, mas que, ao mesmo tempo promove uma parte ignorada da sua vida.”

(Deike Begg – Sincronicidade: A promessa da Coincidência)

O Samurai e o Cavalo

Quando ainda era um acólito, Bankei (1622-1693), o monge do budismo zen, sentava-se todas as noites em meditação.
Uma manhã, depois de meditar ele estava descansando num estábulo quando um nobre samurai chegou para treinar seu cavalo.
Enquanto Bankei observava tranquilamente, ficou claro que o cavalo não estava bem e que recusava os comandos do cavaleiro.
O samurai gritou com o animal e bateu nele.
Bankei protestou: "O que você acha que está fazendo?".
O samurai não deu atenção, apenas chicoteou o animal com mais força.
Bankei continuou gritando até que finalmente o samurai desmontou e foi até ele.
"Já faz algum tempo que você está ralhando comigo", disse com calma. "Se tem algo a me ensinar estou pronto a escutar" Suas palavras eram extremamente polidas, mas estava claro que, dependendo da resposta que recedesse; ele podia explodir em ira.
Sem hesitar Bankei disse:"É tolice culpar apenas o cavalo por não obedecer às ordens.
O cavalo tem suas próprias razões. Se quer que ele escute, tem de convencer o animal. Para tanto, precisa começar a corrigir a si próprio entende?".
O samurai era inteligente e humilde, então assentiu com a cabeça, fez uma reverência e se foi. Depois, mudando de atitude, montou seu cavalo. Para sua surpresa, o cavalo parecia outro e docilmente obedeceu a todos os seus comandos.
Quem fica culpando os outros por tudo de ruim por tudo que acontece em sua vida nunca encontra a verdadeira felicidade.
O essencial é olhar honestamente para si mesmo e corrigir as próprias atitudes. Fazendo isso, os outros mudarão também. A vida cotidiana com certeza será mais feliz.


(Kentetsu Takamori – Um Caminho de Flores: 75 histórias para mudar sua vida)

Sal Demais, Sal de Menos

Tokugawa Ieyasu (1543-1616), fundador e primeiro xogum do governo Tokugawa, uma vez reuniu um grupo de homens valentes. Depois de fazer cada um falar de seus feitos em batalha, pediu que contassem qual era a coisa mais gostosa do mundo. Um disse vinho; outro, doces; um terceiro, frutas. Discutiram o assunto, cada homem apontando sua preferência pessoal, mas Ieyasu não parecia satisfeito.
Por fim, voltou-se para sua fiel atendente, uma mulher chamada Okaji, e perguntou: "Qual é a coisa mais gostosa do mundo para você?".
Okaji sorriu e respondeu apenas: "Sal".
Pela primeira vez, Ieyasu deu um sorriso de satisfação. E em seguida fez outra pergunta: "E a pior?". Ela respondeu tranquilamente: "A coisa menos gostosa também é o sal".
Ieyasu ficou perplexo com sua destreza.
A verdade inegável da resposta de Okaji está baseara neste princípio: como o sal realça todos os outros sabores, ele é sem dúvida a coisa mais gostosa do mundo. Da mesma forma, o sal pode estragar tudo. Por isso é também a coisa menos gostosa. Claro que o sal em si é nem agradável nem desagradável ao paladar- seu efeito é uma questão de proporção.
O sal é apenas um ingrediente do sabor; e o importante saber usá-lo na medida certa.
Saúde, riqueza, reputação e status são todos meros ingredientes da felicidade. A chave do verdadeiro bem-estar é ser capaz de usá-los com habilidade.

(Kentetsu Takamori – Um Caminho de Flores: 75 histórias para mudar sua vida)

domingo, 21 de setembro de 2014

"Quem muito quer, tudo perde."

Ganhar Pouco, Perder muito.
Ao entardecer um camponês retornava para sua casa às pressas por uma trilha na montanha, levando uma grande vaca.
O animal era evidentemente um bem precioso para ele porque toda hora ele olhava para trás para ver como a vaca avançava e a tratava com terna consideração.
Não demorou muito e dois sujeitos suspeitos apareceram.
Um sussurrou para o outro: "Está vendo essa vaca? Aposto que consigo roubar dele agora mesmo".
Seu companheiro sacudiu a cabeça, duvidando.
Você é um bom batedor de carteiras, eu até concordo, mas conseguir roubar uma vaca tão grande em plena luz do dia!”
“Pois olhe só! Vou mostrar como sou bom."
O ladrão andou mais depressa, ultrapassou o camponês com sua vaca e desapareceu atrás de um pequeno altar numa curva do caminho.
Quando o camponês passou perto do altar notou alguma coisa caída no chão. Abaixou-se para pegar e viu que era um sapato de couro novinho. "Que achado!" disse para si mesmo. "Pena que seja só um pé. Não adianta nada sem o par” Jogou fora o sapato e seguiu seu caminho.
Logo viu outra coisa caída no caminho e abaixou para pegá-la. Claro que era o outro pé do sapato. Se tivesse guardado o primeiro, teria agora um belo par de sapatos. Já estava meio escuro. “ninguém passa aqui à esta hora”, pensou ele. O sapato deve estar lá ainda”. Animado com a ideia, ele amarrou a vaca numa árvore e voltou correndo para pegar o sapato que jogara fora. Lá estava ele, no mesmo lugar "Hoje é meu dia de sorte” exultou. "Imagine só, arrumar um bom par de sapatos em troca de nada!"
Voltou cheio de alegria, mas descobriu que a vaca, sua posse mais preciosa, havia desaparecido Muita gente é assim: distrai-se a tal ponto pelo desejo de ganho imediato que acaba perdendo o que importa.
(Kentetsu Takamori – Um Caminho de Flores: 75 Histórias para mudar sua vida)

sábado, 20 de setembro de 2014

O Analfabetismo Emocional

O analfabetismo emocional faz referência à incapacidade que temos de manejar nossas próprias emoções e, portanto, para compreender e aceitar as emoções dos outros. Algumas pessoas afirmam que a alfabetização emocional pode vir a ser uma segunda revolução no ensino básico. A primeira aconteceu há quase três séculos quando as pessoas eram analfabetas e não sabiam ler nem escrever. Sem dúvidas foi um grande passo adiante mas... hoje parece não ser o suficiente!


É curioso como na sociedade  ocidental todos desejam mudar o mundo, mas ninguém quer mudar a si mesmo, ninguém quer ajudar a mãe a lavar a louça. Por isso, o primeiro grande passo para deixar de ser analfabeto emocional é conseguir um verdadeiro autoconhecimento. Um conhecimento de si mesmo que permita determinar quais são nossas fortalezas, mas também as debilidades. Para isso provavelmente primeiro seja necessário eliminar o medo de descobrir que não somos perfeitos.

Muitas pessoas afirmam que os analfabetos emocionais são uma consequência do estilo de vida ocidental  e da sociedade moderna altamente tecnológica. Pode ser, provavelmente a necessidade de condensar o saber adquirido pela cultura através dos séculos tenha feito com que as escolas se centrem exclusivamente em transmitir informações (muitas vezes perfeitamente inúteis). A sobrecarga de papéis, a escassez de tempo e o desenvolvimento da tecnologia fazem com que optemos por formas de comunicação mais velozes. Já sabemos que suplantar a interação humana pela interação mediante os meios tecnológicos não é uma boa coisa.

Um dos problemas essenciais da sociedade moderna que contribui para que exista um número maior de analfabetos emocionais é a urgência. Como o tempo é uma de nossas posses mais preciosas e o ritmo da vida é muito agitado, damos um grande valor à urgência e tudo aquilo que não seja uma satisfação rápida é considerado negativo.

Assim, a própria sociedade e seu estilo de vida impulsiona o desenvolvimento de adultos que se comportam como "crianças pequenas"  que desejam satisfazer suas múltiplas necessidades "aqui e agora" do tipo "eu quero eu quero porque quero". Quando as necessidades não são satisfeitas em um tempo relativamente prudencial a pessoa acaba optando por medidas extremas, simplesmente porque não tem as ferramentas para enfrentar sua nova realidade.

O imediatismo nos torna pessoas mais egoístas, desejando que nossas necessidades sejam prioritárias sobre as demais. A urgência dá-nos pouco tempo para refletir, para repensar e aprender a nos conhecer. Desta forma, terminamos estabelecendo relações superficiais com as outras pessoas e com a gente mesmo. A emotividade restringe-se à expressão das emoções mais negativas como a ira ou o desprezo.

Provavelmente ninguém encerrou melhor e de maneira mais concisa o que acontece na relação entre emoções e razão do que Gibran Khalil Gibran:

"Quando chegar ao final daquilo que deve saber, estará no princípio do que deve sentir".
E você, se considera um analfabeto emocional? Como faz para lidar com suas emoções indesejadas?

Fonte: Kluge: The Haphazard Construction of the Human Mind de Gary Marcus.

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

A Sabedoria da Água

Por Robert Otsu
Ao deparar com um buraco, a água se precipita até o fundo. Se não encontrar saída, ela se acumula e preenche o fosso. À medida que se acumula, o nível da água se eleva até encontrar uma borda baixa. Assim, ela sai do buraco e continua seu fluxo.
Numa transposição dessa situação para a vida humana, podemos fazer muitas reflexões. A frase "Quando a água cai num fosso, ela se acumula até encontrar a borda mais baixa" pode ser reinterpretada da seguinte forma: "Quando uma pessoa sábia (água) depara-se com uma situação de dificuldade (fosso), ela se interioriza (acumula-se) até que naturalmente encontra a saída mais fácil (borda mais baixa)".
Numa a situação complicada em que não existe solução imediata, o sábio também se acumula, isto é, volta-se para dentro de si em busca de recursos interiores. Faz da adversidade uma oportunidade para ficar quieto, para meditar como está conduzindo seus ideais, quais são seus valores mais importantes e qual é o sentido da sua existência.
A água não se agita no fundo do fosso. Ela não fica enlouquecida, não "sobe pelas paredes". Não é da sua natureza a água subir pelas paredes. Ela fica quieta, não gasta energia com nada, apenas se acumula tranqüilamente e espera que a situação apresente uma saída. A água sabe que tudo flui e que é preciso preencher as depressões que encontrar pelo caminho e seguir em frente. Enquanto estiver fluindo, nada barra seu curso. Quando o sábio observa o comportamento da água percebe que a calma e a confiança na vida são essenciais para se encontrar a saída mais fácil - e mais facilmente.

Trecho do livro A sabedoria da Natureza, de Roberto Otsu, Editora Ágora, S. Paulo –