A
associação do gato com os humanos já tem pelo menos 10 mil anos, idade das
primeiras representações encontradas na ilha de Chipre que mostram esse pequeno
felino em estreito convívio conosco. Provavelmente, sua domesticação ocorreu
muito antes. A subfamília Felinae, que agrupa os gatos domésticos, surgiu há
cerca de 12 milhões de anos, expandindo-se a partir da África subsaariana até
alcançar as terras do atual Egito. Existem hoje cerca de 250 raças de
gato-doméstico, e todas elas são uma adaptação evolutiva dos gatos selvagens.
Como
quase tudo na vida humana, no início a importância da presença dos gatos entre
nós deu-se sobretudo por razões práticas. Quando as populações humanas deixaram
de ser nômades, a vida das pessoas passou a depender substancialmente da
agricultura. A produção e armazenamento de cereais, porém, acabou por atrair
roedores. Foi nesse momento que os gatos vieram a fazer parte do nosso
cotidiano. Por possuírem um forte instinto caçador, esses animais
espontaneamente passaram a viver nas cidades e exerciam uma importante função
na sociedade: eliminar os ratos e camundongos que invadiam os silos de cereais
e outros lugares onde eram armazenados os alimentos.
Registros
encontrados no Egito, como gravuras, pinturas, múmias e estátuas de gatos
indicam que a relação desse animal com os egípcios data de pelo menos 5 mil
anos. Elementos encontradas em escavações mostram que, nessa época, os gatos
eram venerados e considerados animais sagrados. Bastet, deusa da fertilidade e
da felicidade, considerada benfeitora e protetora do homem, era representada na
forma de uma mulher com a cabeça de um gato. Na verdade, o amor dos egípcios
por esse animal era tão intenso que havia leis proibindo que os gatos fossem
"exportados". Qualquer viajante que fosse encontrado traficando um
gato era punido com a pena de morte.
Quem
matasse um gato era punido da mesma forma e, em caso de morte natural do
animal, seus donos deveriam usar trajes de luto. Não tardou para que alguns
animais fossem clandestinamente transportados para outros territórios, fazendo
com que a popularidade dos gatos aumentasse. Ao chegarem à Pérsia antiga,
também passaram a ser venerados e havia a crença de que, quando maltratados,
corria-se o risco de estar ofendendo um espírito amigo, criado especialmente
para fazer companhia ao homem durante sua passagem na Terra. Desse modo, ao
prejudicar um gato, o homem estaria atingindo a si próprio.”
Fonte:
Brasil 247 / Revista Oásis
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