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quinta-feira, 27 de outubro de 2011

O Amor Também Passa?

"Amar é sofrer. Para impedir o sofrimento, não deve-se amar. Mas então sofre-se por não amar. Portanto, amar é sofrer, não amar é sofrer, sofrer é sofrer. Estar feliz é amar, estar feliz é então sofrer, mas o sofrimento causa infelicidade. Portanto, para se estar infeliz basta amar, ou amar sofrer, ou sofrer de muita felicidade." (Love and Death, Woody Allen)


Somos bombardeados todos os dias com o famoso conceito do "true love", o amor verdadeiro. Nas novelas, nos livros, no seriados, nos filmes ou no papo despretensioso. Basta ligar a televisão num horário de filme que provavelmente este contará a história de um mocinho que deve conquistar/reconquistar sua amada. Ou ao contrário. Pode ser comédia, aventura, drama.

Enfim, a epidemia romântica toma conta até do universo geek, onde os cavaleiros só se tornam heróis depois que desposam alguma bela donzela. Bela donzela, para ressaltar.

A evolução da história (estória, diria os mais antigos) consiste em basicamente encontrar uma pessoa bonita => se apaixonar => viver momentos felizes => fazer alguma besteira => perder o amor => buscar pela reconquista => a reconquista => final feliz. O velho mito aplicado ao mundo sentimental.

Mas, a arte imita a vida ou a vida imita a arte?

Quantas vezes os cidadãos comuns já encontraram a sua alma gêmea, o amor perfeito, aquela pessoa que merece toda uma vida compartilhada. Inicia-se então a fase das promessas, da negação de um fim, que inevitavelmente chegará.

Sim, pois os amores chegam ao fim. Um chora, outro fica de coração perdido. Alguns saem pulando pela rua como se tivessem ganhado a Copa do Mundo.

Onde está toda aquela paixão do início? Toda aquela labareda apaga-se como uma pequena vela.
Alguns dirão: "Ah, pois não era um amor verdadeiro. O amor sobrevive a tudo!". Uma concepção extremamente idealizante. Assim como todas as frases bonitas que foram declaradas.

Todo amor é verdadeiro, enquanto existe.

O grande problema é que o amor verdadeiro nunca chegará. Se vovô e vovó estão juntos até hoje não é porque eles se amam. Talvez porque um necessita da aposentadoria do outro, enquanto o outro precisa de uma companhia e cuidado. Provavelmente, nesta relação cresceu um sentimento de companheirismo. Mas não de amor. Pois o amor se apagou, como todas as mensagens escritas nas cascas de árvores, nomes envoltos em coração desenhados na areia e as fotos que foram excluídas do perfil do Facebook.

Que seria esse amor então? Racionalmente, poderia-se definir como uma atração momentânea por determinadas características. Puro interesse.

É a menina que se interessa pelo cara popular da escola, do garoto que se interessa pela aparência física da líder de torcida. Às vezes, é interesse simplesmente por uma companhia, algum ombro confortável, alguma palavra carinhosa. Mas ainda assim, é só interesse.

Não há nenhuma lei física no Universo que irá atrair dois corpos até eles se enrolarem nos endredons da noite fria de Inverso. É o interesse que moveu essas pessoas. Algumas variáveis independentes, como o frio, outras dependentes, como a existência de uma cama com endredom.

E o que motiva esse interesse? Status social, na maioria dos casos.

Já foi o tempo da imagem do Lobo Solitário, que como Chuck Norris, combatia o crime por paixão, vivendo sozinho no meio do deserto do Arizona.

Poder-se-ia considerar essa constatação deprimente. Pode ser, uma vez que fomos educados a acreditar em historinhas de finais felizes.

Mas quando estamos na vida temos que aprender a suportar o fim.

Isso não implica na necessidade de uma vida de estoicismo. Que se viva o amor do momento. Mas saiba que ele está fadado a terminar, e como as bactérias dissolvem o cadáver putrefado, os laços se romperão e os interesses iniciais que motivaram aquele "amor inaplacável" irão enterrar seu próprio túmulo.

Não que isso seja ruim. A vida é uma coleção de experiências, que tenhamos todas quanto possíveis. Com moderação.

Se um dia encontrar um amor, e esse amor crescer para companheirismo, tome esta oportunidade como uma bonificação do Universo, e seja feliz. Que seja eterno enquanto dure.

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