Por Vinicius
Rodrigues
Provavelmente
você dá uma olhada no espelho antes de sair de casa. Dentro de um elevador de
paredes espelhadas, é certo que aproveita para ajeitar a roupa ou o cabelo. As
superfícies que refletem a luz são tão fáceis de ser encontradas no ambiente
urbano que é difícil imaginar o quanto elas foram disputadas no passado.
Tudo
indica que a primeira vez que o ser humano viu seu reflexo foi na água. Isso
deve ter mudado em cerca de 3000 a.C., quando povos da atual região do Irã
passaram a usar areia para polir metais e pedras. Esses espelhos refletiam
apenas contornos e formas. As imagens não eram nítidas e o metal oxidava com
facilidade.
Pouco
mudou até o fim do século 13. Nessa época, o homem já dominava técnicas de
fabricação do vidro, mas as peças eram claras demais, e por isso não tinham
nitidez. Até que, em Veneza, alguém teve a ideia de unir o vidro a chapas de
metal. "Os espelhos dessa época têm uma pequena camada metálica na parte
posterior do vidro. Assim, a imagem ficava nítida, e o metal não oxidava por
ser protegido pelo vidro", diz Claudio Furukawa, pesquisador do Instituto
de Física da USP. Surgia assim o espelho como o conhecemos até hoje.
Mas
este era um produto raro e caro. Os chamados espelhos venezianos eram mais
valiosos que navios de guerra ou pinturas de gênios como o renascentista
italiano Rafael (1483-1520). A democratização do artigo começou em 1660, quando
o rei da França Luís XIV (1638-1715) ordenou que um de seus ministros
subornasse artesãos venezianos para obter o segredo deles. O resultado pode ser
conferido na sala dos espelhos do palácio de Versalhes.
Com
o advento da Revolução Industrial, o processo de fabricação ficou bem mais
barato e o preço caiu. "Mesmo assim", afirma o antropólogo da PUC-RJ
José Carlos Rodrigues, "o espelho só se popularizou e entrou nas casas de
todos a partir do século 20."
Retirado de: http://guiadoestudante.abril.com.br/estudar/historia/como-faziamos-espelho-486241.shtml
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