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quinta-feira, 7 de março de 2013

A Onda Dos Livros Eróticos que Caiu no Gosto Feminino


“Faz todo sentido que essa literatura pornô ‘feminina’ esteja alcançando tanto sucesso. O próprio meio livro parece ser o mais adequado para disparar o gatilho do desejo da mulher. Pesquisas mostram diferenças entre os gêneros. Estudamos o comportamento de milhões de americanos na internet, na privacidade de seus desktops. Vimos que, quando querem se excitar, os homens fazem buscas no Google Imagens. As mulheres procuram histórias. Quer dizer, eles ficam excitados com fotos e filmes; elas, com enredos. O desejo do ser humano em geral é disparado por sinais — captados de maneira inconsciente — de que um parceiro sexual em potencial pode ser um bom reprodutor. Mas o processo de percepção não é igual para homens e mulheres. Para eles, basta olhar para saber se a garota-alvo é saudável, o que a habilitaria a ser mãe e despertaria tesão. Vendo já dá para estimar a idade, a pele, o peso… Aliás, cabe uma observação: as buscas por imagens eróticas de cheinhas é três vezes maior do que por magras. Já os fatores que tornam um cara excitante para elas são outros. As mulheres querem transar com os amáveis, responsáveis, confiáveis, capazes de protegê-las e de dar condições e recursos para cuidar dos futuros filhos. Essas informações só são obtidas em conversas e histórias, não apenas olhando. Há uma diferença fundamental entre o cérebro feminino e o masculino. É o chamado problema mente-corpo. Para o homem, os estímulos sexuais físico e mental estão conectados. Quando ele tem uma ereção, os pensamentos estão voltados para ‘aquilo’. A mulher não: ela pode receber estímulos físicos e a mente não acompanhar. Assim, acontece de seu corpo ficar excitado quando ela vê um filme pornô, mas a cabeça, não. Como não é do interesse biológico das mulheres toparem todas as oportunidades que têm de fazer sexo (e correr o risco de engravidar), a mente relativiza o desejo despertado. ‘Será que esse cara é legal? Será que vale a pena transar com ele?’ Lembrando, estamos falando de instintos sexuais primitivos, sobre tesão, desejo… Os fatores que nos atraem para um relacionamento são mais suscetíveis a influências sociais, culturais e ambientais.”( Ogi Ogas, americano, neurocientista e autor do livro “A Billion Wicked Thoughts” - Um bilhão de pensamentos maldosos - sem tradução no Brasil)

Excitações diferentes
Um novo verbete entrou no dicionário Collins da língua inglesa no mês passado. Trata-se da expressão mommy porn, cuja definição é “literatura erótica para mulheres comuns, gente como a gente”. O termo foi consagrado pelo livro Cinquenta Tons de Cinza, a trilogia escrita pela inglesa E.L. James, que bateu recordes assombrosos de venda ao misturar narrativas de cenas sexo recheadas de sadomasoquismo com uma história de amor. Foram 40 milhões de cópias vendidas desde o lançamento nos Estados Unidos, em março, metade delas em formato digital. As brasileiras também ficaram alvoroçadas com a novidade. “Sabíamos que o livro seria bem aceito. Ainda que a história seja picante e o sexo esteja presente o tempo todo, trata-se de um grande romance”, defende Bruno Porto, editor de aquisições da Intrínseca, que publicou a obra por aqui e planeja vender 1 milhão de cópias no país. Tamanho sucesso levou outras editoras do mundo todo a lançar os próprios romances do gênero na tentativa de aproveitar o frisson. Dezenas de títulos surgem a cada semana. No Brasil, a editora Paralela, por exemplo, investiu na trilogia Crossfire, de Silvia Day; a Jardim dos Livros apostou no picante Loucamente Sua, de Rachel Gibson; a Best Seller lançou Cinquenta Tons de Prazer, de Marisa Benett — todas autoras americanas. A lista é vasta.

Entre os analistas do fenômeno, há quem diga que o sucesso do mommy porn se deve à internet: os e-books garantem que moçoilas e senhoras leiam as histórias mais escabrosas em seus tablets sem que ninguém saiba o que estão saboreando. Graças aos e-books também, a enorme demanda pelo produto pôde ser atendida — a primeira versão foi publicada por uma pequena editora australiana, incapaz de imprimir cópias em grande escala. Também há quem atribua a força das vendas ao fato de as mulheres estarem em maioria nos grupos virtuais de leitura, onde o boca a boca corre rápido. Os estudiosos do comportamento feminino argumentam, ainda, que a demanda feminina por produtos pornôs estava represada e já dava há tempos sinais de que iria explodir. A literatura erótica seria, portanto, uma espécie de reação natural de consumidoras já emancipadas depois de uma série de mudanças comportamentais. Para entender todas as sutilezas desse fenômeno, conversamos com especialistas de diferentes áreas e países. Todos concordam que vivemos um momento histórico singular, que deve ser comemorado: nos libertamos de muitos tabus, assumimos que gostamos de sexo e estamos buscando, em massa, caminhos individuais para o prazer.

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